Gordinhas em alta

Ilustração Lelis
Ilustração Lelis

Depois de enfrentar preconceito, desprezo e bulling, pode-se dizer que as gordinhas estão conquistando o seu espaço.

Hoje, as modelos plus size pisam na passarela ao lado de tops magras, sem nenhum problema. Tem até Miss Plus Size – ela é linda. As pessoas mais cheinhas estão se assumindo como são. Atrizes com sobre-peso têm conquistado papeis de destaque na TV, obtendo ótima aceitação do público – e não apenas em programas de humor. Quando entram na sátira, libertam-se de qualquer censura, vestem shortinhos e maiôs na maior tranquilidade. Porém, isso não significa que o bulling acabou, nem que os homens, na balada, prefiram olhar para a gordinha em vez da magrinha. Com certeza, há mudança de comportamento e, principalmente, na autoestima dessas pessoas. As mulheres vêm se aceitando fora do padrão ditado pela sociedade. Aprendendo a se amar como são, com dois, cinco, 10 ou 20 quilos a mais.

E isso é muito bom. Enxergar a beleza em si mesma, independente do que o outro quer é maravilhoso. Quem consegue merece um prêmio. A felicidade não depende de quem está ao lado, mas de nós mesmos. Devemos estar bem conosco, o que vier é complemento, algo a mais. Essa aceitação, esta autoestima elevada, acabou afetando vários segmentos da sociedade. Há alguns anos, a moda para pessoas acima do peso era feia, careta, só víamos roupas para pessoas mais velhas, matronas. Atualmente, várias grifes capricham na linha que vai do 38 ao 50. O que muda são pequenos detalhes, como o comprimento da saia, mangas que se incorporam ao modelo, decotes, pois pessoas com sobrepeso preferem esconder um ou outro defeitinho. É possível se vestir bem e na moda, ficar elegante e transada com numeração acima do 46. Há várias lojas especializadas. É um alívio.

Há algum tempo, em São Paulo, é realizado o Fashion Week Plus Size (FWPS), o maior evento de moda GG do país. A edição dedicada ao inverno de 2016 será realizada em 6 de março, na capital paulista. O evento reunirá marcas especializadas – aliás, aí está um dos segmentos da moda que mais cresce no país e pode ser muito explorado. Afinal, pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada em 2015, informa que mais de 50% da população brasileira está acima do peso ideal.

Durante o FWPS, há vários desfiles. Profissionais do mundo fashion já pensam em promover evento semelhante aqui em Belo Horizonte, o que seria bem interessante, pois temos um bom número de marcas que produzem moda plus size de ótima qualidade, tanto em estilo quanto em modelagem e estamparia.

Porém, um aspecto não se pode ignorar: estar acima do peso e se aceitar assim é diferente de passar do limite e chegar na obesidade exagerada, nem digo mórbida. Há uma linha tênue que, ultrapassada, leva a pessoa a cruzar perigosamente o limite da saúde. Obesidade exagerada traz problemas como glicose alta, diabetes, colesterol, distúrbios de pressão e coração, além de insuficiêncial respiratória, problemas no joelho, na coluna e de circulação. Enfim, quando a pessoa resolve se conscientizar da gravidade da situação, o caldo já entornou. O que era autoestima elevada vira doença.

Aí vem o outro lado da questão: pessoas que não aceitam seu peso, mas não conseguem se manter magras, se tornam reféns do efeito sanfona, optando pela cirurgia bariátrica. Em caso de obesidade móbida, é a salvação da lavoura. Com a perda de peso, pode-se dar tchau ao diabetes, colesterol alto, pressão alta e tantos problemas. Mas o risco vem quando se usa essa cirurgia como solução estética, sem indicação correta. Fica aí o alerta. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura, 4/2/16, na coluna da Anna Marina

Leite, mitos e verdades

vacaQuando nasceram, minhas sobrinhas gêmeas tiveram alergia a leite.

Sofreram muito até descobrirmos o que se passava. As mamadas tinham que ser complementadas – naquela época, com leite mesmo. Bebês de meses, as duas começaram a ter assaduras, e não entendíamos por quê. Não era falta de higiene. Usávamos fraldas de pano, porque as descartáveis eram artigo de luxo – só mesmo para sair, dado o alto preço. Lembro-me como se fosse hoje: Anna Marina, titular desta coluna, chegou no hospital, logo depois do parto, levando quatro pacotes grandes de fraldas descartáveis. Presente de milionário! Foi uma festa.

As assaduras foram aumentando, ficavam em carne viva. Passávamos todas as pomadas, amido de milho, etc. O das gêmeas não descobria o motivo daquilo. Minha mãe passou a mão nas netinhas e levou ao Múcio de Paula, que tinha sido nosso pediatra, o melhor da cidade. Ele olhou e disse na maior calma, como era o seu jeito: “Alergia a leite”. Recomendou leite de cabra. Rapidamente, as assaduras desapareceram.

É bom ficar atento. Muita gente tem alergia a leite ou intolerância à lactose. A propósito, recebemos dicas da Associação Brasileira de Laticínios que esclarecem mitos e verdades sobre a questão:

1- Alergia à proteína do leite é diferente de intolerância à lactose. Isso é verdade. A alergia é reação do sistema imunológico a determinados alimentos. O leite pode ser um deles e, nestes casos, seu consumo deve ser restringido. A intolerância à lactose se refere à dificuldade de digerir o açúcar do leite, provocada pela deficiência do organismo na produção da enzima lactase, responsável por sua digestão. Intolerantes à lactose podem consumir derivados de leite como iogurtes e a maioria dos queijos, pois, durante a transformação do leite em iogurtes ou queijos, o teor de lactose diminui ou é totalmente eliminado.

2- Leite desnatado é leite integral com água. Isso é mito. O que caracteriza o leite desnatado é seu reduzido teor de gordura, que pode chegar, no máximo, a 0,5%. Tem a mesma quantidade de nutrientes do leite integral, com carga calórica reduzida.

3- Outro mito: adulto não deve tomar leite. Nutrientes encontrados nele, como proteínas, cálcio, vitaminas e outros minerais, são essenciais em todas as fases da vida. O consumo de cálcio é vital para manter o nível estável desse mineral no sangue. Se isso não ocorrer, o organismo consome o cálcio dos ossos, o que pode gerar osteoporose.

4-Leite e derivados são essenciais para a dieta humana? Sim. O leite é considerado alimento completo por conter proteínas, fósforo, potássio e zinco. É a maior fonte de cálcio.

5-Leite fortalece os dentes. Outra verdade. Por ser a principal fonte de cálcio, ele contribui para formação dos dentes, ajudando a conter as cáries e proteger as gengivas.

6- Um mito: não se pode tomar leite com manga. Não há comprovação científica disso. O leite pode ser consumido em diversas preparações, batido com frutas, como milk-shakes, etc.

7- Leite pasteurizado ou em caixinha perde nutrientes. Isso é mito. Os diferentes tipos de tratamento térmico não reduzem o valor nutricional do leite no que se refere a proteínas, cálcio e outros minerais. Há perda significativa da vitamina C (ultrapasteurização), da ordem de 10% a 20%.

8- Mulheres grávidas devem evitar leite. Outro mito. O leite é excelente fonte de cálcio e proteínas de alto valor biológico, benéficos para o feto.

9- É necessário ferver o leite antes de tomar. Mito. Tanto o leite pasteurizado quanto o longa vida (UHT) não devem ser fervidos, pois já passaram por processos que eliminaram os microorganismos prejudiciais à saúde. Porém, o leite cru não deve consumido, dado o alto risco que representa para a saúde. Sua comercialização para consumo direto é proibida no Brasil. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 15/2/16, na coluna da Anna Marina

Geração X Y Z

BenQ Corporation
BenQ Corporation

Agora, recebemos letras. Não é bem agora, aliás. Há algum tempo nos nominaram, mas a coisa popularizou recentemente. Quem nasceu entre a década de 1960 e o fim dos anos de 1970 fazem parte do time dos X.

O termo foi popularizado pelo romance Geração X: contos para uma cultura acelerada, de 1991, do canadense Douglas Coupland. E nos chamavam de acelerados… Não tinham a menor noção do que estava por vir.

Então chegou a geração Y, nascida depois da década de 1980, marcada por avanços tecnológicos. Computador, para eles, é um órgão do corpo humano. Não existe geração Y no campo, ela está atrelada ao urbano e à tecnologia. Só percebemos a grande diferença quando essa galera entrou no mercado de trabalho. Na faixa dos 20 aos 35 anos, eles são criativos, pugados, ágeis.  Nas empresas, a geração Y é sinal de dinamismo, informalidade e competência. São conhecidos também como milleannials.

E temos a geração Z, os nascidos nos anos 2000 – a garotada da era digital, do world wide web (www) e compartilhamento de arquivos, constatemente ligados à rede. Celular, só se for smartphone de última geração com tela de 5,5 polegadas. Zapear é respirar. As opções são várias: canais de televisão, internet, vídeogame, foto com movimento.

Está lendo isso aqui e não entende quase nada? É da geração X ou da anterior, que nem letra recebeu. Sou da X. O legal é que todas trazem vantagens e desvantagens. Nossa geração conta experiência de vida e conhecimento histórico que os mais novos não têm. Gostamos de estabilidade no emprego – pode ser um ponto negativo, mas vestimos a camisa da empresa, coisa que os mais novos não sabem o que é. Nem de longe eles têm esse sentimento. Temos bagagem cultural única. Por outro lado, apanhamos muito no quesito conhecimento tecnológico, enquanto a moçada domina todas as ferramentas. É bonito ver a destreza deles resolvendo problemas naquele computador que nos deixa de cabelo em pé.

Com rapidez impressionante, as gerações Y e Z recebem toneladas de informações. Em segundos, sabem tudo o que está ocorrendo no mundo, pois estão conectados 36 horas por dia. Isso mesmo: o dia deles tem 36 horas, pois não param, fazem 10 coisas – no mínimo – ao mesmo tempo. Conhecem tudo, mas na superficialidade. Não lhes perguntem sobre o passado. Dominam vários idiomas, mas a língua portuguesa foi assassinada. Não lhes peça para escrever à mão. Na nossa época, letra feia era só a de médico – agora, virou epidemia, ninguém sabe escrever, só digitar. Outra vantagem: eles não retém informação. Pelo contrário, gostam de compartilhar conhecimento.

Semana passada encontrei com uma professora da PUC Minas na lavanderia. Não a conhecia, mas, como sou conversada, falamos de carnaval, na energia da moçada. Estava com ideias para esta coluna na cabeça, toquei no assunto e foi ótimo. Tânia Ferreira de Souza me disse uma coisa importante: “Precisamos despertar em nossos jovens, o foco no querem fazer”. Ela revelou o que vem fazendo em sala de aula. Achei muito legal.

Aí está o desafio dos professores. Cada um deve encontrar sua didática na prática, pois a geração Z é acelerada. A moçada não consegue ficar de quatro a cinco horas assentada, quieta e ouvindo. A culpa é dos pais: quando as crianças nascem, dão celular e ipad para sossega-las, em vez de levá-las para aulas e exercícios complementares como faziam nossos pais.

Fato é que as gerações mudam e novas formas de lidar com elas devem ser criadas. Uma geração não elimina a outra, elas se complementam para que a vida funcione bem, em harmonia. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 13/2/16, na coluna da Anna Marina

Cuidados com os cabelos

cabeloMulher gosta de inventar moda. Não tem jeito, nunca estamos satisfeitas, sempre queremos mudar.

Na cena de abertura da peça Acredite, um espírito baixou em mim, o ator Ílvio Amaral leva a plateia ao delírio quando solta: ao se separarem, todas as mulheres dizem que vão mudar e fazer balaiage. Piadas à parte, é a mais pura verdade. A qualquer indício de mudança, seja por problemas, fase da vida ou desejo de renovar o visual, o primeiro a sofrer é o cabelo. E como sofre…

Quando era adolescente, produtos e maquinários para cabelo eram restritos. Se queríamos deixa-lo liso, tínhamos de fazer touca. Ou seja, penteá-lo em torno da cabeça o mais esticado possível, enfiar uma meia fina e rodar, rodar, rodar, para que os fios se esticassem ao máximo. Ficávamos horas esperando, depois batíamos o secador e virávamos o cabelo para o outro lado, senão ficava torto. Havia quem passasse os cabelos a ferro. Isso mesmo: ajoelhava no chão, a moça deitava a cabeça na mesa de passar roupa, penteava os fios, colocava papel de pão sobre eles e passava o ferro quente. Ficava uma maravilha!

Anelar era com papelote, mecha por mecha – fininhas. Elas eram enroladas em tiras de jornal, depois prendíamos as pontas do papel para não soltar. Dormíamos com aquilo, podíamos fazer bobs ou prender com rolinho mesmo. Quando surgiu a permanente, foi maravilhoso. Todo mundo de cabelo liso aderiu. Algumas ficaram lindas, outras acabaram com o cabelo, mas o importante era mudar.

Dizem que mulher não envelhece, fica loura. Sem crítica nem preconceito, a verdade é que os cabelos mais escutos tendem a deixar a aparência mais pesada, enquanto tons mais claros suavisam. Por isso, à medida que envelhecemos, clareamos os fios para dar leveza às feições. Outro problema: as mulheres não gostam de ficar grisalhas, pois aparentam ser mais velhas do que são de fato. Por conta disso, pintam o cabelo com muita frequência, o que significa excesso de química.

Não há cabelo que aguente tantas intervenções sem sofrer danos. Pintava o meu de preto, fiz isso por anos, até que um dia resolvi clarear. Mas ele estava fraco e quebradiço, não aguentava descoloração. Minha prima me mandou procurar a Laura Nunes, do LG Studio, de quem acabei ficando amiga. Passei o dia lá, mas saí com meu cabelo maravilhoso, com umas luzes avermelhadas, e sem estragar nada. Fiquei muito tempo assim.

Um dia, me deu na sapituca ficar loura. Pedi para a Laura, mas ela foi curta e grossa: levei um sonoro não. Saí de lá, fui a outro salão e fiz as luzes. Meu cabelo virou uma palha de aço. E a cara para voltar? Fiquei uns quatro meses só usando coque, até ter coragem de procurar a minha amiga. Cheguei lá com o rabinho entre as pernas, pedi-lhe para consertar minha “obra”. Na maior calma, ela respondeu: “Consertar eu conserto. Só não estrago”.

Este é o grande problema: muitas vezes, inventamos coisas e nos damos mal. É preciso cuidar bem do que temos para não faltar no futuro. Excesso de alisamento, química, produtos novos cuja composição ninguém conhece – tudo isso pode não prejudicar agora, mas ninguém sabe as consequências daqui a alguns anos.

Resumindo: não devemos usar produtos à base de formol, temos que hidratar o cabelo com frequência, principalmente se fazemos muita chapinha, e temos de adotar cuidados com o tipo de produto e shampoo que usamos. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura, 19/2/16, na coluna da Anna Marina

Etiqueta social na tecnologia

Ilustração Son SalvadorTudo na vida tem um lado bom e outro ruim. Há alguns anos, entramos na era digital. A evolução desenfreada da tecnologia levou a comunicação para um patamar a que poucos imaginariam chegar em tão pouco tempo.

O telefone celular, que começou como um aparelho fantástico para possibilitar ligações de qualquer lugar, hoje recebe e envia e-mails, mensagens, vídeos e fotos. Serve para conversas rápidas, bem como para jogar, acessar a internet e ler notícias. A função principal – telefonar – tornou-se praticamente secundária. Há as redes sociais. O WhatsApp então, é fantástico. Recados chegam na hora. É possível fazer ligações gratuitamente, a maioria delas com excelente qualidade.

Com tudo isso, saiu de cena algo importante: a etiqueta, para não dizer a educação. Antes, ninguém ligava para os outros antes das 9h e depois das 22h, a não ser em caso de muita urgência ou se se tratasse de pessoa muito íntima. Agora, não se respeita horário. As mensagens chegam a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada. As chamadas não respeitam horário de almoço. Se alguém tem um idoso na família, não consegue deixar o celular ligado de noite, pois simplesmente não dorme com tantos avisos eletrônicos. Tentando sanar esse problema, os fabricantes tiveram de criar a tecnologia que permite o modo noturno, com liberação de acesso apenas para os favoritos. No fundo o problema é outro: o ser humano perdeu completamente a noção e o limite.

O tamanho das mensagens, então… As pessoas não entendem que WhatsApp é para breves recados. Fazem questão de enviar textos quilométricos, dificílimos de ler na telinha estreita. Mensagens assim deveriam ser mandadas por facebook ou e-mail. Eu, por exemplo, não leio tais “testamentos” no celular.

Há quem fique com raiva se você não responde imediatamente. Cobram resposta e chegam a perguntar se estamos brigados… Essa gente perdeu a noção. O interlocutor tem ocupações, trabalho, estudo, família, amigos. E a mensagem de voz? Não interessa se a pessoa está em um lugar onde é impossível ouvir recados. Certamente, trata-se de um recurso muito prático. Mas, por favor, leve em conta as dificuldades do outro antes de exigir rapidez e de se irritar.

E os grupos? Há quem adicione “amigos” sem pedir permissão – na maioria das vezes, são turmas indesejáveis. Isso é extremamente deselegante. Primeiro, pergunte se a pessoa quer ser incluída e mantenha o foco do grupo, não desvirtue. Pior é o grupo pontual, datado: encerrado o evento, ninguém tem coragem de acabar com ele, e as pessoas ficam só no bom-dia, boa-tarde e boa-noite… dá para entender?

É bom deixar claro: alguns são muito bons – os familiares, então, são ótimos. Temos um grupo de primas (somos cerca de 50) e nos divertimos, trocamos ideias. O problema é ficar ligado o tempo todo. Dá meia hora e se acumulam 60 mensagens… É bacana unir os parentes, manter a família informada de tudo.

Problemas à parte, o mundo digital é muito bom para nos ajudar a reencontrar amigos que se perderam ao longo da vida, a não nos esquecermos do aniversário da pessoa querida, por exemplo. Então, use a tecnologia, mas fique sempre atento à etiqueta. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura em 23/1/16, na coluna da Anna Marina

Com que roupa eu vou

vestidoSaber que roupa usar em cada ocasião sempre é um dilema para a mulheres – atualmente, para a maioria dos homens também –, sobretudo nestes dias de clima abafado, com altas temperaturas e sensação térmica maior ainda.

Mesmo que a pessoa não tenha consciência disso, a vestimenta é ferramenta de marketing pessoal. Quem não para na hora de escolher muito bem a roupa que vai para uma entrevista de emprego? Quanto tempo uma moça gasta para escolher seu vestido de noiva? Quantas roupas uma menina apaixonada troca quando está se aprontando para sair com seu boy magia?

Porém, o que mais vemos são constantes equívocos. Tá certo que a moda de hoje é muito mais elástica. Por sinal, estar na moda é ter seu próprio estilo e personalidade para se vestir. Mas não abro mão do bom senso em nada na vida – nem mesmo no vestuário. Concordo: há dias em que queremos estar mais despojados, embora nem mesmo nessas ocasiões devamos aderir ao universo do ridículo. Sou defensora das pessoas se assumirem e se amarem com o corpo que têm, mas cada um deve se vestir apropriadamente para o seu biotipo e para o local que vai frequentar.

Várias empresas adotam termos de conduta, estabelecendo alguns itens que não podem ser usados no trabalho: rasteirinhas (sandálias que não prendem o calcanhar), tênis, shorts, bermudas, camisetas regatas e bonés. Outras não estipulam regras por escrito, mas elas estão implícitas na postura profissional. Quando um candidato vai participar do processo de seleção, veste bermudas, boné, chinelo e camiseta regata? E elas? Vão de microssaia, barriga de fora e soutien aparecendo? Pois é isso que deve ser colocado na balança. Mulheres que usam de barriga de fora, na maioria das vezes estão acima do peso. Nesse caso, o visual, além de inapropriado, não é nada agradável.

Com o calor, claro, o melhor é usar roupas leves, mas sem parecer desleixado. Porém, o cuidado deve ser redobrado, pois a maioria das roupas de verão tem decotes profundos, transparência, é curta e justa, deixa alças de sutiã à mostra. Vestidos são de um ombro só ou tomara que caia. Tudo isso deve ser evitado no ambiente de trabalho.

Assisto a vários programas de moda na televisão, muitos deles voltados para escolha do vestido de noiva. É impressionante: 90% das moças querem tomara que caia justos, que mostrem as curvas do corpo e que sejam bem sensuais. Mais da metade delas, porém, está bem acima do peso. Fico pensando: que curvas desejam exibir? Será que não percebem que o modelo não favorece o corpo das mais cheinhas?

E quando as pessoas vão a um coquetel vestidas para um baile de gala? Dá arrepios de tanta aflição. Realmente as pessoas não sabem mais que tipo de roupa vestir em cada ocasião. Curtos, transparência, brilhos e barriga de fora devem ser deixados para uso na balada, quando a moçada vai curtir a noite e ser feliz. Hoje em dia, ninguém se produz só porque está interessado em alguém. As pessoas se produzem para si mesmas – e isso é muito legal. O pessoal sai para se divertir e, se rolar algo mais interessante, rolou. Só acho que poderia ser com um pouco mais de consciência e critério. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 18/2/16, na coluna da Anna Marina

QUESTÃO DE ÉTICA

Lucas machado cópia
Dr. Lucas Machado (Foto Juarez Rodrigues/Estado de Minas/D.A.Press)

Todo mundo sabe que a saúde está um caos.

Hospitais no Rio de Janeiro fechados. Pessoas viajam mais de 150 quilômetros para fazer exames agendados, dão com a cara na porta e têm de voltar para casa doentes, sem atendimento. Isso na saúde pública. Com relação aos planos de saúde, vê-se grande demora para conseguir uma consulta – no mínimo três meses –, o que acaba levando todo mundo para o pronto-socorro dos hospitais – serviço, aliás, que já mudou de nome: pronto atendimento. É pra lá que o doente tem que correr, principalmente depois que os antibióticos passaram a ser vendidos mediante recita médica. Até no atendimento particular as coisas estão ficando um pouco complicadas.

No fim do ano passado, um parente, que atualmente mora no interior, veio passar as festas em BH. Como já enfrentou malária e hepatite C, duas doenças complicadas das quais já se curou graças Rosângela Teixeira, excelente médica e incansável pesquisadora aqui de Belo Horizonte, ele, sempre que volta à terrinha, recorre ao ultrassom para checar se está tudo bem com o fígado. O exame é particular. Ligamos para uma grande clínica, mas se recusaram a agendar o procedimento sem pedido médico. No caso de plano de saúde, entendo que tal pedido seja fundamental e, caso o paciente não saiba qual o seu problema, passar por um médico é obrigatório também. Porém, tratava-se apenas de controle. Dias depois, recebi de uma amiga o seguinte relato:

“Há uns dias, fui a uma clínica de medicina diagnóstica bem conhecida na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, fazer um ultrassom de mama. Quando fui atendida, a médica se recusou a fazer o exame, alegando que só o faria se eu tivesse uma mamografia recente. Expliquei que o médico só o pediu para um screening, por razões particulares. Mesmo assim, ela se negou.
Voltei ao meu médico, Lucas Vianna Machado (professor emérito da Faculdade Ciências Medicas e autor de livro de endocrinologia feminina), e contei o fato. Ao final da consulta, ele se levantou e me disse que estava se dirigindo à clínica com um calhamaço de publicações científicas para contestar a atitude da médica. Defenderia sua autoridade como profissional que fez minha anamnese e indicou o meu exame. Poucas horas depois, recebi um telefonema pedindo para que voltasse a qualquer hora à clínica, pois o exame seria feito e entregue na hora!Quero agradecer e parabenizar o doutor Lucas pela presteza e defesa de sua conduta médica e do meu direito. Fico feliz de ter como ginecologista alguém como ele, de tamanha competência e disposição em agir em favor do que é certo. A experiência e o conhecimento do médico têm que estar acima de protocolos quando se fizer necessário. Parabéns, Lucas.O senhor é mesmo uma raridade!”

Nunca fui cliente de Lucas Machado, mas tenho o prazer de conhecê-lo e sei do carinho e amizade que a titular desta coluna tem por ele, e vice-versa. Com atitudes assim, ele só comprova que poucos médicos novos agem com ética e autoridade para proteger os pacientes. Não é à toa que o doutor Lucas se tornou tão respeitado. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada na página 2 do Caderno EM Cultura, 28/1/16, na coluna de Anna Marina

Dia mundial do Câncer

bela3É impressionante como aumentou o número de pessoas com câncer. Sempre me pergunto porquê.

Em alguns momentos, penso se a doença seria mais rara antigamente. Em outros, pergunto-me se tal crescimento se deve ao sigilo que as pessoas mantinham, o que não ocorre mais. Muitas vezes, elas nem sequer sabiam o que era câncer. Será que a atual “popularidade” da doença se deve ao fato de o paciente ter perdido o medo de falar sobre ela? Até algum tempo atrás, para muita gente, ter câncer era como receber uma sentença de morte. Diziam “fulano está doente” e ninguém ficava sabendo o que era.

Há uns dois anos, conversando com Enaldo Lima, chefe da Oncologia do Hospital Mater Dei – que, além de excelente médico é um encanto de pessoa –, fiquei sabendo que o câncer é tratado como epidemia. Fiquei estarrecida. Posso até estar “viajando na maionese”, mas ninguém me tira da cabeça que agrotóxicos e alimentos transgênicos são, em grande parte, culpados pelo aumento de casos. Pronto, falei.

Anualmente, informa o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), cerca de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença no mundo.

Cerca de 8 milhões morrem. Se nada for feito, a expectativa é de que em 2030 se registrem 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano. Dois terços das vítimas vivem em países em desenvolvimento.

Nada mais justo do que chamar a atenção para o Dia Mundial do Câncer, em 4 de fevereiro. Com o slogan “Ao nosso alcance”, uma das maiores campanhas mundiais de combate à doença, a Union for International Cancer Control (UICC) busca esclarecer mitos e convida organizações e pessoas a aderirem à mobilização. Aqui em Minas Gerais, o grande parceiro é o Instituto Mário Penna, que iniciou a campanha na segunda-feira com a ação interativa Mãos que falam. As pessoas são convocadas a escrever nas mãos mensagens a favor da iniciativa, fotografá-las e postar a imagem nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter).

No material enviado, não mandaram a hashtag que deve ser anexada à foto, mas duas já ficam sugeridas: #mãosquefalam e #diamundialdocâncer. A ideia é estimular o debate, esclarecer dúvidas. Por exemplo: é possível ter qualidade de vida antes, durante e depois da doença, isso depende de escolhas saudáveis feitas pelo paciente.

Com a população bem informada sobre as diversas formas de prevenção, podem ser reduzidos os índices da doença. O conhecimento é sempre o melhor caminho: quanto mais cedo o câncer é detectado, maior a chance de cura, ressalta Karina Pongelupe, gerente de Marketing e Relacionamento do Instituto Mário Penna. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Coluna publicada no Caderno EM Cultura, 27/2/16, na coluna da Anna Marina

Vaidade exagerada faz mal

vaidadeVaidade de vaidades, tudo é vaidade! Está escrito na Bíblia, no livro de Eclesiastes.

Tenho um amigo, Ricardo Pimenta, que queria abrir um negócio ainda jovem e ouviu o seguinte conselho do pai, fazendeiro simples do interior : “Escolha algo que mexa com a vaidade da mulher ou com o estômago das pessoas”. Sábias palavras. As mulheres não abrem mão de se arrumar, mesmo jurando não ser vaidosas. E ninguém quer ficar sem comer.

Ricardo escolheu a vaidade. Ele e a irmã, Beth Pimenta, montaram a fábrica de perfumes Água de Cheiro, que fez muito sucesso durante décadas. Hoje, ambos atuam em outros segmentos, mas Beth continua apostando nos vaidosos: trabalha com lingerie.

Pesquisa global da empresa alemã GFK de estudos de mercado revelou que as brasileiras dedicam 5,3 horas semanais, em média, a cuidados pessoais, como banho, depilação, roupas, cabelo e maquiagem. Já os brasileiros gastam 3,5 horas semanais para se cuidar. Tais resultados superam a média dos 22 países pesquisados, que é de 4 horas semanais – 3,2 horas entre (homens) e 4,9 horas (mulheres).

Os motivos apontados para o excesso de preocupação com a aparência são sentir-se bem com você mesmo, causar boa impressão ao conhecer pessoas e dar bom exemplo aos filhos. Os casados, claro, disseram que querem agradar ao cônjuge.

Com tanto tempo destinado à vaidade, não surpreende o excesso de produtos lançados diariamente. São cremes hidratantes, antiage, para lifting, contra celulite e estrias, para cabelos de todos os tipos. Vendem-se chás, shakes, sopas e sucos detox. E maquiagens, cremes para massagens, tratamentos estéticos, aparelhos para tudo quanto há. Um espreme, o outro treme, o outro gela, o outro chupa e solta, o do lado dá choque. Infelizmente, não são acessíveis a todo mundo por causa do alto preço, mas para quem pode… Não tem jeito de ficar feia, gorda, velha ou flácida. É uma maravilha.

E aí vem a cirurgia plástica. O que o tratamento estético não consegue solucionar, o cirurgião resolve. Tinha uma amiga (falecida precocemente) que começou a fazer plástica aos 30 anos, sem a menor necessidade. O problema é que a vaidade fala alto demais e alguns médicos não são tão éticos assim. Passam, literalmente, a picotar as clientes. Outra conhecida foi a um médico que lhe fez um corte entre a sombrancelha e a orelha. Inacreditável.

As pessoas vão se esticar tanto que daqui a pouco a pele ficará lilás. Adoro quando alguém diz que foi que o cirurgião plástico se recusou a operá-la. Como é bom saber que profissionais sérios não se rendem ao dinheiro ou à vaidade de tratar alguém rica, famosa, importante. Mas a pessoa, em vez de entender o recado, procura outro e opera. O resultado, claro, acaba sendo desastroso.

O grande problema do excesso de vaidade é a pessoa perder a noção do limite. Preenchimentos no rosto me assustam, as mulheres ficam a cara do Fofão, aquele personagem de programas infantis. Será que olham para o espelho e não enxergam? Não têm uma amiga para avisar que extrapolaram, estão deixando de ser bonitas e ficando feias? (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada na página 2 do Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 11/2/16, na coluna da Anna Marina

 

Arrumar mala é um problema

Arrumar mala

Férias, carnaval, viagem de trabalho ou de turismo, fim de semana no campo com amigos. Vai para o exterior? Seja lá que tipo de viagem for, arrumar a mala é sempre um problema.

Adoro viajar, embora não tenha muito tempo para esse lazer que aprecio tanto, mas mesmo assim procuro ser objetiva na hora de montar a mala. Nem sempre consigo, mas sou muito melhor que minha irmã. Toda vez que ela vai viajar, sou convocada. A bagagem já está pronta e na cama, aquela montanha de roupas. Aí, começa a mostrá-las e vou ponderando, tirando peças. Conseguimos reduzir o volume em pelo menos um terço. Por sua vez, minha filha é um mistério. Tem um talento para arrumar malas que foge à compreensão humana. Faz muitas viagens missionárias e, além de suas roupas pessoais, tem que levar colchonete, roupa de cama e de banho, travesseiro. E lá vai ela, só com a mala tipo aeromoça e a sacolinha de mão. Não entendo como cabe tudo ali.

Tenho amigas que viajam pelo mundo o ano inteiro, parece que comeram canela de cachorro. Conseguem arrumar malas como ninguém. Levam poucas roupas, são objetivas, penso que vão passar aperto. Quando vejo as fotos, estão elegantérrimas, cada dia com uma roupa diferente e acessórios variados. Parece que viajaram com o guarda-roupa inteiro. Quero fazer um cursinho com elas.

Recentemente, recebi e-mail muito legal de Carol Rosa, personal organizer (isso mesmo, agora tem profissional que ensina a arrumar malas). Ela dá ótimas dicas, todas úteis nesta época de férias e carnaval, com programas tão variados.

Em primeiro lugar, você deve analisar bem o seu destino – praia, campo, cidade – e o que fará por lá. Vai a festas e restaurantes? No caso do carnaval, é só folia de rua mesmo? Isso é fundamental na hora de montar a mala. Vejam as dicas da personal organizer:

Mala de rodinha é pra quem vai viajar de avião, pois as roupas amassam menos e protegem objetos frágeis. As calças devem ficar no fundo, esticadas e com as pernas para fora (faço tudo errado). “Só depois de acomodar tudo dobre as pernas das calças sobre as demais roupas”, explica a personal. Depois vêm os shorts, bermudas e vestidos. “Vestido também deve ficar o mais esticados possível. Aproveite os espaços vazios para colocar os sapatos, protegendo as solas para não sujar as roupas. Usem saquinhos individuais”, sugere Carol Rosa.

Mala de carregar é mais informal. Como é menor, exige seleção mais apurada. “Leve só o que vai usar. Na hora de organizar, comece com as calças, mas dobre-as ao meio. Coloque as roupas mais pesadas no fundo. Acomode as demais peças por cima, deixando-as bem esticadas, sempre nivelando os lados para aproveitar bem o espaço. Deixe por último as roupas finas, que amassam mais. Viaje com o sapato fechado que pretende levar. Um tênis, por exemplo. Deixe na mala o que ocupa pouco espaço: chinelo e sandália. Escolha a sandália de cor neutra, que combina com tudo. Não leve muitos acessórios, opte por um ou dois que combinem com tudo, pois fazem diferença no volume”, recomenda Carol.

Decidiu viajar de mochilão? Leve poucas peças e pense no peso. “Opte por uma calça jeans básica. Se esfriar, você consegue combiná-la com várias blusas. Escolha sempre peças que não façam muito volume. O short jeans também é coringa, você pode repeti-lo, só variando a parte de cima. O erro mais comum durante a organização da mochila, é colocá-la em pé e ir dobrando as roupas, uma em cima da outra. Quanto mais dobradas, mais espaço ocupam. A dica é deitar a mochila na cama e ir acomodando as peças (esticadas ao máximo) no sentido horizontal. Assim você economiza mais espaço. Por último, coloque os sapatos e a nécessaire nos cantos livres”, conclui Carol Rosa. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura em 25/1/16, na coluna da Anna Marina