QUESTÃO DE ÉTICA

Lucas machado cópia
Dr. Lucas Machado (Foto Juarez Rodrigues/Estado de Minas/D.A.Press)

Todo mundo sabe que a saúde está um caos.

Hospitais no Rio de Janeiro fechados. Pessoas viajam mais de 150 quilômetros para fazer exames agendados, dão com a cara na porta e têm de voltar para casa doentes, sem atendimento. Isso na saúde pública. Com relação aos planos de saúde, vê-se grande demora para conseguir uma consulta – no mínimo três meses –, o que acaba levando todo mundo para o pronto-socorro dos hospitais – serviço, aliás, que já mudou de nome: pronto atendimento. É pra lá que o doente tem que correr, principalmente depois que os antibióticos passaram a ser vendidos mediante recita médica. Até no atendimento particular as coisas estão ficando um pouco complicadas.

No fim do ano passado, um parente, que atualmente mora no interior, veio passar as festas em BH. Como já enfrentou malária e hepatite C, duas doenças complicadas das quais já se curou graças Rosângela Teixeira, excelente médica e incansável pesquisadora aqui de Belo Horizonte, ele, sempre que volta à terrinha, recorre ao ultrassom para checar se está tudo bem com o fígado. O exame é particular. Ligamos para uma grande clínica, mas se recusaram a agendar o procedimento sem pedido médico. No caso de plano de saúde, entendo que tal pedido seja fundamental e, caso o paciente não saiba qual o seu problema, passar por um médico é obrigatório também. Porém, tratava-se apenas de controle. Dias depois, recebi de uma amiga o seguinte relato:

“Há uns dias, fui a uma clínica de medicina diagnóstica bem conhecida na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte, fazer um ultrassom de mama. Quando fui atendida, a médica se recusou a fazer o exame, alegando que só o faria se eu tivesse uma mamografia recente. Expliquei que o médico só o pediu para um screening, por razões particulares. Mesmo assim, ela se negou.
Voltei ao meu médico, Lucas Vianna Machado (professor emérito da Faculdade Ciências Medicas e autor de livro de endocrinologia feminina), e contei o fato. Ao final da consulta, ele se levantou e me disse que estava se dirigindo à clínica com um calhamaço de publicações científicas para contestar a atitude da médica. Defenderia sua autoridade como profissional que fez minha anamnese e indicou o meu exame. Poucas horas depois, recebi um telefonema pedindo para que voltasse a qualquer hora à clínica, pois o exame seria feito e entregue na hora!Quero agradecer e parabenizar o doutor Lucas pela presteza e defesa de sua conduta médica e do meu direito. Fico feliz de ter como ginecologista alguém como ele, de tamanha competência e disposição em agir em favor do que é certo. A experiência e o conhecimento do médico têm que estar acima de protocolos quando se fizer necessário. Parabéns, Lucas.O senhor é mesmo uma raridade!”

Nunca fui cliente de Lucas Machado, mas tenho o prazer de conhecê-lo e sei do carinho e amizade que a titular desta coluna tem por ele, e vice-versa. Com atitudes assim, ele só comprova que poucos médicos novos agem com ética e autoridade para proteger os pacientes. Não é à toa que o doutor Lucas se tornou tão respeitado. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada na página 2 do Caderno EM Cultura, 28/1/16, na coluna de Anna Marina

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