Geração X Y Z

BenQ Corporation
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Agora, recebemos letras. Não é bem agora, aliás. Há algum tempo nos nominaram, mas a coisa popularizou recentemente. Quem nasceu entre a década de 1960 e o fim dos anos de 1970 fazem parte do time dos X.

O termo foi popularizado pelo romance Geração X: contos para uma cultura acelerada, de 1991, do canadense Douglas Coupland. E nos chamavam de acelerados… Não tinham a menor noção do que estava por vir.

Então chegou a geração Y, nascida depois da década de 1980, marcada por avanços tecnológicos. Computador, para eles, é um órgão do corpo humano. Não existe geração Y no campo, ela está atrelada ao urbano e à tecnologia. Só percebemos a grande diferença quando essa galera entrou no mercado de trabalho. Na faixa dos 20 aos 35 anos, eles são criativos, pugados, ágeis.  Nas empresas, a geração Y é sinal de dinamismo, informalidade e competência. São conhecidos também como milleannials.

E temos a geração Z, os nascidos nos anos 2000 – a garotada da era digital, do world wide web (www) e compartilhamento de arquivos, constatemente ligados à rede. Celular, só se for smartphone de última geração com tela de 5,5 polegadas. Zapear é respirar. As opções são várias: canais de televisão, internet, vídeogame, foto com movimento.

Está lendo isso aqui e não entende quase nada? É da geração X ou da anterior, que nem letra recebeu. Sou da X. O legal é que todas trazem vantagens e desvantagens. Nossa geração conta experiência de vida e conhecimento histórico que os mais novos não têm. Gostamos de estabilidade no emprego – pode ser um ponto negativo, mas vestimos a camisa da empresa, coisa que os mais novos não sabem o que é. Nem de longe eles têm esse sentimento. Temos bagagem cultural única. Por outro lado, apanhamos muito no quesito conhecimento tecnológico, enquanto a moçada domina todas as ferramentas. É bonito ver a destreza deles resolvendo problemas naquele computador que nos deixa de cabelo em pé.

Com rapidez impressionante, as gerações Y e Z recebem toneladas de informações. Em segundos, sabem tudo o que está ocorrendo no mundo, pois estão conectados 36 horas por dia. Isso mesmo: o dia deles tem 36 horas, pois não param, fazem 10 coisas – no mínimo – ao mesmo tempo. Conhecem tudo, mas na superficialidade. Não lhes perguntem sobre o passado. Dominam vários idiomas, mas a língua portuguesa foi assassinada. Não lhes peça para escrever à mão. Na nossa época, letra feia era só a de médico – agora, virou epidemia, ninguém sabe escrever, só digitar. Outra vantagem: eles não retém informação. Pelo contrário, gostam de compartilhar conhecimento.

Semana passada encontrei com uma professora da PUC Minas na lavanderia. Não a conhecia, mas, como sou conversada, falamos de carnaval, na energia da moçada. Estava com ideias para esta coluna na cabeça, toquei no assunto e foi ótimo. Tânia Ferreira de Souza me disse uma coisa importante: “Precisamos despertar em nossos jovens, o foco no querem fazer”. Ela revelou o que vem fazendo em sala de aula. Achei muito legal.

Aí está o desafio dos professores. Cada um deve encontrar sua didática na prática, pois a geração Z é acelerada. A moçada não consegue ficar de quatro a cinco horas assentada, quieta e ouvindo. A culpa é dos pais: quando as crianças nascem, dão celular e ipad para sossega-las, em vez de levá-las para aulas e exercícios complementares como faziam nossos pais.

Fato é que as gerações mudam e novas formas de lidar com elas devem ser criadas. Uma geração não elimina a outra, elas se complementam para que a vida funcione bem, em harmonia. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 13/2/16, na coluna da Anna Marina

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