Etiqueta social na tecnologia

Ilustração Son SalvadorTudo na vida tem um lado bom e outro ruim. Há alguns anos, entramos na era digital. A evolução desenfreada da tecnologia levou a comunicação para um patamar a que poucos imaginariam chegar em tão pouco tempo.

O telefone celular, que começou como um aparelho fantástico para possibilitar ligações de qualquer lugar, hoje recebe e envia e-mails, mensagens, vídeos e fotos. Serve para conversas rápidas, bem como para jogar, acessar a internet e ler notícias. A função principal – telefonar – tornou-se praticamente secundária. Há as redes sociais. O WhatsApp então, é fantástico. Recados chegam na hora. É possível fazer ligações gratuitamente, a maioria delas com excelente qualidade.

Com tudo isso, saiu de cena algo importante: a etiqueta, para não dizer a educação. Antes, ninguém ligava para os outros antes das 9h e depois das 22h, a não ser em caso de muita urgência ou se se tratasse de pessoa muito íntima. Agora, não se respeita horário. As mensagens chegam a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada. As chamadas não respeitam horário de almoço. Se alguém tem um idoso na família, não consegue deixar o celular ligado de noite, pois simplesmente não dorme com tantos avisos eletrônicos. Tentando sanar esse problema, os fabricantes tiveram de criar a tecnologia que permite o modo noturno, com liberação de acesso apenas para os favoritos. No fundo o problema é outro: o ser humano perdeu completamente a noção e o limite.

O tamanho das mensagens, então… As pessoas não entendem que WhatsApp é para breves recados. Fazem questão de enviar textos quilométricos, dificílimos de ler na telinha estreita. Mensagens assim deveriam ser mandadas por facebook ou e-mail. Eu, por exemplo, não leio tais “testamentos” no celular.

Há quem fique com raiva se você não responde imediatamente. Cobram resposta e chegam a perguntar se estamos brigados… Essa gente perdeu a noção. O interlocutor tem ocupações, trabalho, estudo, família, amigos. E a mensagem de voz? Não interessa se a pessoa está em um lugar onde é impossível ouvir recados. Certamente, trata-se de um recurso muito prático. Mas, por favor, leve em conta as dificuldades do outro antes de exigir rapidez e de se irritar.

E os grupos? Há quem adicione “amigos” sem pedir permissão – na maioria das vezes, são turmas indesejáveis. Isso é extremamente deselegante. Primeiro, pergunte se a pessoa quer ser incluída e mantenha o foco do grupo, não desvirtue. Pior é o grupo pontual, datado: encerrado o evento, ninguém tem coragem de acabar com ele, e as pessoas ficam só no bom-dia, boa-tarde e boa-noite… dá para entender?

É bom deixar claro: alguns são muito bons – os familiares, então, são ótimos. Temos um grupo de primas (somos cerca de 50) e nos divertimos, trocamos ideias. O problema é ficar ligado o tempo todo. Dá meia hora e se acumulam 60 mensagens… É bacana unir os parentes, manter a família informada de tudo.

Problemas à parte, o mundo digital é muito bom para nos ajudar a reencontrar amigos que se perderam ao longo da vida, a não nos esquecermos do aniversário da pessoa querida, por exemplo. Então, use a tecnologia, mas fique sempre atento à etiqueta. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura em 23/1/16, na coluna da Anna Marina

  • Isabela minha querida, parabéns pelas crônicas que além de nos proporcionar informações úteis também nos proporcionam momentos de reflexão e divertimento.
    Bjs mil
    Dô ( Ricardo )Pimenta.

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