Cuidados com os cabelos

cabeloMulher gosta de inventar moda. Não tem jeito, nunca estamos satisfeitas, sempre queremos mudar.

Na cena de abertura da peça Acredite, um espírito baixou em mim, o ator Ílvio Amaral leva a plateia ao delírio quando solta: ao se separarem, todas as mulheres dizem que vão mudar e fazer balaiage. Piadas à parte, é a mais pura verdade. A qualquer indício de mudança, seja por problemas, fase da vida ou desejo de renovar o visual, o primeiro a sofrer é o cabelo. E como sofre…

Quando era adolescente, produtos e maquinários para cabelo eram restritos. Se queríamos deixa-lo liso, tínhamos de fazer touca. Ou seja, penteá-lo em torno da cabeça o mais esticado possível, enfiar uma meia fina e rodar, rodar, rodar, para que os fios se esticassem ao máximo. Ficávamos horas esperando, depois batíamos o secador e virávamos o cabelo para o outro lado, senão ficava torto. Havia quem passasse os cabelos a ferro. Isso mesmo: ajoelhava no chão, a moça deitava a cabeça na mesa de passar roupa, penteava os fios, colocava papel de pão sobre eles e passava o ferro quente. Ficava uma maravilha!

Anelar era com papelote, mecha por mecha – fininhas. Elas eram enroladas em tiras de jornal, depois prendíamos as pontas do papel para não soltar. Dormíamos com aquilo, podíamos fazer bobs ou prender com rolinho mesmo. Quando surgiu a permanente, foi maravilhoso. Todo mundo de cabelo liso aderiu. Algumas ficaram lindas, outras acabaram com o cabelo, mas o importante era mudar.

Dizem que mulher não envelhece, fica loura. Sem crítica nem preconceito, a verdade é que os cabelos mais escutos tendem a deixar a aparência mais pesada, enquanto tons mais claros suavisam. Por isso, à medida que envelhecemos, clareamos os fios para dar leveza às feições. Outro problema: as mulheres não gostam de ficar grisalhas, pois aparentam ser mais velhas do que são de fato. Por conta disso, pintam o cabelo com muita frequência, o que significa excesso de química.

Não há cabelo que aguente tantas intervenções sem sofrer danos. Pintava o meu de preto, fiz isso por anos, até que um dia resolvi clarear. Mas ele estava fraco e quebradiço, não aguentava descoloração. Minha prima me mandou procurar a Laura Nunes, do LG Studio, de quem acabei ficando amiga. Passei o dia lá, mas saí com meu cabelo maravilhoso, com umas luzes avermelhadas, e sem estragar nada. Fiquei muito tempo assim.

Um dia, me deu na sapituca ficar loura. Pedi para a Laura, mas ela foi curta e grossa: levei um sonoro não. Saí de lá, fui a outro salão e fiz as luzes. Meu cabelo virou uma palha de aço. E a cara para voltar? Fiquei uns quatro meses só usando coque, até ter coragem de procurar a minha amiga. Cheguei lá com o rabinho entre as pernas, pedi-lhe para consertar minha “obra”. Na maior calma, ela respondeu: “Consertar eu conserto. Só não estrago”.

Este é o grande problema: muitas vezes, inventamos coisas e nos damos mal. É preciso cuidar bem do que temos para não faltar no futuro. Excesso de alisamento, química, produtos novos cuja composição ninguém conhece – tudo isso pode não prejudicar agora, mas ninguém sabe as consequências daqui a alguns anos.

Resumindo: não devemos usar produtos à base de formol, temos que hidratar o cabelo com frequência, principalmente se fazemos muita chapinha, e temos de adotar cuidados com o tipo de produto e shampoo que usamos. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

 

Crônica publicada no Caderno EM Cultura, 19/2/16, na coluna da Anna Marina

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