Vaidade exagerada faz mal

vaidadeVaidade de vaidades, tudo é vaidade! Está escrito na Bíblia, no livro de Eclesiastes.

Tenho um amigo, Ricardo Pimenta, que queria abrir um negócio ainda jovem e ouviu o seguinte conselho do pai, fazendeiro simples do interior : “Escolha algo que mexa com a vaidade da mulher ou com o estômago das pessoas”. Sábias palavras. As mulheres não abrem mão de se arrumar, mesmo jurando não ser vaidosas. E ninguém quer ficar sem comer.

Ricardo escolheu a vaidade. Ele e a irmã, Beth Pimenta, montaram a fábrica de perfumes Água de Cheiro, que fez muito sucesso durante décadas. Hoje, ambos atuam em outros segmentos, mas Beth continua apostando nos vaidosos: trabalha com lingerie.

Pesquisa global da empresa alemã GFK de estudos de mercado revelou que as brasileiras dedicam 5,3 horas semanais, em média, a cuidados pessoais, como banho, depilação, roupas, cabelo e maquiagem. Já os brasileiros gastam 3,5 horas semanais para se cuidar. Tais resultados superam a média dos 22 países pesquisados, que é de 4 horas semanais – 3,2 horas entre (homens) e 4,9 horas (mulheres).

Os motivos apontados para o excesso de preocupação com a aparência são sentir-se bem com você mesmo, causar boa impressão ao conhecer pessoas e dar bom exemplo aos filhos. Os casados, claro, disseram que querem agradar ao cônjuge.

Com tanto tempo destinado à vaidade, não surpreende o excesso de produtos lançados diariamente. São cremes hidratantes, antiage, para lifting, contra celulite e estrias, para cabelos de todos os tipos. Vendem-se chás, shakes, sopas e sucos detox. E maquiagens, cremes para massagens, tratamentos estéticos, aparelhos para tudo quanto há. Um espreme, o outro treme, o outro gela, o outro chupa e solta, o do lado dá choque. Infelizmente, não são acessíveis a todo mundo por causa do alto preço, mas para quem pode… Não tem jeito de ficar feia, gorda, velha ou flácida. É uma maravilha.

E aí vem a cirurgia plástica. O que o tratamento estético não consegue solucionar, o cirurgião resolve. Tinha uma amiga (falecida precocemente) que começou a fazer plástica aos 30 anos, sem a menor necessidade. O problema é que a vaidade fala alto demais e alguns médicos não são tão éticos assim. Passam, literalmente, a picotar as clientes. Outra conhecida foi a um médico que lhe fez um corte entre a sombrancelha e a orelha. Inacreditável.

As pessoas vão se esticar tanto que daqui a pouco a pele ficará lilás. Adoro quando alguém diz que foi que o cirurgião plástico se recusou a operá-la. Como é bom saber que profissionais sérios não se rendem ao dinheiro ou à vaidade de tratar alguém rica, famosa, importante. Mas a pessoa, em vez de entender o recado, procura outro e opera. O resultado, claro, acaba sendo desastroso.

O grande problema do excesso de vaidade é a pessoa perder a noção do limite. Preenchimentos no rosto me assustam, as mulheres ficam a cara do Fofão, aquele personagem de programas infantis. Será que olham para o espelho e não enxergam? Não têm uma amiga para avisar que extrapolaram, estão deixando de ser bonitas e ficando feias? (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Crônica publicada na página 2 do Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 11/2/16, na coluna da Anna Marina

 

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