
Você está satisfeita com o trabalho de sua empregada doméstica?
Todo profissional é contratado para executar determinado tipo de trabalho e recebe por isso. A empresa escolhe o candidato no processo de seleção, sabendo que ele executará o serviço da melhor maneira possível, pois é bom, capaz, competente, preparado. Existe um contrato de trabalho e ambas as partes cumprem seus deveres: o funcionário executa bem suas tarefas, a empresa paga seu salário em dia. Ninguém está fazendo favor.
O mesmo ocorre quando contratamos uma funcionária para trabalhar em nossa casa. Será mesmo? Acho que não é bem assim. O contrato de trabalho de uma empregada doméstica, ou secretária do lar, como muita gente gosta de chamar, é mais importante, porque envolve um quesito que em empresa não conta tanto: a confiança.
Abrimos a nossa casa, nossa intimidade, nossos bens pessoais e os deixamos à mercê de uma pessoa desconhecida. Damos um voto de total confiança. Na maioria das vezes temos que sair para trabalhar e passa horas em nossa casa, sozinha, fazendo o que quiser.
Tive uma emprega por 15 anos. Fui sua madrinha de casamento. Ela me ajudou muito e vice-versa. Mas no fim, acho que já estava cansada e falava mal de mim com sua mãe, ao telefone, sem a menor cerimônia. Minha filha estava em casa e escutava tudo. E mesmo reclamando não pedia para ir embora. Acabou saindo por questões pessoais.
Depois que ela saiu, decidi que teria diarista. Com freqüência, tinha que pedir coisas que, no meu entendimento, fazem parte de uma limpeza normal de uma casa, como por exemplo arrastar móveis para varrer embaixo e atrás deles. Limpar interruptor e parede quando estiverem sujos, etc.
Não estou generalizando. Conheço muitas empregadas e diaristas de amigas minhas excelentes. Estou contando um caso que aconteceu comigo. Se eu trabalhasse na empresa da forma com a empregada trabalhava aqui em casa, já estaria desempregada há anos. Claro que a dispensei. Mas estou com uma moça que vem uma vez por semana.
As pessoas que me acompanham sabem que, na última quinta-feira, minha filha se mudou. Foi para Anagé, sertão da Bahia, ser missionária. Foi uma loucura fazer as malas. Primeiro, as caixas de mudança levando utensílios para casa, que foram levadas antes. Depois, as malas com suas coisas pessoais. Foi um faz e refaz enlouquecedor, por causa do peso máximo permitido.
O resultado foi um quarto extremamente bagunçado. No sábado, fui arrumar tudo e no domingo decidi dar uma limpa no quartinho de “empregada”, que nunca teve essa finalidade. Estou chocada até agora. Não vou descrever o que encontrei lá, mas tinham três sacos de lixo. Coisas que eram para ser jogadas fora e a diarista deixou lá por meses. Não tem explicação. Fora a sujeira que o espaço e o banheiro anexo estavam.
Bom, já está comprovado que não executam as tarefas que foram contratadas para fazer. Agora, tem outro problema: o horário de trabalho. Desde que a profissão foi regulamentada – não estou reclamando disso –, elas só podem trabalhar oito horas por dia. Em residências não tem relógio de ponto e a maioria das donas de casa não está por lá quando a empregada vai embora. Como comprovar se a pessoa chegou na hora e cumpriu sua jornada?
A cada semana vou me aventurar em um cômodo da casa. Vamos ver o que mais encontro. O bom é que à medida que dou a faxina, faço uma limpeza tirando coisas que não usamos mais. Com isso o volume para doações aumenta. E ainda faço um bom exercício físico. O jeito é fazer o joguinho da Poliana: ver o lado feliz de tudo.
Isabela Teixeira da Costa