Crianças estão sofrendo de depressão e os casos dobraram nos últimos dez anos. É assustador.
Sabe aquelas coisas que nunca passam pela sua cabeça? Pois bem, tomei conhecimento do lançamento de um livro que aborda a depressão infantil. Isso me alertou para um fato sobre o qual nunca pensei. Por sinal, nunca soube que criança sofresse de depressão e isso, além de me preocupar bastante, me chocou.
Nos últimos 10 anos, o índice de crianças entre os 6 e 12 anos com depressão saltou de 4,5% para 8%, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, o mal do século tem atingido até aqueles que deveriam estar se preocupando apenas em brincar, mas ao invés disso, estão colocando as pressões contemporâneas sobre ombrinhos tão pequenos.
Mas será que a culpa disso é da correria obrigatória dos tempos atuais, que abala o psicológico de todos, inclusive das crianças? Afinal, não são as próprias pessoas que criam esse ritmo frenético? Ou elas não têm escolha e precisam se adequar ao sistema? Denise Seixas, autora de A Essência da Mulher, traz questionamentos sobre a saúde mental do ser humano desde a infância, período essencial na formação da personalidade.
Os primeiros anos da infância são fundamentais para o desenvolvimento emocional de uma pessoa. Nessa época, a linguagem é essencialmente física e, por essa razão, o afeto, o carinho e o tom de voz, por exemplo, geram marcas que permanecerão por toda a vida.
A depressão infantil é caracterizada pela presença dos seguintes sinais e sintomas, os quais podem se apresentar de forma mascarada: baixo desempenho escolar, pouca capacidade para se divertir (anedonia), sonolência ou insônia, mudança no padrão alimentar, fadiga excessiva, queixas físicas, irritabilidade, sentimentos de culpa, sentimentos de desvalia, sentimentos depressivos, ideação e atos suicida, choro, afeto deprimido, facies depressivas, hiperatividade ou hipoatividade.
Apesar do atual modo de viver afetar as pessoas involuntariamente, os pais e a família ainda são os fatores mais importantes na vida de uma criança. Em sua obra, Denise ensina sobre o quanto o exemplo e o comportamento do adulto são essenciais para criar um filho feliz, que acredita em si mesmo e é estimulado a superar seus limites. Posteriormente, a criança que é amada e encorajada torna-se um adulto saudável em todos os aspectos, até mesmo nos dias de hoje.
Segundo os estudos de Nissen em 1970 e de outros autores posteriores a ele, as causas que levam crianças à depressão estão relacionadas a problemas familiares. Os problemas conjugais; financeiros; a cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao desenvolvimento da criança; a falta de contato da criança com os pais em função de suas responsabilidades profissionais e necessidades de sobrevivência, o que impede que haja um vínculo afetivo positivo, são fatores que contribuem para o aumento da possibilidade das crianças desenvolverem transtornos, sendo a depressão infantil um deles, e que afeta diretamente o desenvolvimento psicossocial e acadêmico da criança.
Além disso, podemos destacar outros fatores que causam a depressão infantilI: a morte de um dos pais, dos avós ou de um ente querido muito próximo, maus tratos dentro da família; filho indesejado, filho somente de um dos pais; alcoolismo, entre outros.
“A prevenção passa pelo conhecimento da dinâmica familiar. A prevenção ideal seria orientar os pais para estabelecerem laços mais afetivos com os filhos, estimulando-os em seu desenvolvimento psicossocial. Sabemos que é uma meta muito difícil de ser atingida, pois os problemas sociais e econômicos que essa família vivencia são alheios a sua vontade, que somados aos problemas conjugais e a separação dos casais, esses problemas aumentam consideravelmente, acarretando grandes conflitos nos filhos, principalmente, os menores. São, como podemos ver, problemas que geram causas, que na maioria das vezes, os próprios pais são impotentes para solucioná-los”, explicam os professores Genário e Adriana Barbosa, especialistas no assunto .
Isabela Teixeira da Costa