Atividade Física é importante para a longevidade

Exercícios previnem doenças cardiovasculares e respiratórias, diabetes, osteoporose, colesterol alto e dores articulares.

No Brasil, o número de idosos com 80 anos ou mais pode passar de 19 milhões em 2060, um crescimento de mais de 27 vezes em relação a 1980, quando o País tinha menos de 1 milhão de pessoas nessa faixa etária. Em 2016, foram contabilizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 3.458.279 de idosos com mais de 80 anos.

Hoje, a expectativa de vida para os brasileiros é de 74,9 anos, mas pelo resultado do IBGE, essa média vai aumentar. Porém, para se chegar a essa idade com saúde, é fundamental manter uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas. Segundo a profissional de educação física e especialista em saúde da mulher, Grazielle dos Santos, ‘’Quando propomos que nossos pais, avós, tios incorporem na sua vida um programa de atividade física, estamos plantando a semente da longevidade e qualidade de vida. Antes tarde do que nunca. Por anos, as gerações se preocupavam com o trabalho, o aumento da renda para trazer conforto para suas famílias. Mas para que nossas famílias vivam com mais saúde devemos nos ater a este fato’’.

Isso é a mais pura verdade. Sempre fui extremamente sedentária – já escrevi sobre isso –, e comecei a fazer pilates em março. Fiquei chocada em ver como meu corpo estava enferrujado. Como pude fazer isso comigo mesma, é não dar valor ao corpo perfeito e saudável que recebi de Deus, e deixar ele se encher de problemas. Nós mesmos cultivamos determinadas doenças por não fazermos atividades físicas.

Não sei se todo pilates gera resultados em tão pouco tempo ou se Natália Mendes (minha professora e dona da Spirale) é competente demais. Ela é muito competente, fato. Só sei que em três meses já consigo encostar meus dedos no chão quando me curvo para frente, coisa que não conseguia fazer há décadas. Já faço prancha sem tanto sofrimento e outros exercícios que nem imaginava fazer.

Os objetivos que se definem para um idoso ao aderir a um programa de exercícios é a manutenção da saúde, a prevenção de doenças, a melhora nas AVD´s (atividades da vida diária). ‘’A nossa intenção é cuidar do fortalecimento muscular, da flexibilidade, do controle das doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, colesterol alto, doenças cardiorrespiratórias e dores articulares que são comuns com o envelhecimento do indivíduo’’, explica a fisioterapeuta Vitória Goulart.

Com a liberação médica e um bom estado físico o idoso pode realizar qualquer atividade física e até mesmo diversos esportes, desde uma simples caminhada, bicicleta e natação, até musculação e alongamento  O importante é escolher a atividade que goste mais, que lhes dê algum prazer. ‘’Um ambiente de grupo, por exemplo, pode proporcionar um reforço social. Devemos também escolher alguma atividade que promova o bem-estar físico e mental, além da manutenção da saúde’’, explica Grazielle dos Santos.

As intensidades dos exercícios e a frequência devem ser estabelecidas de acordo com o estado físico e os objetivos a serem alcançados com essa prática. A prática de exercícios deve ser diária, começando com baixas intensidades e divididos em treinamentos aeróbios e de resistência muscular. Podem ser realizados de três a quatro vezes por semana e ter duração máxima de uma hora. Vitória Goulart conta que ‘’se o indivíduo não conseguir realizar esse treinamento de forma intermitente, ele pode ser realizado em tempos mínimos de 10 minutos ao longo do dia.’’

Fontes: Vitória Goulart, fisioterapeuta e criadora do Projeto Mães em Movimento.

Todo filho é pai da morte de seu pai

Fabrício Carpinejar Foto: Bruno Alencastro
Fabrício Carpinejar Foto: Bruno Alencastro

Triste, emocionante e verdadeiro.

Recebi este lindo texto do meu amigo Lúcio Costa. Não pude deixar de compartilhar… Veio como sendo de um autor desconhecido, que ele recebeu, se emocionou, não resistiu e enviou por e-mail para seus amigos. Isto sempre me instiga. Como sempre, quando recebo algo sem autoria começo minha pesquisa. Descobri.

O texto é realmente emocionante e por isso mesmo publico aqui, porém dando os devidos créditos. Foi escrito pelo jornalista e poeta Fabrício Carpinejar, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, autor de 26 livros, premiado com o Jabuti, APCA e ABL, entre outros. Participa de vez em quando do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Globo.

“Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
Todo filho é pai da morte de seu pai.
Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.
A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.
Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?
Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.
No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:e
— Deixa que eu ajudo.
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. ”
Fabrício Carpinejar

Médicos displicentes e secretárias autoritárias

medicoidoso1Médicos que não dão retornos e secretárias que acham que são chefes: isso é problema.

Cuidar de idoso é uma coisa delicada. O idoso é delicado. Está tudo bem e de repente, uma coisinha à toa desestabiliza a pessoa e ela baqueia muito, e o médico precisa ter atenção redobrada e qualquer descuido pode ser fatal.

Experiências não faltam já que estou com uma mãe que fará 90 anos no próximo dia 5. Certa vez, ela teve uma embolia pulmonar, foi internada e só se salvou porque o Dr. Samuel Vianney da Cunha Pereira ficou na sua cabeceira 24 horas, cuidando e monitorando seu quadro, porque sabia que ela não suportaria ir para uma UTI. Uma dedicação como essa a gente não esquece. Ela ficou mais tempo internada, mas saiu inteira.

Tem um caso que vou me dar o direito de não citar os envolvidos. Uma idosa, que sofre de Mal de Alzheimer, estava dormindo muito e a família decidiu que deveria rever isso. Como ela também tomava antidepressivo há muitos anos, pensaram que poderia ser isso. Enfim, foi indicado um outro médico para eles, que mexeu na medicação da senhora.

Não deu outra, ela ficou totalmente desestabilizada. Um dos filhos ligou para ele e a secretária do médico não transferiu a ligação porque ele estava atendendo. Até aí, tudo bem. Porém, não satisfeita, começou a discutir a medicação e o caso, como se ela fosse médica, e ainda questionou dizendo “estou aqui há muitos anos, entendo do que estou falando”, e continuou discutindo sobre base de medicamentos.

Foi deixado o recado para o médico retornar a ligação, já que a idosa estava completamente desestabilizada, fugindo de casa, sem conhecer ninguém, com medo de tudo. Sintomas que ela nunca havia sentido antes. O médico só retornou cinco dias depois. Fico me perguntando como um médico que é especialista em trabalhar com idosos, fica sabendo que um deles não está bem e demora uma semana para retornar.

secretariaClaro que a família procurou outro médico para acudir a mãe. Quando o referido médico ligou, falaram tudo o que estava engasgado, agradeceram a falta de atenção e cuidado, e desligaram o telefone. Porém, só depois de fazer a referida reclamação da secretária que acha que tem diploma médico por osmose.

O que mais existe é secretária que se acha. Não sei se pensam que seu trabalho é inferior e esse “complexo de inferioridade” provoca uma postura de poder absoluto sobre o chefe. Se a gente não falar tudo para elas, simplesmente não conseguimos falar com quem queremos. Algumas, depois que falamos tudo, ela é quem leva o caso para seu chefe e nos dá a resposta. É um verdadeiro muro blindado. O que é um grande problema, pois precisamos de acesso aos chefes para dar andamento a N coisas importantes.

Outras secretárias, que eu chamo de verdadeiramente profissionais, são maravilhosas, só ajudam. Sabem fazer uma imagem positiva do chefe. São simpáticas e mesmo que o chefe peça para barrarem as pessoas, elas fazem isso com tanta classe que não deixam transparecer.

Tudo é uma questão de ser um bom profissional, seja em qual profissão for.

Isabela Teixeira da Costa

Semana do idoso

Foto Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press
Foto Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press

É fundamental cuidar da saúde para ter uma velhice saudável e ser ativo e dinâmico o máximo possível.

No sábado, 1º de outubro, será comemorado o Dia Nacional do Idoso. Por isso, todos os assuntos da semana acabam girando em torno da maior idade, ou melhor idade como preferem dizer os mais otimistas. Infelizmente, assuntos mais importantes como a crise econômica, as prisões da Lava-Jato e as eleições municipais acabam roubando a cena e os idosos ficam em terceiro ou quarto plano na mídia.

A revolução demográfica do Brasil atesta que o número de pessoas acima de 60 anos cresceu e, hoje, representa cerca de 10% da população, e com tendência para aumentar mais. De acordo com o IBGE, 50% dos habitantes estão na fase adulta, e a taxa de fecundidade despencou de seis filhos para um filho por mulher brasileira. Diante desse fato, políticas públicas estão sendo revistas, como a Previdência e a melhora de vida para esses idosos que têm perspectiva de longevidade. Já é sabido – e foi amplamente divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – que o Brasil será um país de idosos. Nas próximas duas décadas, o número de pessoas acima de 60 anos triplicará em nosso país, e será bem maior do que o número de jovens até 14 anos. Por isso, é fundamental cuidar da saúde para ter uma velhice saudável e ser ativo e dinâmico o máximo possível.

A saúde deve ser prioridade na vida. É importante dormir bem, fazer uma alimentação saudável e balanceada, moderar nas bebidas alcoólicas e evitar o cigarro para eliminar o risco de doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, osteoporose e artrose. Praticar alguma atividade física também é de extrema importância. Não precisa exagerar, mas exercícios moderados e contínuos com acompanhamento médico são recomendados. Ajudam a manter o equilíbrio, a elasticidade do corpo, coordenação motora, além de diminuir estresse e ansiedade. Melhor ainda se for feita em grupo, pois tudo que envolve amigos fica mais animado. De acordo com pesquisa da Universidade de Harvard sobre felicidade humana, pessoas que se relacionam são mais felizes. O idoso não pode descuidar da mente. Exercitar a mente é fundamental. Ler, fazer palavras-cruzadas e jogos de raciocínio são ótimas opções. Até mesmo trabalhos manuais, pois exigem atenção e controle motor.

Em qualquer idade é essencial ter uma dieta adequada. Para quem já passou dos 60, é preciso ingerir alimentos ricos em ômega 3, 6 e 9, pois controlam a gordura no organismo. Linhaça, azeite de oliva, peixes, frutas frescas e secas e fibras. Porém, deve-se tomar cuidado com leites, que devem ser sem gordura, e com as carnes, que devem ser magras. Alimentos ricos em cálcio são importantes para ajudar a combater a osteoporose, como laticínios, ovos, feijão-branco, espinafre e sardinha. Tome de seis a oito copos de água por dia, intercalando com suco de frutas, para hidratar e limpar o organismo. Lembre-se, o café da manhã é a principal refeição do dia, coma-o como um rei, almoce como um príncipe. Não deixe de se alimentar de três em três horas. E faça uma refeição leve no jantar.

O principal: não fique à toa. Ocupe o seu tempo. Se não tiver uma atividade, procure fazer alguma coisa para ajudar o outro. Pode ser alguém de sua família ou mesmo uma instituição que precise de ajuda. Tome um bom banho, se arrume bem e vá “trabalhar”. Isto é muito importante. Se não conseguir, visite um parente ou um amigo, mas não fique em casa sem fazer nada.

Isabela Teixeira da Costa/Interina

Crônica publicada hoje, no Caderno de Cultura do Estado de Minas

Modernos: cresce número de idosos internautas

2 Julie&Violet at Ocean Shores Country Club 22March2014Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, o número de idosos na internet aumentou 940%.

É surpreendente o resultado da pesquisa divulgada este ano, que aponta o grande crescimento de idosos usando a internet e fazendo negócios na rede, porém deve-se levar em conta que esta faixa etária começa aos 60 anos. Deve-se considerar que uma pessoa de 60 anos é totalmente ativa, dinâmica e moderna, e usa sim, a internet, redes sócias e e-comerce.

Os chamados idosos e a tecnologia nunca estiveram tão intimamente ligados. A pesquisa aponta que nos últimos oito anos, o Brasil ganhou mais de 4 milhões de internautas da terceira idade. Em 2008, eram 364 mil. Hoje, o país tem 5,2 milhões de idosos conectados, que movimentam R$ 330 bilhões, por ano, o equivalente a 38% do total da renda da população dessa faixa etária.

Na pesquisa “60+ na internet”, o Instituto Locomotiva revela que o interesse dos idosos pelo mundo virtual cresceu em igualdade de sexo, metade dos homens e das mulheres acessam à rede. O que varia é a idade. As pessoas entre 60 e 64 anos representam 51% dos acessos, ou seja, os mais jovens e ativos, que ainda estão produzindo, são mais atuais e atuantes. De 65 a 69 anos os acessos já caem para 27% e 22% têm mais de 70 anos, o que é um percentual bastante significativo.

Foto Leandro Curi/EM/DA Press
Foto Leandro Curi/EM/DA Press

A região Sudeste concentra o maior percentual de idosos conectados: 60%, seguida da região Sul (18%), Nordeste (13%), Centro-Oeste (6%) e o Norte (3%). A maioria absoluta dos internautas nesta faixa etária são das classes A/B (76%), possui ensino superior (39%) ou médio (33%) e 28% cursaram até o ensino fundamental.

Outro dado interessante é a forma de acesso. A pesquisa mostra que para 92% dos idosos internautas o microcomputador é o principal meio de acesso à rede. Porém, 44% preferem o smartphone, 17% utilizam o tablet e 4% a TV. “Os idosos estão cada vez mais conectados e antenados com as vantagens e comodidades que a tecnologia oferece. As empresas precisam olhar para as demandas desse potencial mercado consumidor”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Para o comércio estas informações são fundamentais, pois trata-se de um público estável financeiramente, que já realizou tudo o que queria, e o dinheiro que possui é para seu prazer e lazer.

Conheço várias pessoas nesta idade, que de idosos só tem mesmo o título, pois estão mais ativas do que muitos jovens, e não desgrudam de seus smartphones, vivem plugados. Acho até que exageram. Alguns já fazem tudo pela internet, desde transações bancárias até compras de presentes, a eletrodomésticos, roupas etc. Fico impressionada, porque compro sim alguns itens, mas outros tenho medo, ainda dou daquelas que prefiro comprar ao vivo e a cores. Sempre acho que se der problema, para trocar quando é via internet, deve dar um trabalhão.

Isabela Teixeira da Costa

Acidentes domésticos: perigo para idosos

Foto Adelino Meireles / Global Imagens
Foto Adelino Meireles / Global Imagens

Acidentes domésticos são os maiores riscos de graves danos para os idosos.

Já falei aqui, em mais de uma crônica, que o país está caminhando para um perfil demográfico idoso. Estudos da Organização Mundial da Saúde apontam que em 2050, serão mais de 2 bilhões de idosos no mundo, no Brasil os estudos apontam que serão 64 milhões de pessoas acima de 60 anos, contra os atuais 23 milhões.

Uma das grandes preocupações são com acidentes domésticos, que também têm crescido consideravelmente, e são responsáveis por milhares de pessoas vítimas de traumatismos cranianos e da coluna vertebral, chamados de neurotraumas.

Isso quer dizer que 70% das quedas entre idosos ocorrem dentro de casa, de acordo com o Ministério da Saúde. Sendo que 30% destes acidentes causam a morte de idosos e pelo menos 40% causam alguma lesão grave, principalmente, no cérebro e na medula. Além disso, como a pele do idoso é mais fina, um simples esbarrão pode provocar algo mais grave.

O pior de tudo é que acidentes domésticos podem ser prevenidos, basta tomar alguns cuidados e com pequenas mudanças é possível transformar a casa em um local mais seguro para o idoso.

Os riscos de acidentes domésticos estão em todo lugar, em ações rotineiras, desde o contato com altas temperaturas na cozinha até o caminhar do quarto para o banheiro durante a noite. Este último é um dos casos mais comuns de acidente com idoso.

E a recuperação da pessoa mais velha é difícil, lenta e essa demora acaba provocando outros problemas por tempo prolongado na cama, como escaras, problemas pulmonares, etc.

O médico da minha mãe, Samuel Vianey da Cunha, proibiu terminantemente o uso de chinelo, sandália ou qualquer calçado que não prenda também o calcanhar. Disse que é um dos fatores mais comuns de queda em idoso. O corpo vai para frente, mas o calçado fica. Pronto, olha o idoso no chão. E é o calçado que eles mais gostam, que mais ganham de presente. E são teimosos, querem usar de qualquer jeito. Porém, tem momentos que o importante é deixar o coração de lado e fazer valer a “autoridade do conhecimento”, pois sabemos as possíveis consequências desta desobediência.

Já pensou uma pessoa com 90 anos quebrar um fêmur? A tendência é acabar em uma cadeira de rodas, e isso ela não vai gostar. Sabemos também que, infelizmente, existem casos que os ossos se quebram com a pessoa assentada, e ela cai ao levantar, porque o osso já havia quebrado antes. É exatamente por isso que devemos prevenir o que podemos.

Foto Reprodução de Cerqueiragonçalves.com
Banheiro adaptado. Foto Reprodução de Cerqueiragonçalves.com

Os acidentes mais comuns são:

Quedas no banheiro: causam fraturas e machucados. Instale barras fixas no banheiro, próximas ao vaso sanitário e chuveiro, evita quedas, auxilia para assentar e levantar e dá segurança na hora do banho.

Evitar: uso de tapetes escorregadios no ambiente e em outros cômodos da casa, ;

Esbarrões e queimaduras: estão em segundo lugar de lesões entre idoso.

Evitar: excesso de móveis e objetos espalhados pela casa, deixar o ferro de passar roupa esfriando no chão, fogões com acendimento manual;

Quedas na casa: muito comum

Evitar: tapetes, não coloque peça pequena pela casa, se não puder retirar os tapetes, prenda-os ao chão. Chinelo e pantufas, só calce o idoso com sapatos que prendam também no calcanhar. Fios ou objetos espalhados no chão da casa.

Queda de escada: Coloque corrimão nas escadas, ponha fita adesiva antiderrapante e colorida nos degraus da escada.

Evitar: tapete no fim da escada.

Outros cuidados: Mantenha o ambiente iluminado, para que o idoso tenha sempre boa ou alguma visibilidade; coloque os objetos e utensílios que o são de uso frequente em locais que estejam a altura dos ombros e da cintura; evite deixar tacos soltos e pisos quebrados, pois podem provocar torção do pé e quedas; não encere muito os pisos, evite pisos escorregadios; evite deixar muitos móveis atrapalhando a passagem; proteja os cantos das mesas com peças próprias de silicone; mantenha os remédios de uso contínuo em caixas e etiquetados para evitar erros com a medicação; deixe em um local de fácil acesso os telefones de emergência para o caso de algum acidente.

Caso você seja o idoso, ao subir em escadas móveis, peça sempre para alguém segurá-lo para dar maior segurança; use calçados adequados ao lavar os pisos para evitar possíveis escorregões e evite o contato com produtos químicos como inseticidas e o cloro, pois podem provocar alergias ou até mesmo intoxicação.

Em caso de queda, nunca levante a pessoa imediatamente, mantenha a calma, veja se há sangramento e lesão. Se tiver, leve ao Pronto Socorro ou chame uma ambulância pelos telefones 193, 199 ou 192.

Se não teve lesão, aguarde a dor forte passar para levantar o idoso, que sempre deve ter ajuda para isso.

 

Isabela Teixeira da Costa

 

Depressão em idoso

livroRecebi um material divulgando o lançamento do livro Amadurecendo com sabedoria, da escritora Anabela Sabino.

Segundo o release, a publicação pretende levar o leitor a “ótimas reflexões sobre amadurecimento e passagem do tempo, por meio de belas palavras e bons conselhos. A obra irá fazer com que cada um reflita sobre o próprio comportamento auxiliando-o a apreciar as grandes possibilidades da vida”.

Tenho que confessar que achei bem interessante. A assessoria de imprensa continua sua divulgação com alguns questionamentos: “A passagem do tempo e o envelhecimento são inevitáveis. Mas como lidar com essas questões sem medo? Como aceitar a maturidade sem lamentar o passado? A autora traz reflexões existenciais sobre sabedorias adquiridas na vida”.

E continua: “A vida é um fazer e um sentir contínuos, sem pausa, sem fim, recriada a cada momento. Deve ser esculpida, inventada, executada, idealizada, mesmo que logo em seguida seja preciso reprogramá-la. Nunca estará pronta; sempre haverá algo mais a acrescentar, adaptar e transformar. Porém, é essencial senti-la, permitir que a intuição lhe instile graça”.

Realmente, enquanto estivermos vivos estaremos acrescentando em nós conhecimentos, experiências, amizades. Enfim, é a roda viva da vida. Pelo que falaram, a autora dá uma cutucada em seus leitores para que saiam do comodismo, da zona de conforto na qual se encontram, para avaliarem como está a vida que levam e, se perceberem que não está lá grandes coisas, tomem uma atitude e mudem de rumo.

O que me incomodou um pouco foi a informação que deram logo no início: idosos são os que mais sofrem de depressão. Esse é um dado fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), resultado da Pesquisa Nacional de Saúde (publicada em 2014). Dos 11,2 milhões de adultos diagnosticados com a doença, a faixa etária mais afetada foi a de 60 a 64 anos: 11,1% do total.

Foi essa parte que soou estranho. Sei que uma pessoa acima de 60 anos é considerada idosa, mas a cada dia que passa elas estão mais jovens. O perfil dessas pessoas mudou. Há 40 anos, uma pessoa de 60 era uma avozinha, mas hoje, é jovem, dinâmica, malha, trabalha, namora etc. Por sinal, se colocarem uma fila de pessoas entre 40 e 70 anos e pedir a um grupo de heterogêneo para estimar a idade de cada um, com certeza absoluta errarão a idade de quase todos.

depressao2Desde que o comportamento da sociedade mudou, houve reflexo na imagem, postura e modo de vida do homem.  O ser humano está preocupado com a sua saúde. Cuida da alimentação e do corpo. A medicina é preventiva. Isso repercute, gerando uma pessoa mais rejuvenescida. Tudo isso sem falar nos tratamentos estéticos e nas cirurgias plásticas.

E mesmo que a idade esteja avançada e isso represente para a pessoa uma proximidade com a morte, acredito que só mesmo quem está doente ou já tem uma tendência a ser pessimista é que deve desenvolver algum tipo de depressão. Atualmente, muitas pessoas fazem análise ou algum tipo de terapia, o que ajuda muito. Porém, segundo o psicogeriatra americano Charles Reynolds diz: “Quanto mais grave a comorbidade, quanto mais incapacitante a doença que o idoso estiver enfrentando for, maiores as chances de ele desenvolver depressão”.

De qualquer forma, o importante é vivermos a vida de forma positiva, não guardarmos “entulhos”, fazermos faxina na nossa vida, como fazemos em nossa casa, de vez em quando. Não esqueço de uma mudança que fiz. Morava em um apartamento de dois quartos e fui para um de quatro quartos. Quando comecei a encaixotar as coisas, fiquei impressionada de ver como coube tanta coisa em um espaço tão pequeno. Outro dia, fiz uma faxina em um dos cômodos da minha casa, que estava abarrotado. Que tendência acumuladora nós temos. Isso não é bom. Devemos simplificar mais as coisas.

Outro ponto importante é resolvermos tudo o que tivermos que resolver, a tempo e a hora. Quantas coisas deixamos de fazer porque não temos tempo? Provavelmente não faremos depois porque o tempo passou. Devemos viver o que é próprio de cada idade.

Como diz na Bíblia: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” Eclesiastes 3:1-8

O medo de envelhecer ainda existe?

Quando se passa da casa dos 50 muita gente sente o peso da idade, e bate o medo de envelhecer. Esse temor, ainda é como antes?

A população mundial está envelhecendo. Em 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos no mundo, que crianças menores de 15 anos. Segundo estimativas do IBGE, no Brasil, nos próximos 20 anos a população acima de 60 anos vai mais do que triplicar, passando dos atuais 22,9 milhões (11,34% da população) para 88,6 milhões (39,2%). No período, a expectativa de vida do brasileiro passará dos atuais 75 anos para 81 anos (dados de 2014 extraídos da Folha de São Paulo).

Com toda essa projeção, o governo não faz nada para preparar o país para viver com uma grande população de idosos. Não investe em pesquisas para descobrir a cura dos diversos tipos de demências que têm acometido as pessoas cada vez mais cedo, nem na cura de Parkinson e outros problemas de saúde que impedem que pessoas idosas possam ter uma vida ativa por amis tempo. Mas isso é assunto para outro artigo.

Quando eu era pequena, uma mulher de 50 anos era uma senhora. Se vestia com roupas clássicas, de idosa. Usavam cabelos curtos, as que ousavam tê-los mais compridos, faziam coque.

Hoje, mulheres de 60 anos estão inteiras, malhando na academia, usam roupas jovens, modernas, atuais, as mesmas que a filha ou a neta usam, sem problema algum. Por sinal, não existe mais roupa de idoso. Ninguém dá a elas a idade que têm. São dinâmicas, conectadas, estão ativas no mercado de trabalho. Se cuidam, têm uma alimentação saudável.  Tingir cabelos, aplicar botox, colágeno e fazer pequenas cirurgias plásticas não são para esconder a idade, mas para se sentir bem.

A indústria de cosméticos, sabendo deste envelhecimento da população já está substituindo os termos antiage dos rótulos dos produtos por renovador ou alta exigência. Há alguns anos, marcas importantes já trazem em seus comerciais pessoas acima de 60 e 70 anos, vendendo beleza e qualidade de vida.

A idade não é mais limite para nada. Sempre nos deparamos com notícias de pessoas com mais de 45 anos que passaram no vestibular para fazer cursos como medicina, psicologia, engenharia, entre outros. A procura por curso superior por alunos acima dos 40 anos aumentou em 30% nos últimos cinco anos. Mais de 700 mil alunos, nessa faixa etária, estudam no país.

Quantas vezes, durante minha adolescência, eu ouvi pessoas mais velhas dizerem: “quem me dera voltar a ser mais jovem com a cabeça que tenho hoje”. Queriam ter a disposição que tinham na mocidade, mas com a maturidade adquirida com a vida. Hoje, isso é possível, porque as pessoas com 50, 60 e 70 anos estão ótimas, ativas. Não são aqueles senhorzinhos avós que ficavam em casa lendo jornal, dormindo no sofá e fazendo tricô ou croché.

A vida agora é outra. Eles estão saindo, viajando, divertindo, namorando. Ficam em casa quando querem descansar ou quando estão recebendo os amigos.  Tomam conta dos netos para ajudar os filhos, quando estão com vontade.

Por isso, não entendo quando alguém diz que está se sentindo velho porque está fazendo 58, ou 62 ou mesmo 70 anos. Se fosse lá atrás, quando o comportamento era outro, totalmente compreensível, mas em pleno século 21, não mesmo. Este medo de envelhecer não combina com o perfil dessas pessoas. A idade cronológica não importa tanto. O importante é ter vontade de viver.

Fernando Pessoa escreveu:

“Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milénio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.”

Isabela Teixeira da Costa