Problemas de visão prejudicam desempenho escolar

Esforço para ler contraindo os olhos ou franzindo a testa e constantes queixas de dor de cabeça podem indicar problemas na vista.

Toda criança, em determinada idade, ainda bem pequena, precisa fazer um exame nos olhos para identificar e, se for o caso, tratar precocemente alterações na visão. A partir de então, a recomendação médica é que os pais levem regularmente o filho ao oftalmologista. Problemas de visão geram dificuldade no aprendizado escolar. O desempenho das crianças é comprometido, gerando desinteresse e pouco aproveitamento das aulas. Os problemas mais comuns são miopia, hipermetropia e astigmatismo. Infelizmente existem outros problemas mais graves e mais difíceis de serem detectados como a Síndrome de Irlen.
A Síndrome de Irlen (SI) é uma alteração visuoperceptual, causada por um desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz que produz alterações no córtex visual e déficits na leitura. A Síndrome tem caráter familiar, com um ou ambos os pais também portadores em graus e intensidades variáveis. Suas manifestações são mais evidentes nos períodos de maior demanda de atenção visual, como nas atividades acadêmicas e profissionais que envolvem leitura por tempo prolongado, seja com material impresso ou computador.

Dra. Márcia Guimarães

A pesquisadora que descobriu a doença – Helen Irlen – concentrou seus estudos nos sintomas “visuais” que estes adultos apresentavam, denominando-os de Síndrome da Sensibilidade Escotópica – fazendo alusão ao escuro – devido à preferência por locais menos iluminados durante tarefas com maior exigência visual. Além da fotofobia, cinco outras manifestações podiam estar presentes: problemas na resolução viso-espacial, restrição de alcance focal, dificuldades na manutenção do foco e astenopia e na percepção de profundidade.
A síndrome produz sensação de desfocamento e de movimentação das letras que pulsam, tremem, vibram , aglomeram-se ou desaparecem, impactando na atenção e compreensão do texto que esta sendo lido. A restrição do foco reduz o número de letras apreendidas fazendo com que palavras sejam vistas parceladamente. A restrição no alcance focal pode ainda causar dificuldades na organização do texto em segmentos significativos ou porções sintáticas, sendo esta uma característica presente em leitores deficientes. Em geral, bons leitores ampliam progressivamente o campo de visão, passando a reconhecer as palavras familiares pelo conjunto ou lexicalmente de forma a registrar as pistas visuais necessárias para uma interpretação rápida e correta do significado do texto naquele ponto.
A Síndrome de Irlen atinge uma a cada sete pessoas e torna-se proporcionalmente mais frequente quando há déficits de atenção e dislexia (33 a 46% dos casos). Estudo recente, realizado em escola municipal da rede publica em Belo Horizonte, detectou ainda uma incidência de 17% entre alunos com dificuldade de leitura. Os sintomas mais comuns são confusão entre os números, percepção de distorções visuais em páginas de texto, leitura de palavras de baixo para cima e inversão de letras e palavras.
O maior centro de dignóstico e tratamento de Irlen no Brasil é o Hospital de Olhos Ricardo Guimarães e a especialista é a oftalmologista Márcia Guimarães. É feito um teste de screening ou rastreamento, por meio da aplicação de um protocolo padronizado conhecido como Método Irlen, que possibilita a classificação do grau de intensidade das dificuldades visuoperceptuais dos casos suspeitos. A correção é simples, o uso de lâminas coloridas (para cada caso tem uma combinação de cores diferenciada), que é posto sobre o texto a ser lido. Estas lâminas corrigem totalmente a forma de ler do paciente, obtendo benefícios imediatos no conforto visual, fluência e compreensão. Tratamento com custo baixo.

Alerta na água

Piscina é uma deliciosa diversão, principalmente em um estado privado de praias, mas pode ser bem perigoso para crianças.

Vivemos em um estado que não tem praias e, por isso, nos viramos com piscinas e cachoeiras. A maioria dos prédios tem piscina e nem precisa ser de alto luxo. Sobrou um espaço no térreo, a construtora inclui o lazer refrescante. As construções mais luxuosas extrapolam e já constroem piscinas particulares, uma por apartamento, nas varandas. Mas se não tem piscina em casa, o que não falta são clubes bem montados para desfrutar desse lazer. Isso é ótimo, porém, o que muita gente esquece é que este objeto tão desejado, principalmente nessa época do ano, pode se transformar em um grande perigo para crianças.

Quando estava na faculdade conheci duas pessoas que passaram por problemas semelhantes. Ambas perderam os filhos, de 2 anos, afogados. Lembro do pediatra da minha filha falando para tomar cuidado, porque criança pequena se afoga em um palmo de água, porque cai de frente e os bracinhos não conseguem erguer o corpo. Outro risco grande é o de reuniões e festas em torno da piscina. Fica todo mundo distraído, conversando, a criança cai ou entra na água, ninguém percebe e, quando vê, o pior já ocorreu. Foi exatamente assim os dois acidentes. Churrasco, com várias pessoas no entorno da bendita piscina. Quando viram, não tinha mais o que fazer. Imagino o sofrimento de todos. Quando as conheci, o caso era antigo, e ainda doía muito.

Para precaver qualquer tipo de acidente desse tipo, todos os pediatras recomendam colocar as crianças na natação, o mais cedo possível. Afinal, melhor do que uma piscina para se refrescar durante o verão, é aproveitá-la com segurança e tranquilidade. Segundo Ricardo Penteado, diretor de operações do parque aquático Wet’n Wild, e responsável por treinar os salva-vidas dos maiores parques aquáticos do mundo, algumas recomendações não podem ser esquecidas pelos responsáveis quando estão com crianças perto da água.

O primeiro ponto que ele destaca é não deixar as crianças sozinhas nem que seja por um segundo, pois os pais são sempre a primeira linha de defesa para mantê-las seguras na água. Outro ponto é ler todos os avisos e seguir as regras de segurança para ficar seguro dentro e fora da água. Ricardo alerta para que o responsável evite bebida alcoólica porque poderá se distrair do pequeno e também perderá um pouco os reflexos, caso seja necessário algum tipo de socorro. Criança na piscina tem que estar sempre de boia, pode ser a de braço ou a tipo colete salva-vidas. “Se o adulto ou criança tiver pouca habilidade na água, é recomendado o uso de coletes salva-vidas. Não há do que se envergonhar. As boias de braço dão uma falsa sensação de segurança e podem esvaziar ou mesmo furar sem que ninguém perceba”, alerta.

Para ter mais segurança, o profissional ressalta a importância de verificar a profundidade da piscina antes de mergulhar ou entrar na água, e sugere evitar o mergulho de cabeça. Observar o tempo também é importante, porque se tiver sinal de raios é importante sair da piscina imediatamente. Para evitar sufocamento, a criança não deve mascar chiclete ou comer durante atividades aquáticas. Elas devem ficar nas áreas mais rasas, onde podem ficar sentadas ou em pé. Isso dá mais segurança para as crianças que não sabem nadar. Nunca ignorar as instruções de idade e altura quando tiver brinquedo aquático, pois a altura e a coordenação motora são fundamentais para a segurança em determinadas atrações. E um fator muito importante: usar protetor solar. No mais, é só divertir.

Isabela Teixeira da Costa

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas

Cuidado com água no ouvido

Casos de otite são comuns em crianças durante o verão, que sofrem com a dor e quando não é tratada corretamente pode comprometer a audição.

Férias e verão é uma combinação deliciosa, principalmente para as crianças que podem aproveitar bastante este período para se divertirem. Quem pode ir à praia ou tem acesso a clube ou até mesmo piscina em prédio, condomínio ou casa tiram a barriga da miséria se refrescando das altas temperaturas. Não foram poucas as vezes que passei na Praça da Savassi e vi crianças brincando sob as fontes que existem ali.

Porém, mergulhos podem trazem a temida inflamação do ouvido, conhecida também como otite, que pode se tornar um pesadelo nas férias da criançada. Os resquícios de água na orelha após a diversão criam um ambiente úmido propício para o crescimento de bactérias ou fungos, podendo causar a otite externa.

Sofrer com a dor é uma das partes mais difíceis para as crianças quando são acometidas pela otite. Além da vermelhidão na área, a dor é intensa e pode ser agravada até mesmo ao encostar ou apertar a orelha, o que resulta frequentemente em choro e um grande incômodo para os pequenos.

Em crianças menores pode ser um pouco mais difícil identificar a otite, já que elas não conseguem falar que sentem dor. “Os pais devem observar o comportamento. Por exemplo, quando for mamar ou comer, em um quadro de otite, na hora de engolir pode doer e a criança exprimir isto chorando, principalmente nos casos de otite média – que é da timpânica para dentro”, explica o médico Jairo Barros do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (IBORL).

Nos casos de otite externa, os pais vão notar vermelhidão e inchaço na orelha, acompanhados de muita dor quando tocada mesmo que levemente. Além disso, a criança passa a levar a mão ao ouvido várias vezes, como se algo estivesse errado. Antes de ir ao médico, para amenizar a dor, pode-se fazer uma compressa morna e colocá-la no ouvido externamente.

Quando percebido o incômodo na orelha, um dos erros comuns é usar cotonetes para limpar dentro do ouvido no intuito de melhorar. Porém, esta ação é altamente contraindicada, já que, tanto em crianças quanto em adultos, isto pode causar perfuração da membrana timpânica. “Cotonetes, grampos, pontas de caneta… nada disso deve ser introduzido no ouvido. Além de ferir, pode ser porta de entrada para diversas infecções”, alerta.

Como não há prevenção para a inflamação, a orientação médica é cuidar do ouvido após o contato com a água. “Às vezes, no consultório, quando examinamos a orelha da criança é comum encontrarmos grãos de areia dentro. Esses corpos estranhos podem machucar o ouvido e trazer infecções”, explica o otorrino. Por isso, depois da brincadeira na água, durante o banho, é importante lavar a parte externa da orelha com água corrente para tirar o excesso de areia ou até mesmo de cloro, geralmente encontrado em piscinas.

Identificados os sintomas, os pais devem procurar imediatamente um pronto-socorro pois, se não tratada, a otite pode comprometer até mesmo a audição. Uma vez com otite, as crianças não podem ter nenhum contato do ouvido com a água até serem examinadas adequadamente por um médico para que o tratamento seja iniciado corretamente.

Mas calma! Não precisa privar os pequenos da diversão. “Algumas crianças são mais propensas a terem otite, outras não. Caso ela não apresente nenhum sintoma e não haja nenhum outro motivo que impeça a brincadeira, ele não deve ser afastado das atividades comuns das férias”, finaliza Jairo.

 

Depressão infantil

Crianças estão sofrendo de depressão e os casos dobraram nos últimos dez anos. É assustador.

Sabe aquelas coisas que nunca passam pela sua cabeça? Pois  bem, tomei conhecimento do lançamento de um livro que aborda a depressão infantil. Isso me alertou para um fato sobre o qual nunca pensei. Por sinal, nunca soube que criança sofresse de depressão e isso, além de me preocupar bastante, me chocou.

Nos últimos 10 anos, o índice de crianças entre os 6 e 12 anos com depressão saltou de 4,5% para 8%, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, o mal do século tem atingido até aqueles que deveriam estar se preocupando apenas em brincar, mas ao invés disso, estão colocando as pressões contemporâneas sobre ombrinhos tão pequenos.

Mas será que a culpa disso é da correria obrigatória dos tempos atuais, que abala o psicológico de todos, inclusive das crianças? Afinal, não são as próprias pessoas que criam esse ritmo frenético? Ou elas não têm escolha e precisam se adequar ao sistema? Denise Seixas, autora de A Essência da Mulher, traz questionamentos sobre a saúde mental do ser humano desde a infância, período essencial na formação da personalidade.

Os primeiros anos da infância são fundamentais para o desenvolvimento emocional de uma pessoa. Nessa época, a linguagem é essencialmente física e, por essa razão, o afeto, o carinho e o tom de voz, por exemplo, geram marcas que permanecerão por toda a vida.

A depressão infantil é caracterizada pela presença dos seguintes sinais e sintomas, os quais podem se apresentar de forma mascarada: baixo desempenho escolar, pouca capacidade para se divertir (anedonia), sonolência ou insônia, mudança no padrão alimentar, fadiga excessiva, queixas físicas, irritabilidade, sentimentos de culpa, sentimentos de desvalia, sentimentos depressivos, ideação e atos suicida, choro, afeto deprimido, facies depressivas, hiperatividade ou hipoatividade.

Apesar do atual modo de viver afetar as pessoas involuntariamente, os pais e a família ainda são os fatores mais importantes na vida de uma criança. Em sua obra, Denise ensina sobre o quanto o exemplo e o comportamento do adulto são essenciais para criar um filho feliz, que acredita em si mesmo e é estimulado a superar seus limites. Posteriormente, a criança que é amada e encorajada torna-se um adulto saudável em todos os aspectos, até mesmo nos dias de hoje.

Segundo os estudos de Nissen em 1970 e de outros autores posteriores a ele, as causas que levam crianças à depressão estão relacionadas a problemas familiares. Os problemas conjugais; financeiros; a cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao desenvolvimento da criança; a falta de contato da criança com os pais em função de suas responsabilidades profissionais e necessidades de sobrevivência, o que impede que haja um vínculo afetivo positivo, são fatores que contribuem para o aumento da possibilidade das crianças desenvolverem transtornos, sendo a depressão infantil um deles, e que afeta diretamente o desenvolvimento psicossocial e acadêmico da criança.
Além disso, podemos destacar outros fatores que causam a depressão infantilI: a morte de um dos pais, dos avós ou de um ente querido muito próximo, maus tratos dentro da família; filho indesejado, filho somente de um dos pais; alcoolismo, entre outros.

“A prevenção passa pelo conhecimento da dinâmica familiar. A prevenção ideal seria orientar os pais para estabelecerem laços mais afetivos com os filhos, estimulando-os em seu desenvolvimento psicossocial. Sabemos que é uma meta muito difícil de ser atingida, pois os problemas sociais e econômicos que essa família vivencia são alheios a sua vontade, que somados aos problemas conjugais e a separação dos casais, esses problemas aumentam consideravelmente, acarretando grandes conflitos nos filhos, principalmente, os menores. São, como podemos ver, problemas que geram causas, que na maioria das vezes, os próprios pais são impotentes para solucioná-los”, explicam os professores Genário e Adriana Barbosa, especialistas no assunto .

Isabela Teixeira da Costa

Fonte: pediatriaemfoco.com.br

Dicas para a internet não atrapalhar o desenvolvimento das crianças

criancatabletPsicopedagoga explica como a utilizar a internet como aliada do desenvolvimento infantil.

Não tem jeito, tablets e celulares é presença constante na vida das crianças. A psicopedagoga e fonoaudióloga Sheila Leal, especialista em desenvolvimento infantil explica que estes aparelhos conectados à internet podem ser vilões ou grandes aliados da educação das crianças. “Tudo depende de como os pais se posicionam e das regras colocadas na casa”, conta a especialista, que elenca algumas dicas importantes para os pais.

1- Aceitar a internet como parte da nossa vida

Sheila conta que o primeiro passo a ser tomado é entender que a internet, celulares, tablets e vídeo games são parte do dia a dia e nos ajudam em muitas coisas. “Tentar proibir crianças de jogarem ou impedi-los de terem acesso à internet pode gerar problemas e defasagem na escola, onde eles terão acesso a tudo isso”, explica, reforçando a importância de valorizar as vantagens da conexão.

2- Limitar o uso para crianças de até 5 anos

Até os 5 anos, o acesso às telas de celulares deve ser restrito, conforme explica a especialista, que reforça as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. “O ideal é que as crianças de até 2 anos não sejam expostas a esse tipo de tecnologia e brinquem apenas com os brinquedos ideais para cada faixa etária”, conta Sheila. “Entre os 2 e 5 anos, os filhos não devem permanecer mais do que uma hora por dia diante de celulares e tablets com desenhos e jogos. E até os 6 anos, é muito importante estar atento ao conteúdo que a criança assiste: cenas violentas com tiros e lutas podem afetar seu desenvolvimento”, alerta.

O mais importante é sempre ter um adulto mediando esses momentos. É necessário fracionar o uso dos eletrônicos, por exemplo, 30 minutos pela manhã e 30 à tarde, dessa forma diminui a ansiedade da criança.

criancacel3- Combinar as regras de forma clara

Com crianças a partir dos 4 anos, já é possível combinar regras. “O importante é definir o que pode e o que não pode com relação a horários e conteúdo, e explicar de maneira bem clara sobre o assunto”, explica Sheila, que destaca a importância de estabelecer punições para as regras que forem quebradas. “Essas punições jamais devem ser físicas, mas podem ser a proibição de algum brinquedo que eles gostem”, sugere.

4- Dar preferência a sites educativos e valorizar pesquisas

Sheila Leal conta que existem muitos sites educativos e com jogos voltados a desenvolver diversas habilidades nas crianças, como noção de espaço ou coordenação. “Tente explorar ao máximo esses jogos e incentive seus filhos a dividirem o que estão aprendendo ou o desafio que estão enfrentando.”

5- Dar o exemplo

Outra dica muito importante é que os pais deem o exemplo em relação ao uso de celular. “Não adianta nada querer que os filhos deixem o telefone de lado se os pais estão o tempo todo olhando as mensagens e as redes sociais”, alerta. Sheila explica que é importante ensinar os filhos a deixarem de jogar ou assistir vídeos na hora da refeição, mas que a mesma atitude deve ser tomada pelos pais. “Aproveite para valorizar o momento com a família, sem interrupções”.

Por fim, a psicopedagoga conclui que a presença dos jogos e aparelhos com acesso à internet dificilmente serão um problema caso os pais tenham o hábito de fazer brincadeiras offline com os filhos. “Desde o começo, tente sempre desenhar, brincar com jogos e ler histórias para eles, assim você garante uma diversidade de estímulos importantes para o desenvolvimento dos filhos, e ensina desde o começo que existem várias formas de aprender e se divertir”, conclui.

Salvar

Educação financeira para as crianças

imagem_release_821347Lílian Patrícia lança livro que ensina finanças para crianças.

Até que enfim, alguém atentou para uma questão que ninguém fala no Brasil, e que é muito importante. Por sinal, essa ficha só foi cair em mim, em julho, quando encontrei com meu amigo Max Resende Costa e seu filho Rafael, em uma festa junina, e fiquei observando os dois. Vou contar:

Fizemos um arraial na casa do meu amigo Mauro Gualberto, por sinal, um local ótimo para festas, no Estoril, que ele aluga pata até umas 250 pessoas. E como ele é chef de cozinha, fica perfeito, pois ele pode ser contratado para os comes, que saem excelentes por um preço também muito bom.

Enfim, tudo decorado, ótimo, alegre e fizemos uma pescaria. Pronto, criança ama pescaria e ficavam todos ali comprando tíquetes e jogando, até que o pequeno Rafael quis jogar, não tinha mais dinheiro e recorreu ao pai. Max teve uma conversa que me impressionou. Negociou com o filho. “Quanto você ainda tem? Posso te emprestar e quando você receber sua mesada eu desconto. Aceita?” E o filho respondeu que sim, mas em seguida fez uma contra proposta de fazer algo para o pai em pagamento do empréstimo.

Max Valadares com o filho Rafael e a mulher Júnia Bethônico
Max Resende Costa com o filho Rafael e a mulher Júnia Bethônico

Fiquei impressionada e questionei o por quê de tudo aquilo, uma vez que ele tinha posses e o filho era tão pequeno. E a resposta foi tranquila. Finanças, aprendemos desde pequeno. Nenhum colégio do Brasil ensina. Aprendi com meu pai, foi a melhor coisa que ele me ensinou e tenho que passar para meu filho.

Pois agora, isso é possível graças ao livro Quando 1+1=3, escrito por Lílian Patrícia, que de forma lúdica, em meio a uma simples aula de matemática, Gabriel e sua turma aprenderão de maneira rápida e didática que, às vezes, 1+1 pode sim ser igual a três, basta economizar.

O livro traz algumas ideias de como estimular a criança ao consumo consciente e saudável. A professora Márcia ensina como auxiliar na organização do orçamento familiar, e ensina como estimular as crianças por meio de jogos de tabuleiro que simulem a vida financeira de um adulto.

É mais ou menos assim: Gabriel é um garoto de 10 anos muito bom em matemática e um dia, após voltar da escola, conta à mãe, dona Leda, que a professora Márcia ensinou em sala que 1+1 é igual a 3. Intrigada com a informação do garoto, dona Leda pede para que Gabriel a conte como isso é possível.

Gabriel conta à mãe como a afirmação da professora também o intrigou no início, mas, com o auxílio de exemplos simples e práticos, começou a entender como chegar a esse resultado:

“Quando eu digo a vocês que tenho três chocolates no almoço e como os quatro e pergunto quantos sobram para o jantar é o mesmo significado de quando vão às compras com seus pais e eles dizem que não podem comprar naquela hora, mas, mesmo assim, acabam levando o produto que não existia em sua lista de compras, e realizam o pagamento com o cartão de crédito, a ser pago no mês seguinte.”

Assim que Gabriel e seus colegas de sala aprendem que, quando se torna um adulto se assume a responsabilidade de algumas contas para viver, a professora Márcia dá dicas e ensina os garotos a economizarem e ajudarem nas despesas de casa para que o salário dos pais renda no final do mês:

– Sabe aquela hora quando vocês saem do quarto e não fica ninguém lá dentro?

– Sabemos!!!

– Pois é, levante a mão quem aqui apaga a luz.

Ninguém da sala levantou a mão.

– Então, crianças, já está aí uma oportunidade de ajudarem seus pais a realizarem economia e transformarem 1+1 em 3.

Com uma linguagem fácil e acessível, o enredo navega no mundo infantil fazendo alusões com acontecimentos cotidianos para ensinar aos pequenos como economizar e auxiliar os pais no controle dos gastos domésticos. E, além do aprendizado, incentiva a leitura das crianças.

Vale a pena conferir.

Isabela Teixeira da Costa

Brincar para o desenvolvimento das crianças

Mariangela Carocci com a filha / Foto arquivo pessoal
Mariangela Carocci com a filha / Foto arquivo pessoal

*Mariângela Carocci

A Primeira Infância é reconhecida como uma etapa crítica para o desenvolvimento humano, segundo as evidências e contribuições da Neurociência e de acordo com o Núcleo de Ciência pela Infância. Essa fase, que se refere aos seis primeiros anos de vida, é responsável pela formação de 700 conexões neurais por segundo. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura básica do cérebro é construída através de um processo contínuo, que se inicia antes do nascimento e continua até a maturidade.

As primeiras experiências estabelecem o alicerce, robusto ou frágil, para a aprendizagem, a saúde e comportamentos subsequentes. Os circuitos sensoriais, como os da visão e da audição básicas, são os primeiros a se desenvolver, seguidos pelas habilidades iniciais de linguagem  e, posteriormente, pelas funções cognitivas superiores. As conexões proliferam e são selecionadas de forma predeterminada, e os circuitos cerebrais mais tardios e mais complexos são construídos sobre os circuitos anteriores, mais simples

Brincar é a melhor maneira da criança aprender sobre si mesma, sobre o mundo e sobre o outro. Por meio do brincar, a criança pode expressar seus sentimentos, medos, inseguranças e, seus pensamentos. E ajuda a criança a desenvolver habilidades que são as bases de todo o aprendizado. Estimula a fala, a leitura, a escrita, etc. Leia livros infantis com e para as crianças.

brincarDesde os primeiros meses de vida o brincar é importante para que a criança exercite o corpo e desenvolva a motricidade para engatinhar, andar e correr, além de estimular os seus cinco sentidos. A obesidade e sedentarismo infantil têm crescido cada vez mais no Brasil e podemos dizer que isso se dá, principalmente, à falta de brincadeiras ao ar livre e à realização de atividades físicas nessa fase do desenvolvimento.

Ao brincar com o adulto, a criança gosta de imitá-lo, dessa forma amplia o seu repertório de experiências e aprendizados. É essencial também, que ela possa vivenciar momentos de um brincar livre, para que faça as próprias escolhas e descobertas. Brinque com a criança em parques. Vivências na natureza são ótimas para estimular seus sentidos.

As crianças de até três anos gostam de brincar de esconde-esconde, de explorar os objetos, de empilhar coisas e desmontar. Entre 4 a 6 anos, é a fase do faz de conta e as relações com seus pares são potencializadas por meio das brincadeiras.

No entanto é preciso criar espaços lúdicos seguros e adequados para esse brincar, que não se restrinja à escola, à casa da criança ou a parques infantis. Unidades básicas de saúde, hospitais, centros de assistência social e qualquer lugar frequentado pela criança. É preciso pensar no brincar como uma maneira de também favorecer o bem-estar dos pequenos.

O ambiente dever ser estimulante com blocos de construção, por exemplo, que possibilita o exercício da criatividade e imaginação da criança. A brincadeira no chão é muito mais segura e possibilita o desenvolvimento motor principalmente nos primeiros anos de vida.

Nos espaços lúdicos devemos contemplar uma diversidade de materiais como alumínio, tecidos variados, madeira, plásticos e elementos da natureza de forma a potencializar o desenvolvimento sensorial das crianças. Caixotes de madeira coloridos dão noção de estética à criança e despertam para a organização do espaço, apenas citando algumas opções de brinquedos e brincadeiras.

O brincar antes de tudo é um direito de todas as crianças que está definido no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância. Portanto, estamos falando de direitos humanos e o brincar é, antes de tudo, um direito da criança! Portanto, brinque com as crianças todos os dias, durante todo o ano e por quantos anos for possível. Assim, teremos jovens e adultos cada vez mais fortes, inteligentes e conscientes de seu papel na sociedade.

*Mariângela Carocci – especialista em Primeira Infância da Plan International Brasil  e Gerente do projeto “Famílias que Cuidam”