Esforço para ler contraindo os olhos ou franzindo a testa e constantes queixas de dor de cabeça podem indicar problemas na vista.
Toda criança, em determinada idade, ainda bem pequena, precisa fazer um exame nos olhos para identificar e, se for o caso, tratar precocemente alterações na visão. A partir de então, a recomendação médica é que os pais levem regularmente o filho ao oftalmologista. Problemas de visão geram dificuldade no aprendizado escolar. O desempenho das crianças é comprometido, gerando desinteresse e pouco aproveitamento das aulas. Os problemas mais comuns são miopia, hipermetropia e astigmatismo. Infelizmente existem outros problemas mais graves e mais difíceis de serem detectados como a Síndrome de Irlen.
A Síndrome de Irlen (SI) é uma alteração visuoperceptual, causada por um desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz que produz alterações no córtex visual e déficits na leitura. A Síndrome tem caráter familiar, com um ou ambos os pais também portadores em graus e intensidades variáveis. Suas manifestações são mais evidentes nos períodos de maior demanda de atenção visual, como nas atividades acadêmicas e profissionais que envolvem leitura por tempo prolongado, seja com material impresso ou computador.
A pesquisadora que descobriu a doença – Helen Irlen – concentrou seus estudos nos sintomas “visuais” que estes adultos apresentavam, denominando-os de Síndrome da Sensibilidade Escotópica – fazendo alusão ao escuro – devido à preferência por locais menos iluminados durante tarefas com maior exigência visual. Além da fotofobia, cinco outras manifestações podiam estar presentes: problemas na resolução viso-espacial, restrição de alcance focal, dificuldades na manutenção do foco e astenopia e na percepção de profundidade.
A síndrome produz sensação de desfocamento e de movimentação das letras que pulsam, tremem, vibram , aglomeram-se ou desaparecem, impactando na atenção e compreensão do texto que esta sendo lido. A restrição do foco reduz o número de letras apreendidas fazendo com que palavras sejam vistas parceladamente. A restrição no alcance focal pode ainda causar dificuldades na organização do texto em segmentos significativos ou porções sintáticas, sendo esta uma característica presente em leitores deficientes. Em geral, bons leitores ampliam progressivamente o campo de visão, passando a reconhecer as palavras familiares pelo conjunto ou lexicalmente de forma a registrar as pistas visuais necessárias para uma interpretação rápida e correta do significado do texto naquele ponto.
A Síndrome de Irlen atinge uma a cada sete pessoas e torna-se proporcionalmente mais frequente quando há déficits de atenção e dislexia (33 a 46% dos casos). Estudo recente, realizado em escola municipal da rede publica em Belo Horizonte, detectou ainda uma incidência de 17% entre alunos com dificuldade de leitura. Os sintomas mais comuns são confusão entre os números, percepção de distorções visuais em páginas de texto, leitura de palavras de baixo para cima e inversão de letras e palavras.
O maior centro de dignóstico e tratamento de Irlen no Brasil é o Hospital de Olhos Ricardo Guimarães e a especialista é a oftalmologista Márcia Guimarães. É feito um teste de screening ou rastreamento, por meio da aplicação de um protocolo padronizado conhecido como Método Irlen, que possibilita a classificação do grau de intensidade das dificuldades visuoperceptuais dos casos suspeitos. A correção é simples, o uso de lâminas coloridas (para cada caso tem uma combinação de cores diferenciada), que é posto sobre o texto a ser lido. Estas lâminas corrigem totalmente a forma de ler do paciente, obtendo benefícios imediatos no conforto visual, fluência e compreensão. Tratamento com custo baixo.