Cuidado com água no ouvido

Casos de otite são comuns em crianças durante o verão, que sofrem com a dor e quando não é tratada corretamente pode comprometer a audição.

Férias e verão é uma combinação deliciosa, principalmente para as crianças que podem aproveitar bastante este período para se divertirem. Quem pode ir à praia ou tem acesso a clube ou até mesmo piscina em prédio, condomínio ou casa tiram a barriga da miséria se refrescando das altas temperaturas. Não foram poucas as vezes que passei na Praça da Savassi e vi crianças brincando sob as fontes que existem ali.

Porém, mergulhos podem trazem a temida inflamação do ouvido, conhecida também como otite, que pode se tornar um pesadelo nas férias da criançada. Os resquícios de água na orelha após a diversão criam um ambiente úmido propício para o crescimento de bactérias ou fungos, podendo causar a otite externa.

Sofrer com a dor é uma das partes mais difíceis para as crianças quando são acometidas pela otite. Além da vermelhidão na área, a dor é intensa e pode ser agravada até mesmo ao encostar ou apertar a orelha, o que resulta frequentemente em choro e um grande incômodo para os pequenos.

Em crianças menores pode ser um pouco mais difícil identificar a otite, já que elas não conseguem falar que sentem dor. “Os pais devem observar o comportamento. Por exemplo, quando for mamar ou comer, em um quadro de otite, na hora de engolir pode doer e a criança exprimir isto chorando, principalmente nos casos de otite média – que é da timpânica para dentro”, explica o médico Jairo Barros do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (IBORL).

Nos casos de otite externa, os pais vão notar vermelhidão e inchaço na orelha, acompanhados de muita dor quando tocada mesmo que levemente. Além disso, a criança passa a levar a mão ao ouvido várias vezes, como se algo estivesse errado. Antes de ir ao médico, para amenizar a dor, pode-se fazer uma compressa morna e colocá-la no ouvido externamente.

Quando percebido o incômodo na orelha, um dos erros comuns é usar cotonetes para limpar dentro do ouvido no intuito de melhorar. Porém, esta ação é altamente contraindicada, já que, tanto em crianças quanto em adultos, isto pode causar perfuração da membrana timpânica. “Cotonetes, grampos, pontas de caneta… nada disso deve ser introduzido no ouvido. Além de ferir, pode ser porta de entrada para diversas infecções”, alerta.

Como não há prevenção para a inflamação, a orientação médica é cuidar do ouvido após o contato com a água. “Às vezes, no consultório, quando examinamos a orelha da criança é comum encontrarmos grãos de areia dentro. Esses corpos estranhos podem machucar o ouvido e trazer infecções”, explica o otorrino. Por isso, depois da brincadeira na água, durante o banho, é importante lavar a parte externa da orelha com água corrente para tirar o excesso de areia ou até mesmo de cloro, geralmente encontrado em piscinas.

Identificados os sintomas, os pais devem procurar imediatamente um pronto-socorro pois, se não tratada, a otite pode comprometer até mesmo a audição. Uma vez com otite, as crianças não podem ter nenhum contato do ouvido com a água até serem examinadas adequadamente por um médico para que o tratamento seja iniciado corretamente.

Mas calma! Não precisa privar os pequenos da diversão. “Algumas crianças são mais propensas a terem otite, outras não. Caso ela não apresente nenhum sintoma e não haja nenhum outro motivo que impeça a brincadeira, ele não deve ser afastado das atividades comuns das férias”, finaliza Jairo.

 

Importância da água para o organismo

A hidratação do corpo varia de acordo com a idade e a falta de água pode levar uma pessoa à morte.

Quando minha filha era pequena teve uma otite brava. Por causa da grande dor e alta febre a levei ao pediatra, dr. Múcio de Paula, excelente pessoa e profissional. Ela foi medicada, mesmo assim parou de comer totalmente, então, depois de alguns dias, liguei para o pediatra e relatei minha preocupação e fui logo dizendo que ela ia acabar morrendo de fome. Dr. Múcio, naquela calma e delicadeza que lhe era peculiar, responde: “Criança não morre de fome, mas de sede. O ser humano pode ficar vários dias sem alimento, porém, sem água em três dias pode vir a óbito. Se ela estiver bebendo líquidos, ficará bem”. Fiquei impressionada e foi do jeitinho que ele falou.

A água representa de 40% a 80% do peso total do ser humano e o corpo não possui reservas ou condições para armazenamento de água, portanto é fundamental bebermos água, mesmo sem estar com sede.

Ao longo do dia, perdemos muito líquido no corpo, pelo suor, saliva, urina e fezes. Para os que praticam atividades físicas a desidratação é maior, assim como pessoas que ficam expostas a altas temperaturas. Ao perder muita água, o corpo fica fora de equilíbrio e pode chegar a alto nível de desidratação, que pode levar a pessoa à morte.

Segundo a endocrinologista e especialista em metabologia, Carolina Mantelli, o ideal é beber cerca de 300ml de água a cada duas ou três horas, preferencialmente em um horário longe das grandes refeições como almoço e jantar. Ela sugere termos sempre uma garrafa de água conosco, para que essa reposição seja constante, independente de sentirmos sede.

“Um bebê na barriga da mãe tem 95% do seu peso composto de água, um recém-nascido, 80%, e um ser humano adulto cerca de 70%. Já um idoso tem apenas 40%. A cor natural da urina varia de amarelo bem claro até amarelo escuro, quanto mais hidratada a pessoa estiver, mais clara a urina será. Cuidado com uma urina acastanhada ou amarela escura, pois é extremamente concentrada devido à pouca quantidade de água para diluí-la”, esclarece Carolina.

Certa vez li um artigo que dizia que o idoso deve beber um grande copo de água a cada duas horas, pois a desidratação é um dos motivos para desencadear confusão mental . Ou seja, uma pessoa bem hidratada está protegendo um dos bens mais preciosos que tem, o cérebro, órgão fundamental para ter uma boa velhice.

Veja outras vantagens de ser manter hidratado:

– Regula a temperatura corporal: durante os exercícios físicos ou no clima muito quente, a água é liberada pela transpiração e evita que nosso organismo esquente demais ou sofra alterações térmicas bruscas;

– Desintoxica o corpo: auxilia a prevenção da infecção urinária, uma vez que estimula as idas ao banheiro, o que ajuda a “limpar” o trato urinário. Além disso, beber água ajuda a formar e hidratar o bolo fecal, evitando a constipação intestinal;

– Absorção e transporte de nutrientes: auxilia na absorção de nutrientes e glicose;

– Emagrece: além da redução da retenção de líquidos do corpo, coloca os rins para trabalhar e também traz sensação de saciedade;

– Pele bonita: promove a revitalização das células e mucosas, resultando em uma hidratação de dentro para fora e evitando o ressecamento e a descamação.

 

Isabela Teixeira da Costa