Dicas para a internet não atrapalhar o desenvolvimento das crianças

criancatabletPsicopedagoga explica como a utilizar a internet como aliada do desenvolvimento infantil.

Não tem jeito, tablets e celulares é presença constante na vida das crianças. A psicopedagoga e fonoaudióloga Sheila Leal, especialista em desenvolvimento infantil explica que estes aparelhos conectados à internet podem ser vilões ou grandes aliados da educação das crianças. “Tudo depende de como os pais se posicionam e das regras colocadas na casa”, conta a especialista, que elenca algumas dicas importantes para os pais.

1- Aceitar a internet como parte da nossa vida

Sheila conta que o primeiro passo a ser tomado é entender que a internet, celulares, tablets e vídeo games são parte do dia a dia e nos ajudam em muitas coisas. “Tentar proibir crianças de jogarem ou impedi-los de terem acesso à internet pode gerar problemas e defasagem na escola, onde eles terão acesso a tudo isso”, explica, reforçando a importância de valorizar as vantagens da conexão.

2- Limitar o uso para crianças de até 5 anos

Até os 5 anos, o acesso às telas de celulares deve ser restrito, conforme explica a especialista, que reforça as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. “O ideal é que as crianças de até 2 anos não sejam expostas a esse tipo de tecnologia e brinquem apenas com os brinquedos ideais para cada faixa etária”, conta Sheila. “Entre os 2 e 5 anos, os filhos não devem permanecer mais do que uma hora por dia diante de celulares e tablets com desenhos e jogos. E até os 6 anos, é muito importante estar atento ao conteúdo que a criança assiste: cenas violentas com tiros e lutas podem afetar seu desenvolvimento”, alerta.

O mais importante é sempre ter um adulto mediando esses momentos. É necessário fracionar o uso dos eletrônicos, por exemplo, 30 minutos pela manhã e 30 à tarde, dessa forma diminui a ansiedade da criança.

criancacel3- Combinar as regras de forma clara

Com crianças a partir dos 4 anos, já é possível combinar regras. “O importante é definir o que pode e o que não pode com relação a horários e conteúdo, e explicar de maneira bem clara sobre o assunto”, explica Sheila, que destaca a importância de estabelecer punições para as regras que forem quebradas. “Essas punições jamais devem ser físicas, mas podem ser a proibição de algum brinquedo que eles gostem”, sugere.

4- Dar preferência a sites educativos e valorizar pesquisas

Sheila Leal conta que existem muitos sites educativos e com jogos voltados a desenvolver diversas habilidades nas crianças, como noção de espaço ou coordenação. “Tente explorar ao máximo esses jogos e incentive seus filhos a dividirem o que estão aprendendo ou o desafio que estão enfrentando.”

5- Dar o exemplo

Outra dica muito importante é que os pais deem o exemplo em relação ao uso de celular. “Não adianta nada querer que os filhos deixem o telefone de lado se os pais estão o tempo todo olhando as mensagens e as redes sociais”, alerta. Sheila explica que é importante ensinar os filhos a deixarem de jogar ou assistir vídeos na hora da refeição, mas que a mesma atitude deve ser tomada pelos pais. “Aproveite para valorizar o momento com a família, sem interrupções”.

Por fim, a psicopedagoga conclui que a presença dos jogos e aparelhos com acesso à internet dificilmente serão um problema caso os pais tenham o hábito de fazer brincadeiras offline com os filhos. “Desde o começo, tente sempre desenhar, brincar com jogos e ler histórias para eles, assim você garante uma diversidade de estímulos importantes para o desenvolvimento dos filhos, e ensina desde o começo que existem várias formas de aprender e se divertir”, conclui.

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Brincar para o desenvolvimento das crianças

Mariangela Carocci com a filha / Foto arquivo pessoal
Mariangela Carocci com a filha / Foto arquivo pessoal

*Mariângela Carocci

A Primeira Infância é reconhecida como uma etapa crítica para o desenvolvimento humano, segundo as evidências e contribuições da Neurociência e de acordo com o Núcleo de Ciência pela Infância. Essa fase, que se refere aos seis primeiros anos de vida, é responsável pela formação de 700 conexões neurais por segundo. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura básica do cérebro é construída através de um processo contínuo, que se inicia antes do nascimento e continua até a maturidade.

As primeiras experiências estabelecem o alicerce, robusto ou frágil, para a aprendizagem, a saúde e comportamentos subsequentes. Os circuitos sensoriais, como os da visão e da audição básicas, são os primeiros a se desenvolver, seguidos pelas habilidades iniciais de linguagem  e, posteriormente, pelas funções cognitivas superiores. As conexões proliferam e são selecionadas de forma predeterminada, e os circuitos cerebrais mais tardios e mais complexos são construídos sobre os circuitos anteriores, mais simples

Brincar é a melhor maneira da criança aprender sobre si mesma, sobre o mundo e sobre o outro. Por meio do brincar, a criança pode expressar seus sentimentos, medos, inseguranças e, seus pensamentos. E ajuda a criança a desenvolver habilidades que são as bases de todo o aprendizado. Estimula a fala, a leitura, a escrita, etc. Leia livros infantis com e para as crianças.

brincarDesde os primeiros meses de vida o brincar é importante para que a criança exercite o corpo e desenvolva a motricidade para engatinhar, andar e correr, além de estimular os seus cinco sentidos. A obesidade e sedentarismo infantil têm crescido cada vez mais no Brasil e podemos dizer que isso se dá, principalmente, à falta de brincadeiras ao ar livre e à realização de atividades físicas nessa fase do desenvolvimento.

Ao brincar com o adulto, a criança gosta de imitá-lo, dessa forma amplia o seu repertório de experiências e aprendizados. É essencial também, que ela possa vivenciar momentos de um brincar livre, para que faça as próprias escolhas e descobertas. Brinque com a criança em parques. Vivências na natureza são ótimas para estimular seus sentidos.

As crianças de até três anos gostam de brincar de esconde-esconde, de explorar os objetos, de empilhar coisas e desmontar. Entre 4 a 6 anos, é a fase do faz de conta e as relações com seus pares são potencializadas por meio das brincadeiras.

No entanto é preciso criar espaços lúdicos seguros e adequados para esse brincar, que não se restrinja à escola, à casa da criança ou a parques infantis. Unidades básicas de saúde, hospitais, centros de assistência social e qualquer lugar frequentado pela criança. É preciso pensar no brincar como uma maneira de também favorecer o bem-estar dos pequenos.

O ambiente dever ser estimulante com blocos de construção, por exemplo, que possibilita o exercício da criatividade e imaginação da criança. A brincadeira no chão é muito mais segura e possibilita o desenvolvimento motor principalmente nos primeiros anos de vida.

Nos espaços lúdicos devemos contemplar uma diversidade de materiais como alumínio, tecidos variados, madeira, plásticos e elementos da natureza de forma a potencializar o desenvolvimento sensorial das crianças. Caixotes de madeira coloridos dão noção de estética à criança e despertam para a organização do espaço, apenas citando algumas opções de brinquedos e brincadeiras.

O brincar antes de tudo é um direito de todas as crianças que está definido no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância. Portanto, estamos falando de direitos humanos e o brincar é, antes de tudo, um direito da criança! Portanto, brinque com as crianças todos os dias, durante todo o ano e por quantos anos for possível. Assim, teremos jovens e adultos cada vez mais fortes, inteligentes e conscientes de seu papel na sociedade.

*Mariângela Carocci – especialista em Primeira Infância da Plan International Brasil  e Gerente do projeto “Famílias que Cuidam”