Fumec Forma Moda

Na próxima terça-feira, 13 de dezembro, o Alta Vila será cenário de mais uma edição do Fumec Forma Moda, que já faz parte do calendário fashion de Belo Horizonte. O desfile que já está em sua 24ª edição é promovido para que os formandos do curso de Design de Moda da faculdade apresentem o seu TCC- Trabalho de Conclusão de Curso.

Os desfiles contam com uma produção profissional, encampada por instituições e nomes conceituados no mercado, como a Voltz Design, representada por Alessandra Martins, e encarregada da coordenação geral e produção executiva do evento. A concepção é dos professores Antônio Fernando Batista dos Santos, coordenador do curso, e Rosângela Brandão Mesquita.

O projeto do conjunto montado no quarto andar da torre Alta Vila, incluindo a sala de desfiles é assinado pela premiada arquiteta Isabela Vecci. Rodrigo Cezário assina a direção dos desfiles e Cacá Zech a beleza (cabelos e make up). Assessoria de imprensa Salamandra, de Heloisa Aline.

São 15 formandos a desfilar suas criações, porém, duas alunas – Mariana Figueiredo e Raíssa Cunha – preferiram fazer um documentário e uma exposição.

Desfiles

Foto: Luiza Ananias
Foto: Luiza Ananias

Mariana Lucchesi  criou a coleção Null & Filled

Segundo a aluna, as normas heteronormativas possuem um domínio que se estende aos hábitos de consumo e ditam como e o que se deve consumir. Nos supermercados as prateleiras são recheadas de produtos rosa “para ela” e produtos azuis “para ele”. As lojas de departamento são segmentadas por sexo e o resultado disso é necessariamente um mercado excludente.

A coleção Null & Filled de Mariana Lucchesi surge a partir dessa temática com o objetivo de criar uma roupa liberta de estereótipos. Mesclando estéticas antagônicas que permeiam entre o feminino e masculino, o maximalismo e o minimalismo. O conjunto tem como tecido base à malha de tricô que é explorada tanto sozinha ou com couro. A cartela de cores vem de antemão à estética genderless minimalista: é alegre e se manifesta em forma de blocos, listras e jacquard. Os destaques são as mesclas entre os tons de azul, bege, vermelho e preto.

Nunca vi prateleiras de supermercado com produtos cor de rosa e azuis. Ou essa moça nunca foi em um supermercado na vida, ou só passou na gôndola de bebês, ou confundiu supermercado com alguma outra loja.

 

camila
Foto: Célio Alves

Camila Jeunon criou a coleção Narciso

A coleção aborda um assunto restrito e pouco divulgado: o don-juanismo feminino. Embora seja o homem sempre o apontado como o vilão, nesse caso será ela, a mulher don Juan, que se mostrará poderosa, engenhosa, hábil, perspicaz e irresistivelmente manipuladora e sedutora

Com o intuito de se mostrar e seduzir, a mulher don-juanista atrai o espectador e, ao mesmo tempo, o repulsa com suas roupas que funcionam como verdadeiras armaduras.

Através do plissado, esconde o corpo; nas transparências, se expõe e seduz; e para manter o mistério, usa o bordado irisado, que camufla e prende a atenção.

 

opostos
Foto: Filipe Rivelli

Olivia Curty desenvolveu a coleção Opostos Complementares

O contraste entre matérias-primas foi o ponto de partida para a criação da coleção de roupas e acessórios. A jovem estilista explora a beleza do trabalho manual, que aparece em crochê desenvolvido com ráfia e tricô que imita pele, aliados a tecidos de alfaiataria e couro ecológico. Uma textura exclusiva em conjunto com as tramas rústicas da tom à sofisticada concepção das peças. Assim como a luz e a sombra, os contrastes se completam também na moda. As modelagens minimalistas são combinadas com diferentes superfícies e cores e as transparências surgem através das tramas. Brincos e braceletes em resina e bolsas, que unem ráfia e acrílico, arrematam a coleção.

 

barbara
Foto: Filipe Rivelli

Bárbara Maldonado e sua coleção I.lludo

Inspirada em técnicas de trompe-l’oeil  a designer lança sua marca Maldô e apresenta a coleção de calçados I.lludo, criando formas que não existem realmente.

A coleção pretende romper os limites entre imagem e realidade buscando novas sensações. O trabalho em tela de pintura e tinta acrílica apresenta um novo conceito na fabricação de calçados e agrega às peças, cuidadosamente pintadas a mão, valores artísticos inovadores.

Direcionada ao público que valoriza a experimentação, aprecia arte e consome design, a I.lludo preza também pelo conforto em seus calçados. A cartela acromática varia entre o preto, branco e prata, que remetem a truques de perspectiva, luz, sombra e intensificam a sensação de ilusão.

 

ana-luizaAna Luíza Faria e a coleção Singularidades

A coleção traz a moda como elemento essencial na construção da imagem e identidade do indivíduo. Como o conceito de beleza é mutável, é através da moda que se fará a percepção da beleza. Pretende-se, assim, consolidar na prática tais conceitos, consubstanciando-os em uma coleção de moda praia.

A indagação é sobre como esse estilo se imprimirá de forma tão significativa nos remetendo à discussão sobre os padrões de beleza vigentes. Desta forma, são apresentadas peças cuja modelagem valoriza o corpo da mulher, através de criações originais, tecidos de qualidade, que tragam conforto e bem-estar à consumidora que não se enquadra no biotipo padrão.  A coleção Singularidades se diferencia pela modelagem adequada para cada tipo de corpo, com recortes inusitados, em um jogo de “mostra-esconde”, fazendo com que todas as peças tenham um ar sensual e feminino.

 

leticia
Foto: Luiza Ananias

Letícia Reis criou a coleção Resiliência

Sinais de desgaste começam a surgir e o despertar de uma mentalidade mais consciente torna-se necessária. É com este olhar que Letícia desenvolveu a coleção que propõe soluções de design com o intuito de reduzir os impactos provenientes da indústria da moda e com isso promover uma conexão mais ampla entre homem e natureza. A coleção explora uma cartela acromática com diferentes nuances de cinza e off-white.  Tecidos são manualmente desenvolvidos por meio do acúmulo de materiais como linhas e tiras de refugos têxteis. O corte reto da alfaiataria e a modelagem oversized se misturam harmonicamente entre as peças. O uso de resíduos têxteis e fibras naturais foram alternativas encontradas pela designer a fim de contribuir com o desenvolvimento sustentável da moda. O resultado é um conjunto de peças originais e alinhadas com as questões contemporâneas.

 

vitoria
Foto: Henrique Silva

Victória Brasil desenvolveu a coleção Impacto

Baseada nos modelos de libertação e de simplicidade, a coleção traz para o cenário da moda uma leitura de sustentabilidade aliada e inspirada no conceito setentista.

Influenciados pelos movimentos vanguardistas, os tecidos de fibras naturais, como o linho e a seda, trazem fluidez e leveza às peças, os shapes reforçam a sutileza da coleção, enquanto os tingimentos desenvolvidos com flores, plantas e sementes enriquecem os tecidos com suas tonalidades provenientes da natureza. A inspiração também se revela nos elementos do styling, como os tamancos em madeira crua e os acessórios criados com materiais reaproveitados.

 

axial
Foto: Júlia Lego

Rafael Rego e a coleção Axial

A coleção apresenta dualidade de formas e estética marcante. A justaposição de técnicas exatas com fluidez está presente no trabalho do designer Rafael Rêgo. A análise dos traços intrigantes das ilustrações científicas gerou conceitos de precisão e organicidade que, sobrepostos, deram origem ao trabalho.

Por definição, Axial se refere a eixo, que permeia as peças com rigor simétrico.  A cartela de cores é composta por tons de marrom e preto, gerados a partir das aquarelas e do nanquim usados nas ilustrações. A partir deles, surgem os tecidos em organza, couro, zibeline, adornados por zíperes e plissados, que conferem mais complexidade e beleza às peças.

A equação que soma riqueza de detalhes, precisão e objetividade é suavizada com traços orgânicos, um contraponto à matemática exata do design – o zíper pode dividir um item em dois, em uma simetria impecável, mas também aparece desconstruído em formas fluidas.

 

clara-andrade
Foto: Mariana Rodrigues

Clara Andrade criou a coleção Mutação

Na vida em sociedade, os seres são igualmente regidos por modelos, padrões, normas, regras e leis. As formas de lidar com os estranhos e, consequentemente, com a diferença, é paradoxal. Tem-se construído maneiras de eliminação dessas diferenças através da construção de uma política de afastamento daqueles que são considerados estranhos ou fora dos padrões.

Inspirada por esses sentimentos, Clara cria em sua coleção uma nova maneira de ver o ‘diferente’ através de construções rígidas contrapondo com estruturas delicadas e perfurações orgânicas. Adaptações são criadas na utilização de tecidos e formas na busca de uma alternativa para a mutação, a ressignificação e a inclusão.

carla-amorminio
Foto: Mariana Rodrigues

Carla Amorminio e O quinto elemento

Carla aborda o lado sombrio e agridoce do caos na coleção. Com foco na urbanização desordenada, no acúmulo e nos emaranhados da psique, a designer busca nos fractais uma geometria oculta de todos esses processos.

A busca pelos opostos se dá com shapes conflitantes e mistura de tecidos como seda pura, tule illusion, renda guipir e plástico. A paleta acromática mostra que, entre o preto e o branco, existem infindáveis tons possíveis e imprevisíveis. Os bordados realizados em grande quantidade representam o acúmulo e as androginias dos modelos são a linha-guia de toda a coleção.

Assim, a designer não teme falar do desconforto que o imprevisível nos causa e ousa sugerir uma nova definição de belo que emana dele. Que do caos nasçam flores!

 

jessica-hannuzi
Foto: Luiza Ananias

Jéssica Hannuzi desenvolveu a coleção Tessituras em trânsito

 

A coleção discute o contexto do conforto do indivíduo urbano: proteção, mobilidade e multifuncionalidade. A designer utilizou-se do crescente interesse do ser humano por proteção para estabelecer paralelos entre a arquitetura, a moda e o gerenciamento da aparência.

Por meio de tiras de viés dublado presos por rebites, Hannuzi cria uma nova trama que se transforma adquirindo mobilidade quando vestida. Inspirada nas estruturas de proteção presentes na arquitetura urbana, a designer utiliza dessas tiras e de estampas para fazer alusão ao excesso de cercas e cadeados existentes nas propriedades. As diferentes texturas geradas pelo uso da organza e do suede remetem às diferenças sociais.

 

raquel-felicetti
Foto: Estúdio Caxapreta

Raquel Felicetti criou a coleção Identité

A coleção discute a perda e a reconstrução da identidade vivida em situações extremas, de conflito, de privação, de sofrimento.
Para lembrar, com a esperança de que jamais se repitam, ela aborda em três looks a evidência da nudez e a exposição do corpo.
O couro é usado para representar a pele e sua resistência.
O tricô de fios grossos e pesados, tecido em agulhas sob medida, remete à nudez forçada e ao incômodo causado por ela.
A coleção foi confeccionada em tons terrosos para remeter a todos lugares e a lugar nenhum, a vários conflitos e aos mais específicos, grandes ou pequenos, massivos ou particulares.

 

luanacoutinhojpg
Foto: Luiza Ananias

Luana Coutinho criou a coleção Pesada Leveza

 

A coleção aponta o tempo como conceito-chave para a contemporaneidade: por estar cada vez mais escasso, torna-se luxo. Caimentos e acabamentos traduzem, junto a tecidos criados manualmente, atenção principal especial a um tempo de delicadeza, exclusividade e dedicação, enfim, do único. O cuidado da textura até o forro indica a necessidade de leveza no nosso cotidiano, enquanto a predominância do branco refere-se ao passado, ao leve.

 

paula
Foto: Filipe Rivelli

Paula Lopes e a coleção Conecto

Paula destaca o minimalismo/maximalismo. É inspirada nas relações das pessoas com a internet e redes sociais e foi desenvolvida com processos tecnológicos e manuais. Com a intenção de abordar o tema sem cair no futurismo, a cartela de cores e tecidos foram escolhidos a dedo. Com tons sóbrios, tecidos nobres, corte e modelagem perfeita, a alfaiataria ganha novo sentido e se torna muito mais jovem por causa dos decotes e comprimentos. Conceitos como a rede, a tecnologia, o fio e a abertura são apresentados de forma clara nas peças.

A coleção Conecto é uma ironia ao intenso uso da internet na contemporaneidade, o uso indiscriminado das redes sociais, rede e smartfones. A mudança na rotina das pessoas que se tornam influenciáveis ou egocêntricas e que perdem horas do seu dia buscando wi-fi ou simplesmente uma tomada.

Salvar

Salvar

Salvar

E agora, Brasil?

oto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press
Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Não nos calamos e não nos calaremos.

Com sol ou com chuva os brasileiros foram às ruas no domingo. Em algumas cidades o movimento foi maior, em outras, menor. Porém, o importante foi ter ido. Jogaram ratos no lago do Congresso, gritaram Fora Renan e Fora Maia. Cantamos o Hino Nacional.

O apoio ao juiz Sérgio Moro foi maciço. Queremos uma lava-jato permanente, queremos um país limpo. Como disse uma senhora, não estamos dormindo, o gigante acordou e não adianta aprovar nada na calada da noite porque estamos alerta, acordados e vigiando.

Queremos nosso país de volta. Ele não é dos políticos, mas de nós, cidadãos brasileiros que colocamos os políticos onde estão. Porém, esses corruptos que lá estão, não nos representam mais. Chega!

Recebi uma mensagem de uma colega jornalista, que não conheço, mora nos EUA, e mesmo de longe luta pela limpeza de nosso país. Enviou uma denuncia que vale a pena divulgar. Eu mesma não sabia deste fato.

Quero saber qual coleguinha, deputado federal, que sabendo deste fato, terá coragem de encabeçar um movimento interno para retirar o presidente da Câmara dos Deputados que está ocupando um cargo de forma ilegítima.

Lea Campos
Lea Campos

“Isabela, peço a você que abrace esta ideia.

Segundo a Carta Magna Brasileira, Rodrigo Maia, filho do ex exilado César Maia, não pode presidir a Câmara dos Deputados. O artigo 12, em seu inciso 3, proíbe que brasileiros nascidos fora de nosso território ocupem cargos de presidente e vice-presidente da República, Câmara, Senado, STF, de Diplomatas e das FFAA. Salvo se o pai ou a mãe, sendo brasileiro, esteja a serviço do país, o que não foi o caso. César Maia estava no Chile fugindo do governo militar.

Rodrigo Maia Foto AFP / Andressa Anholete
Rodrigo Maia Foto AFP / Andressa Anholete

Rodrigo Maia nasceu em Santiago do Chile, em 12 de junho de 1970. Essa panaceia promovida por ele contra nosso país tem tudo para ser anulada e ele ser destituído da presidência da Câmara dos Deputados.

Infelizmente, moro nos Estados Unidos da América e não tenho como fazer essa campanha aí. Você é uma jornalista – como eu – merecedora de todo respeito e credibilidade do povo de nossa terra. Disse que estamos sendo violentados (crônica do dia 3/12/16). Não, Isabela, estamos sendo estuprados por políticos corruptos que legislam em causa própria.

Contando com seu apoio, deixo meu muito obrigada e um abraço bem mineiro. Sou de BH.

Lea Campos, Jornalismo em dia”

E agora brasileiros? Ficaremos calados? Se isso é mesmo verdade, tudo poderá ser derrubado. Senhores deputados que tem obrigação de nos representar, quem comprará essa briga por nós?

Isabela Teixeira da Costa

Espaguete de Palmito

foto: amarildo henning
Chef Dyogo foto: Amarildo Henning

O chef Dyogo Prado, professor do Centro Europeu,  uma das principais escolas de gastronomia do Brasil e responsável pela cozinha do restaurante curitibano Bobardí, preparou uma receita especial e saudável, ideal para o verão: espaguete de palmito com ervas.

Para quem não sabe, o palmito é pouco calórico e rico em cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, fibras e vitaminas A, B e C.

Espaguete de palmito com ervas

Ingredientes (2 porções):

1 palmito fresco

1 ramo de alecrim

1 ramo de tomilho

1 ramo de salsinha

1 pitada de pimenta-do-reino

100ml de azeite extra vigem

flor de sal ou sal rosa

espagueteModo de preparo:

Corte o palmito no sentido do comprimento para ficar como um espaguete. Refogue em uma frigideira por alguns minutos na gordura de coco, cuidando para não ficar mole, mas “al dente”. Em um pilão ou no liquidificador, bata as ervas com azeite, sal e pimenta. Leve de volta para a panela com o azeite, mexa bem e sirva quente.

ITC

Salvar

90 anos não é para qualquer um

familiaHoje, minha mãe completa 90 anos. Longevidade é bênção de Deus.

Sempre fui muito grudada na minha mãe. Talvez por eu ser a caçula, talvez por sempre nos darmos muito bem, ou simplesmente  por excesso de amor. Meu pai sempre teve uma grande preferência por minha irmã e acho que com isso, minha mãe tentava compensar, ficando mais do meu lado, para equilibrar um pouco o jogo da afetividade paterna.

Foi ela quem nos ensinou os primeiros passos com Deus. Não abria mão de nos levar à Primeira Igreja Presbiteriana, na Praça ABC, todos os domingos pela manhã. Não tinha coré coré. Tínhamos que acordar cedo e ir para a escola dominical. Só quando completávamos 11 ou 12 anos é que ela relaxava e nos dava o direito de escolha. Todos nós decidíamos não ir, porque naquela época estudávamos também aos sábados, então só tínhamos o domingo para dormir até mais tarde. (Foi ali na igreja que fiz uma das minhas grandes amigas, a Sandra Botrel. A gente se conheceu no berçário e somos amigas até hoje.)

Já fiz mãe passar muita vergonha. Desde pequena falo mais do que deveria. Ela me ensinou que não podemos mentir que mentira é pecado (e é mesmo), então eu falava tudo. Certa vez, estava negociando um fusca. Tinha ido a uma loja – não lembro se concessionária ou de revenda –, e o moço avaliou o carro. Depois foi um rapaz lá em casa para comprar o carro. Minha mãe queria Cr$ 17 mil (não lembro a moeda da época, mas vou dizer que era cruzeiro). O moço só queria dar Cr$ 15 mil.

Aí ela disse que o outro moço (o da loja) tinha oferecido os Cr$ 17 mil. Pra quê, eu, do alto dos meus 8 anos, entrei na conversa e disse: “Não mãe, o moço disse Cr$ 15 mil”. Ela completou: “Não filha, isso foi no início, depois ele ofereceu os Cr$ 17 mil”, isso em um tom e com um olhar querendo me fuzilar. Porém, eu completei (afinal, não podia mentir): “Não, ele disse Cr$ 15 mil e nem um centavo a mais”.

O moço foi embora, mãe queria me matar, mas não podia fazer nada, afinal, eu estava fazendo o certo, não a estava deixando mentir. E nunca mais me deixou presenciar nenhuma negociação. Nunca fiquei sabendo por quanto ela conseguiu vender o carro.

Em outra ocasião, uma grande amiga de minha mãe, colega de colégio a vida toda e quando jovem tinha sido Miss Manhuaçu, foi com sua filha lá em casa. Queria ajuda de mãe para comprar vestidos, etc, para a filha que era Miss Manhuaçu. A moça era alta, corpo muito bonito, porém de rosto não era bonita. Sua mãe, por sua vez, continuava linda. Não esqueço sua fisionomia até hoje.  Bela, elegante, alta, esguia.

Minha mãe ficou muito alegre em recebê-las e ajudá-las. Quando meu pai chegou em casa, contou o caso e disse que a moça não era bonita. Disse a verdade. No dia seguinte, a amiga de mãe retornou sozinha. Lá estava eu. E mãe foi elogiar a miss. Pra quê? “Sua filha é muito bonita, disse ontem para o Camilo”. Entrei no meio da conversa. “Disse não, mãe. Você falou que ela não era bonita. Que a mãe dela é que continuava linda”. Provoquei uma inimizade de anos.

Tempos depois, a tal amiga liga para mãe. Acho que o tempo cura tudo, ou então a vingança é um prato que se come frio mesmo. No meio a conversa informou que os netos estavam fazendo o maior sucesso como cantores. Ela é avó da dupla Victor e Leo. Para mãe não adiantou muito, porque não conhecia os rapazes. Mas  o telefonema serviu para retomar a amizade. Os rapazes têm de onde puxar a beleza.

 Moramos juntas grande parte da vida, ela me ajudou a criar minha filha Luisa, já me tirou de muitos apertos. Também cuidei muito dela em todas as suas doenças. Quero aproveitá-la ao máximo, enquanto puder.

Que venham ainda muitos aniversários.

Isabela Teixeira da Costa

Salvar

A piada da vez

laughing people

Já ouviu a última?

Contar piadas é um dom. Tem coisa pior do que ouvir uma piada de alguém que não sabe contar piada? Quem nunca participou de uma reunião de amigos e, de repente, alguém resolver contar uma piada. Todo mundo fica esperando para dar boas risadas e, nada. A pessoa simplesmente não consegue ser engraçada.

Piada precisa de ritmo certo, pausas na hora correta, no tempo exato. Até a respiração é importante. É quase uma encenação. Sei bem disso porque, para quem não sabe, sou atriz e já fiz muito teatro, a maioria deles comédia. Se você perde o ‘time’, a fala perde a graça. É assim com a piada. Até a entonação da voz é importante.

Voltando ao assunto do piadista social sem graça, fica todo mundo com aquele sorrisinho sem graça, só para não deixar o amigo desapontado. Isso, se não tem um mais extrovertido, ou mais amigo do pseudo contador de piadas que chuta o balde e diz logo que o cara é terrível. Aí todo mundo cai na gargalhada.

Foto reproduzida do site megacurioso.com
Foto reproduzida do site megacurioso.com

 

Noite dessas, estava em um jantar de amigos e teve um episódio mais ou menos assim. Rimos muito do que ocorreu. Uma mulher resolveu contar uma piada, e começou: “Tinha uma mulher em um banheiro”, e corrigiu, “não, tinha uma mulher em uma rodoviária, aí ela foi no banheiro, e perdeu o trem”. Heim? Como assim? Aí todo mundo começou a rir, na rodoviária perdeu o trem?

Tinha errado de novo, “não, tinha uma mulher na estação de trem e foi no banheiro, aí o trem chegou”. Sua amiga, que até então assistia tudo silenciosamente, não aguentou e disse rapidamente: “errou de novo”. Nesse momento a mesa já estava chorando de rir. Ela se rendeu à sua incompetência piadística e pediu à amiga que contasse a tal piada, que finalmente saiu inteira e correta. Ufa! A partir daí, toda a piada que lembrava, pedia para a amiga contar.

Também nesta semana, o conhecido pastor Cláudio Duarte, que faz muito sucesso no Youtube, com trechos de suas pregações, esteve na Igreja Batista Central de Belo Horizonte, e fui assistir. Já está apelidado de pastor alegre, ou pastor palhaço. Ele é muito bom. De forma leve e usando o humor como principal ferramenta de pregação, fala sobre Deus, relacionamentos, casamentos etc. Ótima estratégia para conseguir falar de temas delicados, sem agredir ou ofender as pessoas. E ninguém esquece suas pregações.

É um excelente contador de piadas. Sabe usar, como poucos, a intonarão de voz, as pausas e a respiração e ainda faz uso de expressões faciais e corporais. Tem alguns momentos que fala sério, e explica o porquê de usar o humor. O cara é bom, ri dele mesmo, por sinal, começou assim, já que fez implante capilar e as pessoas, acostumadas com sua imagem careca na internet, esboçaram sorrisos velados quando subiu ao púlpito. Não deu outra, soltou a piada logo: “Este ano foi o ano do crescimento na minha igreja, foi tão abençoado que cresceu até cabelo em mim”. E depois, claro, contou o que tinha feito.

Tinha um primo de segundo grau, por parte de mãe, Iedo Drumond, piadista nato. Certa vez, no feriado da semana santa fomos para Governador Valadares, onde ele morava, e de lá seguimos para sua fazenda. A família quase toda. Iedo deve ter ficado umas 30 horas contando piada, isso mesmo, virou o dia. Não repetiu nenhuma, todas eram hilárias. Ficamos com dor muscular de tanto rir dele. Foi ele quem me salvou de um afogamento na piscina da casa do Tio Vivinho, quando eu tinha uns 4 ou 5 anos. Pulou de roupa e tudo. Muita saudade.

Isabela Teixeira da Costa

Socorro, estamos sendo violentados

Renan Calheiros
Renan Calheiros

Precisamos ter algum recurso para poder destituir todos os deputados federais.

Procuro não usar muito deste espaço para falar de política. Sei que tenho leitores de várias posições e procuro não abordar este rema que sempre gera muita polêmica, mas desta vez não deu. Nossos políticos passaram de todos os limites, não dou conta de ficar calada.

Com raríssimas exceções, os deputados federais que deveriam defender os cidadãos que os colocaram naquela posição, aproveitaram, de forma sorrateira e oportunista, a tragédia da última terça-feira com a queda do avião que transportava o time da Chapecoense, para votar as 10 medidas contra a corrupção.

Até aí tudo bem, porém, a proposta que arrecadou mais de 2,5 milhões assinaturas de brasileiros foi totalmente alterada pelos deputados para que eles pudessem continuar praticando corrupção sem serem punidos. E foi essa “nova” proposta que aprovaram, enquanto o Brasil acompanhava, estarrecido, as notícias da morte das 71 pessoas e o resgate dos seis sobreviventes.

brasilMas ladrão que é ladrão trabalha direito. Os bandidos encaminharam rapidamente para o Senado e o presidente Renan Calheiros – chefe maior dos bandidos – , aproveitou a oportunidade e queria, a todo custo, aprovar imediatamente. Graças a Deus, os senadores não permitiram e farão alterações.

O povo não quer alterações, quer aprovação do texto original. É por isso que vamos às ruas no domingo. Queremos um país íntegro, limpo, honesto. Não queremos que a Lava-jato seja calada, queremos que ela seja concluída com louvor, doa a quem doer. Dos poucos senadores que votaram a favor, 11 estão citados na lava-jato.

Sabem qual a atual jogada do governo? Os corpos do acidente aéreo estão liberados desde a manhã de quinta-feira, para serem trazidos para o Brasil, porém eles estão enrolando, para que o velório coletivo seja no domingo, numa tentativa desesperada que a comoção prenda as pessoas em casa, para ficarem assistindo aos velórios, em vez de irem às ruas protestarem.

Não adianta, senhor presidente Temer, estamos calejados dessas jogadinhas baratas. O povo estará nas ruas em todo o país. Isso não diminuirá nossa solidariedade com as famílias de Chapecó e das demais vítimas do acidente. Veremos depois, nos telejornais, como foram as despedidas, mas não nos calaremos diante das maracutaias que estão tramando para se safarem e continuarem a nos roubar.

Chega! O povo está farto. Estamos cansados de sermos enganados. De sermos feitos de palhaços. Será que ainda não perceberam isso?

Não queremos sair do Brasil, queremos o nosso país de volta. Basta.

Amanhã, 10h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Isabela Teixeira da Costa

Herpes tem cura?

saudeVírus causa lesões contagiosas, geralmente na boca e nos órgãos genitais.

Hoje vou falar de um assunto que ninguém gosta, mas que muita gente tem e precisa saber cuidar e se prevenir: a herpes. Causada pelo vírus HSV (vírus da herpes simples), a doença possui dois tipos em sua manifestação, o tipo 1, que frequentemente se associa a lesões orais, e o tipo 2, que é responsável por até 90% das lesões genitais.  A contaminação ocorre pela exposição direta ao contato da pele e das mucosas com uma pessoa infectada.

Se beijar alguém com herpes em atividade nos lábios, pegou. Se beber no copo de alguém que está com herpes na boca, com certeza vai pegar. Se tiver relação sexual sem proteção com alguém que está com herpes, será contaminado. Vários médicos afirmam que o contágio só ocorre quando a herpes está ativa. Só de se ter o vírus, não se transmite, é preciso ter contato com a feridinha ou as bolhas que ele provoca.

A médica dermatologista Ana Regina Trávolo explica que normalmente a herpes se manifesta com pequenas vesículas agrupadas, com sensação de ardor ou dolorimento no local. “Pode aparecer também na forma de pequenas pápulas avermelhadas agrupadas também com sensação de ardor. Na sua evolução forma crostas (casquinhas) no local, até o seu completo desaparecimento”, observa.

Os locais mais afetados são a região labial ou perilabial e a região genital, como o púbis, corpo do pênis ou glande. Todavia, pode aparecer também em outras regiões do corpo, como nádegas, tronco e mãos.

Outro tipo é o herpes zoster, causado pelo vírus varicela zoster, o mesmo vírus responsável pela catapora. Normalmente, se manifesta com vesículas maiores, por vezes até bolhas, e pápulas avermelhadas, atingindo uma área mais extensa, mas normalmente limitada a um lado do corpo, por exemplo: um lado das costas, metade da região da testa ou um braço.

Tenho uma amiga que está passando maus bocados com a tal da herpes zoster, disse que é uma dor insuportável. A dela deu no pescoço e parte do rosto. Não há nada que tire a dor a não ser o tempo natural da doença, que no caso da zoster é maior do que o outro tipo de herpes que normalmente varia de 5 a 10 dias.

De acordo com a dermatologista, da Clínica Monte Parnaso, o herpes zoster segue o trajeto dos nervos da região afetada, já que o vírus do herpes, nesse subtipo, normalmente fica latente nos troncos nervosos na região. “A dor costuma ser ainda mais intensa, podendo deixar uma sensação de dolorimento no local mesmo após a regressão das lesões, a chamada neuralgia pós-herpética”, esclarece Ana Regina.

Infelizmente a herpes não tem cura, mas pode ser controlada. Os tratamentos disponíveis para a doença são medicamentos antivirais. O mais antigo e mais tradicional é o aciclovir, apesar de haver disponível outros antivirais mais potentes, tais como o fanciclovir e o valaciclovir, que têm a vantagem de serem utilizados em menos doses durante o dia do que o aciclovir. Na grande maioria das vezes, é necessário o uso da medicação por via oral pelo período de 5 a 7 dias, principalmente nos casos de herpes zoster, onde além dos antivirais, são utilizados medicamentos anti-inflamatórios, como os corticoides, devido ao quadro intenso de dor que provocam. “Casos muitos leves de herpes simples, com lesões muito pequenas, podem ser tratados apenas com medicação tópica. Estes casos mais leves podem também regredir espontaneamente em uma a duas semanas”, explica a médica.

O que pouca gente sabe é que existe uma vacina para diminuir os casos de herpes zoster e de neuralgia pós-herpes zoster que pode ser utilizada em dose única, pelos pacientes acima de 50 anos, uma vez que o herpes zoster normalmente se manifesta nos idosos. Não é barata – no Hermes Pardini, se não me engano, custa em torno de R$ 400 e é dose única –, mas vale a pena, principalmente se sabemos que todo mundo que já teve catapora tem grande chance de ter a doença. Não custa prevenir.

Isabela Teixeira da Costa

Chevron na decoração

quarto-bebeMas o que vem a ser a estampa Chevron?

Chevron é uma estampa com forma gráfica, aquele desenho zig zag, com estilo minimalista que está muito presente na moda e na decoração.

Criada pela grife italiana Missoni, a Chevron passou a ser usada como uma das estampas mais amadas e marcantes do mundo. Além do grande sucesso nas roupas e sapatos, podemos vê-la nas decorações de ambientes personalizados, coloridas ou em branco e preto, presentes em papeis de parede, revestimentos, tapetes, poltronas, cortinas e adornos.

revestimento-vitrica-colecao-mosaicoPara quem prefere somente um detalhe da Chevron, ela pode ser pontuada em adornos, como almofadas, colchas ou simplesmente uma poltrona de canto, fica incrível.

poltronaJá para os amantes da estampa, porque não ousar em um belo tapete ou papel de parede ou até mesmo em um revestimento para deixar seu ambiente com estilo bem arrojado.

O uso da Chevron também pode estar presente em quartos infantis, sendo uma grande aposta, principalmente para casais que preferem um quarto mais moderno e colorido para a chegada do seu bebê, criando ambientes sensacionais com a composição de cinza, Tifanni, amarelo, branco, rosa, vermelho, branco.

Segue um pouquinho das belas criações que podemos ter com este estilo.

Flávia Freitas

Salvar

Paulo Laender

Paulo Laender. Foto: Beto Magalhães / EM / D.A. Press
Paulo Laender. Foto: Beto Magalhães / EM / D.A. Press

Exposição de Paulo Laender mostra sua trajetória.

Paulo Laender está com uma bela exposição de seus trabalhos Galeria de Arte do Minas 1, na Rua da Bahia. O artista conseguiu reunir obras desde a década de 80 e com isso foi possível montar uma linha histórica mostrando sua trajetória artística. Laender é arquiteto, desenhista, escultor e designer.

Pode-se dizer que Paulo Laender é um dos primeiros mineiros que trabalha de forma diferente da escola Guignard, ele salta do expressionismo e chega ao modernismo com os pés bem fincados, devido ao seu conhecimento na área de arquitetura e design. Laender bebe da fonte do modernismo e do cubismo passando pelo art-dèco, não traçando uma identidade que tem as características da arte feita em Minas como, por exemplo, a barroca.

Pode-se dizer que o trabalho apresentado na exposição ‘Paulo Laender – Uma Trajetória’ é atemporal, pois o artista cria no tempo da arte. A coleção que pode ser vista inclui esculturas, relevos, pinturas, gravuras e objetos.

A artista plástica Maria Helena Andrés visitou a exposição e escreveu um lindo texto que faço questão de publicar aqui:

PAULO LAENDER, UMA TRAJETÓRIA

mariahelena
Emmanuel

Maria Helena Andrés

Estou na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube, percorrendo uma exposição de Paulo Laender. Ele mostra sua trajetória na arte, desde a sua primeira exposição no Minas Tênis Clube, a convite de Palhano Junior. Na ocasião ele mostrou desenhos de 1963. No catálogo desta mostra coletiva estão: Paulo Frade Laender, Luiz Antonio Lanza e Antonio Eugênio de Salles Coelho. Para esses três artistas, a vida foi mostrando caminhos diferentes.

Paulo Laender viveu etapas diversas de sua arte, sempre conservando uma ligação de uma fase com a outra.

Talvez poderíamos dizer: crescimento orgânico, como uma árvore que vai conservando as características de sua espécie e vai crescendo, tomando formas variadas mas sempre ligadas umas com as outras, com uma coerência impressionante. Exemplo de Unidade na Diversidade. Isto porque na diversidade de materiais, gravuras em metal, desenhos, pinturas, esculturas, há sempre uma unidade que caracteriza o artista.

Foto Eliana Andrés
Foto Eliana Andrés

Paulo Laender foi meu aluno, e desde os desenhos dos primeiros barcos, já demonstrava a sua escolha pelas formas curvas. Há também uma característica que nos mostra a busca dessas formas curvas. Os barcos de 1963 nos mostram o jovem talento despertando para uma viagem ao desconhecido.  O barco simboliza viagem e Paulo Laender viajou, percorreu o mundo, mas agora em seu atelier de Nova Lima, continua a grande viagem pelos caminhos da arte. O perfeccionismo de suas obras é fascinante e a sensualidade de suas formas nos lembra os grandes mestres do barroco mineiro. Os portugueses trouxeram para nós o barroco e, em terras brasileiras, produziram suas melhores obras que até hoje estão nas igrejas de Ouro Preto, Tiradentes, São João Del Rey e Sabará.

Paulo retoma o barroco em seu espírito, transcendendo a forma e elevando-a a um plano de grande contemporaneidade.

Ele é um artista barroco e contemporâneo, está presente no seu tempo, corajosamente enfrentando as dificuldades que a arte nos impõe. Em suas esculturas, inspiradas em andanças pela Índia, admiramos a figura de Ganesh, aquele que abre os caminhos. Sem reproduzir a figura de Ganesh, ele nos mostra o seu espírito e a sua atitude resoluta e firme.

Voltando ao Brasil, encontramos o escultor trabalhando na forma de  barcos. Grandes troncos de árvores são esculpidos lembrando a forma dos nossos barcos indígenas e dos barqueiros do São Francisco.

Agora, o barco não é mais desenhado, mas esculpido na madeira laminada, colada e cavilhada, característica muito especial de seu estilo como escultor. Paulo desce às nossas origens, rebusca seus antepassados indígenas e os artistas e artesãos que construíram o patrimônio artístico de Minas Gerais.

Ser universal e ao mesmo tempo regional é a grande lição que este artista mineiro está dando para as gerações futuras.

Paulo Laender é um artista consciente, maduro. Não busca modismos nem influências externas, mas é dentro dele mesmo, em seu interior que ele vai buscar motivações para o seu trabalho.

Esta busca interior às vezes é também figurada em esculturas ou objetos, onde outras formas menores estão colocadas mostrando o mundo externo e o mundo interno que continua existindo em toda a natureza e na criação.

 

Salvar

Qual a sua senha?

capecoenseA senha da vida ninguém sabe, só Deus.

Acordamos na terça-feira surpreendidos pela notícia da tragédia com o avião que levava o time de futebol Chapecoense, de Santa Catarina, para a Colômbia, onde disputaria o primeiro jogo pela final da copa Sul-Américana.

Ninguém sabe ainda, ao certo, o que provocou a queda do avião, o que se sabe é que 71 pessoas morreram, seis sobreviveram e quatro pessoas que deveriam estar no voo simplesmente não embarcaram.

Claro que todos querem saber se faltou combustível ou se o avião teve uma pane elétrica e o piloto teve que jogar combustível fora, porém isso só é importante para responder perguntas, para matar curiosidade, para saber causas. Ou seja, para tirar uma interrogação enorme e, provavelmente impedir outro acidente do mesmo tipo, porque não trará ninguém de volta.

O que importa é que esse dia era o dia da chamada da senha dessas 71 pessoas que morreram. Não era o dia da senha dos seis sobreviventes. Rafael Henzel, jornalista que está sedado na UTI em condições estáveis; o zagueiro Neto também está estável e sedado na UTI; o estado do goleiro Jackson Follmann é crítico, está em observação e já teve uma pequena evolução. O lateral Alan Ruschel teve fratura na coluna, passou por cirurgia, e graças a Deus não terá danos neurológicos e nem motor. Os outros dois sobreviventes são os tripulantes Xiemena Suárez e Erwin Tumiri, ambos estão estáveis e em recuperação.

Provavelmente, tinham que passar por isso, mas não era a hora da senha de nenhum deles. Os quatro que não embarcaram por motivos diversos foram Luciano Buligon, prefeito de Chapecó (SC), Plínio David de Nes Filho, presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, Gelson Merisio (PSD), presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e Ivan Carlos Agnoletto, jornalista da rádio Super Condá, de Chapecó. O vice-presidente da Chapecoense, Ivan Tozzo, também iria, mas desistiu porque teve um mal pressentimento. Esses motivos diversos surgem simplesmente para impedir que eles passassem por algo que não deveriam passar. Não era a vez da senha deles.

Foto: Luis Benavides/AP
Foto: Luis Benavides/AP

Não acredito em coincidências. Se um teve mal pressentimento, não foi por acaso. Da mesma forma que a mensagem deixada no facebook horas antes da tragédia pelo piloto paraguaio Gustavo Encina – que pilotava o avião, e era evangélico –, não parece coincidência: “Bom dia! Como você olha para sua vida? Para frente ou para trás? Que o Senhor te dê graça para largar as coisas, até mesmo aquelas que consideras preciosas nesta vida, e te permita olhar mais para adiante, onde Cristo te espera para um encontro glorioso que te abrirá as portas da eternidade”.

É por isso que já escrevi aqui, várias vezes, que devemos viver a vida bem vivida, aproveitando cada minuto com quem amamos, com as pessoas que gostamos, com amigos queridos, sem deixar nada por dizer. Isso não significa ser irresponsável nem fazer doideira, mas não desperdiçar o tempo. O tempo não volta, e cabe a nós preenche-lo da melhor maneira possível.

Ontem, os colombianos fizeram uma homenagem emocionante ao Chapecoense e a todos os brasileiros. Lotaram o estádio onde seria o jogo, vestidos de branco, com flores e velas nas mãos. Eram tantas pessoas que não coube no estádio, então, circundaram o local, coloccando flores e velas em todo o redor. A ceromônia foi linda, com discursos e a leitura do nome de todas as vítimas. Realmente  o ser humano se une na solidariedade.

Em Chapecó, os torcedores do time também lotaram o estádio, vestidos de verde e prestaram homenagem ao clube, às vítimas e seus familiares. Foi feita uma cerimônia religiosa e puderam dividir a sua dor, enquanto aguardam a chegada dos corpos para poderem velar seus parentes e seus ídolos.

Torço para que cada um dos 71, tenha tido a oportunidade de dizer que amava seus queridos, que tenha feito tudo o que queria. Uma coisa é certa, os jogadores estavam em um momento de muita alegria, pois estavam indo participar de uma ocasião inédita em suas carreiras. Que Deus console as famílias.

Isabela Teixeira da Costa