Corrupção e felicidade

 

Alvaro Fernando / Divulgação
Alvaro Fernando / Divulgação

Será que os corruptos são felizes? Essa questão e outros casos interessantes relatados por Alvaro Fernando

Alvaro Fernando*

Talvez você se lembre do nome de quem matou Odete Roitman, mas ninguém sabe dizer, até hoje, quem matou PC Farias no chamado “crime que abalou o país”. A história está repleta de casos de corrupção em que o corrupto se dá muito mal. A maioria? Quem sabe?

O significado do termo por si só já apresenta seus dentes, pois “corrupta”, em latim, é a junção das palavras “cor” (coração) e “rupta” (quebra ou rompimento). Algo que, de cara, não me parece provocar um resultado bom ou convidativo: romper com o coração.

A origem do termo está no latim, mas a prática é muito mais antiga que a língua. Fico espantado quando vejo pessoas associarem a corrupção aos brasileiros. Olhe em volta, viaje à China para conhecer as fábricas de trabalho escravo de um quarto da população do planeta ou jogue um feixe de luz sobre a indústria bélica americana. Procure entender o que acontece na Somália, Líbia, Coréia do Norte, Venezuela, Camboja ou República do Congo.

Outro dia, em uma mesa de bar, um suíço questionou uma colombiana sobre como era a vida na Colômbia em contato com os traficantes. Ela, com calma e uma lucidez cortante, respondeu que quem deveria conhecer os traficantes era ele, pois é na Suíça que eles depositam todo dinheiro e encontram cobertura para o que fazem. Muito firme o ponto de atenção dela e isso tem um nome, chama-se: corrupção. A história nos apresenta líderes de países “desenvolvidos” da Europa mestres nessa “arte”.

O que fazer com todo este dinheiro? Alguns dirão: “para comprar o poder!” Mais poder? Poder para roubar? Roubar para poder? De certo, alguém já lhe fez a deliciosa pergunta: “o que você faria caso ganhasse uma bolada rechonchuda na loteria? O que faria se amanhã depositássemos um bilhão de reais em sua conta?”.

Muitos podem ainda ter o cuidado de questionar: “mas será um bilhão de reais que pertencem a mim ou um bilhão de dinheiro sujo, roubado dos cofres públicos?”. Considero uma boa pergunta, pois muda completamente a situação do beneficiado. Mas a dúvida inicial persiste: o que fazer com um valor tão colossal?

O despropósito dos valores é proporcional à falta de propósito na vida dos corruptos. Não há finalidade alguma, o rombo que se faz no cofre público é sem propósito. Sim! Para entender qual o propósito de cada uma na vida, é preciso pensar sobre os valores mais elevados e a aspiração individual de algo que valha a pena ser vivido.

Perceba que não há nesse momento um questionamento à falta de caráter ou cobrança por mais integridade, retidão e princípios, mas, sim, a constatação da importância do propósito de vida particular de cada um, aquilo que Aristóteles chama de ética – ou seja, reconhecer aquilo a que se aspira e dirigir-se nesse sentido. Na rota contrária a isso, o mundo contemporâneo demonstra ser capaz de produzir uma legião de líderes sem noção, razão, motivo, critério, senso, discernimento ou juízo.

Momento em que paramos para pensar: quem é essa pessoa? O que ela quer de verdade? Estamos no tempo certo para distinguir sucesso de felicidade! Afinal, quantas pessoas o mundo já produziu com uma carreira de sucesso e tremenda infelicidade?

Mais uma face desse espelho distorcido que engana a tantos: olhe no rosto daquele que você julgar corrupto, tente buscar um sinal de felicidade e não encontrarás! Agora, pense em alguém que você considera muito feliz, e o que aparece? Vamos lá! Busque na memória alguém de suas relações que você nomearia como uma pessoa “exemplo de felicidade”, e veja o que encontra: propósito de vida, altruísmo e generosidade.

* Alvaro Fernando é autor do livro “Comunicação e Persuasão – O Poder do Diálogo”, no qual demonstra a importância comunicacional de virtudes como propósito de vida, altruísmo e generosidade. Fernando é premiadíssimo compositor de trilha sonora, vencedor de três leões em Cannes, duas medalhas em New York Festival e três estatuetas no London Festival.

 

E agora, Brasil?

oto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press
Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Não nos calamos e não nos calaremos.

Com sol ou com chuva os brasileiros foram às ruas no domingo. Em algumas cidades o movimento foi maior, em outras, menor. Porém, o importante foi ter ido. Jogaram ratos no lago do Congresso, gritaram Fora Renan e Fora Maia. Cantamos o Hino Nacional.

O apoio ao juiz Sérgio Moro foi maciço. Queremos uma lava-jato permanente, queremos um país limpo. Como disse uma senhora, não estamos dormindo, o gigante acordou e não adianta aprovar nada na calada da noite porque estamos alerta, acordados e vigiando.

Queremos nosso país de volta. Ele não é dos políticos, mas de nós, cidadãos brasileiros que colocamos os políticos onde estão. Porém, esses corruptos que lá estão, não nos representam mais. Chega!

Recebi uma mensagem de uma colega jornalista, que não conheço, mora nos EUA, e mesmo de longe luta pela limpeza de nosso país. Enviou uma denuncia que vale a pena divulgar. Eu mesma não sabia deste fato.

Quero saber qual coleguinha, deputado federal, que sabendo deste fato, terá coragem de encabeçar um movimento interno para retirar o presidente da Câmara dos Deputados que está ocupando um cargo de forma ilegítima.

Lea Campos
Lea Campos

“Isabela, peço a você que abrace esta ideia.

Segundo a Carta Magna Brasileira, Rodrigo Maia, filho do ex exilado César Maia, não pode presidir a Câmara dos Deputados. O artigo 12, em seu inciso 3, proíbe que brasileiros nascidos fora de nosso território ocupem cargos de presidente e vice-presidente da República, Câmara, Senado, STF, de Diplomatas e das FFAA. Salvo se o pai ou a mãe, sendo brasileiro, esteja a serviço do país, o que não foi o caso. César Maia estava no Chile fugindo do governo militar.

Rodrigo Maia Foto AFP / Andressa Anholete
Rodrigo Maia Foto AFP / Andressa Anholete

Rodrigo Maia nasceu em Santiago do Chile, em 12 de junho de 1970. Essa panaceia promovida por ele contra nosso país tem tudo para ser anulada e ele ser destituído da presidência da Câmara dos Deputados.

Infelizmente, moro nos Estados Unidos da América e não tenho como fazer essa campanha aí. Você é uma jornalista – como eu – merecedora de todo respeito e credibilidade do povo de nossa terra. Disse que estamos sendo violentados (crônica do dia 3/12/16). Não, Isabela, estamos sendo estuprados por políticos corruptos que legislam em causa própria.

Contando com seu apoio, deixo meu muito obrigada e um abraço bem mineiro. Sou de BH.

Lea Campos, Jornalismo em dia”

E agora brasileiros? Ficaremos calados? Se isso é mesmo verdade, tudo poderá ser derrubado. Senhores deputados que tem obrigação de nos representar, quem comprará essa briga por nós?

Isabela Teixeira da Costa

Socorro, estamos sendo violentados

Renan Calheiros
Renan Calheiros

Precisamos ter algum recurso para poder destituir todos os deputados federais.

Procuro não usar muito deste espaço para falar de política. Sei que tenho leitores de várias posições e procuro não abordar este rema que sempre gera muita polêmica, mas desta vez não deu. Nossos políticos passaram de todos os limites, não dou conta de ficar calada.

Com raríssimas exceções, os deputados federais que deveriam defender os cidadãos que os colocaram naquela posição, aproveitaram, de forma sorrateira e oportunista, a tragédia da última terça-feira com a queda do avião que transportava o time da Chapecoense, para votar as 10 medidas contra a corrupção.

Até aí tudo bem, porém, a proposta que arrecadou mais de 2,5 milhões assinaturas de brasileiros foi totalmente alterada pelos deputados para que eles pudessem continuar praticando corrupção sem serem punidos. E foi essa “nova” proposta que aprovaram, enquanto o Brasil acompanhava, estarrecido, as notícias da morte das 71 pessoas e o resgate dos seis sobreviventes.

brasilMas ladrão que é ladrão trabalha direito. Os bandidos encaminharam rapidamente para o Senado e o presidente Renan Calheiros – chefe maior dos bandidos – , aproveitou a oportunidade e queria, a todo custo, aprovar imediatamente. Graças a Deus, os senadores não permitiram e farão alterações.

O povo não quer alterações, quer aprovação do texto original. É por isso que vamos às ruas no domingo. Queremos um país íntegro, limpo, honesto. Não queremos que a Lava-jato seja calada, queremos que ela seja concluída com louvor, doa a quem doer. Dos poucos senadores que votaram a favor, 11 estão citados na lava-jato.

Sabem qual a atual jogada do governo? Os corpos do acidente aéreo estão liberados desde a manhã de quinta-feira, para serem trazidos para o Brasil, porém eles estão enrolando, para que o velório coletivo seja no domingo, numa tentativa desesperada que a comoção prenda as pessoas em casa, para ficarem assistindo aos velórios, em vez de irem às ruas protestarem.

Não adianta, senhor presidente Temer, estamos calejados dessas jogadinhas baratas. O povo estará nas ruas em todo o país. Isso não diminuirá nossa solidariedade com as famílias de Chapecó e das demais vítimas do acidente. Veremos depois, nos telejornais, como foram as despedidas, mas não nos calaremos diante das maracutaias que estão tramando para se safarem e continuarem a nos roubar.

Chega! O povo está farto. Estamos cansados de sermos enganados. De sermos feitos de palhaços. Será que ainda não perceberam isso?

Não queremos sair do Brasil, queremos o nosso país de volta. Basta.

Amanhã, 10h, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Isabela Teixeira da Costa