A piada da vez
Já ouviu a última?
Contar piadas é um dom. Tem coisa pior do que ouvir uma piada de alguém que não sabe contar piada? Quem nunca participou de uma reunião de amigos e, de repente, alguém resolver contar uma piada. Todo mundo fica esperando para dar boas risadas e, nada. A pessoa simplesmente não consegue ser engraçada.
Piada precisa de ritmo certo, pausas na hora correta, no tempo exato. Até a respiração é importante. É quase uma encenação. Sei bem disso porque, para quem não sabe, sou atriz e já fiz muito teatro, a maioria deles comédia. Se você perde o ‘time’, a fala perde a graça. É assim com a piada. Até a entonação da voz é importante.
Voltando ao assunto do piadista social sem graça, fica todo mundo com aquele sorrisinho sem graça, só para não deixar o amigo desapontado. Isso, se não tem um mais extrovertido, ou mais amigo do pseudo contador de piadas que chuta o balde e diz logo que o cara é terrível. Aí todo mundo cai na gargalhada.
Noite dessas, estava em um jantar de amigos e teve um episódio mais ou menos assim. Rimos muito do que ocorreu. Uma mulher resolveu contar uma piada, e começou: “Tinha uma mulher em um banheiro”, e corrigiu, “não, tinha uma mulher em uma rodoviária, aí ela foi no banheiro, e perdeu o trem”. Heim? Como assim? Aí todo mundo começou a rir, na rodoviária perdeu o trem?
Tinha errado de novo, “não, tinha uma mulher na estação de trem e foi no banheiro, aí o trem chegou”. Sua amiga, que até então assistia tudo silenciosamente, não aguentou e disse rapidamente: “errou de novo”. Nesse momento a mesa já estava chorando de rir. Ela se rendeu à sua incompetência piadística e pediu à amiga que contasse a tal piada, que finalmente saiu inteira e correta. Ufa! A partir daí, toda a piada que lembrava, pedia para a amiga contar.
Também nesta semana, o conhecido pastor Cláudio Duarte, que faz muito sucesso no Youtube, com trechos de suas pregações, esteve na Igreja Batista Central de Belo Horizonte, e fui assistir. Já está apelidado de pastor alegre, ou pastor palhaço. Ele é muito bom. De forma leve e usando o humor como principal ferramenta de pregação, fala sobre Deus, relacionamentos, casamentos etc. Ótima estratégia para conseguir falar de temas delicados, sem agredir ou ofender as pessoas. E ninguém esquece suas pregações.
É um excelente contador de piadas. Sabe usar, como poucos, a intonarão de voz, as pausas e a respiração e ainda faz uso de expressões faciais e corporais. Tem alguns momentos que fala sério, e explica o porquê de usar o humor. O cara é bom, ri dele mesmo, por sinal, começou assim, já que fez implante capilar e as pessoas, acostumadas com sua imagem careca na internet, esboçaram sorrisos velados quando subiu ao púlpito. Não deu outra, soltou a piada logo: “Este ano foi o ano do crescimento na minha igreja, foi tão abençoado que cresceu até cabelo em mim”. E depois, claro, contou o que tinha feito.
Tinha um primo de segundo grau, por parte de mãe, Iedo Drumond, piadista nato. Certa vez, no feriado da semana santa fomos para Governador Valadares, onde ele morava, e de lá seguimos para sua fazenda. A família quase toda. Iedo deve ter ficado umas 30 horas contando piada, isso mesmo, virou o dia. Não repetiu nenhuma, todas eram hilárias. Ficamos com dor muscular de tanto rir dele. Foi ele quem me salvou de um afogamento na piscina da casa do Tio Vivinho, quando eu tinha uns 4 ou 5 anos. Pulou de roupa e tudo. Muita saudade.
Isabela Teixeira da Costa