Ajudar o próximo faz bem ao corpo

Pesquisas e estudos comprovam que ajudar o próximo e exercer trabalho voluntário faz bem ao corpo e gera bem-estar.

Ilustração Son Salvador

Foi fundado em Belo Horizonte, no final do ano passado, o Hub Social, uma incubadora de projetos sociais. Para quem não está familiarizado com o termo, é um espaço de integração social que reúne pessoas que acredita no empreendedorismo como meio para transformações sociais e econômicas. A equipe da incubadora estimula e a ajuda na organização de programas sociais e ONGs, por meio de treinamentos e capacitação, com pessoal qualificado através de parcerias.
O fundador é o jovem Daniel Gonzales que já está com parceria formada com a Fundação Dom Cabral que ficará responsável pelo programa de aceleração e incubação, eventos, treinamentos de desenvolvimento humano e empresarial. Abriram inscrições para as instituições que desejavam participar do programa de treinamento neste ano e deu “over book”, uma vez que só tem 40 vagas e foram mais de 100 inscritos.
Como sou coordenadora do programa de responsabilidade social dos Diários Associados em Minas, a Jornada Solidária Estado de Minas, primeiro programa social de empresa privada fundado no país, em 1963, fui convidada para compor uma das bancas de seleção. Fiquei impressionada com os projetos que se apresentaram, vários eu já conhecia, mas percebi o quanto as pessoas que trabalham com o terceiro setor ainda precisam de ajuda.
Porém, uma coisa me chamou muito a atenção foi o fato de todos citarem uma coisa: a dificuldade de se conseguir voluntários para ajudar no trabalho, sejam eles com conhecimento técnico ou não. Sinceramente, tive que concordar. Uma das colegas de banca certa hora disse que a pessoa não estava sabendo procurar voluntários no lugar certo. Vou pegar o contato dela, com a equipe do Hub Social, para ela me passar o caminho das pedras, porque esse endereço de voluntários vale ouro.
A Jornada Solidária precisa de voluntários, mas não aqueles esporádicos. Esses, graças a Deus conseguimos sempre, mas os voluntários que se dedicam com dia e horário marcado, semanalmente. Não aparecem. Quando surge alguém, em poucas semanas some e ficamos a ver navios. As creches pedem aos pais dos alunos ajuda para qualquer serviço, e eles querem trocar por cestas básicas, ou seja, não é ajuda e sim serviço remunerado.
O psicólogo e mestre em educação Celso Braga diz que “o princípio da felicidade está associado à inserção da pessoa em situações para além de si mesma, ou seja, a felicidade existe de forma social, em relação com o outro”. Ele realizou uma pesquisa, quando estava fazendo mestrado, que apontou um aumento de satisfação e prazer associado nos entrevistados que estavam associados à prática de atitudes colaborativas. Prova de que quem faz trabalho voluntário é mais feliz.
Em consequencia do resultados de seus estudos, Celso criou um projeto estratégico chamado A Jornada Ôntica – uma perspectiva sustentável para o mundo através das organizações. A teoria foi apresentada a cinco universidades americanas e gerou um livro com o mesmo nome, que descreve o modelo de contribuição social. Criaram também a marca 36,5°, onde as pessoas de sua empresa entregam trabalhos sociais dentro de sua especialidade e que produz um maior engajamento e níveis de significado para seu trabalho como algo maior. Como resultado, obtém-se níveis de alegria e satisfação das pessoas de tal modo que para além de si mesmas – transcendentalmente – podem perceber sua contribuição como algo que as torna mais relevantes como pessoas.
Estão aí boas razões para se inserir em trabalhos voluntários, o que não faltam são boas opções de iniciativas sérias que precisam de ajuda.
Isabela Teixeira da Costa

Coluna publicada no Caderno Em Cultura do Estado de Minas

Didática para os alunos de hoje

Existe luz no fim do túnel. Já tem escola com uma didática inovadora, fora do tradicional e bem aceita por pais e alunos.

Ilustração Lelis

O modelo de educação está passando por uma transformação no país. A proposta é transformar todas as séries do ensino médio em período integral. O currículo será dividido em duas partes, uma com disciplinas obrigatórias e outra com matérias optativas, escolhidas pelo estudante de acordo com sua área de interesse.

Toda mudança é válida – afinal, o mundo vive em transformação. Nada pode ficar parado no tempo, a questão importante é saber se essas mudanças levarão o jovem a voltar a se interessar pelas aulas. O que está na berlinda é a didática. Mexer no formato do ensino é ótimo, porém, se a didática continuar a mesma, não há resultado positivo.

Vivemos em um mundo acelerado pelas conexões virtuais. Milhares de informações chegam a cada segundo. Adolescentes se conectam a 10 fontes de informação ao mesmo tempo, no mínimo, e conseguem interagir com todas simultaneamente. Será que a pessoa acostumada com tanta agilidade consegue ficar parada por quatro horas e meia ouvindo o professor dar aula expositiva? Não. A cabeça voa longe, não se concentra. Essa preocupação ronda a educação há pelo menos uma década.

Pois o diretor da Escola da Serra, Sérgio Godinho, descobriu um novo modelo de didática, implantou-o há cinco anos e hoje comanda uma instituição-modelo em BH. Desde que assumiu a instituição, em 2003, ele criou o plano pedagógico, que é o mesmo até hoje. Sabia onde queria chegar, mas não imaginava como. O que lhe deu luz foi o livro de Rubem Alves A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.

O autor relata a história da Escola da Ponte, em Portugal, que há mais de três décadas ensina crianças de uma maneira completamente fora do padrão. O responsável pela metodologia é o professor José Pacheco, que, baseado no construtivismo, desenvolveu o modelo de sucesso, depois de muitos erros e acertos.

Sérgio foi atrás dele, conheceu a fundo o trabalho e o adaptou. Isso mesmo, porque estamos em outro país, temos outra cultura e a Escola da Serra lida com o ensino médio e a pressão para o Enem. É impressionante. Muito antes da criação das nove séries no ensino fundamental, o referido colégio já era assim. O ensino é dividido em ciclos: dois no infantil; três, de três anos cada, no ensino fundamental; e um, também de três anos, no ensino médio.

Não existe aula, mas períodos escolares por áreas afins – língua portuguesa, ciências humanas e sociais, matemática, etc. As salas, bibliotecas com mesas para quatro pessoas, recebem roteiros dos professores e os estudantes fazem pesquisa para desenvolvê-los. A pesquisa pode ser feita nos livros ou em tablets, que ficam à disposição. O silêncio é total. Se começa a ficar barulhento, os professores, sempre à disposição para esclarecer dúvidas, simplesmente levantam a mão e o silêncio volta. É proibido o uso do celular no período escolar, mas a liberdade é total.

No início do ano, é feito o diagnóstico de cada estudante para saber como é seu ritmo de aprendizagem. Cada aluno escolhe um professor como seu tutor, com quem terá reuniões semanais. Prova? Só de matemática. Livro didático de propriedade do aluno? Só o de línguas (inglês ou espanhol), únicas disciplinas com aulas “formais”. Todos os estudantes têm que fazer alguma atividade artística: teatro, dança, artes visuais ou música.

A avaliação se dá para verificar a evolução do aluno com base no acompanhamento diário de seu progresso Esse processo contempla os três campos da cognição ligados à formação de competências: o desenvolvimento de conceitos (conhecimentos), de habilidades (procedimentos) e de valores (atitudes). Se o estudante estiver atrasado em alguma disciplina, o supervisor dá um tempo para que a tarefa seja concluída. O aluno se compromete, estuda por conta própria com orientação do professor, aprende a pensar e a encontrar respostas e soluções.

Isabela Teixeira da Costa

Publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas

 

Alerta na água

Piscina é uma deliciosa diversão, principalmente em um estado privado de praias, mas pode ser bem perigoso para crianças.

Vivemos em um estado que não tem praias e, por isso, nos viramos com piscinas e cachoeiras. A maioria dos prédios tem piscina e nem precisa ser de alto luxo. Sobrou um espaço no térreo, a construtora inclui o lazer refrescante. As construções mais luxuosas extrapolam e já constroem piscinas particulares, uma por apartamento, nas varandas. Mas se não tem piscina em casa, o que não falta são clubes bem montados para desfrutar desse lazer. Isso é ótimo, porém, o que muita gente esquece é que este objeto tão desejado, principalmente nessa época do ano, pode se transformar em um grande perigo para crianças.

Quando estava na faculdade conheci duas pessoas que passaram por problemas semelhantes. Ambas perderam os filhos, de 2 anos, afogados. Lembro do pediatra da minha filha falando para tomar cuidado, porque criança pequena se afoga em um palmo de água, porque cai de frente e os bracinhos não conseguem erguer o corpo. Outro risco grande é o de reuniões e festas em torno da piscina. Fica todo mundo distraído, conversando, a criança cai ou entra na água, ninguém percebe e, quando vê, o pior já ocorreu. Foi exatamente assim os dois acidentes. Churrasco, com várias pessoas no entorno da bendita piscina. Quando viram, não tinha mais o que fazer. Imagino o sofrimento de todos. Quando as conheci, o caso era antigo, e ainda doía muito.

Para precaver qualquer tipo de acidente desse tipo, todos os pediatras recomendam colocar as crianças na natação, o mais cedo possível. Afinal, melhor do que uma piscina para se refrescar durante o verão, é aproveitá-la com segurança e tranquilidade. Segundo Ricardo Penteado, diretor de operações do parque aquático Wet’n Wild, e responsável por treinar os salva-vidas dos maiores parques aquáticos do mundo, algumas recomendações não podem ser esquecidas pelos responsáveis quando estão com crianças perto da água.

O primeiro ponto que ele destaca é não deixar as crianças sozinhas nem que seja por um segundo, pois os pais são sempre a primeira linha de defesa para mantê-las seguras na água. Outro ponto é ler todos os avisos e seguir as regras de segurança para ficar seguro dentro e fora da água. Ricardo alerta para que o responsável evite bebida alcoólica porque poderá se distrair do pequeno e também perderá um pouco os reflexos, caso seja necessário algum tipo de socorro. Criança na piscina tem que estar sempre de boia, pode ser a de braço ou a tipo colete salva-vidas. “Se o adulto ou criança tiver pouca habilidade na água, é recomendado o uso de coletes salva-vidas. Não há do que se envergonhar. As boias de braço dão uma falsa sensação de segurança e podem esvaziar ou mesmo furar sem que ninguém perceba”, alerta.

Para ter mais segurança, o profissional ressalta a importância de verificar a profundidade da piscina antes de mergulhar ou entrar na água, e sugere evitar o mergulho de cabeça. Observar o tempo também é importante, porque se tiver sinal de raios é importante sair da piscina imediatamente. Para evitar sufocamento, a criança não deve mascar chiclete ou comer durante atividades aquáticas. Elas devem ficar nas áreas mais rasas, onde podem ficar sentadas ou em pé. Isso dá mais segurança para as crianças que não sabem nadar. Nunca ignorar as instruções de idade e altura quando tiver brinquedo aquático, pois a altura e a coordenação motora são fundamentais para a segurança em determinadas atrações. E um fator muito importante: usar protetor solar. No mais, é só divertir.

Isabela Teixeira da Costa

Crônica publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas

Cada macaco no seu galho

Não entendo por que as pessoas gostam de entrar na seara alheia. Há um motivo para existir especialidades em todas as áreas de atuação e isso deve ser respeitado.

Ilustração Quinho

Outro dia, uma amiga foi ao otorrinolaringologista olhar algumas questões de audição e problemas nasais. Procurou no site do seu plano de saúde os médicos credenciados e escolheu pela proximidade de endereço. Ficou impressionada com o consultório. O andar inteiro de uma casa, muito bem montado e com requinte.

Enquanto esperava, ela não teve como ignorar o grande painel, na parede em frente, com a descrição de todos os serviços oferecidos pelo profissional – leu tudo, claro. Ali estava uma série de procedimentos estéticos da face executados pelo referido médico (segundo informações da secretária). De acordo com o painel, ele faz aplicação de botox, preenchimento, rinoplastia, lifting e outras tantas cirurgias das quais ela nunca ouvira falar pelos nomes técnicos. Também trata de distúrbios do sono. Uma pequena placa ao lado indicava o encaminhamento para a audiometria.

Durante a consulta, o médico foi muito educado e profissional. Porém, ela não se conteve e perguntou, educadamente, se ele estava abandonando sua especialidade e se dedicando à cirurgia plástica, como indicava o painel. A resposta foi rápida, gentil, também educada e bem completa: “Não, minha função primeira é otorrino, mas sou especialista em pescoço e face. Fundamos a Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face. Faço todos os tratamentos rejuvenescedores”, explicou à paciente, mostrando algumas fotos de antes e depois de alguns tratamentos realizados por ele.

Depois de atendê-la, encaminhou-a para fazer alguns exames, entre eles audiometria. Como ela tinha visto a placa na sala de espera, perguntou se poderia fazer o procedimento ali mesmo. Foi informada pelo profissional de que o tal serviço havia sido desativado. Ou seja, o que era de sua especialidade não existia mais na clínica.

É impressionante como profissionais de outras áreas têm executado práticas de especialidades de cirurgia plástica, sem terem feito residência na área. O cirurgião plástico estuda, no mínimo, mais três anos depois da residência médica para exercer seu ofício. Mexer no rosto de alguém é bem delicado. Dermatologistas também são especialistas em tratamentos estéticos, tudo bem. O que surpreende é o fato de outras especialidades entrarem nesse ramo, como oftalmologista fazer pálpebras e otorrinos cirurgias plásticas da face. É como se o cirurgião plástico passasse a tratar problemas oculares ou do ouvido, nariz e garganta. Mas dos males o menor, pelo menos são formados em medicina.

Mesmo assim, há riscos. Outra amiga fez pálpebra com uma oftalmologista. Não deu certo, os olhos ficaram com cicatrizes bem feias, que, infelizmente, nem maquiagem consegue esconder. Mas o que é de espantar é odontologista aplicando botox e fazendo cirurgias plásticas. Por sinal, a Justiça já proibiu esse profissional de aplicar toxina botulínica e fazer preenchimentos com fins estéticos. Mesmo assim, muitos dentistas continuam oferecendo tais serviços. Pior: os pacientes concordam e depois reclamam se o resultado dá errado.

Por que as pessoas se iludem assim? Se você precisa de um eletricista vai chamar um carpinteiro ou um motorista para resolver o problema? Se está com pedra nos rins vai atrás de um cirurgião plástico? Que tal ir à fonte certa, principalmente quando a fisionomia e a saúde estão em jogo? Sinceramente, acho que o certo é cada macaco no seu galho.

Isabela Teixeira da Costa

Artigo publicado no Caderno EM Cultura do jornal Estado de Minas

Estrutura penal brasileira em discussão

Está passando da hora de olharmos com atenção para a questão da superlotação das cadeias e do sistema de correção dos detentos, que está mais do que provado ser totalmente ineficiente.

Ilustração Son Salvador

Um dos grandes problemas que vivemos é a questão do sistema penal brasileiro. Além de termos leis antigas, o sistema penitenciário não é suficiente para abrigar o número de detentos e o sistema de trabalho desenvolvido com eles não promove recuperação satisfatória para afirmar que depois de cumprida a pena, o cidadão retorna à sociedade regenerado. Infelizmente, a grande maioria volta para a marginalidade e os que tomam a decisão de levar uma vida correta, sofrem o preconceito por parte da sociedade por ser ex-detento. Se não consegue trabalho, é grande o risco de retornar ao crime.

Para discutir essas questões, Belo Horizonte vai sediar na próxima semana, a 1ª Conferência Internacional: Novos Rumos na Execução Penal, encontro que celebra os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e vai debater a efetividade das políticas públicas na redução de crimes e no tratamento dos internos durante a execução da pena. O evento é gratuito, aberto ao público e será, no auditório da Faculdade Pitágoras Cidade Acadêmica(segunda, 19, das 18h às 21h), e no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (terça, 20, das 9h às 18h). Vale ressaltar que a população carcerária no Brasil é uma das maiores do mundo e a edição mais recente do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen, 2017) indica que 89% desta população estão em unidades que registram déficit de vagas, independentemente do regime de cumprimento da pena.

A iniciativa da conferência faz parte do Pacto Universitário de Promoção aos Direitos Humanos, assinado ano passado pela Kroton, com a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, e com o Ministério da Educação. Com a parceria, a Fundação Pitágoras e as faculdades de direito do grupo irão implementar, em larga escala, ações relacionadas à promoção dos direitos humanos no âmbito do ensino.

A instituição de ensino incentiva também outras ações voltadas à comunidade carcerária, como programas de remição por meio de leitura e oferta de cursos gratuitos para melhorar a escolaridade e capacitação profissional dos presos, ou seja, o trabalho que vem sendo desenvolvido por eles oferece estudo aos detentos, e é sabido da importância da educação na transformação do ser humano. Dessa forma há uma grande chance do detento sair realmente transformado e preparado para ser reinserido na sociedade, além de ter a capacidade de conseguir colocação profissional, pois estará preparado tecnicamente. Paralelo a isso, alunos e professores das faculdades de direito do grupo oferecem atendimento gratuito à comunidade carcerária desassistida e suas famílias, o objetivo é contribuir com o aspecto social desse tema, dentro do Núcleo de Prática Jurídica Penal. O Núcleo envolverá os alunos e professores nas práticas em direitos humanos e cidadania de todo o grupo. Atualmente, essa ação alcança até 2 mil atendimentos por semestre e conta com o envolvimento de 200 estudantes dos cursos de direito, que realizam visitas técnicas aos presídios, além do suporte prestado aos familiares e na distribuição de cartilhas informativas com as regras de visitas e de segurança.

A I Conferência Internacional reunirá autoridades, juristas e pesquisadores que farão um diagnóstico sobre a situação atual dos presos brasileiros, entre eles os professores Evando Neiva e Mario Ghio, o presidente da OAB/MG, Antônio Fabrício, o ex-secretário de Segurança Pública e advogado Maurício Campos Jr., o presidente do Conselho de Criminologia e Desembargador Alexandre de Carvalho, e representantes da Defensoria Pública, do Ministério Público e da Comissão da OAB de Direito Carcerário.

Inscrições no site: www.doity.com.br/i-conferencia-internacional-novos-rumos-na-execucao-penal

Isabela Teixeira da Costa

Como vencer a preguiça após o carnaval ou A arte de procrastinar

Depois de muitos dias de feriado a tendência é ter muita preguiça para voltar à rotina e procrastinar as tarefas. Como superar isso?

Não importa se você se acabou no carnaval ou curtiu quatro dias de descanso, no marasmo. Pulou e dançou todos os dias? Se acabou e bebeu todas? Está de ressaca e com os pés cheios de bolhas? Ou ficou em casa curtindo filmes, foi para casa de campo, hotel fazenda, SPA, ou praia? Ficou só na sobra e água fresca e dormindo ao som da chuva? Seja lá como passou o feriado de carnaval o fato é que retomar a rotina depois de quatro dias parado dá uma preguiça enorme. Temos a tendência de deixar para depois atividades no trabalho que exigem mais concentração.

Mas como vencer a “preguiça” e deixar de procrastinar e nos tornarmos mais produtivos no trabalho?

O ato de deixar para amanhã tarefas difíceis e que tiram a mente da zona de conforto é algo orgânico. Ou seja, todos os seres humanos são programados biologicamente para procrastinar e isso ocorre porque o ato de deixar para depois têm haver com o medo e o medo existe desde o nascimento. Medo da tarefa não ficar boa, medo do cliente não gostar do que vamos entregar medo dos colaboradores que fazemos a gestão, medo de não ter retorno com a franquia ou com o próprio negócio, etc.

A Universidade do Colorado (EUA) divulgou recentemente que procrastinação e impulsividade podem ser agravadas por questões genéticas. Outro estudo feito pela Universidade de Carleton, no Canadá, mostra que procrastinar afeta a nossa saúde física e mental, e as pessoas que o realizam com frequência tendem a ter mais dores de cabeça e contraírem gripe mais fácil. Deixar para o dia seguinte uma atividade que pode ser feita sem interrupções pode ser algo positivo. Por isso, que procrastinar não é algo necessariamente ruim. O que a torna um hábito nocivo é o excesso dela, ou seja, quando vira rotina.

Leiza Oliveira, CEO da rede Minds Idiomas se aprofundou no tema para reduzir a procrastinação na empresa e na sua própria rotina, e descobriu cinco formas de acabar com a procrastinação no trabalho:

Combata a sua insegurança – Tem pessoas que tem medo do sucesso e não percebem. O primeiro passo para combater o “deixar para amanhã” é se observar. Vale escrever em um papel como se sente no momento em que aparece a preguiça. Dessa forma, terá refletido racionalmente sobre os seus sentimentos e fica mais fácil enfrentar as inseguranças. Outra dica é fazer terapia e conversar com amigos.

Não abuse da sua força de vontade – Desde que somos crianças ouvimos dos nossos pais e professores que com força de vontade é possível conquistar o mundo. É verdade que ela tem um papel fundamental na conquista dos objetivos, mas ela se esgota. Isso porque a força de vontade está ligada a energia cerebral e como sabemos a nossa mente fadiga após algum tempo sendo usada. O que te mantêm de pé de manhã, depois da noite mal dormida, produzindo bem e entregando resultados são os objetivos pessoais. Por isso, crie os objetivos de curto, médio e longo prazo. Comece devagar com eles. Com objetivos traçados fica mais fácil controlar a ansiedade e não se culpar quando a força de vontade acabar.

Deixe abas de aplicativos fechadas e mantenha o celular longe – Essa dica parece ser óbvia, mas é a mais difícil de conseguir praticar. Isso ocorre porque muitas profissões dependem das respostas instantâneas. Todavia, é comprovado que os seres humanos não são multitarefas e quando o fazem acabam não tendo foco e o resultado da entrega é duvidoso. Logo, avise clientes, parceiros, fornecedores e até seu chefe que nem sempre estará de olho nas telas. E caso seja algo urgente, que podem te ligar. Telefonar está cada vez mais escasso, mas em tarefas como planejar, lidar com números ou mesmo escrever um texto, se manter longe dos eletrônicos é uma lição de ouro para completá-las. Vale estabelecer uma rotina de a cada duas horas de atividade, um descanso de 20 minutos, que envolva mexer no celular e\ou tomar um café.

Coloque deadline\prazo para as suas tarefas – Vale colocar em uma planilha e acompanhar as suas tarefas diárias. Ao final do expediente terá o que executou no decorrer do dia e poderá até fazer um relatório semanal para usar como folow up ou\e enviar ao seu gestor.

Pratique Mindfulness no trabalho – Não digo para meditar todos os dias. Se você conseguir fazer isso, ótimo! Mas esse última dica tem haver com o ato de manter os cinco sentidos no presente. A mente é elástica, por mais que no começo pareça difícil colocar a audição, visão, tato, paladar e olfato no presente, a prática tornará isso em hábito. O Mindfulness traz a concentração, a concentração leva ao desenvolvimento da tarefa e à sua conclusão. Ao finalizar as suas atividades, sem procrastinar, elevará a sua satisfação mental e o seu sucesso profissional.

Isabela Teixeira da Costa – crônica publicada no jornal Estado de Minas 14/2/18, no Caderno EM Cultura

Carnaval sem prejuízo: Preservar com arte

Projeto Tapume+Arte protege patrimônio histórico de Ouro Preto durante o carnaval, com trabalho feito  pelos alunos da Fundação de Arte da cidade.

Ouro Preto é uma das cidades mais procuradas pelos foliões para brincar o carnaval. A cidade histórica recebe milhares de pessoas, a expectativa é receber 40 mil pessoas por dia. Com tanta gente nas ruas pulando e dançando, o excesso de álcool – que tira o controle e limite dos foliões – fica impossível o auto controle.

Pensando nesse aumento do fluxo de visitantes, a Fundação de Arte de Ouro Preto | FAOP, em parceria com a Prefeitura, desenvolveu um projeto muito bacana. Montaram esta semana os murais do Tapume+Arte. O projeto traz arte e segurança para o carnaval e homenageia as figuras que fazem parte da vida cultural da cidade.

Os tapumes, conhecidos por proteger e isolar áreas de construções civis, ganharam cores, tintas e desenhos de alunos, professores e funcionários da FAOP.  Eles foram instalados em quatro pontos de grande circulação de pessoas: Na Ponte dos Namorados (Rua Getúlio Vargas); na Ponte dos Contos (rua São José); no beco do Hotel Colonial (Travessa Pe. Camilo Veloso); no beco Pilão (ao lado da Câmara Municipal).

Um dos homenageados é Francisco de Paula Mendes, um dos músicos mais antigos da cidade, com 90 anos de idade e 77 de carreira,  retratado nos murais. Seu Tito, como é conhecido, permanece na ativa, é saxofonista na banda Anjo e no bloco Gatas e Gatões, que se apresenta na segunda-feira, 12. “Me sinto bem com a homenagem, sinto que estou sendo reconhecido por Ouro Preto”, comenta.

Além de Seu Tito, as artes fizeram referência aos 50 anos da FAOP, 280 anos do nascimento do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e aos 80 anos do tombamento oficial de Ouro Preto.

Os murais ficarão expostos até o fim do carnaval. O projeto teve início em 2005, durante restauração da Casa Bernardo Guimarães, sede da Fundação. O objetivo era o de promover a expressão artística e atrair a atenção para o novo centro cultural. A ação se estendeu por outras partes da cidade e em outros municípios. Desde 2007, o projeto faz parte do carnaval de Ouro Preto, com a instalação dos murais em pontos estratégicos da cidade, visando a segurança dos foliões, a proteção do patrimônio e a disseminação da arte em espaços públicos.

Belo Horizonte, que por décadas era uma cidade fantasma nessa época do ano, hoje recebe milhões de pessoas que vem brincar nas centenas de bloquinhos. Durante a semana foi possível ver prédios e praças se fecharem com tapumes e grades na tentativa de evitar depredações. Seria bem legal se artistas, alunos de artes plásticas e grafiteiros para pintarem os tapumes. A cidade ficaria bem mais bonita. Gostei dessa ideia. Vejam fotos de Mateus Meireles n galeria abixo.

Isabela Teixeira da Costa

Carnaval: o que fazer com seu pet, enquanto cai na folia?

Aplicativo oferece solução para tutores de cães que vão viajar ou pular nos bloquinhos, conectando pais e mães de cachorro a anfitriões que mantêm a rotina e cuidam do animal de estimação como em casa.

Está ansioso para pular Carnaval? Já fez a agenda dos bloquinhos para não perder um minuto sequer? Beleza. Ou é daqueles que prefere sombra e água fresca e escolheu viajar para um lugar tranquilo e quando foi ver não é permitido levar animal? Pensou o que fará com o seu pet? Ainda dá tempo de resolver o problema. A DogHero, aplicativo de hospedagem para cães, que conecta pais e mães de cachorro a anfitriões que hospedam os pets em casa.
Criada em 2014, a startup reúne mais de 15 mil anfitriões espalhados por 650 cidades brasileiras, em todos os Estados. “O que temos no mercado hoje são hotéis que oferecem serviços com preço elevado e impessoais, onde, na maioria das vezes, o cãozinho fica preso em gaiolas ou canis, sem nenhum conforto, contato com pessoas ou outros animais. Com os nossos anfitriões, o pet fica com alguém apaixonado por cachorros, como se estivesse em casa”, explica Eduardo Baer, cofundador e CEO da DogHero.
Para encontrar um anfitrião perto de casa, os pais e mães de cachorro devem acessar o site ou baixar o aplicativo. É possível marcar um pré-encontro para explicar melhor a rotina do pet e, depois, a reserva é feita diretamente pela plataforma. O tutor pode ainda deixar objetos e brinquedos do cãozinho na casa do anfitrião durante a hospedagem para que ele se sinta em casa.
Vantagens desse tipo de hospedagem:
Manutenção da rotina – Com os anfitriões está liberado dormir no sofá. Eles estão preparados para manter a rotina de passeios, alimentação, medicações e hábitos assim como em casa;
Acompanhe tudo por fotos e vídeos – os anfitriões enviam fotos e vídeos do cachorro todos os dias;
Garantia Veterinária – Caso o cãozinho fique doente, a DogHero cobre despesas com veterinário, exames e medicamentos durante a estadia (até R$ 5.000);
Economia – Por noite, os anfitriões cobram em média entre R$ 30 e R$ 80, valor até 60% mais baixo que hotéis;
Facilidade – Tudo é feito pela plataforma: você encontra os anfitriões que moram perto de casa, faz a reserva e o pagamento.
Transparência e confiança – Todas as hospedagens são avaliada pelos clientes e os depoimentos ficam publicados na íntegra na página de cada anfitrião, sem edição;
Como é feita a seleção dos anfitriões – Qualquer pessoa pode se candidatar a anfitrião DogHero. Os candidatos fazem um cadastro na plataforma e passam por um criterioso processo seletivo, que inclui prova online e análise da residência por meio de fotos. Só são aceitas pessoas apaixonadas por cachorros e que têm uma residência preparada para hospedá-los com conforto.

Perigos do uso de palito nos dentes

Usar palito de dente, além de não ser nada educado, pode causar grandes problemas aos dentes e à gengiva.

Apesar de ser totalmente abolido pela etiqueta, o palito de dente ainda é um item muito usado pelas pessoas. Infelizmente, apesar da aparência inofensiva deste utensilio, as pessoas não imaginam o que o simples uso contínuo do palito de dente, pode causar para sua saúde bucal.

Remove a camada protetora dos dentes

Palito de dente, por ser um objeto duro em contato com os dentes, pode causar uma erosão do seu esmalte dentário se utilizado frequentemente, permitindo  a entrada de bactérias.

Aumenta risco de infecções na gengiva

Como a ponta do palito é afiada, ela pode causar ferimentos na gengiva que, além de provocar dor e desconforto, vai ser uma porta aberta ara bactéria.

Aumenta os espaços entre os dentes

O movimento de fazer força entre os dentes pode acabar afastando ligeiramente, como se fosse um aparelho dentário empurrando os dentes para a direção contrária.

Provoca a queda de dentes

Quando a pessoa tem uma gengiva retraída, a base do dente pode ficar mais exposta. Chegar com o palito de dente nessas áreas pode causar fraturas ou até mesmo quebrar o dente.

Estimula o crescimento da placa bacteriana

Isso mesmo. Palitar os dentes pode causar a ação contrária a que se espera. Em vez de remover as bactérias, muitas vezes só se empurra para um canto entre os dentes ficando mais difícil de eliminar a sujeira, contribuindo para surgimento das cáries.

É sujo

Já parou para pensar que na hora que vai pegar um palito dentro do potinho geralmente saem mais de um e você coloca os outros de volta? Isso mostra as bactérias que podem ter um palitinho inofensivo e que vão parar diretamente na sua boca.

Broncoaspiração

Falando de consequências mais drásticas, a sujeira que pode ser deixada pelo palito de dente pode ser broncoaspirada, ou seja, ir para o buraco errado e parar nos pulmões.

 

Isabela Teixeira da Costa

Como prevenir o aparecimento das rugas e tratá-las

Afinal, por que as rugas se formam? Como prevenir e tratar essas alterações? Processo natural do envelhecimento da pele, as rugas são reclamações constantes.

Apesar de natural, o envelhecimento da pele e o aparecimento de rugas e linhas de expressão são vistos como um grande problema por muitos. Com isso, a busca por tratamentos rejuvenescedores e antirrugas são cada vez mais procurados. Mas, por que as rugas se formam? Segundo a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery), a face é composta por várias camadas e, em algumas áreas, a pele fica praticamente sobre os músculos. Por isso, cada vez que o músculo é contraído, o tecido acompanha fazendo curvas e dobras que conferem expressão ao rosto. “Conforme o movimento dos músculos, todas as camadas da pele encurtam e distendem às vezes formando dobras. Devido às fibras de colágeno e elastina, a pele possui a capacidade elástica de voltar ao estado original após o movimento muscular. Porém, com o envelhecimento, as propriedades físicas da pele se alteram. A quantidade e qualidade das fibras se modificam e a pele não consegue mais voltar ao estado original. Então, mesmo sem contrair os músculos as rugas ficam perceptíveis. Estas são chamadas de rugas estáticas”, explica a médica.

O principal causador do aparecimento destas rugas é a qualidade da pele, que pode ser comprometida por fatores internos como genética, características anatômicas, idade ou agentes externos como exposição ao sol, poluição, tabagismo. “Uma pele mais espessa tende a demorar mais para apresentar rugas, assim como peles mais secas têm maior tendência a rugas. Além disso, fatores como exposição solar, poluição e hidratação também influenciam no envelhecimento da pele. Os raios UVA e UVB causam lesões na pele desde a epiderme até camadas mais profundas da derme, modificando o colágeno, a elastina, a regeneração da epiderme, aparecimento de manchas, aumentando assim a predisposição ao aparecimento de rugas”, acrescenta a cirurgiã plástica.

De acordo com a médica, o melhor tratamento é a prevenção. A utilização de cremes e filtros solares de forma contínua auxilia na manutenção da qualidade da pele e na prevenção do aparecimento das rugas. “A proteção solar e a hidratação são fundamentais para o bom funcionamento de todas as estruturas. Existem cremes que promovem hidratação profunda na pele e permitem melhor funcionamento das fibras e células. Além disso, os ácidos são capazes de retirar a camada córnea, promovendo uma pele mais macia e melhorando a hidratação do tecido”, afirma.

Porém, após o aparecimento, o tratamento depende da causa e da profundidade das rugas. Por exemplo, rugas de expressão devem ser tratadas com toxina botulínica, paralisando o músculo por baixo da pele, o que significa a perda da expressão pela qual o músculo é responsável. Já as rugas estáticas, que também dependem da ação dos músculos, podem ser tratadas com a toxina botulínica, mas são necessários outros procedimentos que variam conforme a profundidade da ruga. “Rugas superficiais podem ser tratadas apenas com a hidratação da pele, existem inúmeros cosméticos que recuperam a epiderme e derme superficial. Rugas mais profundas, que podem atingir todas as camadas da derme, precisam ser tratadas com peelings mais profundos, lasers e preenchedores com ácido hialurônico. Além destes, os estimuladores de colágeno ou bioestimuladores também podem ser utilizados”, explica Beatriz Lassance.

Segundo a médica, o envelhecimento da pele também pode estar associado a flacidez dos tecidos mais profundos como músculos e ligamentos. Se for o caso, a cirurgia pode se fazer necessária. “É sempre importante lembrar que nenhuma cirurgia substitui o cuidado com a pele. Uma cirurgia facial, chamada de lifting ou ritidoplastia, promove um resultado muito melhor se a pele for bem tratada. Além disso, considero muito importante o trabalho conjunto do cirurgião plástico com o dermatologista”, completa a cirurgiã.