Aprendendo, sempre

A vida é um eterno aprendizado, enquanto vivermos, aprenderemos alguma coisa, a cada dia, em todas as áreas, e temos que buscar este aprendizado

É muito engraçado acompanhar a modernidade. As coisas chegam renovadas, com nova roupagem, novos nomes ou expressões e todos tomam aquilo como se fosse a maior novidade do século.
A vida é um eterno aprendizado. Desde que nascemos começamos a aprender as coisas e só paramos de aprender no dia que morremos. Alguns buscam mais aprendizado na academia, outros por conta própria. O fato é que sempre estaremos em busca do conhecimento, e sempre teremos muito o que aprender.
O filósofo Sócrates disse certa vez “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. O filosofo da atualidade que admiro muito, Mário Cortela – por sinal é uma pessoa que gostaria muito de sentar em uma roda e ficar ouvindo por horas – inspirado por Sócrates escreveu:
“Só sei que nada sei por completo; Só sei que nada sei que só eu saiba; Só sei que nada sei que eu não possa vir a saber; Só sei que nada sei que outra pessoa não saiba; Só sei que nada sei que eu e outra pessoa não saibamos juntos”.
Tudo isso vem mostrar que não sabemos nada, que sempre estaremos aprendendo algo. Coisa antiga.
Mas agora surgiu o lifelong learning, como a maior novidade. Você sabe o que é isso, é um lifelong learning? Segundo a CEO da Upside Gropu, Efigênia Vieira, trata-se de uma expressão que se traduz no ato de se manter uma atitude positiva para a aprendizagem tanto no contexto profissional quanto no pessoal. Novidade? Só na maneira de nominar e explicar.
Todos sabemos que o modelo de educação, que começa na escola básica e vai até a formação superior, não oferece há muito tempo o que é necessário para que uma pessoa tenha sucesso em sua vida pessoal e se mantenha competitiva no mercado de trabalho. Sempre foi assim. O que é técnico ajuda muito, mas se o aluno não se empenha, não será só frequentando escola que construirá um conteúdo de peso.
Surgiram as plataformas de ensino online como: UnCollege, Udemy, Coursera, Singularity University e MOOC’s, que são inovadoras e vêm se popularizando e fazendo cada vez mais parte de nosso cotidiano. Com o avanço da tecnologia, surgem também grupos e experiências disruptivas para a transmissão do conhecimento. Estas são ações que demonstram que é possível aprender de diversas formas.
O “Lifelong Learning” é se tornar um eterno aprendiz, compreendendo que as coisas mudam a todo tempo e que quanto mais se sabe, mais se percebe que há muito ainda a se aprender. Olha o Sócrates aí, gente! O Lifelong Learning possui uma curiosidade insaciável, um desejo enorme pelo saber, busca aprender como se fosse viver infinitamente. O seu interesse não é só por saber, mas também por experimentar, já que esta é uma das mais efetivas e divertidas maneiras para se aprender algo. Como relata o escritor Alvin Toffler (1928-2016): “Os analfabetos do século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender”.
Efigênia Vieira conta de uma entrevista de emprego, onde buscava encontrar um CFO (Chief Financial Officer). Perguntou a um profissional: “Me fale sobre você?” Ao contrário do esperado, pelo menos do que ocorre frequentemente nestas ocasiões, ele não recitou seu currículo falando sobre resultados, conquistas, capacidade de gestão, etc. Seus olhos brilharam ao descrever sobre sua última experiência ao aprender a esquiar e a criar grupos de pessoas para ensinar sobre a sua vivência. Me vi diante de um profissional que se diverte aprendendo e disseminando o aprendizado em suas múltiplas vertentes. Estava diante de uma pessoa que busca em sua rotina, e mesmo fora dela, o aprendizado e o ensinar.

Isabela Teixeira da Costa

Didática para os alunos de hoje

Existe luz no fim do túnel. Já tem escola com uma didática inovadora, fora do tradicional e bem aceita por pais e alunos.

Ilustração Lelis

O modelo de educação está passando por uma transformação no país. A proposta é transformar todas as séries do ensino médio em período integral. O currículo será dividido em duas partes, uma com disciplinas obrigatórias e outra com matérias optativas, escolhidas pelo estudante de acordo com sua área de interesse.

Toda mudança é válida – afinal, o mundo vive em transformação. Nada pode ficar parado no tempo, a questão importante é saber se essas mudanças levarão o jovem a voltar a se interessar pelas aulas. O que está na berlinda é a didática. Mexer no formato do ensino é ótimo, porém, se a didática continuar a mesma, não há resultado positivo.

Vivemos em um mundo acelerado pelas conexões virtuais. Milhares de informações chegam a cada segundo. Adolescentes se conectam a 10 fontes de informação ao mesmo tempo, no mínimo, e conseguem interagir com todas simultaneamente. Será que a pessoa acostumada com tanta agilidade consegue ficar parada por quatro horas e meia ouvindo o professor dar aula expositiva? Não. A cabeça voa longe, não se concentra. Essa preocupação ronda a educação há pelo menos uma década.

Pois o diretor da Escola da Serra, Sérgio Godinho, descobriu um novo modelo de didática, implantou-o há cinco anos e hoje comanda uma instituição-modelo em BH. Desde que assumiu a instituição, em 2003, ele criou o plano pedagógico, que é o mesmo até hoje. Sabia onde queria chegar, mas não imaginava como. O que lhe deu luz foi o livro de Rubem Alves A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.

O autor relata a história da Escola da Ponte, em Portugal, que há mais de três décadas ensina crianças de uma maneira completamente fora do padrão. O responsável pela metodologia é o professor José Pacheco, que, baseado no construtivismo, desenvolveu o modelo de sucesso, depois de muitos erros e acertos.

Sérgio foi atrás dele, conheceu a fundo o trabalho e o adaptou. Isso mesmo, porque estamos em outro país, temos outra cultura e a Escola da Serra lida com o ensino médio e a pressão para o Enem. É impressionante. Muito antes da criação das nove séries no ensino fundamental, o referido colégio já era assim. O ensino é dividido em ciclos: dois no infantil; três, de três anos cada, no ensino fundamental; e um, também de três anos, no ensino médio.

Não existe aula, mas períodos escolares por áreas afins – língua portuguesa, ciências humanas e sociais, matemática, etc. As salas, bibliotecas com mesas para quatro pessoas, recebem roteiros dos professores e os estudantes fazem pesquisa para desenvolvê-los. A pesquisa pode ser feita nos livros ou em tablets, que ficam à disposição. O silêncio é total. Se começa a ficar barulhento, os professores, sempre à disposição para esclarecer dúvidas, simplesmente levantam a mão e o silêncio volta. É proibido o uso do celular no período escolar, mas a liberdade é total.

No início do ano, é feito o diagnóstico de cada estudante para saber como é seu ritmo de aprendizagem. Cada aluno escolhe um professor como seu tutor, com quem terá reuniões semanais. Prova? Só de matemática. Livro didático de propriedade do aluno? Só o de línguas (inglês ou espanhol), únicas disciplinas com aulas “formais”. Todos os estudantes têm que fazer alguma atividade artística: teatro, dança, artes visuais ou música.

A avaliação se dá para verificar a evolução do aluno com base no acompanhamento diário de seu progresso Esse processo contempla os três campos da cognição ligados à formação de competências: o desenvolvimento de conceitos (conhecimentos), de habilidades (procedimentos) e de valores (atitudes). Se o estudante estiver atrasado em alguma disciplina, o supervisor dá um tempo para que a tarefa seja concluída. O aluno se compromete, estuda por conta própria com orientação do professor, aprende a pensar e a encontrar respostas e soluções.

Isabela Teixeira da Costa

Publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas

 

Colônia de tecnologia é boa pedida para férias escolares

Nem só de brincadeira é feita as férias. Uma boa maneira de passar os dias de folga é divertir e aprender mais sobre o que as crianças mais gostam: tecnologia.

Por Rafaela Matos

O período de férias escolares se aproxima, época de passear, brincar, sair da rotina e, porque não, aprender? As colônias de tecnologia trazem oportunidades para as crianças adquirirem conhecimentos fora de sua zona de conforto, de uma maneira bem imersiva e com o ensino de habilidades fundamentais para seu futuro. E o recesso escolar pode ser ideal para esse aprendizado, porque os pequenos querem algo prazeroso para seus dias de descanso.

As mudanças tecnológicas têm transformado as oportunidades de carreira e mudado o futuro. Especialistas sugerem que cerca de 65% das crianças de hoje, quando se tornarem adultas, exercerão carreiras ainda inexistentes. É essencial equipar as crianças com a programação e novas capacitações agora, aproveitando que são naturalmente curiosas e aprendem de maneira muito mais rápida.

Durante o período letivo, as escolas não conseguem explorar diversas atividades extracurriculares. Por isso devemos despertar o interesse das crianças com tarefas completamente novas, que envolvam o domínio da tecnologia, criatividade e raciocínio lógico, buscando o entusiasmo com a oportunidade de fazer algo novo e, assim, descobrindo novas aptidões. Investir em programas de colônias de férias pode ser uma opção, pois são livres de distrações e é possível focar no encorajamento desses novos interesses. Dentre seus benefícios, podemos citar:

1- Aprendizado por meio de jogos: essas colônias são ideais para as crianças que demonstram interesse e curiosidade de saber mais sobre o mundo da programação. É a oportunidade de ter um primeiro contato com a tecnologia e inovação, e por meio dos seus jogos favoritos, elas podem entender como funciona o processo de programação, desenvolver uma facilidade de aprendizado e organização de pensamentos, aperfeiçoando a escrita, trabalhar em equipe, entre outros benefícios;

2- Benefícios das atividades unplugged: esse aprendizado valioso não está apenas na programação, mas em habilidades humanas que computadores não podem replicar, como a empatia e a resolução de problemas. As colônias também ensinam conceitos de ciências da computação fora do computador. A ideia, porém, não é eliminar a tecnologia, mas mostrar para as crianças que o computador é bom e deve ser usado, porém existem atividades relacionados a tecnologia, tão divertidas quanto, fora das telas;

3- Conhecimento por meio da socialização: ao longo do aprendizado, a socialização é o maior resultado obtido. É possível conviver e trabalhar com crianças que têm os mesmos interesses. A facilidade de se relacionar estimula novas amizades com confiança e independência, em atividades criadas para realmente exploram a criatividade, livre de julgamento, sem o medo de falhas, e com um acompanhamento pedagógico suportando todo esse processo.

As colônias também permitem a prática de regras de convivência. O ambiente é estruturado para que as crianças comportem de modo socialmente adequado no ambiente escolar, tratando com respeito os professores e colegas. São transmitidas normas que ajudarão a criança a aprender a conviver com os outros, respeitando e se integrando à sociedade, seja na família, na escola ou com os seus amigos. São atitudes importantes para que o seu filho seja um adulto feliz e saiba se relacionar com os outros de forma saudável e positiva.

Ainda que seja uma novidade no país, assim como o ensino de programação para crianças, as colônias de férias têm potencial para que gradualmente sejam adotadas pelas instituições de educação, que vêm desempenhando um papel importante de inovação e certificando que seus programas ajudem a desenvolver essas capacidades tão importantes. E aí, o que acha de investir nesse tipo de programa para as férias?