Ajudar o próximo faz bem ao corpo

Pesquisas e estudos comprovam que ajudar o próximo e exercer trabalho voluntário faz bem ao corpo e gera bem-estar.

Ilustração Son Salvador

Foi fundado em Belo Horizonte, no final do ano passado, o Hub Social, uma incubadora de projetos sociais. Para quem não está familiarizado com o termo, é um espaço de integração social que reúne pessoas que acredita no empreendedorismo como meio para transformações sociais e econômicas. A equipe da incubadora estimula e a ajuda na organização de programas sociais e ONGs, por meio de treinamentos e capacitação, com pessoal qualificado através de parcerias.
O fundador é o jovem Daniel Gonzales que já está com parceria formada com a Fundação Dom Cabral que ficará responsável pelo programa de aceleração e incubação, eventos, treinamentos de desenvolvimento humano e empresarial. Abriram inscrições para as instituições que desejavam participar do programa de treinamento neste ano e deu “over book”, uma vez que só tem 40 vagas e foram mais de 100 inscritos.
Como sou coordenadora do programa de responsabilidade social dos Diários Associados em Minas, a Jornada Solidária Estado de Minas, primeiro programa social de empresa privada fundado no país, em 1963, fui convidada para compor uma das bancas de seleção. Fiquei impressionada com os projetos que se apresentaram, vários eu já conhecia, mas percebi o quanto as pessoas que trabalham com o terceiro setor ainda precisam de ajuda.
Porém, uma coisa me chamou muito a atenção foi o fato de todos citarem uma coisa: a dificuldade de se conseguir voluntários para ajudar no trabalho, sejam eles com conhecimento técnico ou não. Sinceramente, tive que concordar. Uma das colegas de banca certa hora disse que a pessoa não estava sabendo procurar voluntários no lugar certo. Vou pegar o contato dela, com a equipe do Hub Social, para ela me passar o caminho das pedras, porque esse endereço de voluntários vale ouro.
A Jornada Solidária precisa de voluntários, mas não aqueles esporádicos. Esses, graças a Deus conseguimos sempre, mas os voluntários que se dedicam com dia e horário marcado, semanalmente. Não aparecem. Quando surge alguém, em poucas semanas some e ficamos a ver navios. As creches pedem aos pais dos alunos ajuda para qualquer serviço, e eles querem trocar por cestas básicas, ou seja, não é ajuda e sim serviço remunerado.
O psicólogo e mestre em educação Celso Braga diz que “o princípio da felicidade está associado à inserção da pessoa em situações para além de si mesma, ou seja, a felicidade existe de forma social, em relação com o outro”. Ele realizou uma pesquisa, quando estava fazendo mestrado, que apontou um aumento de satisfação e prazer associado nos entrevistados que estavam associados à prática de atitudes colaborativas. Prova de que quem faz trabalho voluntário é mais feliz.
Em consequencia do resultados de seus estudos, Celso criou um projeto estratégico chamado A Jornada Ôntica – uma perspectiva sustentável para o mundo através das organizações. A teoria foi apresentada a cinco universidades americanas e gerou um livro com o mesmo nome, que descreve o modelo de contribuição social. Criaram também a marca 36,5°, onde as pessoas de sua empresa entregam trabalhos sociais dentro de sua especialidade e que produz um maior engajamento e níveis de significado para seu trabalho como algo maior. Como resultado, obtém-se níveis de alegria e satisfação das pessoas de tal modo que para além de si mesmas – transcendentalmente – podem perceber sua contribuição como algo que as torna mais relevantes como pessoas.
Estão aí boas razões para se inserir em trabalhos voluntários, o que não faltam são boas opções de iniciativas sérias que precisam de ajuda.
Isabela Teixeira da Costa

Coluna publicada no Caderno Em Cultura do Estado de Minas

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