Brincadeiras que ajudam a identificar dislexia

Márcia Guimarães / Divulgação
Márcia Guimarães / Divulgação

A dislexia é mais comum do que se imagina.

Nos Estados Unidos, as escolas estão mais preparadas para identificar o problema nos alunos, mas aqui no Brasil, inúmeras crianças seguem a vida enfrentam preconceito e bulling, e se viram da forma que podem vida a fora, sem saber que têm dislexia. 4% da população brasileira sofrem com a doença, conforme uma pesquisa do Instituto ABCD.

Quem tem feito um trabalho excelente em Minas Gerais e que já espalhou pelo país, sobre dislexia é a média e pesquisadora Márcia Guimarães, do Hospital de Olhos. Ela trabalha com a Síndrome de Irlen (S.I.), uma alteração visuoperceptual, causada por um desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz que produz alterações no córtex visual e déficits na leitura.

A S.I. provoca distorções visuais na hora da leitura. A letra fica tremida, ou embaçada, sai da linha, ou ainda fica em aspiral, entre outros efeitos visuais, tornando quase impossível a leitura. Márcia Guimarães desenvolveu uma técnica que com uma simples lâmina, com cores diferentes, é possível corrigir as distorções que a pessoa tem na hora da leitura, quando ela sofre da S.I..

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Sheila Leal / Divulgação

Com mais de 15 anos de atuação profissional nas áreas clínica e pedagógica, a especialista em dislexia Sheila Leal é idealizadora do Projeto Filhos Brilhantes, que produz conteúdo especializado em desenvolvimento infantil. “Este transtorno de aprendizagem não tem cura, mas quanto mais cedo for detectado, melhor poderá ser trabalhado pelos estímulos corretos, que vão diminuir os reflexos no processo escolar. Existem vários tipos e graus de dislexia”, explica, lembrando que é possível dar um diagnóstico após dois anos do início do processo de alfabetização.

A especialista alerta que a aquisição tardia da fala, dificuldades motoras e de memorização das cores, por exemplo, são elementos a serem observados até mesmo antes do processo de alfabetização. “Problemas em guardar o nome dos objetos e dificuldade em aprender a cantar músicas reforçam algumas suspeitas”, destaca, alertando que o diagnóstico completo só é possível com uma equipe multidisciplinar, que inclui neuropediatra, fonoaudiólogo, neuropsicólogo e psicopedagogo. “A forma ideal de encarar a dislexia é identificar as potencialidades da criança, para valorizar o que é positivo”, explica Sheila, que lista cinco brincadeiras que podem ser utilizadas para identificar uma possível dislexia.

1- Cante

Os pais devem começar a cantar para que seus filhos completem a música, especialmente com crianças de 4 a 5 anos. “Observe se seu filho sempre pedirá auxílio ou se chegará a completar a música sozinho”, explica.

2-Brinque com números

Crianças de 4 a 5 anos devem ser capazes de contar até cinco. “Conte os objetos da casa ou faça bolinhas de massinha, mostrando com os dedos”, indica a fonoaudióloga. Ela explica que é preciso observar se a memorização ocorre com facilidade, especialmente quando é sobre a idade da criança.

dislexia23-Desenhe

Sheila ensina que uma das brincadeiras mais importantes na infância é o ato de desenhar. A coordenação motora e o esquema corporal podem ser identificados e trabalhados através de um simples desenho. “Desenhe no chão, no papel kraft ou na cartolina, por exemplo, pois desenhos grandes permitem a exploração do papel”, explica. “Observe se a criança tem dificuldade em pegar o giz, canetinha ou lápis”. A especialista sugere que os pais brinquem de adivinhar desenhos, e verifiquem se os filhos se recusam a desenhar ou não sabem fazer objetos simples, como quadrados ou círculos. Fique atento se a criança com 4 anos ainda tem dificuldades para executar esses movimentos solicitados.

4-Brinque de forca

Com filhos de 6 a 8 anos brinque do jogo de forca. “Ao pensar em uma palavra e oferecer uma dica simples para a criança, ela terá que pensar nas letras para descobrir”, explica. Para a especialista, é preciso prestar atenção na forma como a criança resolve o problema. “Observe se ele sempre repete a mesma letra ou se fica chutando qualquer palavra”.

5-Brinque de rima

Dentre as músicas infantis mais comuns, quase todas possuem rimas. Os pais devem cantar e promover que os filhos de 6 a 8 anos completem com rimas. A fonoaudióloga destaca que nesta idade as crianças devem ter noção de como rimar.

Alerta

Além das brincadeiras, uma prática importante para verificar como está o desenvolvimento das crianças de na faixa dos 6 aos 8 anos é fazer uma lista de supermercado com os itens que devem ser comprados – mesmo que seja apenas em forma de desenhos ou as letras iniciais – e que depois as compras sejam feitas em conjunto. “Peça que seu filho te ajude a encontrar os itens da lista”, orienta a fonoaudióloga.

Não rotulem os filhos, nem com o diagnóstico dos profissionais, jamais chame-os de preguiçosos ou outro adjetivo semelhante. Ao fazer isso, o sentimento negativo é enraizado, afetando a autoestima e prejudicando ainda mais o processo de leitura e escrita.

Quando o empresário dá valor ao hábito de leitura

Ler faz toda a diferença na vida de uma pessoa, um dos que defende isso é o empresário Lúcio Costa, da Suggar.

Lúcio Costa / Foto Marcos Vieira
Lúcio Costa Foto Marcos Vieira

A história de vida de Lúcio, fundador da Cook cozinha e ambiente e Suggar Eletrodomésticos, é inspiradora. Começou ainda menino pobre catando tampinhas e sucatas, no Bairro de Santa Efigênia, e vendendo para um velho que passava na porta de sua casa, e que depois revendia para um ferro velho. Muito esperto, decidiu seguir o tal senhor, descobriu onde era o ferro velho e “furou” o atravessador, passando a vender direto.

Perdeu seu pai quando tinha 12 anos. Viu sua mãe viúva aos 29 anos com cinco filhos, sendo ele o mais velho. Sentiu-se na obrigação de ajudar. Foi vender balas no Circo Garcia que ficava na Rua Niquelina. Sua atitude simpática, despachada e a forma gentil de tratar os clientes despertou o interesse do proprietário da Mobiliadora do Lar que o convidou para trabalhar na empresa. Começou como office-boy e chegou a vendedor.

Tornou-se o melhor vendedor, mudou de empresa, bateu metas e foi trabalhar na GE. Virou gerente regional do Sul do país. Formou-se em administração, fez curso de gestão da Fundação Dom Cabral e em outras mais. Mas queria alçar vôos maiores e voltar para Minas. Começou a trabalhar junto com um arquiteto com cozinha planejada. Um trailler era sua loja. Foi sucesso, mas sentiu que faltava um exaustor que funcionasse de verdade. E foi aí que surgiu o Suggar da Suggar.

De lá para cá todos já conhecem o que virou a empresa. Lúcio foi um grande empreendedor. Ele elenca algumas qualidades fundamentais para ser um empreendedor: iniciativa, trabalho, firmeza, perseverança, coragem, decisão, segurança, otimismo, atitude de respeito humano, criatividade, capacidade de direção, foco, organização, inovação e hábito de leitura.

É neste ponto que quero me ater. Lúcio Costa é um leitor voraz e ressalta a importância da leitura para se ter sucesso em tudo na vida. “O hábito de leitura amplia nossa mente, nos dá cultura, nos ensina a falar, a escrever, aumenta nossa criatividade, imaginação e conhecimento. Leio diariamente. Sem leitura o homem não cresce”.

A prova de isso ser um lema para sua vida é que em 2003 ele inaugurou em sua empresa a biblioteca Eduardo Almeida Reis. São quase 7 mil livros e mais 142 itens na midiateca. A média mensal de empréstimos é de 54. O funcionário faz seu cadastro na biblioteca com o número de matrícula, e pode escolher até três livros para ler ou levar para os filhos. Tem um prazo de um mês para devolver e se precisar pode renovar.

A empresa faz várias campanhas como: incentivo à leitura, empréstimos de livros  para os filhos dos funcionários, cadastramento para o Enem, divulgação de novos livros que compram ou recebem de doação.  Na biblioteca, além de ler e estudar os funcionários podem fazer pesquisas na internet. Lúcio é presença constante no local e sempre faz indicação de livros para seus colaboradores que não o deixam sem respostas, mandam feed back dizendo se gostaram do livro.

Para quem quer ser um empreendedor Lúcio Costa indica três livros: A lei do triunfo, de Napoleon Hill; Dom Quixote, de Miguel de Cervantes e Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie.

Ver pessoas assim, que investem em educação e cultura, que incentivam seus colaboradores, é inspirador. Temos que divulgar para que sirva de exemplo.

Isabela Teixeira da Costa

A língua portuguesa está indo para as cucuias

letrasExcesso do uso de mensagens digitais leva jovens a desaprender a língua portuguesa.

Sou gerente de Comunicação Interna dos Diários Associados em Minas. Há alguns anos, desenvolvemos um projeto com escolas e precisei selecionar alguns jovens para trabalhar na área. Entre os diversos testes necessários para a seleção pedi ao RH que incluísse uma redação jornalística sobre um tema sugerido por mim.

Para esta fase final ficaram oito candidatos, e coube a mim ler as referidas “matérias” redigidas por eles. Suplício foi pouco perto do que passei. A primeira dificuldade foi entender a letra. Perdia feio para a de médico, para falar a verdade, se devolvesse para cada um e pedisse leitura, acredito que nem eles mesmos conseguiriam tal façanha. A segunda foi com a pontuação; e a terceira, com os erros de português. Sinceramente, foi difícil escolher a menos ruim.

Estruturação de texto, poucos fizeram. Isso tudo é culpa do estilo de vida. Ninguém mais escreve, só tecla. A maioria em WhatsApp e Twitter, que é tudo abreviado, com linguagem própria e simbologia. Até nos e-mails e nas redes sociais já usamos abreviações.

Em 2011, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) lançou um livro para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) defendendo a linguagem popular. Foi o maior escândalo. A mídia e outro tanto de gente cairam em cima falando mal. Outros defenderam, até que aos poucos, como tudo neste país, a polêmica se calou. Em um capítulo, os autores diziam que não tem problema falar errado, como se fala informalmente.

livromecVejam um trecho do livro:

“Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado.

Você acha que o autor dessa frase se refere a um livro ou a mais de um livro? Vejamos: o fato de haver a palavra os (plural) indica que se trata de mais de um livro. Na variedade popular, basta que esse primeiro termo esteja no plural para indicar mais de um referente.”

E continuam dizendo que é claro que uma pessoa pode falar ‘os livro’, mas ressaltam que dependendo da situação ela poderá sofrer bullying linguístico. Também exemplificam com outro exemplo: “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”, porque todo mundo entende. Entender entende, mas está errado!!!!

Não quero ser purista, porém não posso concordar com o assassinato da nossa língua. Não aguento mais conversar com profissionais, inclusive da área de comunicação que não conjugam tempo verbal correto. Nem mesmo plural! Socorro! Informalidade tem limite. O profissional está em seu ambiente de trabalho, na área de comunicação de uma empresa e fala tudo errado. Dá para aceitar???

Entendo que existe no país uma diversidade sócio-cultural-regional que faz com que pessoas falem de formas diferentes, por regionalismo ou por falta de oportunidade de frequentar uma escola e aprender a língua portuguesa básica. Claro que a comunicação é possível entre todas as pessoas, mas não podemos dizer que o uso da língua esteja correto.

A partir do momento que o órgão máximo da educação do país, publica um livro respaldando esses erros, a chance de aprendizado e ensino está fadada ao fracasso. Essas pessoas que falam errado vão querer se esforçar em aprender, se o livro diz que estão corretas? Duvido.

Para deixar claro que não vai aqui nenhum preconceito, exemplifico de outra forma: quando chega ao país um estrangeiro para se estabelecer aqui, seja ele de qual nacionalidade e nível econômico for, começa a aprender o português. No início, vai falando tudo errado, e todo brasileiro que conviver com ele vai corrigindo sua pronuncia até que aprenda a língua. Ninguém ignora a fala errada, mesmo entendendo o que ele diz.

Conheço uma moça russa que conheceu o filho de uma grande amiga, quando ambos faziam um curso na França. Apaixonaram-se e hoje, moram no Brasil. Quando ela chegou aqui, em menos de quatro meses já falava português. Dedicou-se tanto, que hoje fala melhor do que muito brasileiro.

Me desculpem os compatriotas, mas ela está certa. Salve a língua portuguesa!

Isabela Teixeira da Costa

Para casa, o terror dos pais

Foto flickr.com
Foto flickr.com

Escolas extrapolam e mandam para casa que alunos não conseguem fazer sozinhos.

Há algum tempo, tenho acompanhado os casos de uma sobrinha às voltas com os para casa de sua filha. Como é muito engraçada, ouvia as histórias e ria muito. Em alguns momentos, chegava a pensar como ela podia reclamar. Afinal, mãe é para isso também, ajudar os filhos nas tarefas escolares.

Com o tempo, fui prestando mais atenção nos relatos e percebendo que ela tinha certa razão. O colégio manda uma criança de 6 anos fazer uma pesquisa sobre determinado assunto. O aluno está aprendendo a ler, não sabe usar a ferramentas de persquisa na internet. Mesmo que existisse enciclopédia em casa – já caiu em desuso – ela não saberia procurar. Resumo: esse para casa foi para a criança ou para seus pais?

O que o aluno estará aprendendo com essa tarefa, uma vez que ele não a executou? E por que dar uma atividade para os pais, que já são sobrecarregados de afazeres e poderiam aproveitar este tempo com o filho brincando, em vez de despertar neles a raiva de fazer um para casa, uma vez que já saíram da escola?

Saí para jantar com um grupo de amigos. No meio da conversa surgiu o mesmo assunto. O pai estava de mau humor porque ajudava o filho, de 6 anos, a fazer um para casa de seis folhas.

Pensei que não tinha escutado direito, perguntei para confirmar. O menino, de apenas 6 anos, tinha uma folha de para casa para cada ano de vida. Tudo para o dia seguinte. A mesa inteira ficou chocada.

As mães começaram a palpitar. Uma delas citou uma questão que veio em uma recente atividade de seu filho, que é poucos anos mais velho que o outro. Algo sobre elemento faltoso. Ou isso é novo na escola ou perdi essa aula. Nunca ouvi falar sobre isso (procurei no Google e não achei), ela também não. Engraçada que só, disse para o filho: “Elemento faltoso é o seu pai, ponto!”. (O pai em questão já morreu.)

Piadas à parte e sem querer chocar ninguém, o fato é que muitas das coisas que os filhos estudam hoje os pais não sabem mais, ou nunca souberam, porque entraram há pouco no “cardápio” do conhecimento. E não cabe a nós, pais, estudarmos, e sim aos filhos. Eles são os alunos. Os exercícios devem vir de forma que eles tenham capacidade de executar sozinhos. Próprios para cada idade.

Sempre estudei sozinha. Minha mãe me socorria quando tomava recuperação. Sempre em geografia e história, fato recorrente, porque sempre dormia sobre os livros quando estudava para as provas. Aí, na recuperação ela estudava comigo para me manter alerta.

Pergunto: O que passa na cabeça da pedagogia moderna para fazer esse tipo de coisa? Será que não percebem que não adianta muita coisa para a criança? Que ela não aprende por osmose?

Acredito que as escolas têm que exigir dos alunos – dos alunos, e não dos pais. O mundo está competitivo e a moçada está cada vez mais empurrando com a barriga. O desrespeito em sala de aula é grande e o desafio do professor é fazer com que o estudante se interesse pelo aprendizado desde pequeno. Fazer com que larguem o celular para prestar atenção na disciplina deve ser o objetivo principal de todo mestre. Acredito que o professor que conseguir desenvolver uma didática moderna, que desperte o interesse na geração Z de aprender dentro de uma sala de aula, terá grande chance de ganhar o Prêmio Nobel de Educação.

Isabela Teixeira da Costa