The Oscar goes to…

Hoje é noite de entrega do Oscar, a premiação mais cobiçada no mundo do cinema, com bons filmes e artistas na disputa

Ir ao cinema sempre foi um dos programas preferidos da maioria das pessoas. Mesmo quem não gosta muito de sair de casa para ir às salas, gostam de acompanhar os filmes no conforto de suas casas. E quando se aproxima do Oscar, premiação máxima do cinema mundial, parece que os amantes da sétima arte aproveitam para fazer via sacra e assistir a todos os filmes que concorrem em alguma indicação. Nas rodas a conversa acaba girando em torno do assunto e cada um dá sua opinião. Amanhã é dia de Oscar, e apesar da festa ser longa e muita gente não conseguir acompanhar a entrega até o fim, com certeza, pelo menos um pedaço da cerimônia, assiste.
Esta foi mais uma área que sofreu e vem sofrendo muitas mudanças com o avanço da tecnologia. Quando era mais nova o programa de fim de semana era ir ao cinema e depois sair para tomar um sorvete. As salas eram gigantescas e ainda tinha a vantagem de poder ficar de uma sessão para outra, o que facilitava em caso de perder o inicinho do filme, ou mesmo se quisesse repetir a dose por ter gostado muito. Hoje, as salas são bem menores, com som de alta tecnologia e ar condicionado que dá pneumonia em qualquer um. As filas para comprar ingressos são gigantescas, e apesar de ter a facilidade da compra antecipada pela internet, é preciso fazer atroca do voucher na bilheteria. O cinema foi perdendo público então criaram as salas vips com cadeiras reclináveis, que quase se transformam em cama, e mesinhas, possibilitando comer e beber, com cardápio gastronômico, com mairo conforto e serviço de garçom. Tudo na briga pela audiência, depois do crescimento dos serviços de stream lançados na internet, alguns com um cardápio de filmes de primeira.
É o caso da Netflix, que surgiu em 1997, e hoje tem mais de 160 milhões de assinantes, ocupando lugar de destaque no mundo. Inclusive as smart tvs mais modernas usam como atrativo de venda já oferecer o Netflix. A apesar do preconceito da Academia, a programação exclusiva da Netflix alcançou tamanha qualidade, que este ano são oito filmes da provedora indicados à estatueta em 24 categorias. Se conseguirão vencer são outros quinhentos, mas muitos deles merecem. O Irlandês está cotadíssimo para vencer como melhor filme, o prêmio mais cobiçado da noite, apesar de um elenco de primeira, muita gente me disse que é monótono. História de um casamento – ainda não assisti – é outro que tem recebido inúmeros elogios. Apesar de não ter sido indicado para melhor filme, Os dois Papas, do brasileiro Fernando Meireles, e é excelente, de uma riqueza e delicadeza que emociona a todos. Por sinal, os atores Anthony Hopkins e Jonathan Pryce merecem ganhar o Oscar de melhor ator e melhor ator coadjuvante de tão perfeitos. A animação Klaus, é outro destaque.
Já no circuito aberto são inúmeros títulos, não assisti todos, por sinal, vi uma minoria. Tenho uma amiga que acompanha de perto o mundo do cinema. Assiste todos os filmes, é daquelas que sempre dá ótimas dicas do que assistir, está up to date, pode se dizer assim. Ela conseguiu ver todos, claro, não seria diferente, e gostou mais do sul coreano Parasita. Apesar disso ela acredita que 1917 – que é bom e muito bem feito –, vai levar a estatueta porque levou o prêmio do Sindicato dos Produtores. Me surpreendi com O Escandalo. Não gostei muito do filme, por sinal, até a metade do filme achei um pouco chato, depois fica bom, mas vale a pena pela excelente interpretação de Charlize Theron. Graças a Deus não entrou na disputa de melhor filme, temia isso por causa do tema e da campanha das celebridades #MeToo.
Vamos na torcida para ver se os ganhadores vão agradar a maioria do público, mas pelo que vi e ouvi, a lista este ano está melhor que a de 2019 e bem superior a de 2018. O leque se abriu com as novas produções.

Isabela Teixeira da Costa

Cinema em pauta

Filme Corpo Elétrico Foto divulgação

11ª Mostra CineBH e 8º Brasil CineMundi promovem o diálogo entre culturas, enfoca o mercado e a coprodução internacional.

Belo Horizonte recebe, de 22 e 27 de agosto, a 11ª Mostra CineBH e 8º Brasil CineMundi – principal encontro de coprodução internacional no país. O evento conta com programação gratuita e ocupa oito espaços da capital mineira. Serão exibidos ao todo 101 filmes nacionais e internacionais, em pré-estreias e retrospectivas. Nesta edição, estarão em destaque filmes urgentes, clássicos na praça e retrospectiva do crítico, ator e cineasta francês Pierre Léon. Confirmaram presença na Mostra CineBH 25 convidados internacionais da indústria audiovisual de 13 países para encontros de coprodução e negócios com o cinema brasileiro.

A abertura oficial do evento será no dia 22 de agosto, às 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec, com pré-estreia do filme “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano. Serão exibidos, ao todo, 101 filmes nacionais e internacionais, em pré-estreias e retrospectivas, de 16 países. A programação envolverá oito espaços de BH: Fundação Clóvis Salgado, Teatro Sesiminas, Sesi Museu de Artes e Ofícios, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, MIS Cine Santa Tereza, Cine 104 e, ainda a  inédita montagem de um cinema ao ar livre na Praça da Estação. Serão seis dias de programação intensa e gratuita.

Pré-estreias

A Mostra Contemporânea se completa com títulos de grande repercussão internacional, em pré-estreias nas telas brasileiras, com grande destaque ao cinema asiático. Do continente, vêm Three (Hong Kong), de Johnnie To; The Mole Song: Hong Kong Capriccio(Japão), de Takashi Miike; Bangkok Nites (Japão/Tailândia), de Katsuya Tomita; e Uma Noiva de Shangai (Argentina/China), de Mauro Andrizzi. Completando os internacionais estão Taste of Cement (Líbano/Síria), de Ziad Kalthoum; e Luz Obscura (Portugal), de Susana de Sousa Dias. Entre os brasileiros, estão na programação as pré-estreias As Duas Irenes, de Fábio Meire; e Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano.

No grande cinema ao ar livre que será montado na Praça da Estação serão exibidos filmes que marcaram época (veja a relação completa de todo o evento, a seguir).

No dia 27, no encerramento do Brasil CineMundi, às 19h30, no Teatro Sesiminas, o júri (composto por três profissionais da área) anunciará o melhor projeto de longa brasileiro em fase de desenvolvimento da categoria CineMundi.

RELAÇÃO DOS FILMES EM EXIBIÇÃO

 

Longas

Pierre Leon Foto Stéphane Duss

Mostra Cidade em Movimento

  • DA LONA AO PAI TOMAS: A HISTÓRIA DO CABANA CONTADA POR SEUS PRIMEIROS MORADORES, de Marcus Vieira (Minas Gerais) – 2016
  • O SOM QUE VEM DAS RUAS 3 – WORK IN PROGRESS, de Bruno Figueiredo (Minas Gerais) – 2017
  • PRETO VELHO NA LAGOINHA, de Célio Dutra (Minas Gerais) – 2016

Diálogos históricos

  • AS AVENTURAS AMORASAS DE UM PADEIRO, de Waldir Onofre (Rio de Janeiro) – 1975
  • HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA, de Fernanda Pessoa (São Paulo) – 2017
  • O CAMINHÃO, de Marguerite Duras (França) – 1977
  • O PECADO DE CLUNY BROWN, de Ernst Lubitsch (Estados Unidos) – 1946
  • UM GRANDE MERGULHO, de Jack Hazan (Reino Unido) – 1974

Mostra retrospectiva Pierre Léon

  • A FRANÇA, de Pierre Léon (França) – 2007
  • BIETTE, de Pierre Léon (França) – 2010
  • DOIS RÉMI, DOIS, de Pierre Léon (França) – 2015
  • DUAS DAMAS SÉRIAS, de Pierre Léon (França) – 1998
  • GUILLAUME E OS SORTILÉGIOS, de Pierre Léon (França) – 2007
  • LI PER LI, de Pierre Léon (França) – 1994
  • NISSIN DIT MAX, de Pierre Léon (França) – 2003
  • O ADOLESCENTE, de Pierre Léon (França) – 2001
  • O IDIOTA, de Pierre Léon (França) – 2008
  • OUTUBRO, de Pierre Léon (França) – 2006
  • PHANTOM POWER, de Pierre Léon (França, Rússia-Portugal-Áustria) – 2014
  • POR EXEMPLO, ELECTRA, de Jeanne Balibar, Pierre Léon (França) – 2012
  • TIO VANIA, de Pierre Léon (França) – 1997

Mostra clássicos na Praça

  • BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDRÓIDES, de Ridley Scott (Estados Unidos) – 1992
  • ELES VIVEM, de John Carpenter (Estados Unidos) – 1998
  • E.T. – O EXTRATERRESTRE, de Steven Spielberg (Estados Unidos) – 1982
  • JANELA INDISCRETA, de Alfred Hitchcock (Estados Unidos) – 1954
  • MÁGICO DE OZ, de Victor Fleming, Richard Thorpe, King Vidor (Estados Unidos) – 1939
  • O GAROTO, de Charlie Chaplin (Estados Unidos) – 1921
  • O MENINO MALUQUINHO, de Helvécio Ratton (Minas Gerais) – 1995

Mostra contemporânea

  • A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA, de Rama Thiaw (Senegal) – 2016
  • AS DUAS IRENES, de Fabio Meira (São Paulo,Goiânia) – 2017
  • BANGKOK NITES, de Katsuya Tomita (Japão, França, Tailândia) – 2016
  • CORPO ELÉTRICO, de Marcelo Caetano (São Paulo) – 2017
  • LUZ OBSCURA, de Susana de Sousa Dias (Portugal) – 2017
  • MALES SEM TERRA, de João Arthur (Rio de Janeiro) – 2016
  • TASTE OF CEMENTE, de Ziad Kalthoum (Alemanha, Líbano, Síria, Emirados Árabes, Qatar) – 2017
  • THE MOLE SONG: HONG KONG CARPACCIO, de Miike Takashi (Japão) – 2016
  • THREE, de Johnnie To (China) – 2016
  • UMA NOVIA DE SHANGAI, de Mauro Andrizzi (Argentina,China) – 2016
  • VIDEOGRAMAS DE UMA REVOLUÇÃO, de Harun Farocki, Andrei Ujica (Alemanha) – 1992

Mostra contemporânea – Work in Progress

  • OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, de Julia Murat e co-direção de Miguel Antunes Ramos (Rio de Janeiro) – 2017

Sessão especial – 50 anos Terra em Transe

  • TERRA EM TRANSE, de Glauber Rocha (Rio de Janeiro) – 1967

Sessão Cine-Escola

  • ÚLTIMAS CONVERSAS, de Eduardo Coutinho (Rio de Janeiro) – 2015

Mostrinha

  • A FAMÍLIA DIONTI, de Alan Minas (Rio de Janeiro) – 2015

 

CineBH 2016 Foto Leo Lara/Universo Producao

Média

Mostra retrospectiva Pierre Léon

  • O ASSOMBRO, de Pierre Léon (França) – 2001/2012

 

Curtas

Mostra contemporânea

  • ALGO DO QUE FICA, de Benedito Ferreira (Goiânia) – 2017
  • ÂMAGO, de Édier William (Paraná) – 2017
  • AULA DE ANATOMIA, de Sidney Schroeder (Rio de Janeiro) – 2017
  • HIC, de Alexander Buck (Espírito Santo) – 2017
  • MERCADORIA, de Carla Villa-Lobos – (Rio de Janeiro) – 2017

Cinema de urgência

  • NA MISSÃO, COM KADU, de Aiano Bemfica, Kadu Freitas & Pedro Maia de Brito (Minas Gerais) – 2016

Mostra curtas no almoço

  • HAVIA CINZAS DENTRO DE MIM, de Daniel Calil (Goiânia) – 2017
  • MÃE, ACORDA A VOVÓ, de Cássio Domingues (Goiânia) – 2017
  • MEU NOME É CORACI, de Adan Sousa (Goiânia) – 2017
  • TAILOR, de Calí dos Anjos (Rio de Janeiro) – 2017
  • SOL, de Carlos G. Gananian (São Paulo) – 2017
  • VÊNUS – FILÓ A FADINHA LÉSBICA, de Sávio Leite (Minas Gerais) – 2017

Mostra brasileiros no exterior

  • COSME, de Luciano Scherer (Rio Grande do Sul) – 2016
  • ENTER, de Rafael de Toledo e João Lima (Paraná) – 2016
  • O CHORO DE PRANH, de Rafael de Toledo, João Lima e Eduardo Camargo (Paraná) – 2016
  • OLTEANCA, de João Pedro Borsani (Rio de Janeiro) – 2016
  • RETRATOS PARA VOCÊ, de Pedro Nishi (São Paulo) – 2016

Mostra retrospectiva gesto de cinema

  • LUIZA, de Caio Baú (Paraná) – 2017
  • O MUNDO ESTRATIFICA O CORPO SE DESLOCA, de Igor Urban (Paraná) – 2017
  • PAI AOS 15, de Danilo Custódio (Paraná) – 2015
  • PAIXÃO NACIONAL, de Jandir Santin  (Paraná) – 2015
  • PAVÃO SEM CORES, de Isabele Orengo (Paraná) – 2015

Mostra retrospectiva Pierre Léon

  • NA BARBA DE IVAN, de Pierre Léon (França) – 2009

Mostra clássicos na Praça

  • A HORA VAGABUNDA, de Rafael Conde (Minas Gerais) – 1998
  • A VELHA A FIAR, de Humberto Mauro (Minas Gerais) – 1964
  • ESTADO ITINERANTE, de Ana Carolina Soares (Minas Gerais) – 2016
  • FANTASMAS, de André Novais Oliveira (Minas Gerais) – 2010

Mostra a cidade em movimento

  • A CIDADE QUE VIVE EM MIM, de Fernanda Estevam (Minas Gerais) – 2014

Pequenas coisas que deixaram saudade

lanterninha2Ontem, fui ao cinema com alguns amigos e ficamos lembrando coisas que não existem mais.

Sempre que vamos ao cinema, logo no início, o primeiro vídeo que passa é um desenho animado engraçadinho com as informações de seguranças e mostrando o que não se deve fazer dentro de um cinema.

A primeira imagem é um Lanterninha descendo as escadas de um corredor entre as cadeiras da sala de projeção. Isso sempre me chamou muito a atenção, e ontem, pela primeira vez comentei: “Adorava o Lanterninha”. E minha amiga concordou comigo e ficamos relembrando algumas coisas existiam e não existem mais, de forma saudosa.

Acho muito interessante o desenho animado começar por uma figura, ou melhor, pela imagem de um profissional que não existe mais, e que 90% das pessoas que estão assistindo aquilo não têm conhecimento do que ele representou. Fico imaginando se eles ficam pelo menos curiosos para saber quem era aquele, se perguntam para seus pais, ou se simplesmente ignoram, ou nem percebem.

Quando era pré-adolescente e adolescente morava na Rua Tupis, 360, no Centro, em frente ao Cine Jacques, que tinha ao lado o Ted’s. Hoje, o prédio continua lá, e o cinema daquela época se transformou na entrada do Shopping Cidade. A turma do prédio não era grande, São apenas 11 apartamentos – um por andar –, e nem todos tinham adolescentes e jovens, mas o “Seu” Manoel Bernardes morava lá com a família e eram muitos filhos, e a Andrea é mais ou menos da minha idade e brincávamos muito juntas, e tinha a Rosângela (não lembro agora o sobrenome dela). Nós três éramos amigas. Para felicidade, ainda encontro com Andrea, infelizmente, ainda não tive o prazer de rever Rosângela.

Naquela época, não existia essa conversa de viajar todas as férias e nem as férias todas, ate mesmo porque as aulas terminavam em novembro e só recomeçavam em março, e eram o mês de julho todo. Não fiquem com inveja, tínhamos aula aos sábados, sem exceção. Com isso, ficava muito tempo à toa em BH, e minha mãe sempre trabalhou fora.

baleiroQuando cansava de brincar de boneca (coisa que eu adorava), ia ao cinema, sozinha mesmo, naquela época podia. Era só atravessar a rua e os filmes eram ótimos. Não corria perigo. Eu tinha uns 10, 11 anos. Entrava na seção das 14h e só saía às 18h. Passava a tarde assistindo o mesmo filme. Assisti todos os filmes da série do Herbie, Se meu fusca falasse; A Noviça Rebelde; e todos os desenhos clássicos da Disney. Amava.

E tinha o Lanterninha, um rapaz vestido elegantemente com um tipo de farda de gala, com um quepe, que ajudava as pessoas que chegavam atrasadas a encontrarem lugares para assentar – não existia lugar marcado –, e, vez ou outra, passeavam durante o filme pela sala, para iluminar casais de namorados mais fogosos.

Quando alguma turma ficava conversando muito ou fazendo bagunça, era ao Lanterninha que recorríamos, e ele punha moral ou retirava os baderneiros do cinema. Teve uma época que tarados começaram a ir aos cinemas para passar a mão nas pernas e em outras partes mais das moças sozinhas. O Lanterninha também entrava em ação.

Outro profissional daquela época que sumiu foram os baleiros. Apesar de ter a bombonier no foyer do cinema, entravam moças com uma bandeja pendurada no pescoço com todas as balas e chocolates e passavam nos corredores, vendendo para quem já estava assentado. Vale lembrar que, naquela época, era proibido entrar com pipoca na sala de projeção, por causa da sujeira que ficava.

Eu sempre comprava Frumelo, uma bala macia de framboesa, e amendoim revestido de chocolate. A gente saía do filme com a boca até pegando, de tanto doce que comíamos. Era divertido. Quanta saudade.

Isabela Teixeira da Costa

Nise da Silveira

nise 2
Foto Vantoen Pereira Jr/Divulgação

Nise: O Coração da Loucura, é o mais recente longa estrelado por Glória Pires que dá um show, como de costume, sempre que interpreta.

O filme conta a história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira (1905-1999) que revolucionou o tratamento de pessoas com problemas mentais, principalmente os esquizofrênicos.

A história inicia-se em 1944, quando a doutora Nise retorna ao trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro. Ela tinha sido presa durante o Estado Novo – a ditadura de Getúlio Vargas – ao ser denunciada por uma enfermeira por ter livros marxistas. Por não concordar com a forma de tratamento utilizado com os pacientes, o diretor colocou-a no Setor de Terapia Ocupacional.

Nise ajeita o espaço com ajuda de dois enfermeiros e começa a convidar os pacientes do Centro a entrarem. Dá início a um tratamento diferenciado. Aos poucos, algumas pessoas começam a ajudá-la. E o resultado vem de uma forma linda.

Os roteiristas conseguiram transformar a carreira de Nise da Silveira em uma história inspiradora. Transpuseram para a tela a atenção, sensibilidade e respeito ao ser humano que Nise demonstrava ao clinicar. Glória Pires sabe passar o sentimento que sua personagem vive em cada momento. O elenco trabalha muito bem, com verdade e sem caricaturas. Vale a pena assistir.