Cruzeiro caiu, muitos torcedores estão sofrendo profundamente, mas infelizmente vários debandaram.
Quem me acompanha sabe que sou atleticana. Sabe também que não sou daquelas que assiste aos jogos, mas acompanha tudo o que rola na área, à distância.
Já contei aqui que virei Galo aos 6 anos, quando meu pai resolveu levar todos os filhos ao Mineirão para assistir ao clássico Atlético x Cruzeiro. Eu era a caçula, minha irmã tinha uns 9 anos. E meus irmãos 13 e 16 respectivamente.
Era a primeira vez que minha irmã e eu íamos ao estádio e nossa mãe, cruzeirense, resolveu nos vestir a caráter. Shortinho azul, camiseta branca, e uma bandeira que ela fez, de cetim, quadriculada de azul e branco.
Fomos todas pomposas, animadas, metidas demais. Estávamos indo ao Mineirão!! Programa de gente grande!! E com nosso pai!
Não precisa dizer que foi a primeira e última fez que ele cometeu essa burrada, porque não conseguiu ver nada do jogo. Cada hora uma pedia algo diferente. Era refrigerante, cachorro quente, pipoca, picolé, ir ao banheiro… Coitado.
Aí, o Atlético fez um gol, e 80% das pessoas que estavam no estádio levantaram gritando e vibrando. Fiquei paralisada vendo aquele espetáculo e só então reparei que apenas um pequeno espaço de todo aquele gigante – se o Mineirão já é grande para nós, imagina para uma criança de 6 anos – era de pessoas de azul e branco.
Não queria ser azul e branco, queria ser preto e branco. Queria fazer parte daquela festa. Me deu uma raiva. Saí dali falando que era preto e branco, que era Galo, e sou até hoje.
Com o passar dos anos, o Cruzeiro cresceu, mas continuo Atlético.
Agora, percebo uma grande diferença entre as duas torcidas.
Em 2005, o Clube Atlético Mineiro caiu para a segunda divisão do campeonato. Sofremos, claro, pela tristeza do rebaixamento. Sofremos mais ainda, pelo tanto que os cruzeirenses tripudiaram sobre nós. Porém, acompanhamos nosso time na série B com o mesmo empenho e torcida.
Esta semana encontrei com um amigo cruzeirense, daqueles que perde a esportiva quando debochamos do time. Quando fui dar os pêsames a ele, veio com uma resposta surpreendente: “Sou Vila Nova. Não torço por time da segunda divisão”.
Oi? Como assim? Que tipo de torcedor é esse que abandona o navio quando o Time está na pior? É… Desses aí o Atlético não tem, não quer e não precisa. Coitado do Cruzeiro se a torcida dele tiver mais representantes desse quilate.
Uma das frases que não esqueço foi quando a Raposa quase caiu, em 2011, e isso só não ocorreu por que ganhou “milagrosamente” do Atlético de 6 X 1, em um jogo, que até hoje ninguém explica. “Time grande não cai”, querendo dizer que o Atlético não era grande.
Bem, queridos amigos cruzeirenses, time grande cai. O gigantesco Atlético caiu e agora o grande Cruzeiro também caiu. Nossos dois times são GRANDES.
Infelizmente, quem mais perde com tudo isso é o futebol mineiro. Pena que muitos não conseguem enxergar isso e ficam na pequenez da sua torcida míope.
Infelizmente não teremos em 2020 o clássico Atlético X Cruzeiro. Contente-se com América X Cruzeiro. Mas, cuidado com o Coelhão! Te esperamos em 2021. Tomara…
Isabela Teixeira da Costa