Acho que eu sou um ET
No primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo me senti um verdadeiro ET diante das amigas, quando percebi que só conhecia dois jogadores do time.
Não sou muito chegada a futebol, mas em época de Copa do Mundo me uno aos milhões de brasileiros para torcer pelo Brasil. Mas fiquei impressionada com meu grau de alienação no domingo passado quando reuni com amigas, na casa da minha irmã, para assistir ao jogo Brasil X Suiça. Tirando o Neymar e o Marcelo, não conhecia ninguém do time, e para piorar a minha situação, todas elas sabiam nome e sobrenome de todos eles, algumas até o time que cada um jogava. Surtei.
Sou atleticana porque fui conquistada pela torcida alvinegra ainda criança, quando meu pai resolveu levar meus irmãos e eu ao Mineirão em um clássico. Minha mãe, Cruzeirense, fez uniforme para minha irmã e para mim. Short, blusa e bandeira azul e branca. Não lembro quantos anos eu tinha, mas era bem criança. Não estava nem aí para o jogo, ficava pedindo coisas para o mau pai o tempo todo. Sorvete, refrigerante, pipoca, bala, sanduiche… Acho que foi por isso que nunca mais ele me levou a jogo nenhum.
Certa hora o Galo fez um gol e a comemoração chamou minha atenção. O olhar da criança se virou dos vendedores ambulantes para as arquibancadas e viu aquele oceano de pessoas vestidas de preto e branco pulando, vibrando, tremulando suas bandeiras. Sinceramente, era muito mais da metade do Mineirão. Olhei para a parte que estava quieta, era um pedacinho pequeno de azul e branco e olhei pra mim. Me deu uma raiva. Queria estar de preto e branco pulando e torcendo com aquela massa toda. Ali eu escolhi meu time e nunca mudei.
Na minha juventude tive o prazer de conhecer o João Leite, quando era goleiro do Atlético, ficamos amigos – o que somos até hoje –, aí a torcida tinha motivo, conhecia alguém do time. Sabia o nome dos jogadores, participava. Nunca fui de ir ao estádio, mas assistia pela TV. Continuo Galo Forte, mas não sei o nome de nenhum jogador do time. Sou desligada mesmo.
Sou daquelas que torce por time mineiro em decisões, mesmo se não for o Atlético. Prefiro o título conosco do que em outro estado. Acho mais civilizado assim. E não engulo alguns resultados como aquele jogo de alguns anos atrás que que o Galo perdeu de goleada para o Cruzeiro. Pra mim teve treta ali.
Enfim, voltando à Copa do Mundo, não estou muito entusiasmada com essa Copa, dizem as pessoas que o único que está vibrando com ela é o Galvão Bueno. Achei o jogo de domingo uma pelada. O Brasil fez um gol e acomodou em berço esplêndido. Tá certo que o juiz foi péssimo, mas só no final do jogo que os meninos resolveram correr atrás do prejuízo, mas aí já era tarde.
Antes do jogo uma amiga entrou na rede social de sua filha e viu um post dela em um bar, com um copão de cerveja e um escrito na testa “100% Jesus”. Eu fui logo falando: “Tá meio incoerente isso aí”. Até que outra amiga completou: “Jesus é o nome do jogar da Seleção”. Caí na risada desapontada pela minha ignorância com relação ao time. Na mesma hora abri meu celular e procurei a relação dos jogadores da seleção canarinho com nome e foto para tomar conhecimento e poder acompanhar melhor a partida. Qual não foi minha surpresa quando, à medida que ia falando o nome dos jogadores, várias colegas iam completando com um comentário sobre a posição do jogar, o time que ele joga, e se é bom mesmo ou mais ou menos. Inclusive minha irmã. Me senti uma verdadeira ET nesta terra. Bom, pelo menos agora tenho uma leve noção de quem está em campo, apesar de ninguém ter se destacado muito. Para falar a verdade, no primeiro jogo o destaque foi o penteado do Neymar e a falta de penteado do Marcelo. Resta aguardar o jogo de sexta-feira e ver no que dá.
Na torcida, sempre Brasil!
Isabela Teixeira da Costa