Guarda compartilhada

guardafilhos1Há dois anos, é praticada a guarda compartilhada no Brasil.

No Brasil, durante décadas, quando um casal se divorciava, a guarda dos filhos ficava com a mãe ou com o pai, geralmente, com a mãe. O pai ficava com a prole nos finais de semana de 15 em 15 dias, metade de cada férias e feriados alternados.

A mãe ficava sobrecarregada, cuidando dos filhos na maior parte do tempo, se responsabilizando por tudo, com todas as preocupações e trabalho. Se algum adoecia, cabia à mãe levar ao médico, hospital, cuidar em casa, etc. Na maioria dos casos o pai nem tomava conhecimento dos incidentes. Folga, só quinzenalmente.

Mãe não liga muito para isso. O amor que sente por seus filhos é tão grande que todo esse “trabalho” vira rotina. Existe um vídeo muito interessante que roda a internet há dois anos, na época do Dia das Mães, que mostra isso de forma linda e emocionante. A cena é um entrevistador fazendo a seleção para o cargo de diretor de operações entre diversos candidatos. O profissional de Recursos Humanos vai descrevendo as características e funções do cargo, e a cada uma que cita, a pessoa vai se assustando mais. Até chegar o momento de falar que não tem folga, trabalha 24 horas, e não tem remuneração. As mães são assim. Mas que uma folga seria bem-vinda, com certeza seria.

Em dezembro de 2014, a segunda lei da guarda compartilhada, entrou em vigor. Segundo advogados, foi o maior avanço legislativo dos últimos tempos. O maior mérito dessa lei é que se fundamenta na igualdade entre mulheres e homens na guarda dos filhos.

Isso já era previsto desde janeiro de 2013, pelo Código Civil, mas não estava sendo completamente aplicado quando o assunto era a guarda dos filhos. É o que afirma a advogada Regina Beatriz Tavares da Silva, presidente da Associação Brasileira de  Direito de Família e das Sucessões (ADFAS).

“A reformulação conservou o que era bom da primeira lei, como o compartilhamento das responsabilidades. A segunda, veio estabelecer que, mesmo quando não existir acordo entre pai e mãe, a guarda compartilhada pode ser estabelecida pelo juiz. Isso porque é exatamente nesses casos que o filho fica no meio da guerra de afetos. Se, durante o casamento ou a união estável, pai e mãe escolhiam a escola, as atividades extracurriculares e os tratamentos de saúde dos filhos, exercendo as responsabilidades com relação aos filhos, não existe razão para que somente um deles, via de regra a mãe, na guarda unilateral, exerça essas escolhas. Apenas um motivo, expressamente previsto na segunda lei, pode acarretar essa total modificação no exercício do poder familiar: se o pai não tiver aptidão para exercer a guarda”, explica Regina Beatriz.

Com certeza foi um avanço. Os filhos vão conviver mais com o pai, que por sua vez estará mais presente nas decisões da vida deles. Só tenho receio de um problema: a maioria dos casais, depois do divórcio nem conversam entre si. A proximidade com a guarda compartilhada, pode gerar conflitos e respingar nos filhos.

E tem o problema dos novos relacionamentos. Tenho uma conhecida que divorciou. Tem uma filhinha pequena e a guarda é compartilhada. O ex está com uma namorada, já estão morando juntos. Eles vivem às turras, brigam o tempo todo, falam palavrões horríveis e a menina do lado, ouvindo tudo. Chega em casa, conta tudo para a mãe, que fica arrasada e não pode fazer nada, porque é o dia do pai. Não pode impedir a ida da filha, porque é determinação do juiz, e a menina fica presenciando brigas e ouvindo palavras inadequadas para sua idade.

Tudo na vida tem dois lados. Paciência. O jeito é pedir a Deus que proteja nossos pequenos.

Isabela Teixeira da Costa

O homem que ajuda em casa

Foto Marcos Vieira/Estado de Minas - Evandro Oliveira ajuda a mulher, Monica Pereira em tudo
Foto Marcos Vieira/Estado de Minas – Evandro Oliveira ajuda a mulher, Monica Pereira em tudo

Homem que ajuda nas tarefas domésticas tem melhor relacionamento.

Mulher é múltipla, todo mundo sabe disso. Nós damos conta de muita coisa, é outra verdade absoluta. Domingo passado foi o Dia das Mães e circulou nas redes sociais e WhatsApp inúmeras mensagens e uma das melhores foi a do filho falando: “Mãe, nós contratamos algumas pessoas para substituí-la enquanto você relaxa no Dia das Mães!”. Oito profissionais  estavam a postos.

É assim mesmo. A mulher trabalha fora, cuida dos filhos – leva e busca na escola, ajuda a fazer para casa, leva ao médico e em outros cursos extracurriculares – , da casa – e nisso está fazer supermercado, sacolão, açougue, controlar a empregada e cuidar da manutenção caso seja necessário –, da mãe, do pai, dos irmãos, das amigas, tem que ir na academia, salão de beleza e tem que estar linda e maravilhosa para o marido. Isso quando tem empregada, que está se tornando artigo de luxo. Atualmente, são as diaristas que trabalham duas vezes por semana, e nos outros dias a manutenção da casa fica por conta da mulher.

Sempre tive uma pontinha de inveja dos homens americanos que sempre ajudaram nas tarefas domésticas. Morei por seis meses nos Estados Unidos e ficava impressionada. Ninguém ficava nachargemae mamata. Desde o pai de família até o filho de 7 anos, todos ajudavam nas tarefas domésticas. Aqui no Brasil, o homem trabalha, chega em casa, janta ou lancha e vai descansar em frente à televisão, se não for o dia do futebol ou do pôquer.

O pior de tudo é que a culpa é nossa, das mães. Quem cria e educa os filhos? As mães. Se passamos o conceito que as meninas ajudam nas tarefas de casa e os meninos vão brincar, é assim que vão crescer e isso se repete de geração em geração. Tenho uma conhecida, mãe de três rapazes, que quando conversávamos sobre essas questões disse certa vez em alta voz: “Prefiro criar três machões do que um gay!”. Será que ajudar nas tarefas domésticas influencia na opção sexual? Se fosse assim, nos EUA não existiria nem um hétero sequer.

O papel da mulher mudou com o excesso de trabalho e o desejo, cada vez maior, de estudar e investir em uma carreira profissional. Isso levou o homem a sair de sua zona de conforto e é cada vez maior o número de parceiros que ajudam nas tarefas domésticas, tanto com os filhos quanto na arrumação da casa. Para a psicóloga clínica voltada para a saúde do homem Carla Ribeiro: “O homem já se mostra mais parceiro e atuante na família no que diz respeito à criação dos filhos e à divisão das tarefas domésticas rotineiras. O que importa nesse contexto é que os homens percebam a importância de compartilhar as atividades de casa, uma vez que os dois dividem o lar, ou seja, a limpeza da casa e o cuidado dos filhos deve ser de responsabilidade dos dois”, diz ela.

Carla ressalta que igualdade e compreensão são duas palavras-chaves para desenvolver uma relação estável. “O entendimento mútuo é cada vez mais importante. Assim como os homens vão jogar futebol, hoje as mulheres também têm o direito de sair para o cinema ou ir a um barzinho social com as amigas”, conta a especialista.

“A relação conjugal fica mais harmoniosa e até o sexo pode ficar mais intenso. Essa aproximação do homem com a mulher faz com que elas se sintam mais interessantes. Ou seja, ao entender a dupla jornada da mulher e seu cansaço natural no final das contas, o casal só tem benefícios, uma vez que a relação fica mais saudável, evitando, assim, possíveis conflitos e discussões”, conclui a psicóloga.

Que venha esse novo homem!