Vale tudo para emagrecer

Ilustração Son Salvador
Ilustração Son Salvador

Jejum agora virou ferramenta estética.

Sempre conheci o jejum como prática religiosa. É quando a pessoa abre mão da alimentação para se aproximar mais de Deus, ter maior comunhão com Ele, mergulha no espiritual, na presença de Deus. Agora, estão usando o jejum como método de limpeza e desintoxicação do corpo. Foi isso que a coach nutricional Patrícia Barreto fez. Foi para a Costa Rica e passou pela experiência de jejuar por 21 dias e quer motivar outras pessoas a fazerem o mesmo.
Segundo Patricia Barreto, ela ficou 21 dias ingerindo apenas água e afirma que o processo é benéfico, pois, além de emagrecer, promove o rejuvenescimento, limpeza e purificação do corpo, reduz inflamações, radicais livres e melhora o sistema imunológico.
Fico pensando a que ponto chega o ser humano para emagrecer. Passar 21 dias a água, sem nenhuma refeição. Já fiz muita loucura para emagrecer, tomei tudo quanto é tipo de remédios que nem me lembro dos nomes, desde os químicos mesmo até os chamados de naturais, mas que na verdade de naturais só tem o rótulo, injeção na barriga todo dia. Passei só a sucos e shakes, tomei sopa mágica e esta foi a pior parte, a falta de mastigar alguma coisa, nem que fosse folha de alface. Então, fico pensando como aguentar 21 dias a água pelo emagrecimento. Porque quando é por fé, por busca a Deus, tem um propósito maior, mesmo assim, nunca fiquei nem um dia inteiro em jejum.
Para Patrícia, o jejum é uma poderosa ferramenta terapêutica capaz de limpar e desintoxicar todo o corpo das substâncias e toxinas que ingerimos diariamente por meio dos alimentos, medicamentos, cosméticos etc. “Não existem relatos de malefícios causados pela prática do jejum, porém todos conhecem os inúmeros problemas causados pela alimentação excessiva e industrializada. Doenças como pressão alta, diabetes, cardiovasculares e cânceres estão diretamente ligadas à nossa alimentação e estilo de vida. Estamos comendo muito e o tempo todo, não fornecemos ao organismo o descanso necessário à cura e reparação celular”, conta a coach, que tem trabalhado com detox, desintoxicação e vida saudável.
Ela diz que tem pessoas que fazem 60 dias de jejum e outras chegam a quatro meses. Brinco com um colega que está em ritmo de alimentação saudável e ninguém o vê se alimentar, que está fazendo treinamento para faquir. Uma pessoa que passar 120 dias a água, acredito que já chegou lá, pode dormir sobre pregos e andar na brasa. Acho radical demais e desnecessário. Porém, Patrícia alerta para a necessidade de buscar um local especializado para quem opta por um período maior em jejum. “Um jejum não deve ser realizado de modo aventureiro e sem supervisão profissional. Um período prolongado exige um local especializado, capaz de verificar e manter sob controle suas condições físicas, avaliando diariamente aquilo que está dentro da normalidade e o que não está”, explica.
Outro alerta de Patrícia é sobre a confusão que algumas pessoas podem fazer entre “jejum” e “dieta líquida”. A prática do jejum é caracterizada por usar exclusivamente água durante todo o processo. Na dieta líquida, também conhecida como detox, os alimentos são ingeridos na forma de sucos, chás e sopas. Entre os maiores benefícios do jejum, já comprovados cientificamente, estão o rejuvenescimento, perda de peso, equilíbrio nos níveis de triglicerídeos, melhora no sistema imunológico, redução de inflamações e dos danos causados pelos radicais livres, eliminação de toxinas e substâncias prejudiciais ao corpo e a normalização dos níveis de grelina – o hormônio da fome.
Patrícia descreve que nesse período sentiu alguns sintomas desagradáveis, como cansaço e fadiga, boca amarga, dor de cabeça e palpitação. Sinceramente, penso que ela minimizou um pouco os sintomas da retirada total do alimento por um período tão prolongado. Penso que as dores de cabeça devem ter sido bem fortes e associadas a elas deve ter sentido tonturas. Acredito também que tenha estabilizado depois de algum tempo, pois o corpo acaba se acostumando, mas, no início, deve ter passado muito mal, e isso deveria ser relatado com mais detalhes e realismo para que as pessoas interessadas soubessem o que está por vir.

Isabela Teixeira da Costa

Esta crônica foi publicada hoje, no Caderno de Cultura do Estado de Minas

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Emagrecer não tem segredos

reeducacaoalimentarTodo mundo lança regimes milagrosos, todos iguais.

Não sei quanto a você, mas não aguento mais ler sobre programas especiais de emagrecimento. Existem “trocentos” diferentes, mas se sacudir e peneirar teremos três tipos e os outros todos serão variação sobre o mesmo tema.

Os principais passos para o emagrecimento todos nós sabemos de cor: gastar mais calorias do que ingerimos, beber bastante água para não reter liquido no organismo – água faz o rim funcionar mais –, comer de três em três horas para o organismo queimar o alimento.

Desculpe, esqueci de falar do quarto tipo, a fórmula milagrosa: você ora e pede a Deus para emagrecer. Se Ele quiser atender o seu pedido, pronto, o milagre virá e você emagrece sem nenhum esforço.

Falei do quarto tipo, o milagre. Agora vamos aos outros três. Primeiro o mais fácil, porém mais perigoso: o remédio. Qualquer pessoa acima do peso, seja ela com pouco sobrepeso ou obesa que quiser emagrecer de forma rápida, é só procurar um endocrinologista que receita remédio e tocar a vida para frente.

Existem remédios que tiram completamente o apetite, sem comer, não tem como engordar. Paralelo à falta de apetite, o remédio é diurético, então retira toda e qualquer retenção de líquido no organismo. Deixa a boca seca, o que leva a ingerir muita água. E a gente fica completamente acelerada, parecendo que estamos ligadas em uma tomada de 660 volts. Os olhos ficam arregalados, falamos feito pobre na chuva – nunca vi pobre falar na chuva, então não sei se esse ditado é verdadeiro –, e produzimos cinco vezes mais que o normal, o que isso significa? Gastamos mais energia (caloria) do que o normal, porque nos movimentamos mais. E o intestino, que normalmente é preso, solta com o remédio.

Mas os remédios podem afetar drasticamente órgãos como coração, rins, fígado. Por isso, não acho muito recomendável. A variação de remédios é enorme, tem pílulas, injeções, etc e realmente funcionam, porém, quando termina o tratamento e suspende o remédio a pessoa volta a engordar, é o famoso efeito sanfona.

crossfitO segundo tipo é o regime associado ao exercício físico com ingestão de comprimidos naturais, fibras para acelerar funcionamento do intestino, queimar gordura etc, mas tudo isso feito de plantas naturais. Você faz o regime alimentar, ou reeducação alimentar, faz os exercícios físicos, e toma os comprimidos naturais. Só o regime e os exercícios resolvem o problema, para que os comprimidos? Cuidado, são remédios do mesmo jeito. Você começa a tomar, o emagrecimento é acelerado, e quando para, engorda de novo. O discurso de fibra natural apenas para acelerar o funcionamento do intestino, enrijecer musculatura, é pura balela. Já caí nessa conversa.

O terceiro é o correto, reeducação alimentar, comer de três em três horas, os alimentos corretos, na hora certa, e se exercitar. Pode ser pilates, caminhar, malhar, hidroginástica o importante é gastar calorias. Vai emagrecer aos poucos, o que é o certo, e não engorda mais. Quem não faz isso, é preguiçoso, não tem força de vontade e me enquadro nesse grupo.

Aí recebo o material de um personal todo saradão, tipo halterofilista, sugerindo um novo programa para emagrecer sem remédios nem anabolizantes, mas com auxílio de com treinos, reeducação alimentar, psicólogo e exames laboratoriais. Sinceramente, vendo a foto do rapaz, a impressão que dá é que ele está de anabolizante até a tampa da cabeça, mas eu não entendo nada disso, pode ser efeito da malhação mesmo.

O fato é que emagrecer é uma fórmula simples e quanto mais natural, mais saudável melhor é.

Isabela Teixeira da Costa

Emagrecer não é fácil

Eating HealthyA luta contra a balança não é fácil de vencer.

Muitas pessoas olham para uma pessoa acima do peso e pensam ou até mesmo comentam como que a pessoa chega a este ponto, porque não emagrece, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Se fosse, não existiria gordos no mundo.

Ninguém quer ser gordo, obeso. Isso não significa que todos queiram ser magros. Essa magreza dentro do padrão estipulado pela sociedade. Ao contrário, muitas pessoas preferem ter corpo, como diz um amigo, sustância. Mas obesidade, ninguém quer.

Nunca fui magrinha. Já tive épocas de usar manequim 42, porém, grande parte da minha vida fui um pouco acima do peso padrão. Por causa disso já fiz de tudo o que se pode imaginar para emagrecer. Ouvia falar em um médico novo, uma dieta nova, lá estava eu.

Não consigo lembrar a quantidade de tipo diferente de remédios que tomei. Teve uma época que cheguei a tomar umas injeções na barriga, acho que era toda semana. Já fazem tantos anos que não lembro. E sempre vivi o efeito sanfona. Depois de tanta loucura fiz um propósito de nunca mais tomar remédios para emagrecer.

Este é o grande problema, não adianta fazer nada se não mudarmos nossa cabeça, nosso olhar. Quando um gordinho chega em um restaurante self-service, seu olhar vai direto para as comidas mais calóricas, ele gosta de comer doce. Quantas vezes cheguei em um restaurante para jantar e antes mesmo de escolher meu prato, escolhia a sobremesa. É o famoso olho maior do que a barriga.

Agora, a cirurgia bariátrica resolve a questão de emagrecimento dos obesos mórbidos, o grande problema é que eles continuam a pensar como gordos, depois da cirurgia, aí querem comer, mas não conseguem e passam mal. E como o desejo de comer é muito grande, acabam trocando a compulsão de comida por bebida ou por leite condensado, e acabam engordando novamente.

Segundo a psicóloga e coach em emagrecimento, Michele Intrator, emagrecimento é um processo. “Ouço muitas pessoas dizerem que é ‘só fechar a boca’, mas não é por aí. Se fosse simples seguir uma dieta, todo mundo estaria esbelto, mas mudar hábitos não é algo simples e é por isso que a reeducação alimentar começa na cabeça. Se você está correndo na esteira da academia, você não vai desligá-la de uma hora para outra, porque você vai cair. É o mesmo raciocínio para dietas”, diz.

A psicóloga ressalta que é primordial aceitar que o processo de emagrecimento não é perfeito. Se você não resistiu àquele brigadeiro depois de comer a salada no almoço, não significa que sua dieta é um fracasso. Ter flexibilidade é fundamental. O acompanhamento de um profissional em nutrição também é imprescindível para prescrever a melhor combinação de alimentos. Você aprende que não precisa passar fome e nem se privar dos prazeres da mesa para emagrecer e, assim, gradativamente e sem perceber surge um novo estilo de vida.

A especialista dá dicas de coisinhas para se fazer no dia-a-dia, que treinam o pensamento e evitam a autosabotagem:

  1. Se livrar dos lanchinhos engordativos. Se você procura deixar chocolatinhos, bolos, ou qualquer outro tipo de docinho dentro da sua gaveta no trabalho, do criado-mudo em casa, ou até mesmo na geladeira “para não desperdiçar”, mude isso. “Dificulte seu acesso a essas tentações.”
  2. Se for a um buffet self-service, olhe tudo o que está ao seu dispor primeiro, antes de começar a colocar no prato, assim você já tem uma ideia do que escolheria e não acaba pegando “um pouquinho de cada” e enchendo mais o seu prato.
  3. Aprenda a distinguir necessidade de desejo. Identifique o que você sente e pensa antes de comer. Não coma no automático.
  4. Se ocupe o máximo possível. Isso ajuda a canalizar a sua ansiedade e diminui o a vontade de comer.
  5. Diminua o tamanho dos pratos. Assim suas porções também reduzirão.
  6. Evite comer vendo TV. “Seu cérebro não estará completamente focado na comida e demorará a reconhecer a saciação.”, ressalta.

Isabela Teixeira da Costa