O que não se faz por amor
Até onde vai um parceiro para satisfazer os desejos de sua cara metade?
Não me entendam mal nem deixem sua imaginação te levar para o lado mais picante de um relacionamento. Estou falando de questões bem mais práticas e cotidianas de uma vida a dois.
Tenho uma amiga, casada, que faz todas as vontades de seu marido. Vocês podem pensar: “O que tem demais nisso?” Realmente, nada demais, quase toda mulher procura atender os desejos do marido, e vice-versa. Faz parte de um casamento.
Se o marido gosta de café da manhã com mamão, café mais forte, pão de sal, presunto, manteiga, suco de laranja, ovos mexidos e o jornal ao lado, para ler logo de manhã, a esposa não deixa faltar nada. Procura fazer no almoço o cardápio preferido, passa a sua camisa como ele gosta, e por aí vai.
Tem maridos que presenteiam suas mulheres com joias porque sabem que elas gostam e querem agradá-las. Normal. Outros casais optam por fazer viagens, sempre escolhendo lugares que agradem aos dois, ou então alternam, a cada viagem um escolhe o destino.
Porém, com essa minha amiga tudo acontece de maneira bem unilateral e foi tomando uma proporção tão exagerada que chegou num ponto que achei um pouco absurdo.
Seu marido quis ir para o Japão assistir ao jogo do Corinthians, ela deu a viagem de presente e lá foram os dois. Tudo bem, conheceram o Japão, mas assistir futebol?! Para informação geral, eles não são paulistas.
Depois, ele quis fazer o Cruzeiro do Roberto Carlos. Lá foram eles. Ela não gostou muito. Eu ia adorar – sou fã do rei e amo viajar de navio –, mas para ela foi um pouco de suplício, preferiu conhecer o Oriente.
Bico fino como ele só, quis um carro novo, uma Mercedes. Ganhou. Depois de um tempo, quis tocar por um Camaro. Trocado.
Não questiono tudo o que ela faz por ele. Se faz é porque deve merecer, e em vida de casal só os dois é que sabem o que se passa, o que cada um faz pelo outro, o que cada um merece e retribui. Dentro de quatro paredes a vida é íntima.
Sabia que estavam reformando a casa, resolvi perguntar como ficou e foi nessa hora que ela me disse: “o banheiro do meu quarto ficou lindo, mas meu marido quis um mictório, tentei tirar isso da cabeça dele, mas pediu tanto que decidi satisfazer mais esse desejo”. Não aguentei. Um mictório igual ao de banheiro público na suíte do quarto… Fiquei imaginando a cena. Ri muito e debochei bastante. Chamei-a de louca, disse que passou dos limites.
Minha amiga não deu o braço a torcer, me mostrou uma foto, disse que ficou lindo, que foi um alívio porque não tem mais respingos no vaso sanitário. Socorro!!! Já fui casada e nunca enfrentei respingos de marido em banheiro. Se aconteciam, ele limpava. Questão de educação. Perguntei na hora: “Não educou seu marido? Não o ensinou a limpar?”, mas ela continuou defendendo e ainda disse que existem mictório caríssimos, com descargas com sensores, mais caras ainda.
Espera um pouco, quer dizer que se o mictório for de luxo, pode? Então vamos colocar um trambolho em nossos banheiros e achar lindo porque é de luxo??? Essa para mim foi a melhor. E completou: “A vendedora da loja disse que tem muita gente fazendo isso”.
Sinceramente, conheço inúmeros arquitetos e decoradores, visito várias mostras e nunca vi nem ouvi falar sobre mictório em residências. Abro aqui o debate: homens, vocês gostariam de mictório em seus banheiros? Profissionais, vocês são demandados para colocar mictórios nas casas de seus clientes?
Só quero ver qual será o próximo desejo desse marido tão criativo.
Isabela Teixeira da Costa
2 Comentários para "O que não se faz por amor"
É uma boa sim, Isabela. É prático e confortável. Fica na altura correta e consome menor quantidade de água. O problema é que as mulheres vêm as coisas apenas pelo lado da estética, que no seu imaginário deve prevalecer sobre o útil e prático…
Absolutamente inútil!!! A questão não é apenas estética, mas de excesso. São dois aparelhos destinados à mesma coisa: Dar destino à urina nossa de cada dia. Ops! Nossa não, só do homem, porque o vaso dá destino para a urina de ambos, além obviamente do número dois. Na verdade estamos dando cada vez mais importância às coisas fúteis. A cada dia um objeto novo a ser adquirido para com ele nos tornarmos melhores que os outros. Tanto é assim que “sua amiga” precisou contar-lhe este detalhe. Esse cara é um fresco!