O medo de envelhecer ainda existe?

Quando se passa da casa dos 50 muita gente sente o peso da idade, e bate o medo de envelhecer. Esse temor, ainda é como antes?

A população mundial está envelhecendo. Em 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos no mundo, que crianças menores de 15 anos. Segundo estimativas do IBGE, no Brasil, nos próximos 20 anos a população acima de 60 anos vai mais do que triplicar, passando dos atuais 22,9 milhões (11,34% da população) para 88,6 milhões (39,2%). No período, a expectativa de vida do brasileiro passará dos atuais 75 anos para 81 anos (dados de 2014 extraídos da Folha de São Paulo).

Com toda essa projeção, o governo não faz nada para preparar o país para viver com uma grande população de idosos. Não investe em pesquisas para descobrir a cura dos diversos tipos de demências que têm acometido as pessoas cada vez mais cedo, nem na cura de Parkinson e outros problemas de saúde que impedem que pessoas idosas possam ter uma vida ativa por amis tempo. Mas isso é assunto para outro artigo.

Quando eu era pequena, uma mulher de 50 anos era uma senhora. Se vestia com roupas clássicas, de idosa. Usavam cabelos curtos, as que ousavam tê-los mais compridos, faziam coque.

Hoje, mulheres de 60 anos estão inteiras, malhando na academia, usam roupas jovens, modernas, atuais, as mesmas que a filha ou a neta usam, sem problema algum. Por sinal, não existe mais roupa de idoso. Ninguém dá a elas a idade que têm. São dinâmicas, conectadas, estão ativas no mercado de trabalho. Se cuidam, têm uma alimentação saudável.  Tingir cabelos, aplicar botox, colágeno e fazer pequenas cirurgias plásticas não são para esconder a idade, mas para se sentir bem.

A indústria de cosméticos, sabendo deste envelhecimento da população já está substituindo os termos antiage dos rótulos dos produtos por renovador ou alta exigência. Há alguns anos, marcas importantes já trazem em seus comerciais pessoas acima de 60 e 70 anos, vendendo beleza e qualidade de vida.

A idade não é mais limite para nada. Sempre nos deparamos com notícias de pessoas com mais de 45 anos que passaram no vestibular para fazer cursos como medicina, psicologia, engenharia, entre outros. A procura por curso superior por alunos acima dos 40 anos aumentou em 30% nos últimos cinco anos. Mais de 700 mil alunos, nessa faixa etária, estudam no país.

Quantas vezes, durante minha adolescência, eu ouvi pessoas mais velhas dizerem: “quem me dera voltar a ser mais jovem com a cabeça que tenho hoje”. Queriam ter a disposição que tinham na mocidade, mas com a maturidade adquirida com a vida. Hoje, isso é possível, porque as pessoas com 50, 60 e 70 anos estão ótimas, ativas. Não são aqueles senhorzinhos avós que ficavam em casa lendo jornal, dormindo no sofá e fazendo tricô ou croché.

A vida agora é outra. Eles estão saindo, viajando, divertindo, namorando. Ficam em casa quando querem descansar ou quando estão recebendo os amigos.  Tomam conta dos netos para ajudar os filhos, quando estão com vontade.

Por isso, não entendo quando alguém diz que está se sentindo velho porque está fazendo 58, ou 62 ou mesmo 70 anos. Se fosse lá atrás, quando o comportamento era outro, totalmente compreensível, mas em pleno século 21, não mesmo. Este medo de envelhecer não combina com o perfil dessas pessoas. A idade cronológica não importa tanto. O importante é ter vontade de viver.

Fernando Pessoa escreveu:

“Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milénio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.”

Isabela Teixeira da Costa

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