Envelhecendo com qualidade

Credito: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press.
Credito: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press.

Enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até 2050, quase triplicará no Brasil.

Desde 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem divulgando que o mundo terá um aumento muito significativo de pessoas acima de 60 anos, até o meio do século. Segundo o Relatório Mundial de Saúde e Envelhecimento, o número de idosos no país deverá crescer muito mais rápido do que a média internacional – enquanto a quantidade de idosos vai duplicar no mundo até 2050, quase triplicará no Brasil. Atualmente, somos 12,5% de idosos e devemos alcançar os 30% até a metade do século. Em breve seremos considerados uma nação envelhecida, classificação dada a países com mais de 14% da população constituída por idosos, segundo a OMS, igualando à França, Inglaterra e Canadá, por exemplo.
Por isso, devemos buscar cada vez mais envelhecer bem, com qualidade e saúde. O problema é que pouca gente entende que o processo de envelhecimento começa muito mais cedo do que se pode imaginar. Quando começaram a falar sobre geriatra dizíamos que era médico para velhos. Uma vez resolvi perguntar com que idade deveríamos ir a um geriatra e um médico me respondeu que o ideal era entre 35 e 40 anos. Levei um baita susto. Já estava com uns cinco anos de atraso, como não fui até hoje, o atraso se transformou em um buraco negro. O fato é que tratamento geriátrico é preventivo. Essa prevenção pode parecer precoce, porém é o que dará base para retardar as principais dificuldades que chegam com a idade, como a diminuição da capacidade de funcionamento de certos órgãos do corpo em situação de estresse, como o pulmão, coração, cérebro e rim. E também a perda da condição de fazermos algumas atividades rotineiras. Começam a surgir as dificuldades de locomoção, perda do equilíbrio, doenças que afetam o físico e o emocional.
Ciente dessa situação, o Mater Dei passou a oferecer um serviço integrado de geriatria, e é o único hospital privado da cidade a fazer isso. “Não existe idade certa para procurar o geriatra. A época ideal é aquela na qual você resolve que quer envelhecer bem. O geriatra se preocupa com todos os aspectos da saúde do idoso e os vê de acordo com as particularidades da saúde no envelhecimento. Enquanto a maioria das especialidades médicas se dedica a um órgão ou sistema, a geriatria se dedica ao indivíduo como um todo. Ter um geriatra é ter o seu médico e não um médico para cada órgão ou doença”, explica o geriatra Wesley de Magalhães Lopes.
O programa Mais saúde reúne em um só lugar estruturas de apoio e diagnóstico, com equipe multiprofissional de referência de médicos, fisioterapeutas e outros especialistas. O intuito é preservar e melhorar a qualidade de vida de quem necessita de um olhar mais próximo dos profissionais da saúde, em todas as idades. Por isso, o hospital investiu na continuidade do atendimento, com avaliação e acompanhamento de pacientes crônicos e de situações clínicas altamente específicas. Para os idosos, o programa oferece abordagem ampla para o paciente com risco de fragilidade e reabilitação de funções para atividades diárias.
Para envelhecer bem é preciso viver bem e não custa lembrar de algumas dicas básicas, como fazer checape periodicamente para diagnosticar qualquer problema precocemente e tratar a tempo as doenças que surgirem e suas complicações; manter uma alimentação saudável baseada na comida mediterrânea(peixes, frutas, saladas, castanhas e azeite), e reduzir frituras, açúcar, sal e massas em geral. Não fumar nem beber em excesso; praticar atividades físicas regularmente; manter uma vida social ativa e a capacidade funcional, isto é, a capacidade de exercer as atividades do dia a dia. Cultivar a espiritualidade e os afetos ao longo da vida e cultivar valores familiares.

Isabela Teixeira da Costa

O medo de envelhecer ainda existe?

Quando se passa da casa dos 50 muita gente sente o peso da idade, e bate o medo de envelhecer. Esse temor, ainda é como antes?

A população mundial está envelhecendo. Em 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos no mundo, que crianças menores de 15 anos. Segundo estimativas do IBGE, no Brasil, nos próximos 20 anos a população acima de 60 anos vai mais do que triplicar, passando dos atuais 22,9 milhões (11,34% da população) para 88,6 milhões (39,2%). No período, a expectativa de vida do brasileiro passará dos atuais 75 anos para 81 anos (dados de 2014 extraídos da Folha de São Paulo).

Com toda essa projeção, o governo não faz nada para preparar o país para viver com uma grande população de idosos. Não investe em pesquisas para descobrir a cura dos diversos tipos de demências que têm acometido as pessoas cada vez mais cedo, nem na cura de Parkinson e outros problemas de saúde que impedem que pessoas idosas possam ter uma vida ativa por amis tempo. Mas isso é assunto para outro artigo.

Quando eu era pequena, uma mulher de 50 anos era uma senhora. Se vestia com roupas clássicas, de idosa. Usavam cabelos curtos, as que ousavam tê-los mais compridos, faziam coque.

Hoje, mulheres de 60 anos estão inteiras, malhando na academia, usam roupas jovens, modernas, atuais, as mesmas que a filha ou a neta usam, sem problema algum. Por sinal, não existe mais roupa de idoso. Ninguém dá a elas a idade que têm. São dinâmicas, conectadas, estão ativas no mercado de trabalho. Se cuidam, têm uma alimentação saudável.  Tingir cabelos, aplicar botox, colágeno e fazer pequenas cirurgias plásticas não são para esconder a idade, mas para se sentir bem.

A indústria de cosméticos, sabendo deste envelhecimento da população já está substituindo os termos antiage dos rótulos dos produtos por renovador ou alta exigência. Há alguns anos, marcas importantes já trazem em seus comerciais pessoas acima de 60 e 70 anos, vendendo beleza e qualidade de vida.

A idade não é mais limite para nada. Sempre nos deparamos com notícias de pessoas com mais de 45 anos que passaram no vestibular para fazer cursos como medicina, psicologia, engenharia, entre outros. A procura por curso superior por alunos acima dos 40 anos aumentou em 30% nos últimos cinco anos. Mais de 700 mil alunos, nessa faixa etária, estudam no país.

Quantas vezes, durante minha adolescência, eu ouvi pessoas mais velhas dizerem: “quem me dera voltar a ser mais jovem com a cabeça que tenho hoje”. Queriam ter a disposição que tinham na mocidade, mas com a maturidade adquirida com a vida. Hoje, isso é possível, porque as pessoas com 50, 60 e 70 anos estão ótimas, ativas. Não são aqueles senhorzinhos avós que ficavam em casa lendo jornal, dormindo no sofá e fazendo tricô ou croché.

A vida agora é outra. Eles estão saindo, viajando, divertindo, namorando. Ficam em casa quando querem descansar ou quando estão recebendo os amigos.  Tomam conta dos netos para ajudar os filhos, quando estão com vontade.

Por isso, não entendo quando alguém diz que está se sentindo velho porque está fazendo 58, ou 62 ou mesmo 70 anos. Se fosse lá atrás, quando o comportamento era outro, totalmente compreensível, mas em pleno século 21, não mesmo. Este medo de envelhecer não combina com o perfil dessas pessoas. A idade cronológica não importa tanto. O importante é ter vontade de viver.

Fernando Pessoa escreveu:

“Não importa se a estação do ano muda…
Se o século vira, se o milénio é outro.
Se a idade aumenta…
Conserva a vontade de viver,
Não se chega a parte alguma sem ela.”

Isabela Teixeira da Costa