Alergias: Por que os casos aumentam tanto e como identifica-las?

A pesquisadora e especialista em alergias, Julinha Lazaretti, enviou texto sobre alergias, bem pontual para esta época do ano.

 

Julinha Lazaretti*

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 35% da população tem algum tipo de alergia, sendo 20% alergias respiratórias. Acredita-se que o principal vilão para este constante crescimento seja o atual estilo de vida. No caso das alergias respiratórias, passar longos períodos em ambientes fechados, com pouca iluminação natural e pouca ventilação propicia o aumento dos ácaros, os principais causadores de asma e rinite.

Já as alergias de pele são em decorrência do maior acesso ao uso de produtos cosméticos. O Brasil é o segundo maior mercado de cosméticos do mundo, sendo este um dos mercados que mais cresce. A maioria dos produtos utiliza em suas fórmulas substâncias que podem causar alergia, o que acaba sensibilizando um número maior de pessoas. Com as alergias alimentares, esse aumento decorre de vários fatores como maior ingestão de produtos industrializados, não respeitar o amadurecimento do aparelho digestivo da criança, oferecendo cada vez mais cedo alimentos que podem causar alergia. Outro fator importante e que está sendo estudado é o uso corriqueiro de remédios para azia e má digestão, que podem estar alterando o trato digestivo e tornando-o mais sensível.

Desde quando criamos a Alergoshop, em 1993, temos como principal preocupação oferecer produtos para ajudar na prevenção das alergias. Fazemos isso oferecendo produtos que evitem o contato com substâncias alergênicas. As capas de colchão e travesseiro anti-ácaros, por exemplo, evitam o contato com as partículas desencadeadoras de asma, rinite e dermatites. Desenvolvemos também linhas de maquiagem livres de 105 substâncias conhecidamente alergênicas e muito comuns em outros cosméticos. A linha de produtos de limpeza doméstica é desenvolvida com ativos naturais e livres de petrolatos.

Além de produtos, também nos preocupamos em oferecer informações, pois acreditamos que essa é mais uma forma de ajudar na prevenção das alergias. Por isso, desenvolvemos um canal no Youtube com diversos vídeos em que profissionais dão dicas sobre alergias, como identificar os principais sintomas, os tipos da doença e recomendações. Lembrando sempre que, para todos os casos, é fundamental consultar um médico.

Dentre os casos mais comuns, a alergia respiratória é a que mais atinge a população. Ela se caracteriza por espirros, tosse, nariz coçando e escorrendo, falta de ar e peito chiando. Já as alergias de pele são caracterizadas por vermelhidão, coceira e inchaço. Por fim, as alimentares apresentam diarreia, vômitos e também podem causar sintomas respiratórios e de pele, por isso nem sempre são facilmente identificadas.

O surgimento das alergias é decorrente de vários fatores como genética, ambiental e emocional. Uma pessoa com histórico familiar de alergia pode não desenvolvê-la desde que não entre em contato com substâncias desencadeantes. Então, quanto menos contato com substâncias que já são conhecidamente alergênicas, menor as chances de desenvolver algo. Vale ressaltar, porém, que as alergias nunca aparecem num primeiro contato com determinada substância. Para que a alergia surja, a pessoa precisa ter um certo número de contatos com a substância. Durante esse período a pessoa vai criando anticorpos até que, em determinado momento, a quantidade de anticorpos ativados desencadeia a reação. É como ir enchendo um copo de água que, se passarmos da quantidade ideal, acaba transbordando.

Por isso, prevenir-se e usar sempre produtos e substâncias responsáveis é sempre uma opção mais segura e consciente para o seu bem-estar.

Alergia é um probleminha chato

alergiaA primavera é a estação mais bonita do ano e muito esperada por todos, ou melhor, por quase todos.

Ela não é bem-vinda por uma turma que sofre com o pólen e o pó para quem eles são literalmente uma verdadeira dor de cabeça. São as pessoas que sofrem com a alergia.

Alergia é uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após a exposição a uma substância estranha ao nosso organismo e que ocorre em indivíduos sensíveis a ela. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos 30 anos os casos de alergias aumentaram 30% e, atualmente, 35% da população têm algum tipo de alergia, sendo 20% alergias respiratórias.

Existem vários tipos de alergias como a alimentar, de pele, de nariz, das vias respiratórias e dos olhos. No caso da alimentar, as mais comuns são a de frutos do mar, amendoim e nozes, ovos, soja e leite de vaca. A de pele se manifesta com lesões de coceira. A nasal é uma inflamação alérgica da mucosa do nariz mais conhecida como rinite alérgica e a principal causa são os ácaros e a poeira doméstica. A das vias respiratórias é a asma, bronquite alérgica e a ocular é a conjuntivite alérgica que provoca irritação, vermelhidão, coceira e lacrimejamento.

Como já disse, esta é a época das rinites, asmas e conjuntivite. A rinite alérgica provoca coceira no nariz, ouvidos, olhos e céu da boca, além de espirros, coriza e narinas obstruídas. A asma, provoca tosse seca, falta de ar, chiado e dor no peito e a conjuntivite – inflamação na membrana que reveste o globo ocular –, causa coceira nos olhos, vermelhidão e sensibilidade à luz.

A alergia ao pólen é mais comum países que tem as estações do ano bem definidas como Estados Unidos e Canadá e algumas regiões da Europa. No Brasil, s maiores incidências são na região Sul. Porém, as pessoas que já têm rinite alérgica não escapam das crises. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), 25% da população brasileira enfrenta esse problema. É importante prevenir e os cuidados devem começar em casa. Especialistas recomendam uma boa limpeza da casa, principalmente nos quartos.

A maneira de evitar permanentemente crises alérgicas é dar um “choque” no sistema imunológico com imunoterapia – vacinas contra alergia, que você toma em um período de vários meses ou anos, contêm doses cada vez maiores da substância à qual você é alérgico. Com o tempo, o seu sistema imunológico passa a tolerar o alérgeno.

Lavar diariamente as narinas com uma solução salina é um bom recurso para melhorar a congestão, os espirros e a coceira e reduzir o uso dos anti-histamínicos.

Receita da solução salina: Para preparar a solução salina em casa, misture ½ colher de chá de sal, ½ colher de chá de bicarbonato de sódio e 500 ml de água morna. Como colocar no nariz? Use um conta-gotas pediátrico ou um dispositivo de irrigação nasal, encontrado em lojas de produtos naturais ou farmácias, usado na medicina aiurvédica da Índia. Incline-se sobre uma pia e vire a cabeça de modo que a sua narina esquerda aponte para baixo. Delicadamente, lave a narina direita com 250 mL da solução, que escorrerá pela narina esquerda. Ao terminar, assoe delicadamente o nariz. Repita com a outra narina.

Isabela Teixeira da Costa