FoMo de quê?

Já ouviu falar na expressão FoMo? Se não, precisa ler este artigo.

Recebi esse artigo e achei interessante, por isso reproduzo aqui, na íntegra. Pode servir para muitas pessoas. Fala dessa fissura muito atual de seguir influencers. Não é o meu caso, não sigo ninguém dessa forma, mas sei que isso é sim uma realidade.

Marcia Jorge

O termo FoMo foi criado no ano 2000 pelo estrategista de marketing Dan Herman e significa Fear of Missing Out, em português medo de estar perdendo algo.

Atire a primeira pedra quem nunca sentiu aflição, ansiedade e até angústia ao abrir as redes sociais e ver muitos dos seus amigos em um evento que você sequer ficou sabendo, ou então as pessoas usando uma frase ou um bordão que você não sabe a origem, e pior: todo mundo a sua volta, aderindo a uma moda que você não conhecia.

Sim, a indústria que mais se aproveita desse “pavor de ficar por fora” é a moda, porque ela precisa disso para continuar bem e viva, porém cabe a nós decidirmos que se ficaremos bem e vivos com algo que constantemente nos incute esse medo de ficar para trás.

Ser aceito, admirado e amado são necessidades humanas, só que quando está agregado ao ter, torna-se uma patologia que ganhou proporções gigantescas com as redes sociais. Quem nunca acompanhou alguma blogueira e afins que é a menina do momento porque ela TEM todas as bolsas e roupas mais desejadas do momento?

Aí entendi um dos mecanismos que faz com que o sucesso desses fenômenos seja estrondoso: FoMo.

Acompanhamos a menina que está por dentro de tudo para que possamos ter a ilusão de não estarmos por fora de nada. Que sacada, entupir essa menina de coisas para vender e gerar nas pessoas esse desejo de ter mais e mais, consumir e se sentir inserido na dança. Sinto muito, mas a dança é curta. Em menos de três dias a menina aparece com outro apetrecho, nos mostrando que continuamos por fora. A conta não fecha nunca. E para piorar, ela não apenas mostra o apetrecho que ainda não temos, como também mostra uma vida em que toca música o dia inteiro, com drinks coloridos num céu de um azul nunca visto antes no planeta Terra.

Claro que já sabemos que é um palco montado, mas da mesma forma que choramos em Titanic sabendo que o naufrágio aconteceu em um tanque de 236 metros de comprimento, nos influenciamos por fotos bem editadas. O nosso cérebro involuntariamente absorve e reage com emoções e fantasias diante de toda e qualquer imagem o qual é exposto, mesmo que no próximo momento venha qualquer dado de realidade, a fantasia já foi criada, e essa é a grande sacada do Instagram.

Fantasias podem ser um combustível motivacional maravilhoso, mas a partir do momento que elas estão abalando a sua autoestima, a sua paz de espírito e a sua conta bancária, é hora de avaliar o que você está permitindo que entre na sua vida por esse medo de perder algo.

Quebre já esse ciclo vicioso da insatisfação. Deixar de seguir pessoas que todos os dias te lembram o que lhe falta não o deixará por fora da moda. Moda é se amar, se respeitar e acima de tudo, agradecer.

 

Márcia Jorge é formada em marketing e psicologia pela Universidade Mackenzie, atua no segmento de moda há 20 anos e defende o consumo consciente e o uso da moda e da imagem para melhorar a qualidade de vida e a autoestima.