A convivência a dois e a organização da casa

Arquiteta e personal organizer, Margô Belonni dá dicas para casais aprenderem a lidar com as diferenças na divisão de tarefas cotidianas.

O amor é um sentimento inexplicável e todos concordam que estar apaixonado é uma das melhores sensações do mundo. Quando se ama não há defeitos no outro, tudo é perfeito, mas com a convivência, o casamento e a vida a dois, começam os problemas com a organização ou a falta dela. Segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em um período de 10 anos (2004-2014), os divórcios aumentaram 160% no Brasil. A arquiteta e personal organizer, Margô Belloni acredita que as pessoas normalmente sentem atração e acabam formando pares com outras  muito deferentes delas. “A beleza dessas uniões está justamente nas diferenças que ao serem trabalhadas podem ser tornar pontos positivos no relacionamento”, diz.

O namoro é um ótimo período de testes para observar como será a organização na vida juntos, convivendo todos os dias, já que muitos casais dormem um na casa do outro aos finais de semana e mantém uma rotina muito próxima. “Uma das dicas é pedir para pessoa amada resevar um espaço no guarda-roupa para o parceiro. No entanto, é preciso deixar claro que aquele lugar deve permanecer organizado. Por mais que a bagunça irrite, não faça a tarefa pelo outro. O bagunceiro deve entender que cada um tem que ser responsável por aquilo que gera, seja de bagunça ou de lixo, os tempos de privilégios e mágicas da roupa limpa ficaram pra traz”, esclarece.

Através da sua experiência a Margô constatou que em um casal sempre há um mais organizado. A pessoa mais disciplinada gosta de tomar a frente de todas as tarefas, entretanto sabemos que o dia a dia de uma casa é bastante pesado para alguém tocar sozinho. Além disso, com a crise e a economia em baixa, muitas pessoas deixaram de ter um funcionário doméstico. Para ela, os afazeres podem e devem ser divididos, pois por mais que uma pessoa goste de fazer o trabalho, um dia ela pode se sentir cansada e bastante sobrecarregada, abrindo precedentes para discussões.

Casamento é sinônimo de união, a vida de um casal sofre inúmeras mudanças e adaptações que pedem a participação efetiva de ambas as partes. O diálogo e o planejamento também são fundamentais para evitar brigas desnecessárias. Margô diz que a pessoa mais organizada deve ser o encarregado de planejar a organização e dividir as tarefas. Os trabalhos mais importantes e complexos ficam com a pessoa menos bagunceira, como o pagamento de contas de e o supermercado. A pessoa menos organizada pode ficar com as tarefas que não envolvam datas e vencimentos, como recolher o lixo, lavar louça, lavar roupas, passear com o cachorro. Cada um deve cuidar da própria roupa, principalmente da suja que precisa ser colocada no cesto todo santo dia.

Viver junto é saber ceder e fazer concessões, por isso, por mais que você adore organizar a casa e ver tudo arrumado tem que entender que isso não faz parte do universo da outra pessoa.  O caminho para evitar atritos segundo a personal organizer é moderar as cobranças e conversar muito. É necessário mostrar ao desorganizado que quando ele colabora isso deixa você feliz e se sentindo respeitada. A organização é um hábito de saúde e coletivo, a prática requer a ajuda de todos para fazer tarefas básicas como tirar o lixo, recolher os carregadores das tomadas. Para conseguir isso em casa não precisa ser um especialista, basta querer ter um espaço de convivência harmônico e leve.

Amor à mesa

driSentar em torno da mesa é momento de convivência importante que une pessoas.

Esta semana, a paisagista Carla Pimentel recebeu para um coquetel em sua loja e convidou minha amiga Adriana Vasconcelos Oliveira para falar um pouco sobre amor e flores à mesa. Nunca vi um tema combinar tanto assim com uma pessoa, como este combina com a Adriana.

Primeiro, porque as mesas da casa dela são sempre lindas. É impressionante o cuidado, capricho e charme que ela monta a mesa para todas as refeições, desde o café da manhã até o jantar, passando pelo almoço e o lanche. Sempre, e não é só para receber visitas, é natural dela, faz parte do dia a dia da casa.

Durante minha breve passagem como jogadora de tênis, fazíamos aulas juntas no prédio da Adriana, e de vez em quando jogávamos com a irmã dela, Kátia, que mora no mesmo prédio. Um dia cheguei varada de fome e falei que precisava comer algo antes da aula. Kátia ofereceu uma salada de fruta que tinha acabado de fazer. Subi até sua casa e a mesa de lanche estava linda. Percebi que este capricho e cuidado vem de família. Educação recebida por ambas da mãe, D. Cecília.

Segundo, porque Adriana sempre fez questão de reunir sua família e seus amigos em torno da mesa, porque ela sempre acreditou que a união em torno da mesa é cheia de amor. No bate-papo, durante o coquetel, Adriana falou uma coisa que além de ser muito bonita é de extrema importância e decidi contar aqui. Reunir em torno da mesa é importante, agrega, une e quando a mesa está bonita dá prazer estar em torno dela. Esta união em volta da mesa gera amor.

Fazer uma mesa bonita é importante porque atrai as pessoas. Dá prazer em sentar em torno de uma mesa bem posta, com charme. E isso é possível para qualquer pessoa, basta ter desejo e criatividade. Não é preciso ter louças caras, toalhas ou jogos americanos sofisticados, nem tão pouco porta guardanapos requintados. Com o que cada um tem em casa, usando a criatividade é possível fazer lindas mesas.

Minha filha fez um lanche para as amigas no Natal e arrumou a mesa que ficou uma graça. Pegou ramos de alecrim e fez como mini guirlandas, escreveu o nome de cada amiga em um pedacinho de papel e colocou em diagonal na guirlanda e usou isso como marcador de lugar. O porta guardanapo foi uma fita xadrez de vermelho e branco, que ela deu laços. Pura criatividade.

Voltando à fala da Adriana, ela contou que uma pessoa deu um conselho muito sábio que levou para sua vida: “não critique ninguém perto de seus filhos, para que eles não cresçam seres humanos críticos”. Em todas as conversas ao redor da mesa ela nunca criticou ninguém e sempre fez questão de mostrar a seus filhos o lado bonito das coisas e das pessoas. Cultivou a importância do bom humor desde o acordar, valorizar a beleza do dia, mesmo se estivesse chovendo.

Deu certo. A família é unida, são felizes, têm prazer em estar em torno da mesa,  conversam, se amam.

Comentando isso com a minha professora de pilates, Natália Mendes, uma moça nova, casada há pouco tempo, com uma filhinha linda que está para completar um ano, ela me disse que na casa de seus pais também era assim.

A família ficava junta, conversando. Nada de chegar em casa, ligar a TV e se alienar. Por sinal, ninguém tinha TV e computador no quarto. Almoço e jantar eram em família e depois todos ficavam conversando. Convivendo, coisa rara em família.

Princípios, valores e atitudes que se fossem repetidas por mais famílias, com certeza teríamos menos problemas na sociedade atual.

Isabela Teixeira da Costa