E o consumidor?  Só na briga e carteirada?

golaviaoFalta de respeito com os direitos do consumidor batem recordes nas companhias aéreas.

Hoje, vou relatar outro caso de desrespeito com o consumidor. Estava contando para alguns amigos lá do jornal o caso da Ticha Ribeiro, que escrevi ontem aqui no site. Claro que eles ouviram horrorizados. Depois que a turma dispersou, meu colega Sandro Barnabé disse calmamente: “Se você quiser saber o que aconteceu comigo, na ida e na volta das minhas férias, com a Gol, eu te conto”.

Claro que quis saber na hora. Primeiro, porque sou jornalista e como tal sou muito curiosa. Segundo, porque poderia me render mais um artigo, como de fato está rendendo. Não para ocupar este espaço, mas para alertar os leitores de seus direitos e de como fazer valer cada um deles.

Sandro e a família compraram uma viagem para o Chile, para o dia 12 de dezembro. Sairiam de BH no voo da Gol para São Paulo bem cedo, pegariam outro em SP para Santiago às 10h30. No dia seguinte, sairiam de Santiago para outra cidade do Chile, que não me lembro mais qual era.

Foto: Douglas Shineidr / Jornal do Brasil
Foto: Douglas Shineidr / Jornal do Brasil

Saíram de casa no meio da madrugada com neblina, chegaram ao aeroporto de Confins com neblina e quando chegaram ao setor de check-in da Gol tinha uma fila enorme, tipo zig-zag e a informação era simples, voo cancelado por causa da neblina, Confins estava fechado para pousos e decolagens e a Gol iria, dentro do possível, remanejar os passageiros para outros voos.

Sandro percebeu na hora que perderia seu voo para o Chile. Viu uma fila vazia com uma placa informando que era para portadores de cartão ouro Smiles. Como tem um, foi para lá com a família e foi o primeiro a ser atendido. Mesmo assim ficou mais de 20 minutos em atendimento. A moça disse que ele seria colocado no voo do dia 16. Heim? Como assim?

O que a atendente não sabia é que conversava com uma pessoa que conhece as normas, regras, direitos e leis. Na mesma hora ele abriu seu roteiro de viagem com todas as passagens e reservas de hotéis, mostrou para a funcionária da Gol que perderia 4 dias de viagem, e perguntou se a Gol pagaria por tudo isso: passagens aéreas, hotel e passeios, para quatro pessoas.

A conversa mudou. A moça pediu um instantinho, sumiu um tempo e voltou informando que ele e a família seriam colocados em um voo às 13h para São Paulo e sairia para Santiago no mesmo dia, às 22h. Prazo suficiente para ele não perder seu voo no Chile dentro da sua programação. Como tem um cartão black da Master Card, passou a tarde na sala VIP, até a hora do seu embarque.

Mas não acabou por aí. Na volta, chegando a São Paulo, foi pegar seu voo para BH com 40 minutos de antecedência e a companhia disse que o check in já estava fechado. Como assim? Não arredaram o pé. Ele foi à Anac, pegou todos os papeis necessários com todas as leis de direito do consumidor e se dirigiu à GOL. Chegando lá, informaram que ele seria colocado em um voo às 22h. Como isso representa mais de 4 horas, ele mostrou a lei e exigiu hotel para família. Na mesma hora propuseram levá-lo para o aeroporto de Congonhas e pegar o voo das 13h para BH. Pagaram dois taxis, almoço etc. Ficaria mais barato do que hotel, almoço e transporte para os quatro.

Sandro só conseguiu tudo isso por conhecer seus direitos e por ter um cartão Ouro, porque se esperasse a fila enorme andar com certeza não chegaria a tempo de ter vaga no voo da noite que estava cheio. Afinal, não é fácil acomodar 150 pessoas e segundo ele, cerca de 40 pessoas que estavam no voo cancelado iriam para o Chile. Mas precisar dar “carteirada” para conseguir seus direitos é duro. E quem não tem a carta VIP? Vai engolindo as migalhas que eles oferecem?

Como os outros se viraram para viajar, eu não sei. Provavelmente, muita gente deve ter viajado dia 16 ou mais pra frente ainda. Outra coisa que espanta é Confins fechado. Uma das coisas que eles mais se gabam é de que este aeroporto tem uma visibilidade excelente e nunca fecha. Pelo visto isso é mais uma fala de marketing e propaganda.

Isabela Teixeira da Costa