Por que sentimos sono após o almoço?

Uma sesta de até 30 minutos depois do almoço faz bem à saúde e melhora o rendimento no resto do dia.

Muitas empresas já oferecem espaço para o cochilo depois do almoço

Algumas pessoas gostam de tirar um cochilo depois do almoço e sofrem um certo preconceito por isso. Mas já está mais do que comprovado que dormir depois do almoço de 10 a 30 minutos é muito saudável e deveria ser uma prática seguida por todas as pessoas.

Dormir após o almoço não é sinônimo de preguiça ou falta do que fazer, mas sim uma recomendação médica capaz de melhorar o desempenho nas atividades durante os períodos vespertino e noturno e, consequentemente, trazer mais saúde.

O especialista em sono Maurício Bagnato explica que a sesta não é um capricho, mas sim uma necessidade fisiológica. “O cochilo depois do almoço é muito bom para o corpo porque a temperatura abaixa após o sono. Ele precisa ter duração máxima de meia hora e dá uma boa restaurada. Isso faz parte do ser humano. O corpo pede esse descanso”, afirma o especialista.

A sensação de sonolência após o almoço tem explicação e não está ligada diretamente à quantidade de comida ingerida nesta refeição. De acordo com o otorrinolaringologista e especialista em medicina do sono do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Fernando Oto Balieiro, o sono neste período é, na verdade, uma questão fisiológica, e, portanto, natural para a maioria das pessoas.

Comumente, a luta para se manter acordado depois do almoço é atribuída ao deslocamento da circulação para o aparelho digestivo, o que diminui o transporte de oxigênio no cérebro. O médico, porém, explica que se, esse fosse o único motivo, em outras refeições o sono estaria presente, o que não ocorre.

“Caso seja feita uma refeição mais pesada no meio da tarde em um período posterior ao do almoço, dificilmente esse sono será sentido. Isso porque essa sensação é fisiológica e não está ligada somente à questão da digestão. Além disso, existem situações para que ela apareça”, complementa.

As condições do organismo, citadas por Balieiro, são parecidas com as que ocorrem durante a preparação para o sono noturno, com variação hormonal e queda da temperatura corporal, que sinalizam ao corpo que é preciso dormir.

“Nosso ciclo biológico de 24 horas possui algumas secreções de hormônio, como a melatonina à noite, que ajuda a induzir o sono, e queda da temperatura que sinaliza ao corpo que é preciso prepará-lo para dormir. Isso também acontece por volta das 14h00, mas desta vez com a variação, principalmente, do hormônio cortisol.”

A intensidade e a composição da alimentação não estão descartadas dos motivos dessa situação. O especialista enfatiza que refeições mais gordurosas realmente deixam a digestão mais lenta e potencializam esse efeito natural após o almoço.

A fim de exterminar o cansaço, o cochilo após comer não é contraindicado para a maioria das pessoas. O especialista orienta que esse hábito deve ser evitado somente por quem sofre de insônia e refluxo. Caso contrário, descansar até 30 minutos já ajuda a recarregar a energia e não prejudicar o desempenho cognitivo durante o restante do dia.

 

Cochilo durante o dia é saudável

Cochilódromo Foto: João Paulo Pavone
Cochilódromo Foto: João Paulo Pavone

Cochilar depois do almoço não é coisa de preguiçoso, ao contrário, faz bem para a saúde.

Sentir sono depois do almoço é geral. Faz parte de uma reação natural do organismo avisando que precisa repor as energias. Infelizmente, a maioria das pessoas está trabalhando e isso essa paradinha se torna impossível. A solução é despistá-la com xícaras de cafezinho e ingestão de açúcares como balas e doces.

Algumas empresas, mais modernas e que visam o bem-estar dos funcionários criaram áreas de descanso onde seu colaborador pode esticar as pernas e tirar uma soneca por alguns minutos durante seu horário de almoço. Mas não é o usual.

Tenho um lado da família que não abre mão desta sesta. Pode chover canivete, ter visita em casa, eles não se abalam, depois do almoço pedem licença e vão tirar o seu cochilo. Depois de 20 a 30 minutos levantam inteiros, se aprontam e retornam ao trabalho ou à convivência quando é fim de semana. Sempre pegamos no pé deles por isso, mas agora é comprovado que estão certos.

Segundo um estudo divulgado em 2010 pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, dormir a sesta renova o cérebro, melhora as habilidades mentais e aumenta nossa capacidade neurocognitiva.

E a tal cochilada intriga pesquisadores. A Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), também fez um estudo com 39 jovens saudáveis. Os participantes tinham que decorar 100 nomes e rostos na hora do almoço. Em seguida, uma parte deles era liberado para dormir. Às 18h, o grupo voltava e precisava decorar outros 100 nomes e rostos. A conclusão da pesquisa foi de que os 20 jovens que tiraram uma soneca apresentaram desempenho 10% melhor, o que comprova um melhor funcionamento do cérebro após a soneca. Ou seja, dormir depois do almoço faz bem para a memória.

Os sócios Thiago, André, Alicia, Camila e Marcelo Foto: João Paulo Pavone
Os sócios Thiago, André, Alicia, Camila e Marcelo Foto: João Paulo Pavone

Se ainda não se convenceu, veja aqui alguns dos benefícios que ela traz a saúde:

  • Fortalece a memória
  • Diminui os riscos de ataques cardíacos
  • Confere mais disposição e energia
  • Aumenta a concentração, reduzindo acidente
  • Aumenta a sua produtividade no trabalho

Segundo especialistas do Instituto do Sono e da Nasa, a soneca ideal dura 30 minutos, e o ideal é manter os pés elevados para conseguir total relaxamento. Mas como conseguir esse doce prazer no meio do dia, se a maioria das pessoas não consegue ir para casa e as empresas não oferecem espaço para o descanso? Nada como saber enxergar possibilidades, assim nasce um empreendedor. O paulista Marcelo Von Ancken percebeu isso e, para facilitar a vida dessas pessoas criou o cochilódromo em São Paulo.
Hoje, são 20 cabines privativas, que podem ser usadas para o cliente fazer uma pausa no meio do dia corrido na cidade. Não existe um perfil determinado de cliente. Gente de várias idades, classes sociais e ocupações usam o serviço: baladeiros que precisam se recuperar da noite não dormida para conseguir trabalhar ou estudar, executivos em busca de alguns minutos de paz, programadores que trocam o dia pela noite e estudantes são alguns dos exemplos citados.

A soneca pode ser de 15 a 60 minutos. As cabines são individuais climatizadas, com lugar para pendurar bolsa e paletó, uma cama inclinada, fone de ouvido (que neutraliza ruídos externos e também reproduz uma trilha com música suave), e uma iluminação em tom de azul relaxante (quem quiser dormir no escurinho pode apagar a luz). Uma vez instalado, o cliente pode descansar tranquilo: um sistema controla o tempo. Na hora de despertar, aciona uma leve vibração e as luzes começam a piscar. Para completar a experiência, o cliente ganha um cafezinho.

Quem não tem cão, caça com gato. Se não tem cochilódromo na sua cidade, pode improvisar. Veja algumas dicas:

  • Use o carro, baixe os bancos o máximo possível – mas estacione num lugar seguro
  • Caso haja barulho, use tapa-ouvidos ou ouça música calma. Vale também sons de ondas, de pássaros, o que você considerar relaxante
  • Feche as janelas, cortinas ou use uma máscara. A escuridão estimula a produção de melatonina, hormônio indutor do sono
  • Posição ideal: corpo de lado, com o travesseiro entre o ombro e o pescoço, e pernas levemente dobradas
  • Melhor horário: entre 12h e 14h. Depois do almoço quando o organismo quer repor energias
  • Marque o tempo: ponha despertador para dormir entre 20 e 30 minutos, coincidindo o despertar com uma fase de sono leve.

Isabela Teixeira da Costa