Slow house: um novo estilo de receber

Marcela Ferrari e Ticha Ribeiro
Marcela Ferrari e Ticha Ribeiro

Marcela Ferrari e Ticha Ribeiro criaram workshop que apresenta um novo conceito de receber, no estilo faça você mesma, priorizando a qualidade de vida e a convivência.

Marcela Ferrari é uma advogada que, depois de um tempo atuando na profissão, decidiu mudar completamente de ramo. Sempre teve jeito para trabalhar com flores. Desde os 9 anos de idade faz arranjos, quando ia com a mãe na feira de flores que tinha na Praça da Liberdade às sextas-feiras à noite. “Comprava as flores, fazia os arranjos e montava as mesas, sempre gostei desse universo”, conta Marcela, que era elogiada por tudo o que fazia em sua casa, o que ocorre até hoje.

Certa vez, preparou uma grande festa surpresa para o aniversário do marido, e fez todos os arranjos florais. Foi a atração da festa, e uns amigos que iam se casar, pediram à Marcela para fazer a decoração da festa que seria para 500 pessoas. Pedido negado na hora, já que a decoração não passada de hobby para Marcela Ferrari. Helô Couto, que era o cerimonial do casamento, não desistiu. Insistiu, deu todo o apoio e estrutura necessários para Marcela, que acabou aceitando o desafio. “Foi aí que entrei para este mundo, no susto, e já estou há dez anos”, relembra.

A ideia do workshop surgiu de uma demanda. “Atualmente, as pessoas estão fazendo muita festa pequena, reuniões menores em casa e querendo que eu faça os arranjos. Muitas vezes não posso atender por indisponibilidade de tempo uma vez que as festas maiores demandam muito tempo de montagem. Quando a reunião é em casa, os arranjos são menores e podem ser feitos pela anfitriã”, conta Marcela. “Então decidi ensiná-las a montar os arranjos. Já conhecia a Ticha, desde o ano passado, quando produzimos umas mesas de primavera para o Caderno Feminino, então propus a ela esta parceria. Uma festa intimista, aconchegante e charmosa”.

Ticha Ribeiro tem uma trajetória na moda, e há alguns anos criou o site de inspiração Inventando Mesa. Adorou o convite e aceitou a parceria, porém achou importante criar um conceito para o encontro que seria para ensinar a receber preparando desde a montagem do arranjo, da mesa e dar algumas dicas. “Sou apaixonada pelo slow moviment que influenciou o slow food e o slow fashion. Fiz uma pesquisa e descobri que o movimento começou em 1984, em oposição a uma rede de lanchonete fast food que abriram na Itália, e depois disso idealizaram uma cidade slow, sem imaginar a loucura que seria o mundo com o boom da internet”, explica Ticha. “O encontro verdadeiro com tempo para as pessoas, a convivência pessoal está acabando, e o movimento mostra a importância deste relacionamento pessoal, trata-se de uma necessidade do ser humano, intrínseca que não pode acabar. A partir daí criamos o Slow House”, conta.

A proposta de Marcela e Ticha começa desde o início da produção da festa. No lugar daquela atitude ansiosa, acelerada e corrida que ficamos para organizar os preparativos, passaremos a curtir o preparar a festa. “A festa começa a ser uma alegria desde o início. Você cria o conceito da festa para ter uma harmonia em tudo o que fizer. Chama um grupo de amigas para preparar junto. Umas amigas cozinham, outras arrumam a mesa, outras fazem o arranjo. Depois os maridos chegam e começa a festa”, explica Ticha.

A dupla montou o workshop como se fosse uma festa, pensando em todos os detalhes, com tudo o que gostariam que tivessem em um encontro agradável. Um brunch com sucos, chás, cafés, pães do Mercado Grano e bolos preparados por Maria Helena Ribeiro, tudo da melhor qualidade. Depois a primeira oficina de arranjo floral com Marcela Ferrari, cheia de detalhes. Em seguida degustação de espumantes e vinhos da Oak, de Vanessa…, e o almoço com saladas da Poró e massa da Bonomi. Mais uma oficina de arranjo e em seguida a palestra de Ticha, com a montagem das mesas.

Em sua palestra, Ticha fala da table culture e de como buscar a sua inspiração, trazendo a moda para a mesa. A importância de fazer o mood board com todos os elementos que captam o seu olhar em diversas áreas, o que Ticha chama de zeitgeist, em alemão, que significa espírito da época, “você começa a perceber o que está aparecendo em vários lugares, isso está aparecendo em um sapato, em uma árvore, na decoração, no carro, então, eu quero falar disso. Aí eu monto um projeto em cima daquele tema. Isso serve para qualquer projeto, você cria a atmosfera, e aquilo te ajuda a ter mais inspiração e põe a sua intuição em cima. A intuição é importantíssima, porque você tem que colocar a sua interpretação dentro da inspiração”, explica Ticha.

Segundo Ticha, é permitido ousar, criar e misturar, sem censura. Pode tudo, desde que quando olhar para a mesa, o que for visto agrade aos olhos. Se não gostar, tem que tirar. Para ela não pode existir preconceito para criar, é preciso experimentar, misturar e se não ficar bom, vai limpando os excessos. Claro que existem regras que têm que ser respeitadas, como a colocação de talheres, por exemplo, e a posição das taças, mas nada impede a mistura de louças e taças na mesma mesa, desde que tenha uma das taças igual em todos os lugares, servindo de elo de ligação na mesa.

“Minha mestra é a holandesa Li Edelkoort, que há anos é quem dita a tendência para as grandes indústrias para 10 anos a frente, em todas as áreas. Junto com profundas pesquisas que faz, soma à sua intuição. Segundo ela, o hemisfério norte está esgotado em sua criatividade e por isso os criativos estão vindo para o hemisfério sul para dar um respiro na criatividade. Ela diz que o brasileiro não sabe usar o seu potencial”, conta Ticha. Para fechar o workshop com chave de ouro, depois da montagem das mesas é servida a sobremesa e são feitos sorteios de presentes. Na saída, um mino: cada uma levou o seu arranjo e ganhou um bolo da fofíssimo.

Com as belas mesas postadas no site Inventando Mesa veio a demanda das pessoas querendo adquirir as peças, que não estavam à venda. A insistência levou Ticha a criar a Ma Perle, sua marca de peças para mesa, onde ela coloca suas ideias de moda e cria coleções com os temas que ela quer trabalhar. A última coleção foi anos 20, com inspiração forte de Chanel, art decô, melindrosas. “Já estou desenvolvendo uma outra linha com estamparia”, conta Ticha.

A periodicidade do workshop é a cada dois meses com vagas limitadas, com tudo incluso no valor da inscrição, desde o café do receptivo, passando pelo almoço e o lanche, e todo o material utilizado. É um dia especial, onde as pessoas vivem uma experiência diferente, convivem com pessoas interessantes, aprendem coisas novas e relaxam, fugindo do agito do mundo cotidiano.

A dupla tem parceria com Oak espumantes e vinhos, Mercado Grano, Fofíssimos Bolos, Poró Salada no Pote, Hilton Impressos, Atelier A Lus de Velas, Tool Box, Florence Zyad Fotografia, Casa da Índia e Evelyn Flores.

Isabela Teixeira da Costa

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