Será que teremos que nos alimentar de ar?

Foto EM.com.br
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As plantas estão cheias de agrotóxicos, os legumes são transgênicos, aves e ovos estão cheios de hormônios e agora as carnes estão contaminadas.

Lascou-se, vamos comer o quê? Na sexta-feira, foi divulgada a Operação Carne Fraca que denunciou um esquema de corrupção nos principais frigoríficos do país, ou melhor, em vários frigoríficos que fornecem matéria prima para as principais marcas do país.

Além de carnes deterioradas nas quais eram colocados o um produto cancerígeno – ácido ascórbico –, para mascarar o odor de putrefação, tinha também cabeça de porco em salsichas (que é proibido por lei), papelão em carne de frango e salmonela em mortadela.

Marcas JBS
Marcas JBS

Como tudo no país vira meme, a internet foi inundada por uma avalanche deles sobre o assunto, que é pra lá de sério, neste fim de semana. Imaginem quantas pessoas, no período da investigação, ingeriram produto estragado. Isso porque os dois anos de investigações (foram em 2013 e 2014), chegaram a 21 unidades. Mas quem garante que isso não ocorria antes e que não continuou ocorrendo depois, pois só veio à tona agora.

Logo que abri este site, escrevi uma crônica sobre câncer com uma opinião muit pessoal dizendo que tenho uma teoria. Penso que o aumento expressivo dos casos de câncer na população se deve, em grande parte, aos alimentos transgênicos e ao excesso de produtos químicos colocados nos alimentos para aumentar a sua durabilidade. Na época de meus pais e avós a alimentação era bem mais saudável e natural, e com isso o número de doenças graves era bem menor.

Marcas RBF
Marcas BRF

Como postou minha prima Vanessa Torres, em seu Facebook,

“Não dá pra ser onívoro, nem carnívoro, nem herbívoro, nem vegetariano, nem vegano, nem insetívoro…
Tudo está contaminado/ estragado/ impregnado de pesticida etc.
Pensei que a opção fosse aquela mais radical: nos alimentarmos só de luz solar.
Mas…
E o rombo na camada de ozônio!?!?!?
Tá difícil essa falta de opção para um cardápio saudável!!!!! “

É por aí mesmo. Quando não é o transgênico é o agrotóxico, pesticidas, ou então o excesso de hormônio nas granjas. E agora, esta porcariada toda nas carnes. Alimentar de luz? Não dá por causa do buraco na camada de ozônio. Tragecômico.

Outro grande amigo, Marcelo Gualberto, postou na mesma rede social um texto que reproduzo parte dele, intitulado O mundo está CHAAAATO!

“Ás vésperas de completar 61 anos, chego à conclusão que o mundo está insuportavelmente chato. A gente era feliz e não sabia. Esse negócio do “politicamente correto” é uma chatice sem fim. Saudade do tempo em que ninguém precisava fazer passeata para afirmar seu “orgulho gay” (ou hétero). Tempos bons àqueles que apelidos eram apenas apelidos e não viravam caso de polícia. Fazer carinho numa criança não era suspeita de pedofilia. (…) Não tinha notícia de alguém com intolerância a lactose. Glúten? Nunca tinha ouvido falar. E o que dizer de veganos, vegetarianos, frugíveros, oníveros e afins? Cada um com a sua mania. Todos eles tentam convencer os demais que comer churrasco é ‘pecado’. (…) Os pais podiam disciplinar os filhos sem medo de serem denunciados por maus tratos. Não me refiro a surras, quase espancamentos. Refiro-me às boas chineladas no lugar próprio. (…) Saudade, muita saudade do tempo que vereador não era profissão, era cargo de honra.”

Enfim, apesar de não ter sido um grande número de frigoríficos autuados, o estrago foi grande. Agora é ver no que vai dar. O importante, é que, até que enfim, a podridão que existe no país, em várias áreas, está vindo à tona.

Veja a relação dos frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca, que envolve grandes frigoríficos, e suas marcas mais conhecidas: BRF (Sadia, Perdigão e Chester); JBS (Friboi, Seara, Big Frango, Swift e Maturatta); Grupo Peccin; Frigorífico Souza Ramos; Frigorífico Larissa; Mastercarnes (PR); Dagranja Agroindustrial Ltda; Frango a gosto; Fratelli comércio de Massas e Frios; Frigobeto Frigoríficos; Frigomax; Frigorífico 3D; Frigorífico Argus; Frigorífico Oregon; Frigorífico Rainha da Paz; Novilho Nobre; Primor Beef; Smartmeal; Unifrangos Agroindustrial; Central de Carnes Paranaense; Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda; e Unidos Comércio de Alimentos Ltda.

Isabela Teixeira da Costa

  • Isabela, concordo com você que não temos mais confiança nos produtos que compramos para a alimentação, porque até as grandes indústrias e seus fornecedores andam nos aprontando poucas e boas. Mas daí a dizer que a comida que nossos avós comiam era muito mais saudável vai uma enorme diferença… Os alimentos que chegavam à nossa mesa tinham baixíssima qualidade: os grãos vinham misturados a todo tipo de porcaria, inclusive pedras. Galinhas, carne de porco, ovos, tudo tinha parasitas, salmonella, shigella e um mundo de outros patógenos. A febre aftosa e a tuberculose bovina campeavam soltas, triquinelose, doenças aviárias, tudo contribuía para carnes de qualidade prá lá de duvidosa. As frutas vinham bicadas por tudo que é inseto, legumes e verduras contaminados com esterco humano e de bichos, queijo com bactérias, e por aí vai,. A quantidade de intoxicações alimentares era enorme, assim como a de infecções derivadas do consumo de comida contaminada. A fiscalização era ausente (hoje ela é deficiente, o que é muito diferente). Com 64 anos de idade, e tendo vivido em muitas regiões do país, convivendo com pobres e ricos, não posso de forma alguma concordar que o que se comia então era mais saudável. Nem era mais saudável, nem mais equilibrado nem sequer era suficiente. No Brasil se passava fome em tudo que é canto, do Oiapoque ao Chuí. Este mito de uma comida mais saudável de nossos avós é um mito que anda pela internet e pela cabeça das pessoas, mas não tem nenhuma base na realidade, é puro saudosismo sem sentido. Pode ser verdade para certas famílias mais ricas, em fazendas bem cuidadas, mas o povo brasileiro comia muito mal.
    Outra coisa que vejo repetida com frequência é que os transgênicos estão ligados ao “aumento” do câncer. Primeiro, de quais dos mais de 100 tipos de câncer estamos falando? Não existe um câncer só… Segundo, há um aumento de verdade, para cada faixa etária, ou um aumento global porque estamos ficando mais velhos e muitos tipos de câncer afetam pessoas idosas? Sobretudo, não há qualquer mecanismo pelo qual os alimentos transgênicos possam causar câncer e até os artigos espalhafatosos (e muito ruins0 do Séralini não indicam que mecanismo seria esse. Sua teoria não é só sua, muitos comungam dela, mas não há qualquer base cientifica para apoio a ela.
    Sempre comeremos coisas boas (com qualidade) e ruins (sem qualidade, fraudadas, contaminadas, etc.) É impossível, aqui como em qualquer outro país, que 100% do que esteja nas prateleiras dos mercados tenha a qualidade esperada: há muitas ocasiões para o aparecimento de problemas, desde o campo até o armazenamento e exposição nas gôndolas. Há uma solução? Sim: fiscalização contínua. Vai funcionar sempre? Não, mas na maioria das vezes, sim. Se alguém não quiser viver assim, deve comprar um sítio grande a produzir seu próprio alimento. Aí vai ver que entre o idealismo e a prática há uma imensa distância, cheia de saúvas, chuvas fracas ou fortes demais, pragas de lepidópteros e coleópteros, fungos e nematódeos, pássaros comedores de brotos de plantas, doenças de galinha, infeções de caprinos e bovinos, contaminantes bacterianos do leite e do queijo, e um mundo de outros desafios na produção de alimentos. Pode ser que nosso idealista desista e volte a comprar serenamente nos supermercados.

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