Casos de viagem

Viagem é das maiores riquezas que adquirimos e o melhor de tudo, guardamos casos hilários que nos acompanham e colorem a vida.

Ainda sobre estilo de viagem. Conheço um casal que curte viagem de um jeito bem peculiar. Não vou dizer aqui se é bom ou ruim, não existem regras para viajar, cada faz o que quer, o importante é aproveitar o passeio, afinal, cada um viaja para se divertir, descansar, conhecer novos lugares, faz isso da maneira que mais lhe agrada e ninguém tem nada a ver com isso.

Eles gostam muito de passear, e o marido ama cozinhar, por isso, o seu grande prazer é cozinhar para sua mulher em todos os lugares. Ou ficam em apartamento ou em apart-hotel para ter acesso a uma cozinha. O parque de diversões dele é um bom supermercado. Sempre que chega a uma cidade, deixa as coisas no apart e sai em busca de um supermercado e seus olhos até brilham quando está lá dentro.

Acho interessante, mas meu estilo de viagem é outro, prefiro sair, comer fora, experimentar os sabores e temperos da região, conhecer as receitas e visitar os lugares. Almoço e janto fora. Claro que tem dia que tem tanta coisa para se ver que não dá tempo de almoçar, aí janta-se um pouco mais cedo, mas enfim, prefiro sair do que ficar dentro de um apartamento.

Ele sempre foi mais econômico, ela também não esbanja, mas gosta de coisas boas, e entre suas qualidades tem uma que admiro, é desapegada. Certa vez emprestou para uma amiga um sapato Louboutin que nunca tinha usado. A falta de grana nunca foi problema que o impedisse de viajar. Sempre viajou, desde jovem. Mochilava mundo a fora. Certa vez ela me contou dois casos de viagem que ri demais.

Quando ainda eram namorados decidiram fazer uma viagem juntos, a primeira. Vale ressaltar que isso foi há muitos anos. Viajaram para a Europa, e ele ainda com o ranso de mochileiro, que hospeda em albergue e tem que manter tudo trancado, carregava uma pochete na cintura com um enorme cadeado dependurado. Fico imaginando a cena ridícula, e o que as pessoas pensavam quando passavam por ele na rua.

Em um dos passeios ela viu, em uma vitrine de uma loja muito chique, um sapato maravilhoso. Não resistiu, entrou, experimentou e comprou. Na hora de pagar era com ele. O enorme balcão de mármore de carrara da loja virou apoio para a ridícula pochete com cadeado, que ele abre sob os olhares dos atendentes que fazem cara de espanto, não acreditando no que estavam vendo. Porém, o pior estava por vir. Quando abre a pochete tira um pacote de biscoitos e, pasmem vocês, um ovo cozido! Quem carrega um ovo cozido na cintura, na Europa???? Os atendentes segurando para não rir aguardavam o que mais sairia da “bolsa da Mary Popins”. Para alívio da sua esposa e para calar o espanto dos estrangeiros, ele tirou um gordo maço de dinheiro e pagou o caro sapato. Ao saírem, sua mulher, na época namorada, deu um grande sermão e lembrou a ele que a época de mochileiro já tinha ido pro espaço.

O casal viaja anualmente. Ele fala inglês com limites, ela, fala muito bem. Em outra ocasião, já casados, foram almoçar e ele tentava explicar para o garçom o que queria comer, com muita dificuldade no inglês. O garçom não entendia nada e ele se oferecendo para ajudar. Mas homem que é homem não aceita ajuda de mulher. Quanta balela. A dada altura da explicação ele solta esta pérola “Do you sabe how?”. O garçom ficou com cara de interrogação, a mulher caiu na gargalhada e diante disso ele se rendeu à incapacidade de comunicação e deixou ela explicar o que ele tentava há quase 20 minutos. Do you sabe how?

Isso é maravilhoso.

Isabela Teixeira da Costa

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