Pesquisa revela que brasileiro enxerga inverno com neve, vinho e fondue.
Vivemos em um país tropical e por conta disso, nossas estações do ano não são tão bem definidas como outros países. Por exemplo, estamos no outono desde o dia 20 de março, e entraremos no inverno no dia 21 de junho, mas continuamos enfrentando altas temperaturas.
Se fosse em alguns países, já estaríamos com as folhas das árvores em tons terrosos, chegando até o laranja, e algumas já caindo, formando um tapete lindo no chão, e a temperatura já estaria bem mais fria.
Apenas no final de semana passado é que começou a esfriar depois que anoitece, mesmo assim, para muita gente o clima está ameno. Eu sou friorenta por isso já passo aperto. Saio de casa com um agasalho leve, um blazer ou jaqueta, quando vai dando 11h a temperatura chega aos 26º C e é hora de tirar o casaquinho. Quando começa a escurecer, pega o casaco de novo. É um tal de tira e põe o dia inteiro.
No Sul do país as temperaturas já baixaram bastante, até surpreendendo para o outono, já que houve ameaça de geada em algumas cidades, mas pelas bandas do Norte, Nordeste e Centroeste o calor ainda impera.
Pesquisadores resolveram tentar entender a cabeça e o comportamento do brasileiro, morador de um país tropical, diante do inverno, e descobriram umas coisas bem interessantes. Muitas delas eu já desconfiava, mas agora está cientificamente comprovado.
A primeira é que Campos do Jordão só existe no inverno. Isso mesmo, segundo a pesquisa, as pessoas associam a charmosa cidade paulista ao clima frio. Nem pensar em passear por lá em outra época. Mal, mal, em um fim de semana aparecem uns gatos pingados.
Vivi isso na pele em 1983 (nossa, século passado! Espero que já tenha mudado bastante). Casei em setembro de 83 e sai de lua de mel passeando de carro. Passei pelo circuito das águas e decidimos ir para Campos do Jordão. Não conhecia a cidade, só de nome e tinha muita curiosidade. Chegamos lá em um domingo. Conseguimos um hotel bem charmoso e depois de nos acomodarmos, decidimos dar uma volta pela cidade. Tinha algum movimento, pessoas bonitas, lojas abertas. A cidade estava viva.
Rodamos bastante a pé e depois fomos jantar. Na segunda-feira, quando acordamos e tomamos café, decidimos retomar o passeio. Ficamos chocados. Estávamos em uma cidade fantasma. Tudo fechado. Nenhuma atração turística estava aberta, nenhuma lojinha, nada. Não tinha um ser humano sequer andando pelas ruas. Me senti dentro de um filme de faroeste, só faltaram aqueles bolos de feno rolando pelas ruas com o vento. Na terça-feira, fechamos a conta e fomos para São Paulo.
Grande parte dos entrevistados afirma que entre os fatores que lembram o inverno estão neve, lareira, vinho e fondue, elementos que não fazem parte da nossa memória nos dias de frio, mas que ajudam na criação do imaginário e da sensação de frio. O brasileiro só enxerga frio com esses elementos e apesar de vivermos em um país tropical e do nosso Natal ser no verão, não abrimos mão da imagem do Papai Noel com a sua roupa de inverno do Pólo Norte. Não à toa que hoje existem mais de 400 mil vídeos no YouTube, em português, ensinando como fazer neve. É bem capaz de algum shopping começar a fazer neve em seu interior para aumentar as vendar nesta temporada.
Tenho que confessar que gosto bem de um fondue, e sei que para quem gosta, um vinho tem o seu lugar. Mas existem muitos pratos saborosos, mais brasileiros que também são ótimos para esquentar uma noite mais fria. Mas isso é assunto para outra crônica.
Depois falo mais sobre outros pontos levantados na pesquisa.
Isabela Teixeira da Costa