Fonoaudióloga comprova que mídias interativas podem desenvolver a linguagem em crianças pré-escolares.
Muita gente critica pais que dão tablets e smartphones para seus filhos ainda bebês, para mantê-los quietos, no lugar de dispensar atenção e tempo aos pequenos. Muitas vezes julgamos a cena, sem saber, de fato, qual é a relação e o real cuidado dos referidos pais com seus filhos. O fato é que as crianças que nascem atualmente, o fazem em um mundo no qual as mídias interativas existem, em forte escala, e não se pode negar que essas crianças irão mergulhar de cabeça neste universo.
Não estou aqui defendendo o uso indiscriminado desses equipamentos por crianças, mas também não se pode isola-las do mundo em que elas vivem. O importante é saber dosa esse uso e que ele seja supervisionado por um adulto, de preferência pelos pais, para que o conteúdo acessado seja adequado à idade do pequeno.
O que antes era criticado, agora virou ferramenta de desenvolvimento. Mídias podem ser utilizadas como um recurso capaz de estimular o desenvolvimento infantil desde que haja a supervisão dos cuidadores quanto ao conteúdo e ao tempo na utilização dessas tecnologias.
A partir da observação do uso precoce das mídias interativas, como smartphones e tablets, a fonoaudióloga Lívia Rodrigues desenvolveu um estudo pioneiro no Brasil sobre o desenvolvimento cognitivo e da linguagem expressiva (fala) em crianças pré-escolares a partir da exposição a essas mídias. A pesquisa foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiólogicas da Faculdade de Medicina da UFMG.
De acordo com a pesquisadora, é consenso na literatura que várias habilidades adquiridas na infância perdurem pela vida adulta. “Por esse motivo, é importante investigar e saber o que ocorre na infância, seja para prevenir futuros danos, seja para otimizar o desenvolvimento da criança”, afirma.
Por meio da avaliação comparativa de três grupos de crianças foi possível concluir que aquelas que utilizaram as mídias interativas por maior tempo ao dia tiveram melhor desempenho nos testes cognitivos, que avaliaram as funções mentais superiores, e de linguagem expressiva. Esse resultado foi ainda mais significante no domínio linguístico.
Lívia destaca que as mídias têm potencial para favorecer o desenvolvimento infantil, sobretudo quando elas estão condicionadas a conteúdos adequados e à presença de um tutor. “Dessa forma, o acesso pode ser benéfico, desde que seja limitado em relação ao tempo e ao conteúdo”, esclarece.
Isabela Teixeira da Costa