Os brasileiros terão que salvar a Olimpíada

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Vila Olímpica Foto Roberto Castro/ ME/ Brasil2

A vila olímpica foi entregue, com reprovação.

Pelo visto o Brasil não estava preparado para receber uma Olimpíada. Tenho que confessar que isso me entristece muito. Porém, se as autoridades falham na construção, infra-estrutura e organização, nós não podemos falhar no que fazemos de melhor: receber bem. Somos acolhedores, simpáticos, receptivos, alegres e temos que demonstrar isso tanto com os mais de 11 mil atletas quanto com os turistas que vierem participar desse grande evento.

Nunca fui aficionada por futebol. Lembro até hoje quando fui ao Mineirão pela primeira vez. Meu pai nos levou, os quatro filhos: Camilinho, Renato, Regina e eu, a caçula. Devia ter uns 8 anos. Era um clássico Atlético X Cruzeiro. Minha mãe não foi e como era cruzeirense vestiu Regina e eu de azul e branco. Para completar fez duas bandeiras grandes da mesma cor e lá fomos nós, animadíssimas.

Quando entrei, fiquei encantada com o tamanho do estádio, e fui olhando em volta e vendo que todo mundo estava de preto e branco. Aí, vi um pedaço pequeno de azul e branco. Durante o jogo eu só queria saber de comer cachorro quente, pipoca, tomar refrigerante e chupar picolé – quase matei meu pai de raiva, porque não conseguiu ver nada do jogo –, mas não esqueço da vibração na hora do gol. As bandeiras enormes do Galo balançando. Tive uma raiva estar de azul e branco. Virei atleticana ali mesmo, e sou até hoje. Mas confesso que não sou de assistir jogos, saber nome de jogadores, etc.

Claro que torço muito pelo Brasil em época de Copa do Mundo, assisto aos jogos, me visto de verde e amarelo, tudo na maior empolgação. Porém, nunca tive o desejo de ir a uma Copa do Mundo. Mas estar em uma Olimpíada… Ah, esse sempre foi o meu sonho. Quando anunciaram que seria no Brasil, vi a possibilidade do meu sonho se tornar realidade e me inscrevi para o sorteio dos ingressos já no primeiro lote. Comprei passagem aérea. Tudo pronto!

Quando meus ingressos chegaram fiquei na maior emoção. Meu colega Ivan Drummond carregou a Tocha e deu uma colher de chá e tanto para os amigos trazendo-a na redação do jornal Estado de Minas. Fui a primeira a carregá-la e fiz questão de tirar uma foto.

Poster Grids Gustavo Greco
Poster Grids Gustavo Greco

Agora, menos de 15 dias para o início dos jogos olímpicos, começam os problemas. Prendem possíveis terroristas. A Vila Olímpica é entregue cheia de problemas e os responsáveis dizem que é natural de fim de obra. Me ajuda, né… Já comprei apartamento na obra, e quando entrei não deu curto circuito, não tinha fio aparente, vazamento de água nem de gás. Que vexame.

A delegação da Austrália de recusa a ficar no local e a Nova Zelândia e Reino Unido também ameaçam não ficar na Vila. E o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em vez de reconhecer os erros, pedir desculpas e dizer que irá mandar arrumar rapidamente, sai com uma pérola irônica e desrespeitosa. Primeiro diz que a vila é “melhor e mais bonita que a de Sidney”, que abrigou a Olimpíada de 2000 e depois de que iria mandar trazer um canguru para ficar pulando na frente deles para se sentirem em casa. Que vergonha de nossas autoridades.

Na mesma hora o porta voz da delegação australiana respondeu que não precisavam de cangurus e sim de encanadores. Eduardo Pães se arrependeu das palavras que disse, deu outra entrevista dando razão aos australianos. Os reparos foram feitos e parece que os atletas – que foram se hospedar em um hotel -, retornam para a Vila, hoje. Outras delegações, mais despachadas ou incrédulas, contrataram encanadores e profissionais para fazerem os reparos e pagaram do próprio bolso.

Continuo na torcida para que tudo dê certo, porque quero muito sentir o clima de uma Olimpíada, sem grandes transtornos.

Pôster de Alexandre Mancini
Pôster de Alexandre Mancini

Problemas à parte, têm uma coisa que vai dar muito certo, ou melhor, já deu. São os Pôsteres Oficiais Rio 2016. Um seleto grupo de 13 artistas brasileiros e sul-americanos foi selecionado para criar os pôsteres que serão comercializados durante os jogos, e entre os convidados estão dois mineiros o artista plástico Alexandre Mancini e o designer Gustavo Greco. Os pôsteres já foram apresentados e ficarão no Parque Olímpico de Deodoro. A peça criada por Greco é metálico e virá nas cores das medalhas olímpicas: ouro, prata e bronze, batizada de Olympic Grids.

Os artistas são: os brasileiros Alexandre Mancini, Antonio Dias, Beatriz Milhazes, Claudio Tozzi, Ana Clara Schindler, do Estúdio Preto e Branco, Gringo Cardia em parceria com Geléia da Rocinha, Gustavo Greco, Gustavo Piqueira, Guto Lacaz, Juarez Machado, Kobra e Rico Lins e a colombiana Olga de Amaral. Para chegar a esses nomes, a cineasta brasileira Carla Camurati, responsável pelo Programa de Cultura das Olimpíadas do Rio, ouviu indicações dos curadores dos principais museus brasileiros (Inhotim, MAC-SP, MAM-RJ, MAM-SP, MAR, MASP, MNBA e Pinacoteca) e contou com a aprovação do Conselho Celebra.

Isabela Teixeira da Costa

Acreditem, jogos de internet nos tornam famosos

criminalFui reconhecida em um supermercado por causa de um jogo da internet.

Sempre soube que a internet é um mundo novo, que apesar de ter inúmeros recursos, ainda está longe, muito longe de conhecermos todo o seu potencial. Os grandes entendidos no assunto dizem que se pode comparar a um iceberg: nós usamos apenas a ponta que fica fora da água, mas a grande montanha submersa existe e é um mundo desconhecido da grande população. Não duvido.

Outro ponto que também não discuto é como nos expomos por meio das redes sociais. Contamos muito sobre nossas vidas, na maioria das vezes sem perceber. Colocamos fotos dizendo onde estamos, informamos nossas viagens, falamos quando ganhamos algum presente especial, alguma promoção, mudança de emprego e até mesmo o desemprego. Quando abrimos um negócio, começamos ou terminamos um namoro. Falamos de nossa família e até mesmo de nossos bichos de estimação.

Apesar de ser dito que apenas nossos amigos terão acesso às informações, uma centena de pessoas acabam vendo nosso perfil e nossos posts. Se não fosse assim, como determinadas publicações estourariam em visualizações? Dessa forma pessoas, do bem e do mal, vão nos conhecendo quase profundamente. Isso dá margem para muita coisa.

Tem homens que ficam nas redes sociais à espreita de mulheres maduras, independentes, bem-sucedidas, estáveis financeiramente, sozinhas. Descobrem tudo isso só observando perfis. Puxam conversa, se tornam amigos, envolvem-se emocionalmente e não são poucos os casos de mulheres que caem em golpes por se relacionarem com pessoas que conheceram em redes sociais. Mas nem tudo são trevas, sei de alguns casos que deram muito certo. Gente que se conheceu pelo Face book e hoje estão casados, e muito bem.

Gosto muito de joguinhos de computador. Já joguei mais. Atualmente, a falta de tempo me distanciou desse lazer. Sou das mulheres múltiplas, daquelas que, geralmente, fazem duas coisas ao mesmo tempo, então, enquanto assistia TV, jogava no Ipad. Porém, esses momentos de folga foram substituídos pela dedicação necessária ao site, redes sociais e e-mail.

criminal2Sempre gostei dos jogos de baralho como paciência e buraco, gamão, aqueles de combinação de cores, tipo Candy Crush. Já tive a fase da fazendinha e a série da Emily de servir clientes, mas gosto muito dos jogos de achar objetos em cenas com muito entulho e de outros de mistério e investigação. Descobri um que reúne as duas coisas, chamado Criminal Case, e eu jogava muito. Inclusive conheci uma prima no jogo.

Não foram poucas as vezes que incluí pessoas no meu rol de amigos por causa dos jogos para ganhar pontos, vidas e energia. Porém, nunca fui de reparar muito nas fotos, e nestes games, na maioria das vezes, criamos um “avatar” para nós. Como sempre fui distraída, passo batida nesses detalhes.

No início dessa semana, fui a um supermercado perto de casa comprar ração para meus cachorros. Quando me dirigia para o caixa, escuto alguém chamando meu nome alto, como uma irmã mais velha chamando a atenção da caçula que fez algo errado. “Isabela! Você não vai mais jogar Criminal Case?”.  Levei tanto susto. A mãe da moça deve ter perguntado se ela estava doida, e enquanto respondia a mãe, veio na minha direção, ainda em voz alta, de braços abertos para um abraço, e todo mundo olhando. “É a Isabela Teixeira da Costa, mamãe. Você tem jogar para dar pontos para nós!”.

Olhava para aquela moça tão simpática e buscava em minha memória quem era, ao mesmo tempo que queria rir muito daquela cena surreal. O rosto não me era estranho, mas não tinha a menor ideia de quem se tratava. Nos abraçamos, expliquei que não estava com tempo de jogar, mas saí de lá prometendo que entraria no jogo naquela noite mesmo. Claro que faria isso, tinha que matar a minha curiosidade e descobrir quem era essa amiga tão íntima feita em um jogo de computador. Ri muito no caminho para casa. Assim que pude joguei até chegar o momento de ver os retratos dos participantes e, para meu alívio, lá estava ela: Luciana Sampaio! Minha mais nova amiga de infância graças aos inúmeros crimes de desvendamos juntas.

Uma coisa eu digo, a capacidade de memória da Luciana, normal e fotográfica é invejável. Me reconhecer por causa de uma mini foto de joguinho e lembrar meu nome completo. Alzheimer não vai pegá-la nunca.

Isabela Teixeira da Costa