Aneurisma é um mal silencioso, mas é possível prevenir.
O meio de decoração de Belo Horizonte e alguns amigos sabem da morte repentina da decoradora Shirlene Mesquita, vítima de um aneurisma cerebral. Já escrevi aqui, semana passada, em uma crônica o que ocorreu com essa minha amiga, porém o foco era chamar atenção das pessoas para aproveitarem mais a vida. O que mais ouvi entra as conversas durante os dez dias em que Shirlene esteve em coma foi: “Como saber se temos aneurisma? Como prevenir?”. E ouvi da irmã de um médico que, quem tem aneurisma nasce com ele, e pode viver a vida toda sem ter problema, como ele pode estourar a qualquer hora.
Resolvi tentar descobri se é possível fazermos um prognóstico, se existe uma forma de tratar previamente o problema. Descobri que existem vários tipos de aneurisma. Existe o cerebral, da aorta torácica, aorta abdominal, infra renal, polítea (atrás do joelho) e esplênica (artéria no baço). Os mais comuns são o cerebral, mais conhecido como AVC e o da aorta, que na maioria dos casos levam à morte. O Aneurisma surge pelo enfraquecimento ou defeito da parede arterial. A pessoa pode nascer com o problema, ou ele pode surgir com o passar do tempo por fatores como hipertensão, tabagismo, traumatismo etc. O movimento natural de dilatação da artéria se torna anormal e a parede fica mais fina com a dilatação excessiva, levando ao rompimento da mesma.
Nem dos aneurismas apresenta sintoma antes de ter algum problema. No cérebro, os sintomas mais comuns surgem quando há ruptura. Em alguns casos, ocorre um sangramento inicial no cérebro, acompanhado de dor de cabeça súbita e intensa, antes do rompimento definitivo. Esta é a hora de procurar uma emergência. Quando o aneurisma se rompe totalmente, dependendo da intensidade do sangramento, a pessoa tem desde dor de cabeça até perda dos sentidos e coma.
O aneurisma da aorta normalmente é descoberto quando a pessoa faz exames como RX ou ecografia para investigar outro problema. É muito importante descobrir a dilatação logo no início, por isso é aconselhável pedir ao médico um exame de imagem, pois o aneurisma da aorta tem cura. Segundo o cirurgião cardiovascular Eduardo Keller Saadi, “basta tratar clinicamente e acompanhar sua evolução. Se crescer muito existem procedimentos minimamente invasivos que corrigem o problema”, alerta.
Infelizmente, a ruptura de aneurisma é mais comum em mulheres, a chance de rompimento aumenta com a idade – a média é aos 55 anos –, e pessoas que têm histórico familiar de aneurisma rompido têm mais chance de ter o problema, por isso os exames são tão importantes. O melhor exame para detectar o aneurisma cerebral é a arteriografia, uma espécie de cateterismo cerebral. Mas a doença também pode ser detectada por angiografia e/ou tomografia computadorizada. Se não mostrar um aneurisma, deve ser feita a arteriografia.
Existem duas formas de tratamento. Para o aneurisma cerebral se faz uma cirurgia onde se coloca um clipe metálico na base do aneurisma, excluindo-o da circulação e o paciente fica curado. Outra maneira é a embolização endovascular, onde se leva um cateter até o aneurisma, no qual são introduzidas pequenas molas, fazendo-o coagular e cicatrizar. Cerca de 20% dos pacientes precisam de novo tratamento, pois o aneurisma pode voltar a se abrir.
Para o aneurisma da aorta o tratamento é mais simples ainda. Com uma punção, sem incisão ou corte, é possível introduzir, por dentro da artéria, um cateter que leva uma prótese e elimina o aneurisma. A recuperação é rápida e a vida normal é retomada em poucos dias. O método beneficia, principalmente, pessoas idosas e com doenças associadas.
Isabela Teixeira da Costa