A cada quatro anos temos um dia a mais para viver. É o ano bissexto. Em vez de termos os tradicionais 365 dias no ano, temos 366. Mas, porque isso ocorre?
Se queremos entender por que os anos bissextos existem, devemos olhar para o movimento da Terra ao redor do Sol. Nosso planeta gira 365,24219 vezes durante uma órbita completa ao redor do astro, de modo que um ano dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 56 segundos, e não simplesmente 365 dias.
Se a cada ano nós contássemos apenas os 365 dias, perderíamos quase seis horas anuais, as quais precisamos de alguma forma recuperar. Assim, durante três anos contamos os 365 dias, e no quarto – o ano bissexto – recuperamos o dia que falta, acrescentando este dia 29 a fevereiro. A ideia da criação deste dia a mais foi do imperador romano Júlio César.
O que aconteceria se não fizéssemos isso? Se não acrescentássemos um dia completo a cada quatro anos, as estações acabariam descompassadas do calendário, de tal maneira que, depois de 700 anos, no Hemisfério Sul o Natal cairia em pleno inverno, e no Hemisfério Norte seria o contrário. Foi no ano 44 antes de Cristo, quando foi feita a adaptação ao calendário juliano – baseado no movimento solar –, e os anos passaram a ter 365 dias, divididos em 12 meses de 30 ou 31 dias, exceto fevereiro, com 28. Os romanos estavam cientes de que os 365 dias não eram um cálculo exato, por isso a cada quatro anos acrescentavam um dia a mais ao calendário. Posteriormente, no ano 1582, o calendário gregoriano (promovido pelo papa Gregório XIII) substituiu o juliano, ajustando um pouco mais a defasagem que ainda existia no calendário juliano e acrescentando exceções aos anos bissextos: não o serão os anos múltiplos de 100, salvo se forem também divisíveis por 400. Deste modo, os anos atualmente têm em média 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. Apesar do ajuste feito, ainda há uma defasagem de alguns segundos – serão precisos transcorrer 3.200 anos para que um dia de desvio se acumule.
Ufa! Ciência e astronomia à parte, isso traz um contratempo e uma vantagem. O contratempo é para as pessoas que nascem no dia 29. Na maioria dos casos, quando os pais vão registrar os bebês o cartório se recusa a fazer o registro no dia 29 e escrevem dia 28 de fevereiro ou dia 1º de março. Mas em alguns casos, obedecem fielmente a informação enviada pelo hospital e o novo ser humano passa a fazer parte de um seleto grupo “vítima” das piadinhas no dia do seu aniversário.
A vantagem, é que temos um dia a mais para viver. Para muita gente, provavelmente, não fará a menor diferença. Levarão a vida do mesmo jeito e nem perceberão que fevereiro teve 29 dias. Sempre é assim, só damos valor à vida e só percebemos que estamos desperdiçando o tempo quando ocorre algo perto de nós que nos dá uma chacoalhada.
Para que esperar por uma perda para perceber a preciosidade do tempo? Porque não viver abundantemente cada minuto? Porque não ser leve, alegre, estar com pessoas que amamos? Que tal hoje, neste dia a mais, convidar aquele amigo – ou amiga – que você gosta tanto, mas tem muito tempo que não vê, para ir a um cinema, ou simplesmente tomar um café? Quem sabe simplesmente ficar em família, curtindo o momento, batendo papo, convivendo? Coisa rara hoje em dia, em um mundo onde as relações estão se dando por redes sociais.
Vamos tirar o dia para esquecer problemas, abrir os olhos e ver tudo de bom que recebemos. Só o fato de abrir os olhos já é uma dádiva de Deus, a vida. Afinal, outro dia a mais, só daqui a quatro anos.
Isabela Teixeira da Costa