Tiros no Gutierrez

segurancaEstamos vivendo sem nenhuma segurança e voltando aos tempos do faroeste.

Ontem à noite, estava tranquilamente no escritório da minha casa assistindo televisão, com o meu notebook aberto, pensando sobre o que eu iria escrever para postar hoje, no site. Sou assim, faço pelo menos duas coisas ao mesmo tempo.

De repente, escutei uma sequência de estampidos. Na mesma hora pensei em tiros, mas foram tantos, que achei que estava enganada, que deveria ser estourou de pequenos foguetes. A dúvida continuou na minha mente. Remeteu à época que morava próximo a favelas e escutava a comemoração da chegada de drogas, porém, como era mais distante, o som era um pouco diferente. Pensei em olhar nas janelas, mas fiquei temerosa de ser tiro, ter mais um e ter uma bala perdida. Ri sozinha, e percebi que estava viajando na maionese.

Esqueci o assunto e continuei a pensar se escrevia de novo sobre a Operação Carne Fraca, já que estou com alguns questionamentos a fazer do tipo: por que demoraram dois anos para contar sobre a investigação? Por que demorar tanto tempo para interditar os frigoríficos irregulares? Por que tanto alarde dentro de um setor tão grande, com apenas 21 unidades investigadas e apenas dois frigoríficos fechados?

Até que tocou meu celular. Era uma miga que mora no quarteirão da frente, preocupada querendo saber o que estava acontecendo no meu prédio. Eu, na maior inocência não sabia de nada. Lembrei dos  estampidos. Eram tiros mesmo. Aí fui correr atrás do prejuízo. Interfonei para a portaria e só dava ocupado. Liguei para minha irmã, que mora no mesmo prédio, também não sabia de nada. Olhei pela varanda e vi cacos de vidro no passeio. O resto não dava para ver por causa da copa das árvores.

vidroquebradoMinha irmã e eu decidimos descer. A polícia estava lá com mais uma meia dúzia de vizinhos, além da síndica e do porteiro. Cerca de três assaltantes, em um carro, tentaram assaltar um rapaz na rua lateral, ele reagiu, ouve os disparou – 11 para ser mais exata – e um deles acertou um dos vidros da fachada do meu prédio. O carro dos bandidos desceu a rua, o motorista carregava uma arma e a exibia como troféu do lado de fora do carro.

A vítima disse aos policiais que estava chegando em casa e reagiu ao assalto no braço, e os bandidos fugiram. Me engana que eu gosto. Só se ele fosse o Incrível Hulk. Um homem sozinho saiu no braço com três ou quatro bandidos e eles, armados, dão 11 tiros e fogem sem roubar a vítima e sem ferir ninguém????

Com certeza o rapaz não quis falar com os policiais para não ter que dar explicações maiores, do tipo: que arma você tem? Onde conseguiu? Tem porte de arma? Mas devia estar armado e para se defender sacou a arma e deve ter dado bons tiros, o que assustou os assaltantes que fugiram, e um dos tiros acertou nosso prédio. Não sei se os bandidos também fizeram algum disparo. Uma vizinha estava gravando uma mensagem de voz e gravou os disparos. A impressão é que todos saíram de uma arma só, mas não sou especialista.

Foi uma noite de domingo agitada, de aventura. Numa hora dessas é que percebemos que é Deus quem nos guarda. Minha vizinha da frente estava na portaria minutos antes buscando uma pizza. O porteio, assustado com os primeiros tiros levantou, e abaixou rapidamente quando viu o motorista com a arma. Foi o tempo exato para que a bala que quebrou o vidro não o atingisse.

Já fizemos vários chamados e reclamações à PM com relação ao excesso de assaltos e roubos de carros na região, fazemos parte do programa de vizinhos amigos da PM e nem assim conseguimos uma segurança mais frequente e ostensiva. Isso provoca ações como as de hoje, um civil com porte de arma provavelmente ilegal, atirando para se defender, e as balas voando em qualquer direção, podendo provocar alguma catástrofe.

Isabela Teixeira da Costa

 

  • nisso que dá..não respeitam o estatuto do desarmamento e ficam assustando pobres bandidos apenas em busca do ganha pão, tomando de volta o que a sociedade lhes tirou…foi o que entendi do relato acima.

  • Prezada,
    … se, de fato, estivéssemos vivendo em tempo de faroeste, teríamos como nos defender … mas, na verdade, estamos, sim, vivendo uma “inquisição”, onde apenas um dos lados decide quem vive e quem morre.

  • Está tão massificada a idéia de que não podemos nos defender, que reagir é errado, que ao ler este texto, fiquei com a impressão de que os certos eram os bandidos e completamente errado, e até mesmo com o ridículo de se orgulhar do que fez, foi o cidadão que se defendeu. E a alienação reinante de que porque fazemos parte de um “movimento”, devemos portanto ter maior proteção? Isto está acima do simplesmente ser cidadão para ter direito a esta proteção? Sob esta perspectiva, nem sei porque estamos fazendo tanto estardalhaço sobre a carne: Devíamos então estar dando graças a Deus porque ainda podemos comer carne podre e com papelão: Eles estão nos fazendo um favor!

    • De jeito nenhum. O cidadão está coberto de razão em se defender já que não temos mais quem nos defenda. Só achei errado ele não ter coragem de assumir, perante as autoridades, que o tenha feito. E não o fez por medo de ser punido por isso. Desculpe se não me fiz entender. Minha crítica foi essa, não podermos dizer que estamos nos defendendo, por temor de sermos punidos por isso, enquanto os bandidos saem ilesos, prontos para mais um assalto.

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