Retomo o tema de profissionais de outras áreas e médicos de outras especialidades que fazem procedimentos estéticos.
Semana passada escrevi um artigo falando sobre a questão de profissionais de outras áreas e médicos de outras especialidades estarem realizando procedimentos da área de cirurgia plástica e estética. Recebi inúmeros elogios tanto de médicos quanto de leitores de uma forma geral, mas também fui bombardeada pelos otorrinolaringologistas, que se sentiram desprestigiados com o artigo, afirmando que foram citados de forma pejorativa no texto.
Não era a minha intenção ofender nenhum profissional em questão e muito menos a categoria. Respeito muito todos os profissionais, principalmente os médicos. Considero uma das profissões mais bonitas e importantes, afinal cuida da nossa saúde. Inclusive, tenho um irmão que é médico. Em nenhum momento me referi de forma desrespeitosa aos médicos, ao contrário, ainda ressaltei que, apesar de exercerem práticas que, na minha leiga opinião, estão fora de suas especialidades, tinham conhecimento por serem médicos, ao contrário dos odontologistas. Deixei isso claro no artigo anterior.
Recebi material da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial informando que a otorrinolaringologia é uma das especialidades mais amplas que tem dentro da medicina, pois os profissionais fazem três anos de especialização médica na área, com estudos em cirurgia cérvico-facial. Isto, segundo informações enviadas, engloba otologia (anatomia, fisiologia e patologia da orelha), bucofaringolaringologia e cirurgia da cabeça e pescoço, rinossinusologia (afecções da cavidade nasal), otorrinolaringologia pediátrica, cirurgia craniofacial e base do crânio, além de cirurgia plástica facial.
Em função dessa ampla formação, criaram a Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face – citei isso no artigo anterior –, e por isso estão capacitados para fazer procedimentos estéticos. Novamente ressalto que, em meu leigo entendimento – como eles mesmo se referiram –, pensei que eram especializados em cirurgias reparadoras, como a correção de lábio leporino, fenda palatina etc. Por sinal, são craques nessas questões e temos a sorte de ter, aqui no país, um dos melhores centros do mundo para tratar dessas deformações, que é o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP), Centrinho, de Bauru, interior de São Paulo, que é publico e oferece tratamento gratuito.
O chefe da Clínica de Otorrino do Hospital das Forças Armadas de Brasília, Oswaldo Nascimento, enviou um material com sua opinião da importância de otorrinos e cirurgiões plásticos viverem em harmonia, como ocorre, segundo informou, na Academia Americana de Cirurgia Plástica Facial e também na Europa. Em entrevista cedida para revista especializada, o otorrino informou que o Brasil talvez seja o único país com medicina terciária de alto nível onde essa discussão progride. Para ele, a celeuma nada mais é que questões corporativistas e de reserva de mercado.
Sem saber, acho que mexi em um vespeiro, porque muitos cirurgiões plásticos – inclusive de outros estados – enviaram mensagens agradecendo o artigo, ressaltando a coragem de levantar a bandeira para esse problema. Não quis, em nenhum momento levantar bandeira e nem tão pouco acirrar uma discussão, apenas abri espaço na coluna, que já tem costume de dar voz aos leitores que sempre enviam sugestões.
Foi com base em muitos casos relatados que escrevi o artigo, a propósito, registre que não foi escrito pela titular desta coluna, que está de férias e sim pela interina que assina no pé do texto. Casos que serviram de base e ideia foram omitidos para evitar expor pacientes e profissionais.
Isabela Teixeira da Costa