Nova fase de vida

almachefDepois de 30 dias feita a cirurgia bariátrica, a alimentação foi liberada e a atividade física se tornou indicação médica, bem como as vitaminas.

Depois de 30 dias de operada, vida normal – ou quase normal –, com pequenas restrições. Verduras cruas e linguiça só depois de 40 dias de operada e farofa, lagosta, churrasco e bife após 60 dias. No mais, posso tudo.

A recomendação do meu médico Marcos Martins foi exercício: Pilates duas vezes por semana, caminhadas diárias e depois, se eu quiser musculação uma vez por semana. Comecei a procurar uma clínica boa e em uma das procuras, meu amigo Phillip Martins me indicou a Nathália Mendes. Como eu não acredito em coincidências olhem só quem é a moça: filha de um cirurgião que faz cirurgias bariátricas e ela trabalha muito com pessoas operadas. Vou começas esta semana a fazer pilates com uma especialista, experiente com pacientes pós-operados. Perfeito, não é mesmo?

Também vou passar a fazer caminhadas, mas a tal da musculação… Aff. Para quem me acompanha, já leu aqui minhas experiências frustradas com exercícios físicos e minha total incompatibilidade com a endorfina. Mas vamos lá. Estou tomando tudo agora como indicação médica.

Meu primeiro almoço pós-alta parcial foi com minha filha (eh!!) e foi  Japa (amo!). Antes eu comia cerca de 500 gramas e às vezes um pouquinho mais. Desta vez deu 105 gramas. Antes eu comia uns 7 ou 8 sushis, 8 makis, conserva de pepino, sashimi e por aí vai. Neste almoço, dois sushis e dois makis e ainda tive que cortar cada um deles em quatro fatias para ingerir pedaços pequenos e mastigar bastante. Estava delicioso.

phillipSexta, Phillip e eu saímos para jantar, fomos ao Alma Chef. Phillip é de casa e explicou ao Maitre que eu tinha feito redução de estômago e estava comendo pouquíssimo. Então foi sugerido um menu degustação. Explicou um prato e começou a explicar o segundo, tive que interromper e dizer que agora eu como pouco e uma única vez. Foi hilária a cara de espanto. Chegou meu prato degustação: um nhoque rústico com vários tipos de cogumelo e grana padano. Delicioso. Phillip riu da quantidade, e como eu tinha dito, sobrou.

Nada de sobremesa. Coisa rara na vida de uma pessoa que antes mesmo de olhar o prato principal em um cardápio, escolhia a sobremesa e ainda pedia para reservar, para evitar acabar.

Só para registrar, fiquei impressionada com o movimento de Lourdes. Todos os restaurantes e bares estavam lotados. Crise? Não passava nem perto.

Isabela Teixeira da Costa

Reaprendendo a comer

Minha filha e eu, 30 dias depois de operada
Minha filha e eu, 30 dias depois de operada

Depois da cirurgia bariátrica é um reaprendizado.

Como disse ontem, decidi operar e operei. Não foi uma tomada de decisão difícil. Só faltava a oportunidade, já que a cirurgia não é barata e no meu caso o plano de saúde não autorizava, porque não era obesa mórbida.

A primeira semana eu achei que ia ser enlouquecedora. Uma semana sem mastigar? Quem aguenta isso? E só bebendo líquido, tipo água rala? Daria uma fome danada. Que nada. Não dá fome nenhuma e de vez em quando, muito em quando mesmo, dá vontade de mastigar e tem uma coisa que o médico liberou: picolé de fruta – desde que não leve leite –, limão, uva, abacaxi. Sopa no mel.

Só bebia em um copinho descartável de café, daqueles de 50 ml. Gente, tranquilo demais. Não dá fome nenhuma. A cada meia hora bebia um, de gole em gole. Vale frisar que os goles eram bem pequenos. Então, cada “refeição” era demorada, degustada. A sopa era feita com tudo, bem rica, sem óleo, e só bebia a água da sopa. Quando entrava aquele caldinho quente e salgado era muito gostoso. Mas apenas aquele copinho satisfazia. A semana passou voando. Não pensei que fosse ser tão tranquilo.

Claro que tinham os gases e a cada duas horas eu fazia uma caminhada de 15 minutos dentro da minha casa mesmo. Criei um circuito que dava dois minutos então eu sabia quantas vezes tinha que repetir. Foi tranquilo e isso ajudava com os gases. Vale ressaltar que esses gases não doíam, só estavam lá. E saíam por todos os lugares normais de saída, então, quanto mais rápido elimina-los, melhor. E o santo luftal fazendo o seu papel.

A segunda semana chegou. Dr. Marcos Martins me liberou para trabalhar e dirigir. Na alimentação, o que era líquido passou a ser batido no liquidificador. Também pude comer banana e mamão amassadinhos e maçã raspadinha. Que delícia. A sopa já era grossinha. Na primeira vez coloquei uma concha e achei pouco demais, então coloquei duas conchas no prato. Não consegui comer nem meia. Ri demais.

No jantar, troquei a concha por uma concha de molho, que é bem menor e me servi apenas uma vez. Fiquei chocada com a quantidade que estava no prato. Pensei com meus botões “vou passar fome”, que nada, dei conta de comer a quantidade servida e fiquei satisfeita por mais de quatro horas.

Na terceira semana já podia carne moída, frango desfiado, arroz cozidinho e purê de batata. Biscoito de polvilho, creme cracker, queijo polenguinho e café. Sucesso. Porém, quando fui almoçar, que decepção. Sentia a comida descer. Pesou no estômago. Comi um pingo. Graças a Deus não entalei, apesar de não saber o que isso significava.

Várias pessoas que eu tinha conversado já me falaram que eu poderia entalar, e neste caso a solução era vomitar para aliviar, e que eu poderia ter dumping, e neste caso tinha que sentar ou deitar e esperar passar.

Segui minha vida numa boa, redescobrindo a alimentação e como era ingerir alimentos sólidos depois da cirurgia. Comer devagar, pequenas garfadas, mastigar muito. Um dia, do nada, a comida parou na altura do peito. Doeu como se fosse ar preso. Fiquei com vontade de arrotar. Fui para o banheiro, o arroto não saía, e quando saiu, não era arroto e sim um pouco da comida. O alívio foi imediato. Pronto, descobri o que era entalar.

O por que, não sei. Posso ter comido depressa, mastigado pouco. O fato é que passei pela primeira de muitas experiências de entalo que todo operado passa. Bem-vinda ao clube. Dumping eu nunca tive.

Hoje, 35 dias depois de operada, 9 quilos mais magra, já posso comer quase tudo. Estou muito bem, obrigada, e sei que a cirurgia bariátrica pode ter os seus riscos, mas afirmo que não é nenhum bicho de sete cabeças. O bem que ela faz para a saúde e a autoestima, só a pessoa pode avaliar. Porém, é preciso estar nas mãos de excelentes profissionais como eu estive e estou.

Isabela Teixeira da Costa

Salvar

Eu operei

IsaFiz cirurgia bariátrica, um desejo antigo que achei que nunca conseguiria realizar.

Quase todos os dias vou à sala da Anna Marina. Trabalhei diretamente com ela por mais de 20 anos e até hoje ajudo quando ela precisa, e a substituo quando ela viaja. Além de sermos primas de primeiro grau e eu gostar muito dela.

Em um dos dias de novembro, desci para vê-la e chegando lá encontrei o cirurgião Marcos Martins. Estavam falando sobre diabetes e cirurgia. Perguntei até que idade é possível fazer cirurgia bariátrica e ele respondeu que se faz até 70 anos, olhou para mim e disse que me dava uma cirurgia, me passou o celular e disse para eu ligar para ele, para marcar a consulta.

Não me contive. Sempre lutei com o peso. Já fiz tudo quanto é tipo de regime, tomei vários remédios, injeção na barriga, vivi a vida no efeito sanfona. Já tinha pensando várias vezes na possibilidade de fazer a cirurgia, porém não tinha peso para aprovação do plano de saúde. Isso não significa que não precisasse da cirurgia.

Já estava com princípio de artrose nos dois joelhos, lesão por estresse na perna, glicose limítrofe e o triglicérides não abaixava. O resto estava ótimo. Tenho que confessar que a questão estética seria um ganho a mais, o que mais importava era a saúde. Quando ouvi que o Marcos me daria a cirurgia, renasceu em mim a esperança.

Coloquei nas mãos de Deus, é o mais importante, saber a vontade Dele. Marquei a consulta e fiz todos os exames. Uma batelada gigantesca. Cardiologista, com outros exames. Psicólogo, para ver se estava preparada para a cirurgia. Tudo pronto e aprovado.

bypassClaro que sofri crítica e condenação por parte da minha filha e da minha irmã, as únicas da família para as quais eu contei. Preferi assim, porque a cirurgia bariátrica é bastante controversa. É delicada, mas estava muito tranquila e confiante, só quem sofre com a obesidade e com os problemas de saúde que ela traz é que sabe o que é melhor fazer. Tomar remédio para emagrecer é mais prejudicial para o organismo, porque ninguém sabe ao certo o tipo de drogas que estão contidas nas pílulas. Deus já tinha me dado o sinal verde e estava nas mãos do melhor cirurgião, do melhor anestesista (dr. Juarez) e no melhor hospital (Mater Dei).

Conheço inúmeras pessoas que já fizeram a cirurgia e tinha conversado com muitas para saber como tinha sido, quais os problemas, dificuldades, como seria o pós-operatório. Tinha que saber tudo o que eu enfrentaria. O que mais me preocupava era enjoar muito e ficar uma semana só no líquido ralo.

Mas encarei tudo na maior coragem e felicidade. São duas horas e meia de cirurgia. Atualmente, existe uma medicação anestésica que não provoca enjoo, o que é maravilhoso. A equipe do Mater Dei não te deixa sentir dor nem enjoo, quando começa, eles chegam para te medicar. São dois dias de hospital, no terceiro a gente recebe alta.

No dia da cirurgia não se pode ingerir nada, só mesmo soro. Mas não senti falta de nada, deu para levar numa boa. O tipo de cirurgia que foi feito foi a Bypass, que grampeia o estômago e faz um desvio no intestino, e é por vide laparoscopia, ou seja, apenas cinco pequenos cortes. A recuperação é rápida e os pontos são reabsorvidos pelo organismo. Impressionante.

Amanhã conto mais.

Isabela Teixeira da Costa