Reforma protestante

Hoje, 31, todas as igrejas de origem protestante ao redor do mundo comemoram os 500 anos da Reforma Protestante.

Em 31 de outubro de 1517, o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) pregou um documento com 95 teses para debate na porta da igreja do castelo de Wittenberg e iniciou o que ficou conhecido como Reforma Protestante. Os textos denunciavam a deturpação do evangelho, a venda de indulgências e a corrupção, o enriquecimento ilícito e a falta do celibato clerical. Além das denúncias, chamavam o cristão ao arrependimento e à fé.

Sua intenção não era dividir a igreja, mas, como diz o nome do movimento, reformá-la. Infelizmente, houve grande repulsa por parte da cúpula da igreja da época às ideias de Lutero. Como ele não se retratou, acabou sendo excomungado e levou consigo um grande número de fiéis. Os credos teológicos básicos de Lutero e dos demais reformadores podem ser sintetizados nos chamados Cinco Solas, frases latinas que começam com a palavra “sola” que, em português, significa “somente”. Os Cinco Solas são: 1. Sola Scriptura (Somente a Escritura) 2. Sola Gratia (Somente a Graça) 3. Sola Fide (Somente a Fé) 4. Solus Christus (Somente Cristo) 5. Soli Deo Gloria (Somente a Deus a Glória)

No fim da Idade Média, a Igreja Católica tinha grande influência política e social. Ela se tornou uma potência financeira e em diversos casos foi usada como um instrumento de fortalecimento do poder político. O Papa tinha uma fortuna maior do que muitos príncipes e os cargos eclesiásticos eram disputados pela aristocracia, e muitas vezes viravam moeda de troca política.

Uma das práticas mais comuns da Igreja Católica era a venda pública das indulgências, os pergaminhos que perdoavam os pecados do fiel. Muitos padres as vendiam em troca de uma doação em dinheiro para a Igreja. “Assim que a moeda no cofre cai, a alma do purgatório sai”, dizia um ditado popular. Era quase como comprar um lugar no céu.

Lutero pregava que somente a fé em Deus salvava as pessoas. Uma ideia que se opunha à salvação pela compra de indulgências. Essa interpretação oferecia ao povo a expiação da culpa por meio da contrição e penitência, o que ia contra as práticas da Igreja naquele momento. Para ele, a salvação se dá pela fé na justiça, na graça e misericórdia divina.  Ele também defendia a livre interpretação da Bíblia. A Igreja Romana era contra esse ponto, pois entendia que o povo não iria entender corretamente os ensinamentos de Deus e precisava seguir as orientações de um sacerdote.

As 95 teses de Lutero deram origem a um movimento de ruptura que levou à criação de uma nova religião cristã, o Luteranismo, identificado como um movimento protestante em relação ao Catolicismo. Daí vem o nome “Protestante”, para designar os seguidores dessa vertente religiosa.

A Reforma Protestante se espalhou na Alemanha e teve rápida aceitação em vários países. Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino (1509-1564) e Ulrico Zuínglio (1484-1531). Na França e nos Países Baixos, os adeptos foram chamados de huguenotes. Na Inglaterra, de puritanos, e na Escócia, de presbiterianos.

Para conter o avanço do Protestantismo, a Igreja Católica passou a fazer missas na língua nacional; surgiram, pela primeira vez, os seminários, responsáveis pela educação religiosa; e a houve o estimulo às ordens religiosas, como os jesuítas e capuchinhos, que viajavam para fundar missões nas Américas e na Ásia.

Contando com o impulso dado pela imprensa de Gutemberg, ao traduzir o texto sagrado dos originais em hebraico, aramaico e grego para o alemão da época, ele possibilitou que cada homem e mulher comum tivesse acesso à Palavra de Deus. Como a maioria da população era analfabeta, criou um sistema de educação pública que capacitasse os germânicos a lerem a Escritura. Que grande revolução a realizada por esse reformador.

Ansiedade: o mal de sempre

Hoje, falo da ansiedade pela visão da Bíblia, mas com isso não estou negando a importância do tratamento, que é fundamental em muitos casos.

Ontem falei sobre ansiedade, que é um mal do século, deste e do passado também. Baseada nas falas de uma psicoterapeuta apontei as causas da ansiedade, como tratá-la clinicamente e algumas dicas para evita-la. Hoje, vou falar da ansiedade pelo ponto de vista bíblico.

Sinto muito à vontade para abordar a ansiedade por este prisma, pois não estou falando de religião, e sim de Deus e o que falou para nós. E como 93% da população nacional afirma que acredita em Deus, creio que este artigo poderá ajudar. Primeiro, vamos à definição de ansiedade: inquietude, impaciência, angustia, preocupação e aflição.

A ansiedade não é um mal atual como eu disse na abertura do texto, mas ela já existia desde antes de Jesus, ou seja, é um mal da população desde os tempos mais remotos. A prova disso está no Salmo 13 do rei Davi que diz: “Até quando terei ansiedades e preocupações, tristeza no meu coração todo dia?” e também com o que Jesus disse no Sermão do Monte (Mateus 6:25 a 34) “Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. (…) Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? (…)“Nunca fiquem ansiosos por causa do amanhã, pois o amanhã terá suas próprias ansiedades”

Devemos tentar resolver os problemas de hoje, e não devemos piorar a situação juntando as preocupações de hoje com as de amanhã. Qual de nós não se sente ansioso e com medo diante de uma enfermidade, do desemprego, de uma crise familiar, da violência, dos desafios que temos que assumir ou mesmo diante das lutas que passamos? O terapeuta Gary R. Collins faz uma distinção entre a ansiedade normal, que é uma reação natural diante dos perigos e ameaças, que é controlada ou diminuída quando as circunstâncias exteriores se modificam; e a ansiedade aguda ou neurótica, que desenvolve sentimentos exagerados de desespero e medo, mesmo quando o perigo é inexistente.

Mas Deus diz o que devemos fazer:  “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1 Pedro 5:7). Ele quer que, literalmente, joguemos a nossa ansiedade, angústia, medos e problemas para ele. Mas não devemos ficar pegando de volta. Se lermos com atenção veremos que ele não disse que cuidou ou cuida ou cuidará da gente, disse que tem cuidado de nós, ou seja, é algo que começou no passado, continua no presente e continuará no futuro.

Por isso, depois de orar e entregar nossa ansiedade para Deus devemos pedir que ele nos ajude a identificar a causa do problema, por meio da observação, reflexão, autoanálise, leitura da Bíblia, aconselhamento. Às vezes, não é fácil esse exercício, mas pode nos fazer muito bem, se feito adequadamente.

Outra coisa importante é pedir ajuda de um grande amigo. Depois de descobrirmos a causa de nossa ansiedade, devemos tentar resolver a questão que está gerando essa ansiedade e nada melhor do que ter um grande amigo nos ajudando. Sozinho tudo fica mais pesado.

Por maiores que sejam as lutas sempre haverá motivo para dar graças a Deus. Se olharmos somente para os problemas, ficaremos mais ansiosos ainda. Segundo Collins, alegrar-se é um mandamento de Deus, pois Ele disse que jamais nos deixaria. Baseados nessa promessa, podemos viver livres do medo.

Em Filipenses 4:6-7 diz “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus”, ou seja, a oração é o melhor remédio para combater a ansiedade e o medo. É possível ter a paz de Cristo ocupando o lugar do medo e da ansiedade em nossa mente e coração, mesmo que as circunstâncias externas não mudem. Paz não é a ausência de problemas e aflições, mas é uma dependência completa do cuidado de Deus.

Para arrematar, Jesus disse que não adianta nada a gente preocupar porque ninguém pode acrescentar nem dia mais em sua vida, então para que se preocupar?

Não estou negando e nem ignorando a importância do tratamento psicológico, ao contrário, dependendo do grau de ansiedade é fundamental o tratamento, apenas mostrei o que a Bíblia diz e a importância de contarmos com a ajuda e o cuidado de Deus.

Isabela Teixeira da Costa