Novos tempos

A cada dia que passa me surpreendo mais com o avanço no trato das crianças recém-nascidas e da grande diferença de como era há 30 anos.

Semana passada chegou mais um bebê na família. Quanta alegria. Agora já tenho cinco sobrinhas netas. Catarina, Bárbara, Marina, Vitória e a caçulinha da turma, Clara. Para falar a verdade, comecei a perceber as diferenças quando minha sobrinha mais nova, Julia, que também é minha afilhada, nasceu.

Ela está com 10 anos e nasceu prematura. Minha cunhada Patrícia teve pré-eclâmpsia e a gravidez teve que ser interrompida. Júlia nasceu, ficou 40 dias na UTI neonatal, fez uma cirurgia no coração, mas graças a Deus venceu e se transformou em uma menina linda, alegre, forte. Foi uma bebezinha que nasceu lutando.

Com a internação antecipada da Patrícia, não tivemos tempo de fazer chá de bebê então saí às pressas para fazer o enxoval e comecei a ver as diferenças. Minha filha Luisa estava, na época, com 19 anos. Lembro até hoje quando fiz seu enxoval. Usava cueiro, o bebê ficava enroladinho. Quando falei isso na loja as moças riram de mim. Cueiro já era, ninguém usava mais. Só manta mesmo.

Outra novidade para mim foram as roupinhas para prematuros. Nunca soube que existiam, para mim teriam que ser as de recém-nascidos, que ficariam ENORMES, e paciência, mas não, tinham as pequetitinhas, para ficarem mais confortáveis. Achei muito legal.

Depois, vieram Catarina e Bárbara. Bárbara ficou mais próxima, porque morou mais de um ano na casa de minha irmã, que mora no mesmo prédio que eu, então acompanhei mais de perto seu desenvolvimento. Rafaela, mãe de Bárbara, é fonoaudióloga e pude perceber as diferenças. Dois anos de diferença com a Júlia e mais um item descartado: a mamadeira. Que mamadeira que nada, ou mama no peito, ou bebe chá na chuquinha. Passou disso, entram os copinhos com aquela tampa que tem um bico com três furinhos e a criança chupa por ali.

Na quinta-feira fui ao hospital visitar a Clara e fiquei chocada com o que eu vi. A Clara, com um dia de nascida, no colo da enfermeira, tomando leite no copinho descartável de café. Oi? Heim? Como? Fim dos tempos. Onde está a mamadeira, meu Deus??? E a bebê não engasga? Bom, foi um tempo com calma, gole por gole, de vez em quando saía um pouquinho e a enfermeira recuperava com o copinho e nessa brincadeira a pequena tomou 25 ml de leite. Parava de tempos em tempos para arrotar. O último arroto foi no meu colo. Depois dormiu um sonão, que eu não fiquei para ver, afinal, visita de hospital tem que ser curta porque a mãe fica exausta, pelo parto, pela adaptação com o bebê e pelo entra e sai de visitas.

Conversei um pouco com as enfermeiras sobre a novidade e elas disseram que é a melhor forma de alimentar os bebês. Eles não pegam outro tipo de bico, que vão liberar um volume maior de leite e com isso não corre o risco de rejeitarem o peito materno e não tem perigo de mudar a anatomia da boquinha dos bebês, pois não estão introduzindo nada em suas bocas.

Questionadas sobre os riscos de engasgar, elas disseram que tem que ter certa prática, paciência, calma, e que não ensinam as mães a fazerem assim em casa, para evitar esse risco, que pode sim ocorrer. Mas fiz uma pesquisa na internet, e tem várias profissionais que ajudam em aleitamento, que já usam essa técnica. Inclusive tenho uma sobrinha, a Renata Maia, que é doula e também faz orientação e acompanhamento pós-parto e de aleitamento, que é craque no assunto, e ensina todos esses macetes para as novas mamães.

Fiquei impressionada. Novos tempos. Onde vamos parar?

Isabela Teixeira da Costa

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