Especialista, só com muita prática
Estudar é bom e muito importante. O estudo que eleva o nível do ser humano e do país onde ele mora.
Afinal, a pátria é feita das pessoas que vivem nela. À medida que o nível educacional das pessoas vai aumentando, o país vai ficando mais civilizado, mais próspero e mais educado. Porém, não adianta dar estudo se depois não se oferecem oportunidades de trabalho. Outro dia, estava conversando com uma amiga e ela me contava que ouviu de outra amiga, que se hospedou em uma pousada no nordeste (se não me falha a memória), que todos os funcionários de lá eram formados na universidade. Toda feliz a moça espalhou a notícia. Que ótimo!
Fiquei pensando: uma pessoa se forma na universidade para continuar sendo faxineira, camareira, cozinheira, recepcionista, ou carregar malas? Não estou desfazendo de nenhuma dessas atividades, absolutamente. São profissões dignas e necessárias. A questão, aqui, é o anseio de quem se forma em curso superior. Exercer a nova profissão e melhorar de vida? Ou ter diploma e continuar fazendo exatamente o que fazia antes da faculdade? É preciso abrir oportunidade de emprego em todas as regiões do Brasil. Mas este assunto é longo, tema para outra coluna…
Semanas atrás, escrevi sobre arrumação de malas, baseada em um material que recebi de Carol Rosa. Formada em administração de empresa, depois de sete anos atuando na área financeira ela resolveu mudar de ramo. Começou a trabalhar com organização, fez curso na OZ, empresa filiada à National Association of Profissional Organizer, com sede nos Estados Unidos, que lhe deu o certificado de personal organizer. Detalho o currículo de Carol para mostrar que não tirei da minha cabeça as dicas publicadas.
Com todo respeito, concordo com a forma como Carol Rosa recomenda arrumar a mala tradicional. Dias depois de escrever a coluna, minha filha resolveu mochilar na Colombia. Toda metida a besta, quis ajudá-la com a bagagem – cheia de mim mesma, ou melhor, cheia dos ensinamentos da Carol. Foi um bate-boca. Ela queria fazer rolinho, defendi roupas esticadas. Na metade da mochila ela venceu com este argumento imbatível. “Mãe, quando eu quiser pegar qualquer roupa, vou ter que tirar tudo lá porque não vou achar nada”. Calei-me. Mudamos tudo para rolinho.
Para falar a verdade, na metade da arrumação realizada do meu jeito a mochila já estava quase cheia. Com rolinho, coube tudo, era melhor. No dia seguinte, fomos buscar a amiga dela, mochileira antiga. Quando comentamos sobre a bagagem, a primeira coisa que ela falou foi: “Fez tudo com rolinho, né?”. Caí na risada. Contei a novela da noite anterior, da coluna e da personal organizer. Na maior tranquilidade, ela revelou que, em sua primeira viagem, pesquisou na internet. Todo mochileiro adota o rolinho.
Diploma é muito importante, devemos que ter conhecimento teórico, sim, ajuda muito. Porém, sem a prática, deixa muito a desejar. Lembro-me de que meus melhores professores de faculdade eram os que já estavam no mercado de trabalho, pois mesclavam os dois conhecimentos.
Com todo o respeito, redimo-me aqui com os leitores. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)
Coluna publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas, 20/2/2016, na coluna da Anna Marina