Doença de Crohn

crohnA doença de Crohn é mais um mal silencioso.

Depois de criaram o outubro rosa para alertar as mulheres para fazer o exame de mama e prevenirem o câncer, surgiu o novembro azul para falar do câncer de próstata. Aí foi um tal de colorir meses, que já virou uma confusão. Estão repetindo cores e meses. Ao estou falando mal, só acho que o exagero pode cair na banalidade e não surtir o efeito desejado. Dezembro Vermelho, Aids; Fevereiro Roxo, lúpus, fibromialgia e Alzheimer; Abril Quebra-cabeça, autismo; Maio Amarelo e Vermelho, hepatite; Junho Laranja, anemia e leucemia; Julho Amarelo, câncer ósseo; Setembro Verde, doação de órgãos.

E tem o Maio Roxo para falar da doença de Crohn, uma inflamação séria no trato gastrointestinal, principalmente no intestino delgado e grosso, que atinge 65 mil pessoas no Brasil. Tenho uma amiga que tem essa doença. Sente fortes cólicas, sempre está com enjoos. Já teve diverticulite duas vezes. Sei como é desagradável e sofrido, por isso resolvi falar sobre o assunto, apesar de estarmos fora do mês em questão.

O diagnóstico é difícil e os sintomas são confundidos com os de outros problemas de saúde, o que acaba agravando o caso, por causa da demora na descoberta, que pode levar de três a cinco anos. A doença começa, geralmente, com diarreia, cólica abdominal e febre.

Quando o paciente está com baixa no sistema imunológico, é mais fácil surgirem as irritações no sistema gastrointestinal, por isso é muito importante que a pessoa esteja bem, inclusive psicologicamente. A doença de Crohn não tem cura, mas pode ser controlada, evitando crises, e poderá ter vida normal.

Segundo a médica Arcangela Valle, a terapia biológica melhora expressivamente os sintomas. “Esse tipo de tratamento bloqueia os alvos inflamatórios, reduzindo significativamente os sintomas da doença. Nos períodos de crise, o organismo produz TNF em excesso, que são citocinas responsáveis pela inflamação. Os agentes biológicos, chamados Anti-TNF, são inibidores dos receptores da proteína TNF”, explica, sugerindo que o paciente analise essa possibilidade com o seu médico.

O curso da doença de Crohn é imprevisível, os sintomas podem aparecer apenas no momento de crise e a enfermidade pode não progredir da mesma maneira em todos os pacientes. O gastroenterologista identificará o estado do paciente, podendo ser classificado como leve a moderado, moderado grave ou grave fulminante.

Como se trata de uma doença pouco conhecida, ou pelo menos pouco divulgada, gera muitas dúvidas por parte dos pacientes e da população em geral. O maior problema é mesmo a dificuldade de ser diagnosticada e o fato de não ter um tratamento padrão para todos os pacientes, o que também contribui na dificuldade de entendimento sobre o problema.

“Os primeiros indícios são comumente diarreia, cólica abdominal e febre. Esses sintomas são facilmente confundidos com outras questões de saúde e raramente o indivíduo consegue identificar como uma possível complicação gastrointestinal”, explica Arcângela.

Para ajudar, a médica destacou alguns dos principais mitos e verdades:

MITO: ­ Dieta é a cura da doença – Não existe cura, mas pode ser controlada e o paciente pode ter uma vida normal. O tratamento é feito por meio de medicamentos e algumas mudanças no estilo de vida. Portanto, a dieta é um dos pontos que o paciente deve se preocupar. As orientações nutricionais são individuais e é preciso auxílio do médico especialista a cada caso.

VERDADE: Terapia biológica melhora expressivamente a qualidade de vida do paciente. Esse tipo de tratamento bloqueia os alvos inflamatórios, reduzindo significativamente os sintomas da doença. Nos períodos de crise, o organismo produz TNF em excesso, que são citocinas responsáveis pela inflamação. Os agentes biológicos, chamados Anti­TNF, são inibidores dos receptores da proteína TNF.

MITO: A doença é hereditária. Existe um fator hereditário, mas pesquisas apontam um índice muito baixo. Há apenas 5% de chances de os familiares desenvolverem a doença. Esse número aumenta mais apenas se o pai e a mãe forem portadores da enfermidade.

VERDADE: É possível engravidar mesmo com a doença. Não há relação entre doença de Crohn e fertilidade e a mulher pode engravidar mesmo nessa condição. O ideal é que a gravidez seja planejada. Além disso, a paciente deve contar o diagnóstico para todos os médicos envolvidos e fazer o acompanhamento da gestação com total orientação dos especialistas.

MITO: O uso de medicamentos é apenas para períodos de crise. O tratamento deve ser feito sem interrupções com o objetivo de reduzir os sintomas e o impacto da doença na rotina do paciente. A doença pode ser controlada por meio de medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores ou imunobiológicos.

VERDADE: Estresse contribui para o aparecimento da doença. Pode interferir no desenvolvimento, mas não é considerado como causa. É como um fator de interferência. Isso acontece porque nas situações de estresse as defesas do sistema imunológico baixam, contribuindo para o aparecimento de irritações no sistema gastrointestinal.

Isabela Teixeira da Costa

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