Cuidado com o lixo

Cristina Horta/Estado de Minas/D.A.Press
Cristina Horta/Estado de Minas/D.A.Press

No último sábado, recebi o telefonema de um leitor assíduo desta coluna e, entre outras coisas, falamos sobre a grande chuva de sexta-feira, dia 12.

Com aquele toró, não deu outra: a cidade se encheu de alagamentos – filme mais do que repetido em vários bairros. No Prado, onde o problema se repete, uma mulher morreu depois de ser arrastada pelas águas e ficar presa sob um carro. O que mais ouvimos são os relatos de situações desesperadoras de quem está na rua, debaixo do aguaceiro, e se vê a mercê da violência da natureza de encontro à grande metrópole. Carros levados, pessoas tentando salvar umas às outras, verdadeiros heróis despontando em meio às tragédias. Graças a Deus eles existem.

O Corpo de Bombeiros já fica em alerta quando a chuva começa. As equipes do Samu também, pois sabem que terão muito trabalho. O governo tem culpa nisso tudo, sim. Está careca de saber onde são os pontos de alagamento, conhece a época das chuvas e pode muito bem programar a limpeza de canais pluviais. Deveria investir em obras, alargar galerias e adotar uma série de providências que urbanistas e engenheiros reivindicam.

Se galerias e bueiros estão entupidos e cheios de entulho, o problema não se limita às folhas que caem das árvores, mas ao excesso de lixo que nós, moradores, jogamos no chão. Estamos cansados de saber que não podemos descarta-lo dessa maneira – primeiro, por questão de civilidade e educação; segundo, porque temos consciência de que contribuiremos para alagamentos e enchentes. E não achem que isso ocorre na periferia.

Semana passada, voltando para casa, estava atrás de um carro SUV chiquérrimo, último modelo, no Bairro Cidade Jardim. O motorista – não sei se homem ou mulher, por causa do insulfilme – abriu o vidro e jogou um papel no asfalto. O trânsito estava lento, era horário de rush, momento da saída dos alunos do Colégio Loyola. Deu vontade descer, catar o papel, bater na janela e devolvê-lo. Hoje, todo mundo tem um saquinho de lixo no seu carro. Na ruas da Zona Sul, cansei de ver motoristas e passageiros atirando latinhas vazias e até garrafas de vidro na pista.

Este meu amigo, Waldemiro Belo (vai achar ruim comigo porque pediu para eu não citar seu nome), tocou num ponto que é pura verdade. O plástico se tornou o grande vilão, pois demora zilhões de anos para decompor. A maioria das pessoas coloca os sacos de lixo nas calçadas para serem recolhidos, mas se esquecem de alguns probleminhas. Um deles são os cachorros: com fome e atraídos pelos restos de comida, rasgam os sacos e espalham os detritos. Se aquela via pública é íngreme, o lixo e os pedaços de plástico rolam e acabam caindo nos bueiros. Se chove com o lixo aberto, pior ainda.

Uma boa solução – adotada por muita gente – é instalar apoio de lixeira na calçada, a uns 90 centímetros de altura, pois assim o cachorro não alcança. Devia ser lei, muito melhor do que aquela que manda mudar os passeios. Afinal, cidade limpa é cidade desenvolvida– e livre de doenças.

Aliás, a nossa BH está infestada de ratos graças ao excesso de sujeira, mas os amiguinhos indesejáveis só aparecem de noite e pouca gente os vê. Apesar de ninguém falar muito a respeito, é preocupante, pois eles transmitem muitas doenças. Vereadores, fica aqui a sugestão. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

Coluna publicada no Caderno EM Cultura do Estado de Minas 17/2/16, na coluna da Anna Marina

 

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