Bocão

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Pastor Luiz de Jesus

Quem tem boca grande, uma hora dança.

Esse negócio de ter boca grande dá um prejuízo… Eu sou bocuda. Já aprendei muito, mas vira e mexe meto os pés pelas mãos. Não estou me referindo ao tamanho da boca propriamente dito, mas àquelas pessoas que acabam falando mais do que devem. E aqui não me refiro a fofocas, que fique bem claro. Não sou fofoqueira.

Sabem pessoas que são sinceras demais, ou falam o que pensam, ou emitem suas opiniões, doa a quem doer? Pois é, são essas pessoas que estou chamando de bocudas, ou boca grande, ou ainda bocão. Tem horas que perdemos boas oportunidades de ficarmos calados.

Quando digo que estou aprendendo a me controlar é a mais pura verdade. Tenho uma conhecida, é uma conhecida um pouco mais chegada, mas que nos encontramos pouco. Gente boníssima, mas sabe aquela pessoa que está com um visual que já passou de moda há pelo menos três décadas? Pois é. O problema é que para o trabalho que ela exerce o visual é extremamente importante. Não falei nada com ela. Se fosse em outros tempos já teria chamado ela no canto há muito tempo e batido um papo reto. Porém, não sou tão íntima assim, e não tenho nada a ver com a vida dela. Mas que ajudaria muito, ajudaria.

Quando um bocão cruza com uma pessoa extremamente delicada, que jamais ignoraria a fala da outra, pronto, o desastre está completo. Há algumas semanas estava em um casamento com algumas amigas e uma delas começou a contar um caso – que eu já conhecia –, de quando foi para São Paulo, na época da Páscoa, e trouxe lindos coelhos de chocolate, grandes, com laços vermelhos e guizos no pescoço para dar de presente para os pastores de nossa igreja.

Trouxe tudo no colo, junto com sua filha que não gostou muito da ideia. E levou ao culto no domingo de Páscoa. Imaginem a cena: várias caixas e o barulhinho dos guizos, enquanto ela e seus filhos caminhavam com as caixas. Chegando lá, o pastor Luiz de Jesus pregava sobre o verdadeiro sentido da Páscoa. Ele é bocudo.

Abrindo um parêntese, Luiz estava no casamento, assim que ela começou a contar o caso disse que até hoje ele não sabia da história. Não deu outra, corri lá e o trouxe porque sei que é chocólatra de carteirinha. E ela contou tudo o que eu já relatei. E ele foi rindo e lembrando da pregação. Não aguentou e disse: “E eu falei para ninguém me dar coelho de chocolate!!!”.

A mesa veio abaixo de tanto rir. E ela também e concluiu. “Saí de lá com as minhas caixas, fazendo barulhinho, e não dei presente para nenhum pastor. Fui almoçar na casa da minha irmã. A mesa estava toda enfeitada de coelhinhos e tinha vários pastores. Dei uma caixa para cada um deles”.

Ele ficou desesperado. “Eu quero meu colho de chocolate. Pode me dar”. Isso foi há anos. A mesa toda estava chorando de rir. O coelho é uma poesia. Se fosse eu, daria o presente do mesmo jeito, mas ela é tão delicada que ficou constrangida depois de tudo o que ele disse, apesar de que ele brinca muito em suas pregações. Bem feito, falou demais, deu bom dia a cavalo, como dizia minha avó.

Isabela Teixeira da Costa

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